INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ - IAP PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE

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1 INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ - IAP PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE CURITIBA / PR DEZEMBRO / 2002

2 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ DIRETORIA DE BIODIVERSIDADE E ÁREAS PROTEGIDAS GOVERNADOR Jaime Lerner SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS José Antônio Andreguetto PRESIDENTE DO INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ Mário Sérgio Rasera DIRETORIA DE BIODIVERSIDADE E ÁREAS PROTEGIDAS Mariese Cargnin Muchailh CHEFIA DO DEPARTAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Junia Heloisa Woehl COORDENAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO João Batista Campos Márcia de Guadalupe Pires Tossulino EQUIPE TÉCNICA Adilar Cigolini, Cartografia Anselmo Silveira Loures, Guarda-parque do PEM - IAP Harvey F Schlenker, DIBAP Maria Marta Budk Silveira, Zeladora do PEM Mauro de Moura Brito, DEBIO Rufino Cadena Filho, Zelador do PEM Sérgio Benedito Oliveira, Guarda-parque do PEM - IAP Willians R. Mendonça, DIBAP

3 EQUIPE TÉCNICA DA STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA. Coordenador Geral Joésio Deoclécio Pierin Siqueira - Engenheiro Florestal, Msc Coordenador Técnico Aguimar Mendes Ferreira - Engenheiro Florestal, Msc Consolidação dos Textos Celia Sayama Pastore Sérgio Augusto Abrahão Morato Equipe Técnica MEIO ABIÓTICO Celia Sayama Pastore - Geóloga Emerson Antônio de Oliveira - Engenheiro Agrônomo, Msc MEIO BIÓTICO Carlos Roberto Sanquetta - Engenheiro Florestal, Dr, flora Douglas Kajiwara - Biólogo, avifauna Felipe Wilhelm de Oliveira - estagiário em Engenharia Florestal, flora Gledson Vigiano Bianconi - Biólogo, mastofauna Magno Segalla - Biólogo, anurofauna Pablo Melo Hoffmann - Engenheiro Florestal, flora Pedro Scherer Neto - Engenheiro Agrônomo, Dr, avifauna Sérgio Augusto Abrahão Morato - Biólogo, Dr, herpetofauna MEIO SOCIOECONÔMICO Airton Laufer Jr. - Sociólogo USO PÚBLICO Adilson Wandembruck - Engenheiro Florestal, especialista em Ecoturismo Colaboração: Bruno Ferronato - Médico Veterinário, pós-graduando em Ecoturismo Elizabeth Jatczak - Acadêmica de Turismo Françoise Queiroz - Turismóloga, pós-graduanda em Ecoturismo Gustavo Gaertner - Biólogo, pós-graduando em Ecoturismo Priscila Busatto - Turismóloga, pós-graduanda em Ecoturismo Rúbcia Izabela M. de Souza - Acadêmica de Turismo Victor Akira Maebayashi Nagao - Acadêmico de Turismo

4 ARQUEOLOGIA Miguel Antônio Leoni Gaissler - Arqueólogo Vera Regina Biscaia Vianna Baptista - Historiadora MAPEAMENTO Anderson Flavio Viana - Especialista em Autocad Juliana Boschiroli Lamanna Puga - Engenheira Cartógrafa, SIG Simone Tonetti - Geógrafa, Arcview APOIO Ana Cláudia Zampier - Engenheira Florestal, Msc Flávio Bettio - Engenheiro Florestal Giselle Pepplow - Auxiliar Administrativo Leticia Karmann Monteiro de Almeida Ulandowski - Bióloga Majoe de Meirelles Siqueira - estagiária em Biologia Mirian Padilha de Freitas - estagiária em Tecnologia Química Ambiental Walfred Klitzke - Técnico em Informática

5 APRESENTAÇÃO

6 I - METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

7 II - REQUISITOS LEGAIS

8 III - INFORMAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

9 IV - INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO PARQUE ESTADUAL E DE SUA ZONA DE AMORTECIMENTO

10 V - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

11 VI - SITUAÇÃO ATUAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

12 VII - MANEJO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

13 VIII - IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

14 IX - BIBLIOGRAFIA

15 ANEXOS

16 ANEXO 1 MAPA PLANIALTIMÉTRICO DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE

17 ANEXO 2 LISTA DE ESPÉCIES VEGETAIS OCORRENTES NO PARQUE ESTADUAL DO MONGE, COMPOSTA A PARTIR DOS LEVANTAMENTOS DE CAMPO DURANTE A AVALIAÇÃO ECOLÓGICA RÁPIDA

18 ANEXO 3 LISTA DE MAMÍFEROS PARA REGIÃO DA LAPA E MUNICÍPIOS VIZINHOS

19 ANEXO 4 LISTA DAS ESPÉCIES DE AVES DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE, MUNICÍPIO DA LAPA, PARANÁ

20 ANEXO 5 LISTA DAS ESPÉCIES DE RÉPTEIS REGISTRADAS PARA O SEGUNDO PLANALTO PARANAENSE E SUAS POSSIBILIDADES DE OCORRÊNCIA NO PARQUE ESTADUAL DO MONGE

21 ANEXO 6 CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DAS ESPÉCIES DE ANFÍBIOS LISTADAS PARA O PARQUE ESTADUAL DO MONGE, MUNICÍPIO DA LAPA, PARANÁ.

22 ANEXO 7 PROPOSTA DE REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO CONSULTIVO DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE

23 CONTEÚDO Pág. APRESENTAÇÃO I - METOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO... I REFERENCIAL... I MÉTODO DE TRABALHO... I.2 II - REQUISITOS LEGAIS... II CONSTITUIÇÃO... II FEDERAL... II CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ... II POLÍTICA AMBIENTAL... II POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - LEI 6.938/81... II POLÍTICA AMBIENTAL DO ESTADO DO PARANÁ... II UNIDADES DE CONSERVAÇÃO... II SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA - SNUC... II LEGISLAÇÃO FLORESTAL... II CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO... II LEI FLORESTAL DO ESTADO DO PARANÁ... II DECRETO Nº /79 APROVA O REGULAMENTO DOS PARQUES NACIONAIS... II LEI Nº DE 22 DE FEVEREIRO DE CRIA O PARQUE ESTADUAL DO MONGE... II COMPONENTES AMBIENTAIS NATURAIS... II MEIO ABIÓTICO... II MEIO BIÓTICO... II MEIO SOCIOECONÔMICO... II CONDUTAS LESIVAS AO MEIO AMBIENTE... II LEI 9.605/98 - LEI DE CRIMES AMBIENTAIS... II LEI 7.347/85 - DISCIPLINA AÇÃO CIVIL PÚBLICA... II.11 III - INFORMAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO... III.1 i

24 1 - FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO... III LOCALIZAÇÃO E ACESSOS... III MAPEAMENTO... III HISTÓRICO E ANTECEDENTES LEGAIS... III A LIGAÇÃO AFETIVA DA POPULAÇÃO COM A GRUTA E SERRA DO MONGE... III ORIGEM DO NOME... III SITUAÇÃO FUNDIÁRIA... III CONTEXTO ESTADUAL... III UNIDADES DE CONSERVAÇÃO... III ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS... III ASPECTOS GEOLÓGICOS... III ASPECTOS PEDOLÓGICOS... III CLIMA... III HIDROGRAFIA... III VEGETAÇÃO... III CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA... III LAPA... III CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL... III.27 IV - INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO PARQUE ESTADUAL E DE SUA ZONA DE AMORTECIMENTO... IV CARACTERIZAÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO... IV CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DA ZONA DE AMORTECIMENTO... IV DESCRIÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO... IV USO E OCUPAÇÃO DO SOLO... IV ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS... IV PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO... IV AÇÃO DA PREFEITURA NA ÁREA DO ENTORNO DO PARQUE E NO MUNICÍPIO... IV CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS... IV HIDROGRAFIA... IV QUALIDADE HÍDRICA... IV.9 ii

25 2.2 - GEOLOGIA... IV GEOMORFOLOGIA... IV SOLOS... IV DESCRIÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS... IV CAMBISSOLOS... IV ORGANOSSOLOS... IV NEOSSOLOS LITÓLICOS... IV UNIDADES DE MAPEAMENTO... IV CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES BIÓTICOS... IV VEGETAÇÃO... IV COMPOSIÇÃO DA FLORA LOCAL... IV ESPÉCIES RARAS, ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO... IV ESPÉCIES INVASORAS E/OU EXÓTICAS... IV FAUNA... IV MAMÍFEROS... IV AVES... IV RÉPTEIS... IV ANFÍBIOS... IV ESPÉCIES RARAS, ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO... IV.44 V - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO... V SIGNIFICÂNCIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO... V ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE... V LOCAIS RELEVANTES PARA CONSERVAÇÃO... V AMBIENTES RELEVANTES PARA A PRESERVAÇÃO DA FLORA LOCAL... V FATORES DE RISCO... V FLORA... V FAUNA... V POTENCIAL PARA VISITAÇÃO... V ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO (AD S)... V.9 iii

