II Freitas - Brasil-1 APLICAÇÃO DE POLÍMEROS NA CLARIFICAÇÃO DE ÁGUA DE LAVAGEM DE FILTROS: ENSAIOS DE TRATABILIDADE COM VISTAS À RECIRCULAÇÃO
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1 II Freitas - Brasil-1 APLICAÇÃO DE POLÍMEROS NA CLARIFICAÇÃO DE ÁGUA DE LAVAGEM DE FILTROS: ENSAIOS DE TRATABILIDADE COM VISTAS À RECIRCULAÇÃO Adiéliton Galvão de Freitas (1) Engenheiro Ambiental (UFV). Mestrando em Saneamento Ambiental (UFV) Rafael K.X. Bastos: Engenheiro Civil (UFJF), Especialização em Engenharia de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ), PhD em Engenharia Sanitária (University of Leeds, UK), Professor Adjunto - Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Chefe da Divisão de Água e Esgotos da UFV. Paula Dias Bevilacqua: Veterinária (UFV), Mestrado em Epidemiologia (UFMG), Doutorado em Epidemiologia (UFMG), professora e pesquisadora do Departamento de Veterinária da UFV. Mônica Durães Braga: Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Montes Claros/MG UNIMONTES. Mestranda em Medicina Veterinária (UFV) - Bolsista do CNPq/CTHidro Brasil. Valter Lúcio Pádua: Engenheiro Civil (UFMG), Mestrado em Engenharia Sanitária (EESC-USP), Doutorado em Engenharia Sanitária (EESC-USP), Professor Adjunto - Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). (1) Universidade Federal de Viçosa, Divisão de Água e Esgotos. CEP: , Viçosa-MG, Brasil. Fone: (31) ; Fax: (31) ; adieliton@yahoo.com.br RESUMO Apresentam-se neste trabalho resultados de ensaios de tratabilidade com vistas à recirculação de água de lavagem de filtros (ALF). Os experimentos foram conduzidos em colunas de sedimentação com e sem a aplicação de polímeros (aniônico, catiônico e não iônico). Os resultados demonstram a importância da utilização de polímeros para promoção da clarificação da ALF, seja com intuito de reciclá-la (minimização dos perigos microbiológicos) ou para disposição no meio ambiente (atendimento à legislação e minimização do impacto ambiental). Nas condições deste estudo, o polímero catiônico na dosagem de 1 mg/l, concentração de,1% e tempo de mistura de 1 minutos, foi o que proporcionou a melhor remoção para diversos dos parâmetros analisados: turbidez, alumínio, ferro, fósforo, manganês, sólidos em suspensão, sólidos sedimentáveis e (oo)cistos de protozoários. Embora, os resultados sejam limitados, há sugestões da propriedade do emprego da turbidez como um indicador da remoção de (oo)cistos de protozoários por meio da clarificação da ALF por sedimentação. PALAVRAS CHAVE: Água de lavagem de filtros, ensaios de tratabilidade, clarificação, recirculação. INTRODUÇÃO A imensa maioria das Estações de Tratamento de Água (ETAs) em operação no Brasil emprega tratamento em ciclo completo: mistura rápida-coagulação, floculação, decantação e filtração. Para a realização destas etapas é necessária a adição de produtos químicos, como os sais de ferro e alumínio (coagulantes), gerando quantidades consideráveis de resíduos com elevado potencial poluidor água de lavagem de filtros (ALF) e lodo de decantadores. As características dos resíduos de ETAs variam de estação para estação, dependendo das características da água bruta, do tipo de condicionantes químicos utilizados no tratamento da água e das práticas operacionais. Há muito tempo o destino dos resíduos de ETAs vem sendo os cursos d água mais próximos e, em que pese à fiscalização cada vez mais rigorosa dos órgãos ambientais, ainda são poucos os sistemas que
