Novo registro estende a distribuição da espécie Schefflera morototoni (Araliaceae) para Porto Alegre, Rio Grande do Sul (RS), Brasil (BR)
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- Natan Tavares Camelo
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1 Novo registro estende a distribuição da espécie Schefflera morototoni (Araliaceae) para Porto Alegre, Rio Grande do Sul (RS), Brasil (BR) André Duarte Puente*, Eduardo Delgado Olabarriaga** *Viveiro Municipal de Porto Alegre - SEVIVE/SMAM Luis Victorino de Fraga S/nº, Porto Alegre, RS Brasil CEP: XXX apuente@smam.prefpoa.com.br *Banco de Sementes do Viveiro Municipal - SEVIVE/SMAM Luis Victorino de Fraga S/nº, Porto Alegre, RS Brasil CEP: XXX eduardo@smam.prefpoa.com.br RESUMO O presente trabalho descreve a ocorrência de Schefflera morototoni numa mata nativa remanescente localizada na zona sul da cidade de Porto Alegre/RS. Esta espécie, até então, não havia sido registrada para a região, fato este que amplia as possibilidades de revegetação de determinados ambientes por espécimes de potencial adaptativo superior. A identificação da caixeta se deu durante a coleta de sementes de espécies nativas autóctones da capital gaúcha, as quais são utilizadas para produção de mudas com a finalidade de atender as demandas da arborização urbana municipal e ao armazenamento em banco de germoplasma. Palavras-chave: Didymopanax morototoni, Apiales, Araliaceae, angiosperma, ocorrência. ABSTRACT This paper describes the occurrence of Schefflera morototoni in remnant native vegetation located in the southern city of Porto Alegre/RS. This species, until then, had not been recorded for the region, a fact that incrieses the chances of revegetation in certains environments by specimens of higher adaptive potential. The identification of caixeta occurred while collecting seeds of native species to the state capital, which are used to produce seedllings whith purpose to attent to demands of municipal urban forest and storage genebank Keywords: Didymopanax morototoni, Apiales, Araliaceae, angiosperm, occurence. 1
2 Descrição Botânica: Árvore de grande porte, de até 35 m de altura, perenifólia, com fustes retos de até 15 m de altura e 90 cm de DAP (Diâmetro na Altura do Peito). Casca lisa e áspera acinzentada com cicatrizes transversais. Folhas compostas digitadas, alternas, discolores, com até 12 folíolos de até 40 cm de comprimento por 10 cm de largura. Inflorecências em panículas compostas por umbelas. Flores pequenas, hermafroditas, amareladas e pentâmeras. Frutos em drupa carnosa, esféricos, com até 1 cm de diâmetro contém geralmente duas sementes podendo ocorrer o alojamento de até 5 por fruto. A semente possui formato oblongo e achatado, com cerca de 5 mm no maior comprimento e menos de 1 mm de espessura. (INPA, 2015). Fenologia: Sua ampla distribuição geográfica no país se traduz em correspondente amplitude nos períodos de floração e frutificação. Para o sul do país a bibliografia indica floração de novembro à fevereiro e frutificação de janeiro à abril. Nossa coleta observou frutos imaturos e flores em dezembro de 2013 no mesmo vegetal. Etimologia: Schefflera, homenagem ao botânico dinamarquês J. Chr. Scheffler; morototoni, em função do nome popular amazônico morototó. Relatório: Mais conhecida por Caixeta em nosso estado, por ter seu uso principal no passado a confecção de caixas para os mais variados usos, também conhecida por Pau-Mandioca e Morototó no Rio Grande do Sul e em outros estados brasileiros, tem nomenclatura científica atual de Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin. A espécie em questão anteriormente era denominada como Didymopanax morototoni, trata-se de um vegetal superior arbóreo pioneiro comum na vegetação secundária. A caixeta está adaptada a diferentes ambientes florestais, sendo encontrada tanto em florestas altas e densas de solos bem drenados como em capoeiras, próximo à rodovias ou campos, inclusive em solos úmidos. Em função da mesma ser encontrada tanto na condição de pioneira como em comunidade clímax, descrever o seu habitat e seu nicho ecológico passa a ser uma tarefa difícil. 2
3 Apresenta-se com ampla distribuição geográfica natural na América Central, América do Sul, Guianas, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Paraguai e norte da Argentina. Só não é encontrada naturalmente no Chile e no Uruguai (CARVALHO, 1994). Segundo o mesmo autor, no Brasil ocorrem nos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará (Serra do Baturité), Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, isto é, em 24 das 26 unidades administrativas do país. No estado do Rio Grande do Sul, segundo o Projeto Madeira do Rio Grande do Sul (REITZ; KLEIN; REIS, 1988), constatamos que sua ocorrência natural apresenta ampla dispersão: no Alto Uruguai, Alto Ibicuí nas fraldas da Serra Geral, Depressão Central e Mata Atlântica não sendo encontrada nas Florestas de Pinhais. Para o sul do Estado se estende da Serra do Sudeste até a cidade de Pelotas (Latitude: 31º46'19"S) onde parece ser neste local o limite austral da espécie. Em relação a sua frequência e quantidade é uma espécie que se apresenta de forma esparsa, porém continua, não formando grupos grandes de indivíduos se comparada com outras espécies (REITZ, 1988). Segundo a bibliografia consultada não há registro de ocorrência desta espécie para