26 PLANO GERAL DE DESENVOLVIMENTO NAS AD S PARA OTIMIZAR A VISITAÇÃO... V FATORES LIMITANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DA VISITAÇÃO... V ANÁLISE ESTRATÉGIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO... V.14 VI - SITUAÇÃO ATUAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO... VI INFRA-ESTRUTURA... VI TRILHAS INTERPRETATIVAS... VI TRILHA DA GRUTA DO MONGE... VI TRILHA DA PEDRA PARTIDA... VI ANÁLISE DA INFRA-ESTRUTURA ATUAL E PROPOSTAS PARA SUA READEQUAÇÃO... VI ATIVIDADES ATUAIS... VI.26 VII - MANEJO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO... VII OBJETIVOS DE MANEJO... VII OBJETIVOS ESPECÍFICOS... VII NORMAS GERAIS... VII ZONEAMENTO... VII CRITÉRIOS PARA O ZONEAMENTO... VII ZONAS PREVISTAS NO PARQUE ESTADUAL DO MONGE... VII ZONA PRIMITIVA... VII ZONA DE USO EXTENSIVO... VII ZONA DE USO INTENSIVO... VII ZONA DE RECUPERAÇÃO... VII ZONA DE USO ESPECIAL... VII ZONA DE USO CONFLITANTE... VII PROGRAMAS DE MANEJO... VII PROGRAMA DE CONHECIMENTO... VII SUBPROGRAMA DE PESQUISA... VII SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL... VII PROGRAMA DE MANEJO DO MEIO AMBIENTE... VII SUBPROGRAMA DE MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS... VII.25 iv

27 SUBPROGRAMA DE PROTEÇÃO... VII PROGRAMA DE USO PÚBLICO... VII SUBPROGRAMA DE RECREAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL... VII SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL... VII SUBPROGRAMA DE CONCESSÕES... VII PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO... VII SUBPROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS... VII SUBPROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS... VII SUBPROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO... VII SUBPROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA... VII PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA... VII SUBPROGRAMA DE SENSIBILIZAÇÃO DAS COMUNIDADES DO ENTORNO... VII SUBPROGRAMA DE RELAÇÕES PÚBLICAS... VII SUBPROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL... VII SUBPROGRAMAS DE ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO... VII.43 VIII - IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO... VIII ESTRATÉGIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO... VIII ATIVIDADES... VIII PRIORIDADES... VIII REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA... VIII IMPLEMENTAÇÃO DO CONSELHO CONSULTIVO... VIII ELABORAÇÃO DE PARCERIAS... VIII DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA... VIII.5 6- IMPLANTAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE APOIO E PROGRAMAS... VIII CURTO PRAZO... VIII PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO... VIII SUBPROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA... VIII.7 v

28 SUBPROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO... VIII SUBPROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS... VIII SUBPROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO... VIII MANEJO DO MEIO AMBIENTE... VIII SUBPROGRAMA DE PROTEÇÃO... VIII SUBPROGRAMA DE MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS... VIII PROGRAMA DE USO PÚBLICO... VIII SUBPROGRAMA DE RECREAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL... VIII SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL... VIII SUBPROGRAMA DE CONCESSÕES... VIII PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA... VIII SUBPROGRAMA DE RELAÇÕES PÚBLICAS... VIII MÉDIO PRAZO... VIII PROGRAMA DE CONHECIMENTO... VIII SUBPROGRAMA DE PESQUISA... VIII SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL... VIII PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA... VIII SUBPROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL... VIII EM LONGO PRAZO... VIII PROGRAMA DE CONHECIMENTO... VIII SUBPROGRAMA DE PESQUISA... VIII MONITORIA E AVALIAÇÃO INTEGRADA DO PLANO DE MANEJO... VIII SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS... VIII CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO E ORÇAMENTO... VIII CURTO PRAZO... VIII PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO... VIII SUBPROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA... VIII SUBPROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS... VIII.39 vi

29 SUBPROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO... VIII SUBPROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO... VIII PROGRAMA DE MANEJO DO MEIO AMBIENTE... VIII SUBPROGRAMA DE MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS... VIII SUBPROGRAMA DE PROTEÇÃO... VIII PROGRAMA DE USO PÚBLICO... VIII SUBPROGRAMA DE RECREAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL... VIII SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL... VIII SUBPROGRAMA DE CONCESSÕES... VIII PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA... VIII SUBPROGRAMA DE RELAÇÕES PÚBLICAS... VIII MÉDIO PRAZO... VIII PROGRAMA DE CONHECIMENTO... VIII SUBPROGRAMA DE PESQUISA... VIII SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL... VIII PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA... VIII SUBPROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL... VIII LONGO PRAZO... VIII.41 IX - BIBLIOGRAFIA... IX.1 vii

30 LISTA DE QUADROS Pág. Quadro III.01 - Ficha Técnica da Unidade de Conservação... III.1 Quadro III.02 - Distâncias entre os Principais Centros Urbanos e o Parque... III.4 Quadro III.03 - Unidades de Conservação Estaduais no Paraná... III.13 Quadro III.04 - Unidades de Conservação Federais no Paraná... III.14 Quadro III.05 - Evolução da População no Município por Zona (1970/2000)... III.23 Quadro IV.01 - Classes de Uso e Ocupação do Solo na Região do Parque Estadual do Monge das Áreas a serem Incorporadas ao Parque e sua Zona de Amortecimento... IV.5 Quadro IV.02 - Localização dos Pontos de Coleta de Água no Parque Estadual do Monge... IV.11 Quadro IV.03 - Escala para Classificação da Qualidade da Água (Método de IQA)... IV.11 Quadro IV.04 - Resultados da Análise de Água pelo Método de IQA... IV.12 Quadro IV.05 - Classes de Solos Identificadas e Classificadas no Parque Estadual do Monge... IV.15 Quadro IV.06 - Unidades de Mapeamento de Solos Definidas para o Parque Estadual do Monge... IV.23 Quadro IV.07 - Espécies Vegetais Citadas como Ameaçadas e que Ocorrem no Parque Estadual do Monge... IV.33 Quadro IV.08 - Composição Mastofaunística Obtida para o Parque Estadual do Monge Comparada com a Região da Lapa e com a do Paraná... IV.36 Quadro V.01 - Legenda para a Simbologia Utilizada... V.10 Quadro V.02 - Proposta para AD Mirante... V.11 Quadro V.03 - Proposta para AD Gruta do Monge... V.11 Quadro V.04 - Proposta para AD Pedra Partida... V.11 Quadro V.05 - Proposta para AD Piscina de Pedra... V.12 Quadro V.06 - Proposta para AD Estátua de Cristo... V.12 Quadro V.07 - Proposta para AD Centro de Visitantes... V.12 Quadro V.08 - Matriz de Análise Estratégica do Parque Estadual do Monge... V.18 Quadro VII.01 - Normas Gerais... VII.1 Quadro VII.02 - Síntese do Zoneamento... VII.5 Quadro VII.03 - Distribuição das Áreas no Zoneamento... VII.8 Quadro VIII.01 - Formulário de Monitoria e Avaliação Anual... VIII.36 viii

31 Quadro VIII.02 - Subprogramas a Serem Implantados em Curto Prazo... VIII.42 Quadro VIII.03 - Subprogramas a Serem Implantados em Médio Prazo... VIII.45 Quadro VIII.04 - Subprogramas a Serem Implantados em Longo Prazo... VIII.47 ix

32 LISTA DE FIGURAS Pág. Figura III.01 - Localização do Parque Estadual do Monge... III.2 Figura III.02 - Acessos ao Parque Estadual do Monge por Via Rodoviária e Aérea... III.3 Figura III.03 - Mapa Geomorfológico do Estado do Paraná, Segundo MAACK (1968, Adaptado por TROPPMAIR, 1990)... III.16 Figura III.04 - Inserção do Parque Estadual do Monge na Fitogeografia do Estado do Paraná... III.20 Figura IV.01 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Parque Estadual do Monge e de sua Zona de Amortecimento... IV.3 Figura IV.02 - Mapa Hidrográfico do Parque Estadual do Monge e os Pontos de Coleta de Água Associados... IV.10 Figura IV.03 - Mapa de Solos do Parque Estadual do Monge... IV.16 Figura IV.04 - Mapa de Vegetação do Parque Estadual do Monge... IV.27 Figura VII.01 - Zoneamento do Parque Estadual do Monge... VII.3 Figura VII.03 - Zona de Uso Extensivo... VII.11 Figura VII.04 - Zona de Uso Intensivo... VII.14 Figura VII.05 - Zona de Recuperação... VII.16 Figura VII.06 - Zona de Uso Especial... VII.18 Figura VII.07 - Zona de Uso Conflitante... VII.20 Figura VII.08 - Programas de Manejo Propostos para o Parque Estadual do Monge... VII.22 x