2 já implementam medidas adequadas de tratamento e manejo de lodos de decantadores e ALF. Como não se dispõe de legislação específica no Brasil, aplicam-se as restrições sobre padrão de lançamento de efluentes contidas na legislação ambiental, no caso, a Resolução CONAMA N 357/5 (BRASIL, 5). Em geral, a água utilizada para a retrolavagem de filtros rápidos pode representar de 2,% a 1% do volume total tratado, gerando grandes volumes de resíduos em curtos espaços de tempo (USEPA, 2). Assim, sob a ótica da minimização de impactos ambientais e da economia de água, tem crescido o interesse na recirculação de ALF. Contudo, ainda não existe regulamentação a respeito no Brasil e muito ainda há por ser elucidado em termos de otimização e segurança técnica, econômica e, principalmente sanitária. Em termos gerais, recomenda-se que a recirculação da ALF seja realizada com os devidos cuidados, dentre os quais destacam-se a clarificação e o controle da razão de recirculação da ALF (USEPA, ). Cornwell & Lee (1994), Kawamura (), dentre outros, recomendam que a vazão de recirculação seja mantida abaixo de 1% da vazão da ETA, mas a USEPA () destaca que esta porcentagem deve ser estabelecida para cada ETA, com o intuito de impactar da menor forma possível a qualidade final da água tratada. Como alternativas para clarificação, a sedimentação é a mais difundida, principalmente a assistida por polímeros (CORNWELL & LEE, 1993); algumas normas e critérios recomendam valores de turbidez da ALF clarificada em torno de 5 ut (FOUNDATION FOR WATER RESEARCH, 1994). Porém, assim como para qualquer resíduo, quando se queira a recirculação de ALF, as boas práticas recomendam a melhor caracterização possível e a realização de ensaios de tratabilidade. Este é o sentido deste trabalho, com a apresentação dos resultados de ensaios de tratabilidade realizados com a ALF da ETA da Universidade Federal de Viçosa (UFV). METODOLOGIA A ETA UFV trata cerca de 6 L / s (ciclo completo, coagulação com sulfato de alumínio), com períodos de operação médios diários de dez horas. As carreiras de filtração médias dos filtros (duas unidades) são de cerca de 36 horas, sendo a retrolavagem efetuada a partir de um reservatório elevado com capacidade de 1 m 3 abastecido com água tratada (clorada). Para a caracterização da ALF foram realizados nove eventos de amostragem em cada um dos dois filtros - amostras compostas durante a operação de lavagem e analisadas para os seguintes parâmetros: turbidez, cor, alumínio, ferro, fósforo, manganês, ph, DQO, sólidos em suspensão total e sólidos sedimentáveis, (oo)cistos de protozoários. As análises físicas e químicas obedeceram ao disposto no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998). Para a pesquisa de (oo)cistos de Giardia e Cryptosporidium foi empregada a técnica de floculação com carbonato de cálcio, seguida pela identificação por imunofluorescência direta (VESEY et al.,1993). Para fins de uma melhor caracterização do processo de retrolavagem dos filtros, durante estas operações eram coletadas amostras a cada minuto para a determinação de turbidez e de sólidos suspensos totais (SST). Para a execução dos ensaios de clarificação foi utilizada uma coluna de sedimentação construída em PVC, com capacidade de 21 L, diâmetro de 15 mm e altura de 1. mm. As amostras de ALF eram colocadas na coluna sob agitação correspondente a um gradiente de 1 s -1 ; a seguir o agitador era desligado e o clarificado era coletado a cada quatro minutos em quatro pontos, localizados a 7, 32, 57 e 82 cm do fundo, para a determinação da turbidez. Nestes ensaios foram testados três tipos de polímeros: não iônico (N 31L), catiônico (K 122L) e aniônico (A 315L) fornecidos pela Degussa Water Treatment. Na primeira etapa do ensaio foram fixados o tempo de mistura (5 minutos) e a concentração dos polímeros (,3%), variando-se as dosagens em 2, 5, 7 e 1 mg / L. De posse da melhor dose para os três polímeros testados, passou-se, então, a variar a concentração dos produtos em,1,,3 e,6%.