Porto Alegre (Fig. 01), mesmo que fosse esperada por estar dentro da área de abrangência de matas que tipificam seu habitat. Na lista de Árvores e Arbustos na Vegetação de Porto Alegre, elaborada por Brack (1998), revisada e modificada por Poester e Brack, a última não publicada, esta espécie também não consta como ocorrente em Porto Alegre. Nas citadas listas, a única espécie da Família Araliaceae existente em Porto Alegre é o pau de tamanco Dendropanax cuneatus a qual já temos sua ocorrência registrada e catalogada. A metodologia de coleta apresenta frequência de campanhas de amostragem semanais em expedições em áreas de baixo impacto antrópico, utilizando equipamentos de poda manual para colheita de frutos e sementes, tais como escadas, sacos plásticos, serras, tesouras, sendo muitas vezes necessários procedimentos de escalada (arborismo - Fig. 02), por pessoal treinado e qualificado. Neste trabalho apresentamos o registro feito no dia 19 de dezembro de 2013 correspondente a um exemplar desta espécie que foi observado e identificado em uma mata de formação secundária, higrófila com coordenadas (Latitude: 3
4 30º11'36"S; Longitude 51º02'05 W) (Fig. 03). O exemplar foi fotografado e seus dados dendrométricos armazenados (Figuras. 02; 04; 05 e 06). O indivíduo apresenta 0,77 m de Diâmetro na Altura do Peito (DAP), 32 m de altura e 12m de Diâmetro de Projeção de Copa (DPC). A altitude de inserção no solo está aproximadamente a 70 m do nível do mar. Nesta mata nativa residual cortada por arroio de pequena largura e habitada por Bugios (Allouatta guariba clamitans) com aproximadamente 4 Km², foram localizados mais dois espécimes que também serão marcados e utilizados como fonte de sementes oportunamente. Cabe relatar que este trabalho de identificação, marcação de matrizes, coleta e armazenamento de sementes, faz parte do projeto de produção de mudas do Viveiro Municipal intitulado como Matrizes Arbóreas Autóctones de Porto Alegre, cuja missão é promover a pesquisa e a multiplicação de espécies da flora arbórea nativa de Porto Alegre, contribuindo com a sustentabilidade ambiental do Município de acordo com o Plano Diretor de Arborização Urbana (COMAM nº 06/ 2006). A descoberta do espécime se deu durante uma das campanhas semanais de coleta de sementes, que objetiva o armazenamento das mesmas em estrutura física apropriada, o Banco de Sementes (BASEM) do Viveiro Municipal de Porto Alegre. Este local tem como finalidade manter um banco de germoplasma, capaz de conter a informação genética e salvaguardando a perpetuação das características e capacidades adaptativas destas populações; principalmente para uso em futuras recuperações e recomposições de ambientes degradados na Capital assim como para arborização de logradouros públicos nas suas variações, como ruas, avenidas, praças, parques, verdes complementares, entre outros. AGRADECIMENTOS Aos servidores José Francisco de Jesus, Valdemar Valensuela e Ângelo Márcio Cardoso Teixeira que foram integrantes de fundamental importância na incursão que localizou e identificou o espécime. Às colegas Sílvia G. de Oliveira e bibliotecária Carmem L. Hoonholtz pelas revisões do artigo e padronização das referências. 4
5 REFERÊNCIAS BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do sul: guia de identificação e interesse ecológico. Porto Alegre: Instituto Souza Cruz, p. BRACK, P. et all. Árvores e arbustos na vegetação de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, v. 51, n. 2, p , CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Brasília: Embrapa SPI v.1, p CARVALHO, P. E. R. Mandiocão. Circular Técnica, Colombo, PR: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, n. 65, CONSELHO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução 5/06, de 28 de setembro de dispõe sobre o Plano Diretor de Arborização Urbana de Porto Alegre. Diário Oficial de Porto Alegre, Porto Alegre, p FIASCHI, P.; PIRANI, J. R. Padrões de distribuição geográfica das espécies de Schefflera J. R. Forst.; G. Forst. (Araliaceae) do Brasil extra-amazônico. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.31, n.4, p , LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, v.1, 384p. OHASHI, S. T.; Leão, N. V. M. L. Morototó Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyern. & Frodin. Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia: INPA n. 12, disponível em Acesso em: 27 de maio de REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto madeira: do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Governo do Estado do Rio Grande do Sul, p. SHULTZ, A. R. H. Introdução à botânica sistemática. 4. ed. Porto Alegre: Ed. da Universidade, v.2, 414p. 5
6 SOBRE OS AUTORES *André Duarte Puente: Biólogo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS, Presidente da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana SBAU; Gerente Técnico do Viveiro Municipal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre SEVIVE/SMAM apuente@smam.prefpoa.com.br **Eduardo Delgado Olabarriaga: Biólogo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS; Especialização em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS; Biólogo do Banco de Sementes do Viveiro Municipal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre BASEM/SEVIVE/SMAM - eduardo@smam.prefpoa.com.br Porto Alegre, julho de
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