33 LISTA DE FOTOS Pág. Foto IV.01 - Vista da Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Monge (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.2 Foto IV.02 - Vista Parcial de Ocupação Irregular Junto à Escarpa Próximo a Entrada do Parque, Embargada pelo IAP e Ministério Público (fonte: Laufer Jr, 2002)... IV.7 Foto IV.03 - Vista do Ponto de Coleta MO 01 - Piscinão (fonte: E. Oliveira, 2002)... IV.9 Foto IV.04 - Aspecto do Arenito Avermelhado Existente no Parque Estadual do Monge (fonte: G. Gaertner, 2002)... IV.13 Foto IV.05 - Perfil Exposto de um CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico típico em Voçoroca Formada no Interior do Parque (fonte: E. Oliveira, 2002)... IV.18 Foto IV.06 - Aspecto de um Campo Higro-hidrófilo Remanescente no Parque, Local de Ocorrência de um ORGANOSSOLO HÁPLICO Fíbrico típico (fonte: E. Oliveira, 2002)... IV.20 Foto IV.07 - Escarpa Oeste do Parque Estadual do Monge, onde Predominam NEOSSOLOS LITÓLICOS e AFLORAMENTOS DE ROCHA (fonte: E. Oliveira, 2002)... IV.22 Foto IV.08 - Vista Geral da Vegetação Existente no Parque, Mostrando a Floresta Ombrófila Mista Alterada e Reflorestamentos de Pinus (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.26 Foto IV.09 - Detalhe da Floresta Ombrófila Mista Alterada com Destaque para Araucaria angustifolia no Dossel (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.28 Foto IV.10 - Exemplar Adulto de Araucaria angustifolia (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.28 Foto IV.11 - Interior da Floresta Ombrófila Mista (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.29 Foto IV.12 - Grande Profusão de Líquens e Musgos no Interior da Floresta Ombrófila Mista (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.29 Foto IV.13 - Abundância de Bromélias no Sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.30 Foto IV.14 - Ocorrência de Poaceae e Plantas Herbáceas e Arbustivas no Parque (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.30 Foto IV.15 - Detalhe de um Povoamento de Pinus Existente no Parque Estadual do Mong (fonte: P. Hoffmman, 2002)... IV.35 Foto IV.16 - Detalhe do Ambiente Pedreira (PE) (Fonte: M. Segalla, 2002)... IV.42 Foto IV.17 - Detalhe do Ambiente Córrego em Áreas com Cobertura Florestal (CF) (Fonte: M. Segalla, 2002)... IV.42 Foto IV.18 - Detalhe do Ambiente Banhado (BA) (Fonte M. Segalla, 2002)... IV.43 xi

34 Foto IV.19 - Detalhe do Ambiente Poças Temporárias Dentro de Áreas com Cobertura Florestal (PT) (Fonte: M. Segalla, 2002)... IV.43 Foto V.01 - Vista Parcial da Propriedade Frida Mayer, Localizada Junto à Entrada Principal do Parque (Fonte: Laufer Jr, 2002)... V.15 Foto V.02 - Infra-estrutura de Recreação, Junto a Sociedade Hípica Lapeana, em Espaço de Domínio do Estado (fonte: Laufer Jr, 2002)... V.17 Foto VI.01 - Vista do Mirante do Cristo (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.1 Foto VI Casa da Polícia Florestal (fonte: G. Gaertner, 2002)... 1VI. Foto VI.03 - Vista do Portal do Parque (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.2 Foto VI.04 - Posto de Informações (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.2 Foto VI.05 - Vista do Estacionamento (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.3 Foto VI.06 - Feira de Artesanato (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.3 Foto VI.07 - Restaurante do Sr. Airton (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.4 Foto VI.08 - Restaurante do Ermitão (fonte: G. Gaertner, 2002)... VI.4 Foto VI.09 - Portal da Trilha da Gruta (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.5 Foto VI.10 - Vista do Playground (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.5 Foto VI.11 - Mirante de Madeira (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.6 Foto VI.12 - Sanitários e Almoxarifados de Ferramentas (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.6 Foto VI.13 - Escadaria da Trilha da Gruta (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.7 Foto VI.14 - Vista Parcial da Praça e Caixa d água (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.7 Foto VI.15 - Quiosques com Churrasqueiras (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.8 Foto VI.16 - Piscina de Pedra (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.8 Foto VI.17 - Área para Camping (fonte: G. Gaertner, 2002)... VI.9 Foto VI.18 - Canchas Esportivas (fonte: G. Gaertner, 2002)... VI.9 Foto VI.19 - Quiosques para Venda de Sorvetes (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.10 Foto VI.20 - Placa de Sinalização (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.10 Foto VI.21 - Ponto de Água Canalizada (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.11 Foto VI.22 - Gruta do Monge (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.11 Foto VI.23 - Cruz (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.12 Foto VI.24 - Pedra Partida (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.13 xii

35 Foto VI.25 - Passagem entre o Paredão Rochoso e Queda d água, Protegida por Corrimão (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.13 Foto VI.26 - Locais Potenciais para Construção do Centro de Visitantes (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.14 Foto VI.27 - Salão de Dança, ao Lado do Restaurante do Ermitão (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.16 Foto VI.28 - Estacionamento dos Ônibus (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.16 Foto VI.29 - Carros estacionados em Local Proibido (fonte A. Wandembruck, 2002)... VI.17 Foto VI.30 - Canchas Esportivas (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.17 Foto VI.31 - Indefinição dos Locais para Estacionamento (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.18 Foto VI.32 - Áreas de Reflorestamento com Exóticas (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.18 Foto VI.33 - Bica d água (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.19 Foto VI.34 - Problemas de Construção e Manutenção na Trilha da Pedra Partida (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.20 Foto VI.35 - Sistema de Esgoto (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.20 Foto VI.36 - Falta de Padronização da Infra-estrutura (fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.21 Foto VI.37 - Pedreira Abandonada, Localizada no Interior do Parque (fonte A. Wandembruck, 2002)... VI.21 Foto VI.38 - Aterro com Saibro sobre Afloramento Rochoso (fonte A. Wandembruck, 2002)... VI.22 Foto VI.39 - Imagens e Placas Presas a Rocha na Região da Gruta do Monge (fonte A. Wandembruck, 2002)... VI.2 Foto VI.40 - Piscina de Pedra (Fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.23 Foto VI.41 - Grampos Presos ao Paredão Rochoso para a Prática do Rapel (Fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.23 Foto VI.42 - Sinalização Inadequada (Fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.24 Foto VI.43 - Circulação de Carros pelo Interior do Parque (Fonte: A. Wandembruck, 2002)... VI.25 Foto VI.44 - Almoxarifado (Fonte: G. Gaertner, 2002)... VI.25 xiii

36 LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 - MAPA PLANIALTIMÉTRICO DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE ANEXO 2 - LISTA DE ESPÉCIES VEGETAIS OCORRENTES NO PARQUE ESTADUAL DO MONGE, COMPOSTA A PARTIR DOS LEVANTAMENTOS DE CAMPO DURANTE A AVALIAÇÃO ECOLÓGICA RÁPIDA ANEXO 3 - LISTA DE MAMÍFEROS PARA REGIÃO DA LAPA E MUNICÍPIOS VIZINHOS ANEXO 4 - LISTA DAS ESPÉCIES DE AVES DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE, MUNICÍPIO DA LAPA, PARANÁ ANEXO 5 - LISTA DAS ESPÉCIES DE RÉPTEIS REGISTRADAS PARA O SEGUNDO PLANALTO PARANAENSE E SUAS POSSIBILIDADES DE OCORRÊNCIA NO PARQUE ESTADUAL DO MONGE ANEXO 6 - CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DAS ESPÉCIES DE ANFÍBIOS LISTADAS PARA O PARQUE ESTADUAL DO MONGE, MUNICÍPIO DA LAPA, PARANÁ ANEXO 7 - PROPOSTA DE REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO CONSULTIVO DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE xiv

37 APRESENTAÇÃO O Parque Estadual do Monge é uma Unidade de Conservação classificada na categoria de manejo de Proteção Integral, segundo o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), que tem como objetivo básico preservar a natureza, sendo admitido o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na lei. O instrumento a ser utilizado como referencial para a gestão do Parque Estadual do Monge é o seu plano de manejo, que tem como objetivo estabelecer as diretrizes e atividades que serão desenvolvidas para que a Unidade de Conservação possa cumprir com os seus objetivos e ao estabelecido pelo SNUC. O presente Plano de Manejo foi iniciado com os estudos referentes às Informações Gerais da Unidade de Conservação, contemplando sua ficha técnica; localização e acessos; histórico e antecedentes; contextos geográfico e regional, situação fundiária e a origem do nome. Na fase seguinte foi realizado o diagnóstico da Unidade de Conservação (UC) e da sua zona de amortecimento, com a caracterização dos principais fatores ambientais condicionantes do meio abiótico, biótico e uso e ocupação, definindo a fragilidade natural desses ambientes, os quais, integrados, inter-relacionados e submetidos aos mesmos agentes e fenômenos morfodinâmicos, permitiram então, o estabelecimento de zonas, que podem estar associadas a uma ou mais formas de uso, conforme a fragilidade natural existente. Foram definidas seis zonas: Zona Primitiva; Zona de Uso Extensivo; Zona de Uso Intensivo; Zona de Recuperação; Zona de Uso Especial e Zona de Uso Conflitante às quais foram atribuídas as normas, gerais e específicas, e propostos os programas de manejo para sua implementação. O Plano de Manejo do Parque Estadual do Monge possui a seguinte estrutura: Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo; Requisitos Legais; Informações Gerais da Unidade de Conservação; Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento; Situação Atual da Unidade de Conservação; Análise da Unidade de Conservação; Manejo da Unidade de Conservação; Implementação do Plano de Manejo; e, Bibliografia.