3 Fixada a melhor concentração, as dosagens foram novamente variadas, em torno das melhores doses encontradas na primeira etapa. Estes ensaios foram realizados com valores de turbidez da ALF em torno de 7 ut e o tempo de mistura mantido sempre em 5 minutos. Encontrado o melhor par de valores dose x concentração, o tempo de mistura foi variado entre em 1, 3, 5, 7, e 1 minutos. Selecionado o tempo de mistura para cada tipo de polímero, o clarificado era coletado, como acima descrito, para a caracterização físico-química e microbiológica: protozoários, coliformes totais, coliformes termotolerantes e Escherichia coli (técnica dos tubos múltiplos); esporos de bactérias aeróbias e Bacillus subtilis (RICE et al.,1996); esporos de bactérias anaeróbias e Clostridium perfringens (FOUT et al.,1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 está apresentada a variação típica de turbidez e de SST da ALF ao longo do processo de retrolavagem do filtro 2. Notam-se picos típicos ao início do processo e que a limpeza dos leitos filtrantes praticamente se encerra em torno de seis minutos, sem grandes ganhos adicionais daí em diante. SST (mg/l) SST turbidez Turbidez (ut) Tempo de lavagem (min) Figura 1: Variação de turbidez e da concentração de sólidos totais suspensos durante a lavagem, valores médios, filtros 1 e 2. Na tabela 1 encontram-se os resultados da composição média (nove eventos de amostragem) da ALF dos filtros 1 e 2. Não houve diferença estatística (análise de variância, com nível de significância de 5%) entre os parâmetros analisados dos filtros 1 e 2 (Tabela 1) e também entre os períodos do ano (chuva e seca). Quando se comparam as concentrações encontradas com o padrão de lançamento de efluentes (Resolução CONAMA 357/5) observam-se valores acima do permitido apenas para Manganês. Por outro lado, considerando que são produzidos diariamente 1m³ de ALF, poder-se-ia estimar cargas médias lançadas no corpo receptor (quase de forma pontual, cerca de dez minutos) de: 4,91 kg DQO,,16 Kg alumínio,,1 kg fósforo,,3 kg manganês,,19 kg ferro; 62,5 kg sólidos em suspensão.
4 Tabela 1: Caracterização físico-química da água de lavagem dos filtros da ETA UFV, média e desvio-padrão (*) Parâmetro ALF 1 ALF 2 Media Desvio padrão Média Desvio padrão DQO (mg/l) 49,1a,8 46,8a 16, Ferro (mg/l) 1,9a 1, 2,3a,9 Alumínio (mg/l) 1,6a,8 1,5a 1, Fósforo (mg/l),1a,3,1a,3 Manganês (mg/l) 3,a 2, 2,7a 1,7 Alcalinidade total (mg CaCO 3 /L) 17,9a 2,5 19,5a 1,9 ph 7,5a,3 7,6a,4 Cor (uh) 124,6a 38,9 145,7a 54, Turbidez (ut) 52,4a 23,8 49,6a,5 Sólidos em Suspensão Totais (mg/l) 62,3a 19,2 46,9a 16,5 Sólidos sedimentáveis (ml/l) 3,3a 1,3 3,3a,6 Cryptosporidium spp. (oocistos/l) 1,2x1¹a 4,5x1¹ 1,8a 1,91x1² Giardia spp.(cistos /L) 9,4a 7,8x1¹ 4,7a 2,13x1¹ (*) letras iguais nas mesmas linhas indicam a não existência de diferenças significativas entre médias. As concentrações médias de Cryptosporidium e Giardia na água bruta foram de 3,33 oocistos / L e,71 cistos / L, respectivamente. Os valores médios encontrados na ALF são 13 vezes maiores que na água bruta; sendo registrados os seguintes valores máximos: Cryptosporidium oocistos / L (ALF 1) e 467 oocistos / L (ALF 2); Giardia cistos / L (ALF 1) e 46,7 cistos /L (ALF 2). Diante destas concentrações e da reconhecida resistência dos protozoários à ação do cloro, fica evidente que a recirculação da ALF pode ser considerada um perigo possível de ser introduzido ao processo de tratamento de água. Nas figuras a seguir incluem-se exemplos dos diversos ensaios de sedimentação realizados. Os melhores resultados para cada ensaio e, portanto, a seleção dos melhores parâmetros dentre as faixas testadas, são considerados aqueles que fornecem velocidades de sedimentação elevadas (coeficiente angular da curva de sedimentação) e turbidez remanescente baixa (verificada na parte assintótica da curva reta representativa de região de compressão da camada de lodo) (Di Bernardo et al., 2). Na execução da primeira etapa dos ensaios de sedimentação, independentemente do produto utilizado, os melhores resultados foram encontrados com a utilização de menores dosagens de polímeros; na Figura 2 ilustra-se o resultado do ensaio com polímero catiônico. Encontrada a melhor dose (2 mg / L) para os três polímeros testados, passou-se à determinação da melhor concentração do condicionante químico em,1,,3 e,6%. As concentrações de,1 e,3% foram as que proporcionaram os melhores resultados: velocidade de sedimentação elevada e turbidez remanescente baixa (na figura 3, apresenta-se o resultado do ensaio com o polímero catiônico). Com bases nestes resultados, optou-se por continuar os ensaios com a concentração de,1% para os três tipos de polímeros. Fixada esta concentração, as doses de polímeros foram variadas em 1, 2 e 3 mg / L (tempo de mistura: 5 minutos). Para as três doses testadas os valores de turbidez remanescente e de velocidade de sedimentação foram muito semelhantes (na Figura 4 ilustra-se o resultado do ensaio com polímero catiônico) e, em sendo assim, optou-se pela menor dose (1 mg / L).
5 Turbidez (ut) mg/l 5 mg/l 7 mg/l 1 mg/l Figura 2: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura, doses de polímero catiônico de 2 a 1 mg/l, concentração de,3% e tempo de mistura de 5 minutos. Turbidez (ut) %.3%.6% Figura 3: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura, dose do polímero catiônico de 2 mg/l tempo de mistura de 5 minutos e concentração de,1%,,3% e,6%.
6 Turbidez (ut) mg/l 2mg/L 3 mg/l Figura 4: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura, doses do polímero catiônico de 1, 2 e 3 mg/l, tempo de mistura de 5 minutos e concentração de,1%. Definida a melhor combinação dose x concentração, o tempo de mistura foi estabelecido testando-se 3, 5, 7 e 1 minutos. Para o polímero catiônico, os maiores tempos de mistura proporcionaram claro aumento na velocidade de sedimentação e menores valores de turbidez remanescente (Figura 5). Já para o polímero não iônico, essa relação não se mostrou tão clara; os tempos de mistura de 5, 7 e 1 minutos proporcionaram resultados muito semelhantes e, assim, a escolha recairia no tempo de mistura de 5 minutos (Figura 6). Em relação ao polímero aniônico, os tempos de mistura de 7 e 1 minutos foram os que proporcionaram menores valores de turbidez remanescente (4,8 ut e 3,8 ut, respectivamente) com valores de velocidade de sedimentação semelhantes; como o tempo de mistura de 7 minutos já atende a recomendação de recirculação com turbidez menor que 5 ut, este seria o tempo de mistura indicado (Figura 7). 8 Turbidez (ut) Figura 5: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura, dose do polímero catiônico de 1mg/L, concentração de,1% e tempos de mistura de 3, 5, 7 e 1 minutos.
7 Turbidez (ut) Figura 6: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura, dose do polímero não iônico de 1mg/L, concentração de,1% e tempos de mistura de 3, 5, 7 e 1 minutos. 8 7 Turbidez (ut) Figura 7: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura, dose do polímero aniônico de 1mg/L, concentração de,1% e tempos de mistura de 3, 5, 7 e 1 minutos. Na figura 8 apresentam-se os melhores resultados obtidos para cada polímero: (i) catiônico - dose de 1 mg / L, concentração de,1 % e tempo de mistura de 1 minutos;(ii) aniônico - dose de 1 mg / L, concentração de,1 % e tempo de mistura de 7 minutos; (iii) não iônico - dose de 1 mg / L, concentração de,1 % e tempo de mistura de 5 minutos. Comparativamente, o polímero catiônico foi o que proporcionou melhor resultado, com velocidade de sedimentação de 21 cm / min e turbidez final de 3,8 ut, contra 9,5 cm / min e 4,8 ut do polímero aniônico e 8,1 cm / min e 5,5 ut do polímero não iônico. Em contra partida, SCALIZE (1997) encontrou que o melhor polímero na clarificação da água de lavagem dos filtros de uma ETA, que utiliza sulfato de alumínio como coagulante primário, também foi o polímero aniônico.