38 I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo I - METOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO O conceito de Plano de Manejo, segundo a definição da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000 (institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza), e referendado no Roteiro Metodológico para o Planejamento de Unidades de Conservação de Proteção Integral (IBAMA, 2002) é assim definido: Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade. Os objetivos de um Plano de Manejo, segundo o Roteiro Metodológico são: Levar a Unidade de Conservação - UC a cumprir com os objetivos estabelecidos na sua criação; Definir objetivos específicos de manejo, orientando a gestão da UC; Dotar a UC de diretrizes para seu desenvolvimento; Definir ações específicas para o manejo da UC; Gerar conhecimento para o manejo da Unidade; Promover o manejo da Unidade, orientado pelo conhecimento disponível; Estabelecer a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento, visando a proteção de seus recursos naturais e culturais; Destacar a representatividade da UC no SNUC frente aos atributos naturais protegidos; Destacar a representatividade da UC frente aos atributos de valorização dos seus recursos como: biomas, convenções e certificações internacionais; Estabelecer, quando couber, normas e ações específicas visando compatibilizar a presença das populações residentes com os objetivos da unidade, até que seja possível sua indenização ou compensação e sua realocação; Estabelecer normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da Zona de Amortecimento - ZA e dos Corredores Ecológicos - CE, visando a proteção da UC; Promover a integração socioeconômica das comunidades do entorno com a UC; e, Orientar a aplicação dos recursos financeiros destinados à UC. I.1

39 I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo 1 - REFERENCIAL O Plano de Manejo do Parque Estadual do Monge teve como referencial os seguintes documentos: Termo de Referência para Elaboração dos Planos de Manejo dos Parques Estaduais (IAP, 2002); Plano de Trabalho apresentado pela STCP Engenharia de Projetos Ltda.; Lei n 9.985, de 18 de julho de que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação; e, Roteiro Metodológico para o Planejamento de Unidades de Conservação de Proteção Integral (IBAMA, 1996). Com a aprovação e publicação do novo Roteiro Metodológico do IBAMA, em setembro de 2002, foram realizadas algumas adaptações no plano de manejo, de forma a atender às inovações do citado Roteiro. 2 -MÉTODO DE TRABALHO O Plano de Manejo do Parque Estadual do Monge é um documento síntese, que teve como base os estudos do meio abiótico, meio biótico e socioeconômico. A elaboração do Plano de Manejo envolveu três grandes eventos: o Diagnóstico da UC e de sua Zona de Amortecimento, o Zoneamento e os Programas de Manejo. DIAGNÓSTICO DA UC E DE SUA ZONA DE AMORTECIMENTO O diagnóstico da UC e de sua Zona de Amortecimento foi realizada pela equipe técnica multidisciplinar, contemplando os seguintes fatores ambientais: Meio Abiótico (Clima, Geologia, Geomorfologia e Solos); Meio Biótico (Fauna e Flora); Meio Socioeconômico e Cultural, e, Potencial Turístico da Unidade de Conservação. MEIO ABIÓTICO Os estudos do clima visaram definir as influências deste fator na qualidade ambiental do Parque Estadual do Monge. Os estudos foram baseados nos dados climatológicos das estações existentes na região da Lapa. A geologia forneceu a base de dados para o conhecimento da natureza e composição das rochas presentes no Parque Estadual do Monge. A geomorfologia contribuiu para o entendimento das estruturas que deram origem ao relevo, às formações superficiais e aos solos. Na descrição das classes de solos foi adotada a nomenclatura do Sistema Brasileiro de I.2

40 I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo Classificação de Solos, EMBRAPA (1999), relacionando as unidades ao tipo de horizonte A, à textura e ao relevo com o objetivo de conseguir unidades de mapeamento mais homogêneas para fins de uso e manejo. MEIO BIÓTICO O estudo contemplou a descrição e o mapeamento da vegetação existente na área da UC, associados à interpretação de imagem de satélite, onde foram definidas as seguintes formações: Floresta Ombrófila Mista Muito Alterada; Floresta Ombrófila Mista Alterada, com três subcategorias: Floresta Ombrófila Mista de Encosta; Floresta Ombrófila Mista Altomontana; e, Vegetação de Fundo de Vale; Vegetação Exótica. Os estudos de fauna foram realizados tendo como referencial as formações vegetacionais existentes no Parque, sendo analisada a distribuição espacial da fauna de vertebrados presente e potencial no Parque Estadual do Monge e no seu entorno. MEIO SOCIOECONÔMICO E CULTURAL Os aspectos socioeconômicos e culturais são compostos pelo conjunto das informações a respeito da socioeconomia da população que ocupa o entorno do Parque Estadual do Monge, a sua percepção em relação à Unidade de Conservação e a inter-relação entre estas comunidades e a UC. Neste capítulo é abordado ainda o uso e ocupação do solo da área de entorno, efetuado com base em tratamento de imagem de satélite (TM LANDSAT 7), do ano de 2001, e aferições de campo, incluindo entrevista com moradores. Os parâmetros utilizados como indicadores da ocupação do solo no interior da UC e no seu entorno foram: Afloramento Rochoso; Floresta; Reflorestamento; Áreas antropizadas (agricultura, pastagem e vegetação secundária); e, Área urbana. Foram realizados ainda, neste capítulo, estudos relativos ao potencial turístico e ecoturístico da unidade de conservação, e os fatores limitantes para sua implementação. I.3

41 I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo ANÁLISE INTEGRADA DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE A análise integrada das informações relevantes do Parque Estadual do Monge foi realizada através de reuniões temáticas com a equipe responsável pela elaboração do Plano de Manejo, mantendo-se em vista a análise da fragilidade dos ambientes em função das suas características naturais, obtidos na fase de Avaliação Ecológica Rápida da Unidade de Conservação. Nessa fase foram discutidos e definidos os ambientes relevantes para conservação, em função de suas fragilidades morfopedológicas, e de necessidade de manutenção da integridade de remanescentes de Floresta Ombrófila Mista e de vegetação endêmica denominada de vegetação rupestre. Paralelamente, foram definidos os locais potenciais para o uso público, no que se refere às atividades de educação ambiental e recreacionais, mantendo-se porém em vista, os fatores limitantes para a sua implementação. Os aspectos de fragilidade e estado de conservação ambiental foram utilizados também como subsídios fundamentais para a definição das zonas do Parque, respeitando-se prioritariamente a necessidade de preservação dos seus recursos naturais. Foram abordados os fatores de risco à fauna e flora, os quais serviram de indicativos para as medidas necessárias para o manejo da unidade de conservação. ZONEAMENTO O zoneamento foi estabelecido seguindo os critérios abaixo: REQUISITOS LEGAIS Os requisitos legais utilizados como base para a elaboração do zoneamento do Parque Estadual do Monge foram: Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação); Decreto nº de 21 de setembro de 1979 (Regulamenta os Parques Nacionais); Lei nº de 22 de fevereiro de 1960 (Cria o Parque Estadual do Monge); e, Lei de 15 de setembro de 1965 (Institui o Código Florestal). Os requisitos legais foram utilizados como amparo legal ao ordenamento da Unidade de Conservação, no que diz respeito à necessidade de preservação dos seus recursos naturais, condicionando-a algumas limitações de uso, respeitando-se também a necessidade de áreas para destinação à educação ambiental e à recreação. CONCEITO E DEFINIÇÃO DAS ZONAS O conceito de Zoneamento empregado neste trabalho é o mesmo apresentado na Lei que instituiu o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação, assim definido: "zoneamento é a definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com I.4