8 Turbidez (ut) Catiônico 1min Não iônico 5 min Aniônico 7min 1 3 Figura 8: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura; polímero catiônico: de 1mg/L,,1% e tempo de mistura 1 minutos; polímero não iônico: 1mg/L,,1% e tempo de mistura 5 minutos; polímero aniônico: 1mg/L,,1% e tempo de mistura 7 minutos (ensaio 1). O ensaio com as melhores doses, concentrações e tempos de mistura foi repetido, com turbidez da ALF entorno de 35 ut Nestes ensaios, o sobrenadante foi coletado e caracterizado por parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Na Figura 9 encontra-se a curva de variação da turbidez residual em função do tempo para os três polímeros e sem a aplicação do polímero. A curva de sedimentação e a eficiência de remoção de turbidez foi bastante semelhante às dos ensaios anteriores (Figura 8), resultando em valores de turbidez ao final do ensaio de aproximadamente 2 ut, para os polímeros catiônico e aniônico. Em relação ao ensaio sem aplicação de polímeros, a turbidez após 44 minutos foi de 12,8 ut e a velocidade de sedimentação de 2,2 cm / min. Turbidez (ut) sem polímero aniônico 7 min não iônico 5 min catiônico 1 min Figura 9: Ensaio de clarificação da ALF, turbidez remanescente x tempo de sedimentação, coleta a 7 cm de altura; polímero catiônico: de 1mg/L,,1% e tempo de mistura 1 minutos; polímero não iônico: 1mg/L,,1% e tempo de mistura 5 minutos; polímero aniônico: 1mg/L,,1% e tempo de mistura 7 minutos (ensaio 2). Os resultados da caracterização física e química do sobrenadante dos quatro ensaios estão apresentados na Tabela 2. A aplicação de polímeros proporcionou remoção considerável de todos os parâmetros, exceto DQO (41,2% de remoção); para o alumínio, fósforo e manganês foi alcançada
9 remoção de 1%. A utilização do polímero catiônico proporcionou as menores concentrações dos diversos parâmetros e os piores resultados referem-se aos ensaios sem aplicação de polímeros. Apesar dos dados não permitirem inferências mais nítidas, na clarificação, aparentemente, a remoção dos diversos parâmetros encontra correlação com a remoção de turbidez, com destaque para ferro, cor, SST, bactérias heterotróficas, esporos aeróbios e de esporos anaeróbios (Tabelas 2 e 3). Tabela 2: Composição física e química da água de lavagem dos filtros e das amostras clarificadas Parâmetro ALF bruta sem polímero aniônico catiônico não iônico DQO (mg/l) 46,6 3,8 27,4 27,4 3, Ferro (mg/l) 3,5 2,1,2,1,3 Alumínio (mg/l),6,1 ND ND ND Fósforo (mg/l),1,1 ND ND ND Manganês (mg/l),1 ND ND ND ND Alcalinidade total (mg CaCO 3 /L) 17,3 17,3 17,3 17,3 17,3 ph 7,7 7,7 7,6 7,6 7,7 Cor (uh) 15 45, 1, 1, 1, Turbidez (ut) 33,5 12,8 2,1 1,5 4,9 Sólidos em Suspensão Totais (mg/l) 75 29,5 7 7, 1,5 Sólidos Sedimentáveis (ml/l) 3,,,, ND: não detectável Os parâmetros microbiológicos seguiram a mesma tendência dos físico-químicos, ou seja, o polímero catiônico proporcionou os melhores resultados, com destaque para a remoção de 1% dos protozoários (Tabela 3). Tabela 3: Caracterização microbiológica da água de lavagem do filtro e das amostras clarificadas Organismo ALF bruta Sem polímero aniônico catiônico Não iônico Bactérias heterotróficas¹ 2,3 x1² 7,25 x 1 1 2,15 x 1 1 5,5 4,8 x 1 1 Coliformes totais² 2, 3 x 1 1 ND ND ND ND Coliformes termotolerantes² ND ND ND ND ND Escherichia coli ² ND ND ND ND ND Esporos bactérias aeróbias 3 1,78 x1 4 1,32 x1 4 2,8 x 1 3 5, x1² 1,3 x 1 3 Esporos bactérias anaeróbias 3 8,8 x 1 1 2,4 x ND 3,5 Bacillus subtilis 3 2, 4 x 1 1 ND ND ND ND Cryptosporidium spp 4 ND 3, x ND 4 Giardia spp 5 ND 1, x 1 1 ND ND ND ¹ UFC / ml; ² NMP/1mL; 3 UFC/1mL; 4 oocistos/l; 5 cistos/l:; ND: não detectável