42 I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. Para atender aos objetivos gerais das Unidades de Conservação e dos Parques, como um todo, e ao objetivo específico do Parque Estadual do Monge, foram definidas as seguintes zonas: NORMAS Zona Primitiva; Zona de Uso Extensivo; Zona de Uso Intensivo; Zona de Recuperação; Zona de Uso Especial;.e, Zona de Uso Conflitante. As normas, gerais e específicas, contemplam as proibições e restrições a serem adotadas no desenvolvimento das atividades previstas no Plano de Manejo. As normas foram desenvolvidas em dois níveis, sendo que, no primeiro, estarão as normas relacionadas ao zoneamento do Parque Estadual, e, no segundo, estão as normas específicas vinculadas a cada um dos projetos a serem implantados no seu manejo. OS ATRATIVOS DO PARQUE ESTADUAL DO MONGE E O USO JÁ EXISTENTE Foram caracterizados os principais atrativos de Parque Estadual do Monge e as limitações da visitação, além do uso já existente, os quais foram fundamentais para o estabelecimento do zoneamento ora apresentado. PROGRAMAS DE MANEJO De acordo com a análise estratégica da Unidade de Conservação e ao zoneamento proposto, foram elaborados os respectivos programas de manejo, os quais compreendem um conjunto de atividades que seguem cronogramas variáveis de acordo com as diferentes necessidades de conhecimento e manejo que vierem a se apresentar no decurso da existência do Parque Estadual. Os programas de manejo propostos estão estruturados em cinco linhas básicas, assim definidos: Programa de Conhecimento; Programa de Manejo do Meio Ambiente; Programa de Uso Público; Programa de Operacionalização e Programa de Integração com a Área de Influência, os quais foram subdivididos em subprogramas e projetos específicos, quando possível, aos quais foram atribuídas às responsabilidades e custos de implementação. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS Todas as informações geradas no Plano de Manejo do Parque Estadual foram incorporadas no Sistema de Informações Geográficas (SIG). A tecnologia do SIG traz I.5

43 I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo benefícios ao Plano de Manejo do Parque Estadual do Monge através da possibilidade de integração das operações comuns de Banco de Dados como pesquisas e análises, com a facilidade de visualização e análises espaciais oferecidos pelos mapas. As informações foram correlacionadas com as entidades geográficas, inclusive os Programas de Manejo e as Normas de Conduta, estruturando-se um banco de dados para gerenciá-las. I.6

44 II - Requisitos Legais II - REQUISITOS LEGAIS O presente capítulo visa detectar os aspectos legais que foram considerados no Plano de Manejo do Parque Estadual do Monge, criado pela Lei nº de 22 de fevereiro de Os requisitos legais são constituídos por leis, decretos e portarias, estabelecidas em nível Federal e específicos do Estado do Paraná. Esse conjunto de leis, decretos e portarias podem ser agrupados nos seguintes itens: Constituição Federal e Estadual; Política Ambiental; Unidades de Conservação; Legislação Florestal; Componentes Ambientais: Meios abiótico, biótico e socioeconômico; e, Condutas Lesivas ao Meio Ambiente. 1 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL CAPÍTULO CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE (ART. 225) O instrumento constitucional que estabelece o conceito de desenvolvimento sustentável é expresso no capítulo 225 da Constituição Federal. Art Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção; II.1

45 II - Requisitos Legais VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. A Constituição de 1988 prevê ainda a criação de espaços territoriais especialmente protegidos. A Lei n 6.938/81, já fazia referências às mesmas áreas, tendo o Código Florestal, Lei n 4.771/65 determinado que o Poder Público criasse os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, assim descrito em seu art. 5º: Art. 5º - O Poder Público criará: a) Parque Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas, com a finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos;. Parágrafo Único - ressalvada a cobrança de ingresso à visitantes, cuja receita será destinada em pelo menos 50% (cinqüenta por cento) ao custeio da manutenção e fiscalização, bem como de obras de melhoramento em cada unidade, é proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais nos parques e reservas biológicas criados pelo poder público na forma deste artigo. O Decreto n , de 21 de setembro de 1979, que regulamentou os Parques Nacionais, destaca que a preservação dos ecossistemas protegidos com a utilização dos benefícios deles advindos deverão ser feitos de acordo com o Plano de Manejo, que conterá estudos das diretrizes visando um manejo ecológico adequado da Unidade CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ No âmbito constitucional estadual, a questão ambiental é tratada com a mesma ênfase dada à Constituição Federal, em seu artigo 207. Art Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais. 1º - Cabe ao Poder Público, na forma da lei, para assegurar a efetividade deste direito: (...) IV - instituir as áreas a serem abrangidas por zoneamento ecológico, prevendo as formas de utilização dos recursos naturais e a destinação de áreas de preservação ambiental e de proteção de ecossistemas essenciais; II.2

46 II - Requisitos Legais 2 - POLÍTICA AMBIENTAL XIV - proteger a fauna, em especial as espécies raras e ameaçadas de extinção, vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica ou submetam os animais à crueldade; XV - proteger o patrimônio de reconhecido valor cultural, artístico, histórico, estético, faunístico, paisagístico, arqueológico, turístico, paleontológico, ecológico, espeleológico e científico paranaense, prevendo sua utilização em condições que assegurem a sua conservação (...); XIX - declarar, como área de preservação permanente, os remanescentes das matas ciliares dos mananciais de bacias hidrográficas que abasteçam os centros urbanos; 2º - As condutas e atividades poluidoras ou consideradas lesivas ao meio ambiente, na forma da lei, sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas: I - à obrigação de, além de outras sanções cabíveis, reparar os danos causados; (...) III - a cumprir diretrizes estabelecidas por órgão competente. 3º - A Lei disporá especificamente sobre a reposição das matas ciliares (...) POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - LEI N 6.938/81 A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 que institui a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, foi fundamentada nos incisos VI e VII do artigo 23 e no artigo 225 da Constituição Federal, e em seu artigo 2º dispõe que: Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições de desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses de segurança nacional e à proteção de dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considernado o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo: II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; II.3

47 II - Requisitos Legais III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V.... VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII. acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII. recuperação de áreas degradadas; IX. proteção de áreas ameaçadas de degradação; X. educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Em seu artigo 9º, a Lei n 6.938/81 apresenta como um de seus instrumentos o zoneamento ambiental, apresentado no presente relatório POLÍTICA AMBIENTAL DO ESTADO DO PARANÁ A Política Estadual do Meio Ambiente está prevista na Constituição do Estado do Paraná, no seu capítulo V, que trata do meio ambiente, em seu art. 207, já descrito anteriormente. A Lei n 7.978, de 30 de novembro de 1984, institui o Conselho Estadual de Defesa do Meio Ambiente, tendo como atribuições: I. participar da formulação da Política Estadual do Meio Ambiente, com caráter global e integrado e de planos e projetos que contemplem o respectivo setor, de modo a assegurar, em cooperação com os órgãos da administração direta e indireta do Estado, a prevenção e controle da poluição, combate às diversas formas de erosão, o uso e a gestão racionais do solo, e dos recursos naturais, bem como sua capacidade de renovação e a estabilidade ecológica; II. incentivar a criação e desenvolvimento de reservas e parques naturais e de recreio; III. participar da elaboração, junto aos poderes públicos de todos os atos legislativos e regulamentares concernentes ao meio ambiente. II.4

48 II - Requisitos Legais A Política Ambiental do Estado está em fase de elaboração. Entretanto, a legislação em vigor no Estado do Paraná deverá ser observada, com destaque para: Lei Estadual nº 1.211, de 16 de setembro de 1953, que dispõe sobre o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Estado do Paraná; Lei Estadual nº 6.513, de 18 de dezembro de 1973, que dispõe sobre a Proteção dos Recursos Hídricos contra Agentes Poluidores e dá outras providências; Lei Estadual nº 7.109, de 17 de janeiro de 1979, que institui o Sistema de Proteção Ambiental e adota outras providências; e, Lei Estadual nº , de 14 de janeiro de 1995, dispõe sobre a Lei Florestal do Estado. 3 - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO As Unidades de Conservação são definidas nas seguintes leis: Lei n 9.985/00 - institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e estabelece critérios e normas para criação, implantação e gestão das unidades de conservação; Lei n 4.771/65 - institui o Novo Código Florestal; e, Decreto n /79 - aprova Regulamento dos Parques Nacionais. As Unidades de conservação são contempladas, no nível estadual, no âmbito do Código Florestal do Estado do Paraná (Lei Estadual nº , de 14 de janeiro de 1995) SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA - SNUC O Parque Estadual do Monge é uma Unidade de Conservação inserida no Grupo das Unidades de Proteção Integral, de acordo com a Lei n de 18 de julho de 2000, a qual institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC. A referida Lei define, no seu art. 11, o objetivo básico de um Parque Nacional "...a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico". 1º O Parque Nacional é de posse e domínios públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. II.5

49 II - Requisitos Legais 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. 4º As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal LEGISLAÇÃO FLORESTAL CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO A Lei n 4.771, de 15 de setembro de 1965, institui o Novo Código Florestal, o qual determina em seu art. 2º que as florestas e demais formas de vegetação são consideradas de preservação permanente, quando situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1) de 30 (trinta) metros para cursos d água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d água que tenham entre 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; 3) de 100 (cem) metros para os cursos d água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros de largura. b) ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d água, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura; d) nos topos de morros, montes, montanhas e serras. e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declive; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; II.6

50 II - Requisitos Legais Estas áreas supra definidas somente poderão ser suprimidas total ou parcialmente, mediante a prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social ( 1º do art. 3º). Ainda no Código Florestal está previsto, no art. 5º, a incumbência do Poder Público para criar, entre outras unidades de conservação, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais. Sobre isto será mais aprofundado no estudo do Decreto n , de 21 de setembro de LEI FLORESTAL DO ESTADO DO PARANÁ O art. 5º da Lei Florestal do Estado do Paraná (Lei Estadual nº /95) classifica as florestas e demais formas de vegetação existentes no território paranaense em: I. preservação permanente; II. reserva legal; III. produtivas; e, IV. unidades de conservação. Conforme a lei florestal estadual, as florestas e demais formas de vegetação consideradas Unidades de Conservação, seus objetivos e classificação são aquelas previstas na Legislação Federal e no Sistema Nacional de Unidades de Conservação, definindo ainda como a autoridade florestal no Estado, o Instituto Ambiental do Paraná - IAP ou seu sucedâneo definido em lei DECRETO Nº /79 APROVA O REGULAMENTO DOS PARQUES NACIONAIS Este Decreto estabelece as normas que definem e caracterizam os Parques Nacionais, estando inseridos, neste caso, os Parques Estaduais. O art. 1º deste decreto considera, para efeitos deste Regulamento, que os Parques Nacionais são áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais e excepcionais, objeto de preservação permanente submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade no seu todo, estabelecidos para fins científicos, culturais, educativos e criativos, e tendo como objetivo principal à preservação dos ecossistemas naturais englobados contra quaisquer alterações que os desvirtuem. Segundo o art. 2º do Decreto em análise, somente é considerado Parque (Nacional, Estadual ou Municipal), as áreas que atendam às seguintes exigências: I - possuam um ou mais ecossistemas totalmente inalterados ou parcialmente alterados pela ação do homem, nos quais as espécies vegetais e animais, os sítios geomorfológicos e os habitats, ofereçam interesse especial do ponto de vista científico, cultural, educativo e recreativo, ou onde existam paisagens rurais de grande valor cênico; II.7

51 II - Requisitos Legais II - tenham sido objeto, por parte da União, de medidas efetivas tomadas para impedir ou eliminar as causas das alterações e para proteger efetivamente os fatores biológicos, geomorfológicos ou cênicos, que determinaram a criação do Parque; III - condicionem a visitação pública a restrições específicas, mesmo para propósitos científicos, culturais, educativos ou recreativos. O art. 5º prevê a obrigatoriedade do Plano de Manejo, que deverá conter diretrizes e metas válidas por um período mínimo de 5 anos, bem como o seu zoneamento e os programas de manejo. Cabe ainda citar o art. 56º do referido Decreto que determina que, para cada Parque Nacional, será baixado, quando da aprovação do seu plano de manejo, um regimento interno que particularizará situações peculiares, tendo como base o presente Decreto LEI Nº DE 22 DE FEVEREIRO DE CRIA O PARQUE ESTADUAL DO MONGE O Parque Turístico do Monge foi criado através da Lei nº de 22 de fevereiro de 1960, objetivando sua preservação e ordenamento do uso, sem área definida. O Decreto nº de 21 de novembro de 1960, alterou a denominação para Parque Estadual do Monge, ocasião em que foi autorizada a compra ou desapropriação de áreas para a instalação oficial do Parque em conjunto com a Prefeitura da Lapa. 4 - COMPONENTES AMBIENTAIS NATURAIS A legislação abordando os Componentes Ambientais apresentada a seguir está estruturada por meio, quais sejam: Abiótico, Biótico e Socioeconômico MEIO ABIÓTICO Os componentes ambientais do meio físico analisados a seguir são: Água, Ar e Disposição de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos. ÁGUA A legislação específica que trata do componente ambiental Água contempla, dentre outros diplomas legais: Código das Águas - Decreto n /34; Decreto n /61 - Dispõe a respeito do lançamento de resíduos tóxicos e oleosos nas águas interiores e litorâneas do país; e, Resolução CONAMA 020/86 - estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. No nível estadual a legislação que trata sobre o tema refere-se à Lei n 6.513, de 18 de dezembro de 1973, que dispõe sobre a proteção dos recursos hídricos contra agentes poluidores. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n de 17 de abril de II.8

52 II - Requisitos Legais AR Os padrões de Qualidade do Ar são estabelecidos por uma Lei e por Resoluções do CONAMA, descritos na seqüência. FONTES MÓVEIS Lei n 8723/93 - dispõe sobre a redução de emissões de poluentes por veículos automotores e dá outras providências; e, Resolução CONAMA 18/86; 03/89; 16/93; 09/94; 16/95, as quais tratam do Programa de Controle de Poluição do Ar por veículos automotores - PROCONVE e define os parâmetros de emissão para motores em geral. FONTES FIXAS Resolução CONAMA 005/89 - institui o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar - PRONAR; Resolução CONAMA 003/90 - estabelece Padrões de Qualidade do Ar; e, Resolução CONAMA 008/90 - regulamenta a emissão de poluentes do Ar. DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS/EFLUENTES LÍQUIDOS Em nível federal, os regulamentos legais que tratam do tema são: Portaria MINTER 53/79 - proíbe o lançamento de lixo ou resíduos sólidos em cursos d água, lagos e lagoas; e, Lei n 5.318/67 - institui a Política Nacional de Saneamento e cria o Conselho Nacional de Saneamento MEIO BIÓTICO Na abordagem do meio biótico, são contemplados os seguintes componentes ambientais: flora e fauna. FLORA As principais normas e leis que trata deste tema em nível federal são: Código Florestal - Lei n 4.771/65 e alterações posteriores Leis n os 5.870/73, 7.571/86, 7.803/89, 7.875/89; Lei n 7.754/89 - estabelece medidas de proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios e dá outras providências; e, Resolução CONAMA 004/86 - transforma em Reservas Ecológicas as áreas de Preservação Permanente definidas pelo Código Florestal. II.9

53 II - Requisitos Legais FAUNA A Legislação de proteção à Fauna é definida principalmente no nível federal, com destaque para: Lei n 5.197/61 - dispõe sobre a Proteção da Fauna e dá outras providências; Decreto n dispõe sobre o Conselho Nacional de Proteção à Fauna e dá outras providências; e, Portaria n 1.522/89 - Lista Oficial de Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção MEIO SOCIOECONÔMICO O componente ambiental integrante do meio socioeconômico, no contexto do Plano de Manejo do Parque Estadual do Monge é constituído pelo Patrimônio Histórico e Arqueológico; pela Lei que Trata do Zoneamento da Cidade da Lapa. PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO A questão do patrimônio histórico e arqueológico é tratada desde a Constituição Federal, em seu art Art Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. II.10

54 II - Requisitos Legais Os monumentos arqueológicos e pré-históricos são tratados de forma específica pela Lei n 3.924, de 26 de julho de 1961, que estabelece em seu Capítulo I as definições de monumentos arqueológicos e pré-históricos e a proibição do aproveitamento econômico, destruição e mutilação de quaisquer jazidas arqueológicas ou pré-históricas, antes de serem devidamente pesquisados, sob pena de crime contra o Patrimônio Nacional, e como tal, punível de acordo com o disposto nas leis penais. Em nível estadual a legislação que trata sobre o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural é a Lei nº de 16 de setembro de 1953, o qual considera como constituinte do Patrimônio conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no Estado e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Paraná, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico, assim como os monumentos naturais, os sítios e paisagens que importa conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana. ZONEAMENTO DA CIDADE DA LAPA A Lei n 940/87, que trata do zoneamento da cidade da Lapa, inclui o Parque Estadual do Monge na Zona de Proteção Ambiental - ZPA, com a seguinte descrição: inicia-se nos limites da área do ITCF no Parque do Monge, ficando compreendida entre o sopé do morro e o limite do perímetro urbano, sendo que após a estrada da Lapa/Lagoa Gorda o limite é a estrada velha de Lapa/Curitiba e o contorno do perímetro urbano. 5 - CONDUTAS LESIVAS AO MEIO AMBIENTE As condutas lesivas ao meio ambiente são definidas basicamente em nível federal através da Lei de Crimes Ambientais e da Lei que trata da Ação Civil Pública LEI N 9.605/98 - LEI DE CRIMES AMBIENTAIS Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Essa Lei é acrescida de dispositivo, através da Medida Provisória nº , de 19 de abril de 2001 e foi regulamentada pelo Decreto n 3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis a condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n 3.179, de 21 de setembro de LEI N 7.347/85 - DISCIPLINA AÇÃO CIVIL PÚBLICA Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. II.11