10 CONCLUSÕES O trabalho ilustra os passos necessários para a execução de ensaios de tratabilidade e confirma sua pertinência para a determinação dos parâmetros operacionais (condições de mistura, tipo e doses de condicionantes químicos) mais adequados à recirculação de água de lavagem de filtros, com vistas à redução de custos e melhoria da qualidade do clarificado. Os resultados obtidos sugerem os seguintes destaques: (i) a recirculação de água de lavagem de filtros pode introduzir perigos no processo de tratamento de água; (ii) a grande importância da utilização de polímeros para promoção da clarificação da água de lavagem de filtros, seja com intuito de reciclá-la (minimização dos perigos) ou para disposição no meio ambiente (atendimento à legislação e minimização do impacto ambiental); (iii) o potencial da utilização da turbidez como um indicador da eficiência do tratamento da ALF por clarificação. Entretanto, há que ser ressaltado que estas são apenas indicações a serem confirmadas em repetidos ensaios, dada a limitação dos dados deste estudo. AGRADECIMENTOS Esse trabalho contou com apoio financeiro da FAPEMIG para condução dos experimentos e com bolsas de pesquisa concedidas pelo CNPq e CAPES. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. APHA, AWWA, WEF. Standard methods for the examination of water and wastewater, th ed. Washington, DC: APHA, BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Resolução nº 357 de 17 de mar. de 5. Diário Oficial, Brasília, DF, 18 de mar CORNWELL, D., LEE., R. Recycle stream effects on water treatment. Denver, CO : AWWARF 1993 (Report #9624). 4. Di BERNARDO, L.; Di BERNARDO, A.; CENTURIONE FILHO, P. L. Ensaios de tratabilidade de água e dos resíduos gerados em estações de tratamento de água. São Carlos: RiMa, FOUNDATION FOR WATER RESEARCH. Removal of Cryptosporidium oocysts by water treatment processes. Foundation for Water Research, Britain. April FOUT, G.S.; SCHAEFFER III, F.W.; MESSER, J.W.; DAHLING, D.R.; STETLER, R.E. Membrane filtration method for C perfringens. ICR Microbiological Laboratory Manual, Cincinnati: USEPA, 1996 (EPA 6/R- 95/178). 7. RICE, E. W.; FOX, K.R.; MILTNER, R. J.; LYTLE, D. A.; JOHNSON, C. H. A Microbiological surrogate for evaluating treatment efficiency. Proc. AWWA WQTC, San Francisco, nov., KAWAMURA, S. Integrated design and operation of water treatment facilities. 2nd ed. New York: John Wiley & Sons,. 9. SCALIZE, P. S. Caracterização e Clarificação por Sedimentação da Água de Lavagem de Filtros Rápidos de Estações de Tratamento de Água que Utilizam Sulfato de Alumínio como Coagulante Primário. São Carlos. 2p. Dissertação de Mestrado - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. National primary drinking water regulations. Long Term 1 Enhanced Surface Water Treatment and Filter Backwash Rule; Proposed Rule. Part II ( CFR, Parts 141, and 142). Washington, DC, Federal Register, Rules and regulations, Federal Register / Vol. 65, No. 69 / Monday, April 1, / Proposed Rules, p
11 11. VESEY, G; SLADE, J.S.; BYRNE, M.; SHEPHERD, K.; DENNIS, P.J.; FRICKER, C.R. A new method for the concentration of Cryptosporidium oocysts from water; Journal of Applied Bacteriology, v.75, p.82-86, 1993.
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