55 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação III - INFORMAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO 1 - FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A ficha técnica do Parque Estadual do Monge pode ser visualizada no quadro III.01. Quadro III.01 - Ficha Técnica da Unidade de Conservação NOME DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DO MONGE Unidade Gestora Instituto Ambiental do Paraná - IAP Endereço da Sede 3 km da Sede do Município da Lapa Superfície (ha) 297,83 Perímetro (m) ,80 Município Lapa Estado Paraná Coordenadas geográficas do Centro da UC Longitude W: 49º41'; Latitude S: 25º47' Lei ou Decreto de Criação Lei nº de 22 de fevereiro de 1960 Alterações Posteriores Decreto nº de 21 de novembro de 1960 Decreto nº de 22 de junho de 1962 Decreto nº de 9 de março de 1964 Lei nº de 14 de outubro de 1977 Decreto nº de 23 de fevereiro de 1979 Limites Norte: Propriedades particulares e da prefeitura Sul: Propriedades particulares Oeste: Propriedades particulares Leste: Propriedades particulares Bioma e ecossistemas Região dos Campos Limpos com Capões e Florestas Ciliares - Campos da Lapa Atividades Desenvolvidas Pesquisa, Vigilância e Turismo Religioso Atividades Conflitantes Pedreira desativada no interior do Parque; Fracionamento da posse e administração da área do Parque entre o IAP e a Prefeitura da Lapa; Existência de estradas de acesso às áreas particulares cortando o Parque; Plantios florestais de exóticas; Restaurante e bar; Loteamento, Presença de terceiros na entrada do Parque. Atividades de Uso Público Visitação à Gruta do Monge 2 - LOCALIZAÇÃO E ACESSOS O Parque Estadual do Monge está localizado no município da Lapa, Estado do Paraná e tem como centro as coordenadas geográficas 49º 41' de Longitude Oeste e 25º 46' de Latitude Sul, a uma distância de aproximadamente 3 km da sede do município (figura III.01). O acesso a partir de outras cidades deve ser efetuado até a cidade da Lapa, como indicado na figura III.02 e posteriormente até a sede do Parque. A distância entre os principais centros urbanos e o parque é apresentado no quadro III.02. III.1

56 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.01 - Localização do Parque Estadual do Monge III.2

57 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.02 - Acessos ao Parque Estadual do Monge por Via Rodoviária e Aérea III.3

58 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Quadro III.02 - Distâncias entre os Principais Centros Urbanos e o Parque CIDADES DISTÂNCIAS (km) ACESSOS Brasília 1.503,96 BR-060/BR-153/PR-090/PR-151/BR-277/PR-427 Cascavel 470,70 BR-277/PR-427 Curitiba 62,80 BR-116/BR-476 Foz do Iguaçú 615,50 BR-277/PR-427 Guarapuava 225,80 BR-277/PR-427 Irati 123,50 BR-277/PR-427 Jaguariaíva 213,01 PR-151/BR-277/PR-427 Londrina 371,92 PR-445/BR-376/PR-151/BR-277/PR-427 Maringá 397,10 BR-376/PR-151/BR-277/PR-427 Paranaguá 146,70 BR-277/BR-376/BR-476 Ponta Grossa 104,80 BR-376/PR-151/BR-277/PR-427 Rio de Janeiro 923,80 BR-116/BR-476 São José dos Pinhais 69,70 BR-376/BR-476 São Paulo 470,80 BR-116/BR-476 Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná - site: Editora Abril. Guia 4 Rodas - Atlas Rodoviário Por via aérea o acesso deve ser feito até Curitiba, e por via terrestre até a cidade da Lapa. Curitiba possui vôos regulares para São Paulo e Brasília, onde é possível fazer conexão com todas as cidades atendidas pelo transporte aéreo no Brasil e também fazer conexão para vôos internacionais. 3 - MAPEAMENTO O Parque Estadual do Monge foi oficialmente criado pela Lei nº 4.170, de 22 de fevereiro de 1960, sem área definida. A discrepância na documentação, levou a uma nova medição topográfica, onde foi ratificada a área do Parque para 297,83 ha, desconsiderando as áreas não desapropriadas. Para fins de Plano de Manejo, foi considerada, além da área de 297,83 ha, áreas que estão em domínio de terceiros, os quais deverão ser incorporadas ao Parque através da regularização fundiária, totalizando 305,87 ha. No Anexo 1 apresenta-se o mapa planialtimétrico do Parque Estadual do Monge. 4 - HISTÓRICO E ANTECEDENTES LEGAIS O Parque Estadual do Monge está localizado no município da Lapa, a aproximadamente 3 km da sede, na transição do Primeiro para o Segundo Planalto paranaense, coordenadas geográficas 49º41 de Longitude Oeste e 25º47 de Latitude Sul, limitado, de acordo com o antigo Instituto de Terras e Cartografia do Paraná, ao norte com as terras de Francisco Braga, terras da Prefeitura Municipal da Lapa, Francisco Caneppele, Silvio Scardanzan e João Gaúcho, a leste com as terras de Francisco Vidal, Arthur Vidal, Manoel Ton, Vitório Augusto Zappa, Rodolfo Franck, Natal Ton, Pedro Mendes, Ambrósio Hoffman, Alfredo Hoffman e III.4

59 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Sezefredo Marback, ao sul com as terras de Luiz Antonio Luiz Piovezan e Ary Martiniano Campanholo e a oeste com as terras de Irmãos Colle, Aurélio Bortoletto, Leonildo Valeschi, João Valescki, Vicente Binhara, João Hoffman, Francisco Bonkoski, Fernando Alberto Weinhardt, Augusto Ganzet, Maria da Luz S. Siqueira, Artur Maria Ganzet e Jorge Sera. Segundo WACHOWICZ (1988), desde os meados do século XIX até as primeiras décadas do século XX, os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul eram percorridos por indivíduos conhecidos pelos sertanejos como monges. Cultivavam barba longa, sandálias em couro cru, barrete (gorro, pequeno chapéu) de pele de onça, bordão (cajado) na mão e um terço pendurado no pescoço, vivendo normalmente entre áreas de floresta e grutas. A presença de tais personagens enigmáticos acabaria impressionando a mente dos sertanejos. Entre os monges, três tiveram uma passagem mais significativa pela região da Lapa e de outras terras do Paraná e de Santa Catarina. O primeiro, João Maria d Agostini, imigrante italiano que viera ao Brasil em 1844, teria sido realmente um frei da ordem de Santo Agostinho, pois houvera pregado na Matriz da Lapa em Em sua prática apostólica, costumava percorrer os estados do sul, a fim de despertar nos homens a prática do bem, orientando e receitando ervas medicinais às pessoas que o procuravam, deixando cruzes nos caminhos por onde passava. Pela sua prática, os caboclos atribuíam-lhe curas milagrosas, denominando-o de São João Maria. Sua morte esteve envolta em mistérios e nunca se soube como ou onde havia morrido. Após o seu desaparecimento, ficou a expectativa de seus devotos de que um dia o monge voltaria à região, surgindo então, o segundo monge personificado em Anastás Marcaf, que havia chegado à Lapa em 1894 com as tropas de Gumercindo Saraiva, durante a Revolução Federalista. Como havia conhecido pessoalmente João Maria d Agostini, acabou agregando o modo de vida do antigo monge, intitulando-se João Maria de Jesus. Como um homem pacífico, não interferia nas práticas religiosas da região, adotando uma orientação religiosa pessoal. Dos três monges que passaram pela Lapa, foi o que conseguiu deixar maior influência na população sertaneja. Morreu em Santa Catarina em Já o terceiro monge, Miguel Lucena de Boaventura, apareceu num momento de tensão política e social provocado pelo Contestado 1, envolvendo os governos do Paraná e de Santa Catarina e que atemorizava a população sertaneja. Através de seu carisma, acabaria atraindo simpatizantes, descontentes com o regime governamental da época, injustiçados, perseguidos, desajustados, desempregados, foragidos da lei, dando-lhes instrução militar, armando-os com espadas, facões, pica-paus e garruchas. Seus seguidores eram conhecidos como pelados e seus adversários como peludos. 1 Movimento de caráter messiânico surgido na zona disputada pelo Paraná e Santa Catarina (Contestado) entre 1912 e 1916, envolvendo cerca de camponeses. A região estava relegada ao abandono e à miséria, mas era rica em recursos florestais e erva-mate. Além disso, conheceu a violência das lutas na revolução federalista, as disputas entre coronéis, e foi assolada pelo banditismo. A população pobre incluía os trabalhadores das fazendas, os desempregados das obras da estrada de ferro, os posseiros expulsos de suas glebas por fazendeiros. III.5

60 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Como monge guerreiro, surgiu inicialmente em Palmas, reaparecendo nos sertões de Campos Novos, auto-denominando-se de José Maria de Agostinho, irmão do falecido João Maria d Agostini (primeiro monge). Utilizando-se de técnicas de persuasão empregadas pelo primeiro monge, como chefe e guia, realizava rezas e milagres, no entendimento dos caboclos da região. Estabeleceu áreas de resistência, conhecidas como quadros santos, compondo igualmente uma guarda pessoal integrada por 24 sertanejos, denominada de os doze pares de França. O número de adeptos cresceu rapidamente e, apesar dos ideais de resistir e não atacar, acabaria se envolvendo em atritos com autoridades catarinenses e paranaenses. Instalado-se com seus fanáticos no Paraná, nos Campos do Irani, atual território catarinense, seria atacado pelo Coronel João Gualberto, em combate em que ambos acabariam sucumbindo em A memória do monge, aliada ao misticismo e fanatismo, seria ainda invocada pelos remanescentes fanáticos em vários conflitos bélicos até que o último reduto de resistência cabocla fosse vencido. Como saldo, a morte de milhares de pessoas, entre oficiais, soldados e sertanejos, talvez fosse evitada se o governo da época tivesse ouvido as vozes daqueles que clamavam por terra e assistência social - ideais desvinculados do fanatismo religioso, que conduz outras milhares de vidas à extinção A LIGAÇÃO AFETIVA DA POPULAÇÃO COM A GRUTA E SERRA DO MONGE Muito antes da formação oficial do Parque Estadual do Monge, a população Lapeana já havia estabelecido vínculos histórico-culturais, religiosos e afetivos com a Serra do Monge. Segundo relatos de moradores do entorno do Parque, lá a população se encontrava muitas vezes para admirar a paisagem da região, enxergava-se longe; época em que não havia pinus e sim, os campos, as pedras, pequenos bosques, as piscinas, as trilhas - época em que o lazer do povo era visitar a gruta ou assistir as corridas de cavalos, encontrar as pessoas - havia muita água, nascentes, e que foram desaparecendo em função do aparecimento do pinus. Quanto às atividades comerciais no parque o comércio existia há mais de 60 anos e dele a população fazia o seu lazer de final de semana - a pedreira lá estava igualmente, há muito tempo - o Monge sempre foi uma área de visitação e o comércio existia para atender o visitante, o romeiro. Além da presença do comércio local, como referência da população Lapeana e dos romeiros da Gruta do Monge e das pedreiras estabelecidas na Serra do Monge, havia igualmente, a partir da década de 1960, o interesse na exploração de espécies florestais nativas e exóticas, a exemplo do Pinus e Eucalyptus e até de oliveiras nas encostas e entorno, sob a responsabilidade do antigo Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S. A. - INCO, posteriormente englobado pelo Banco BRADESCO e que possuía uma área de 50,82 ha desapropriada pelo Estado, ou ainda, através do reflorestamento de áreas do Parque com espécies exóticas através da atuação da Secretaria do Estado da Agricultura (Instituto de Terras e Cartografia) e IAPAR. No Parque Estadual do Monge, havia igualmente o Centro de Produção e Experimentação do Monge, de responsabilidade do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, compreendendo duas áreas, com m² e m², respectivamente, destinadas à produção de mudas de espécies florestais nativas e exóticas. III.6

61 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Iniciava-se então, já a partir de 1965, portanto 5 anos após a criação oficial do Parque Estadual do Monge, o plantio de espécies exóticas em áreas do Parque, com uma área inicial de 13,49 ha, estendendo-se até 1973, política que vinha de encontro com as diretrizes do governo da época, voltadas ao incentivo para o plantio de espécies exóticas a fim de abastecer a indústria madeireira, papeleira e moveleira em desenvolvimento no Estado. Independente das prerrogativas ambientais, que na época, não sensibilizavam o governo, foram estabelecidas áreas de interesse econômico para exploração florestal no parque, na contramão das políticas públicas atuais para a preservação ambiental e de remanescentes florestais primários. Desta forma, previa-se desbastes da área reflorestada em 1980/1981, com dois desbastes sistemáticos e seletivos. Previa-se igualmente o aproveitamento comercial da matéria prima florestal, que seria utilizada pela empresa Florestal Iguaçu S. A. para fins industriais (lápis). Desta forma, a partir de 1965 seriam plantadas na área do parque espécies de Pinus elliottii e Pinus taeda, de acordo com o cronograma a seguir: 1965 (14,49 ha); 1967 (7,80 ha); 1969 (15,60 ha); 1971 (10,50 ha); 1973 (25,00 ha), com um total de 73,39 ha e árvores. Em 1990, de acordo com o inventário florestal para fins de desbaste, elaborado pelo ITCF, havia um total de 82,00 ha de áreas reflorestadas com Pinus spp. Em informes do ITCF, datado de 18 de fevereiro de 1991, descrevia-se a sistemática para proceder ao desbaste da área reflorestada, abrangendo um total de 44% das árvores bifurcadas, mortas, tortas e de diâmetro mais fino do povoamento. 5 - ORIGEM DO NOME O Parque Estadual do Monge recebeu este nome por possuir uma gruta que teria sido abrigo de um monge ermitão, entre 1847 e O monge chamado João Maria D'Agostini se dedicou ao estudo de plantas da região, fazendo orações públicas e medicando enfermos, tornam-se assim, um líder religioso. O monge João Maria possuía olhar manso, estatura baixa, rosto magro cabelos longos, barba grisalha e vestia hábito franciscano. Desde sua mudança para o meio do mato, onde morava em uma gruta debaixo das pedras, habitantes de todos os arredores começaram a acreditar que ele era milagroso e as promessas aumentaram. Em 1855, com medo do poder que o monge estava ganhando, os políticos pediram que ele se retirasse da cidade. Hoje as principais atrações do Parque são a Gruta do Monge e uma fonte que, acreditase, ser milagrosa, os quais atraem um grande números de fiéis e visitantes movidos pelo poder da fé. Os romeiros deixam diversos objetos, acendem velas e colocam flores em sinal de agradecimento pela graça atingida. 6 - SITUAÇÃO FUNDIÁRIA De acordo com documentos e relatórios elaborados pelo Instituto Ambiental do Paraná - IAP/DIBAP, o Parque Turístico do Monge foi criado inicialmente através da Lei nº de III.7

62 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação 22 de fevereiro de 1960, objetivando sua preservação e ordenamento do uso, sem no entanto haver área definida. Através do Decreto nº de 21 de novembro de 1960, ficaria subordinado à Divisão Florestal do Departamento de Produção Vegetal da Secretaria da Agricultura, alterando a sua denominação para Parque Estadual do Monge, ocasião em que seria autorizada a compra ou desapropriação de áreas para a instalação oficial do Parque em conjunto com a Prefeitura da Lapa. Em 22 de junho de 1962 (DOE), através do Decreto nº 8.575, foi declarado de utilidade pública, com fins de desapropriação, com uma área de 23 alqueires e respectivas benfeitorias (55,66 ha) para instalação do Parque Estadual do Monge. Posteriormente em 1964, através do Decreto nº de 09 de março, igualmente de utilidade pública para fins de desapropriação, uma área de ,30 m² (371,60 ha) foi destinada para instalação do Parque Turístico do Monge. Em 09 de dezembro de 1976, a Empresa Paranaense de Turismo - PARANATUR, de domínio útil, e a Prefeitura Municipal da Lapa, de domínio direto, adquiriram uma área de ,00 m² conforme matrículas nº e do Registro de Imóveis da Comarca da Lapa na área do Parque. Em 18 de janeiro de 1977, a Lanchonete Ermitão Do Domínio Útil e a Prefeitura Municipal da Lapa Do Domínio Direto adquiriram uma área de 1.600,00 m², conforme matrícula de nº do Registro de Imóveis da Comarca da Lapa, onde ficaram estabelecidas as condições do contrato, quais sejam: o senhorio direto do imóvel, concedeu a mencionada área para nela a concessionária edificar uma lanchonete, com o fim específico do desenvolvimento do Turismo na Lapa, ficando vedado o uso do terreno para outro qualquer fim, sob pena de reversão ao Patrimônio Público Municipal, sendo que toda e qualquer ampliação ou novas construções na referida área, dependerá de prévia autorização da Prefeitura Municipal, através do Órgão competente e, ainda, da Empresa Paranaense de Turismo - PARANATUR...a venda a terceiros, sempre dependerá de autorização da Prefeitura, em qualquer época...na forma de requerimento da concessionária de domínio útil...averba-se que a empresa Lanchonete Ermitão Ltda edificou. no. terreno objeto da concessão que lhe foi feita, uma Lanchonete, com a área de 49 m² (tudo em alvenaria e para fins comerciais. Pela Lei nº de 14 de outubro de 1977, foram transferidos à Empresa Paranaense de Turismo - PARANATUR três imóveis de propriedade do Governo do Estado do Paraná, localizados no Parque Estadual do Monge, com áreas de ,00 m² constante na escritura lavrada no livro 81-n, fls. 84V do 10º Tabelionato de Curitiba; ,00 m² constante da escritura lavrada no livro 242-N fls. 64V do 7º Tabelião de Curitiba e 7.666,00 m² constante da transcrição nº do livro 3-a, fls. 15 do registro de Imóveis da Comarca da Lapa. Através da Lei nº de 21 de novembro de 1978, foram transferidos à TELEPAR os lotes nº 31 e 32 de propriedade do Estado, com área correspondente a m² situada no loteamento Planta Vila Gruta do Monge, transcritos sob os números , livro 3 AF da Lapa com os limites e confrontações que descreve. Pelo Decreto nº de 01 de março de 1979, foi transferido parte do imóvel Monge ou Alto e Baixo da Lapa (Parque Estadual do Monge), com área aproximada de 258,02 ha, ao III.8

63 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Paraná - ITC. Em 1981, de acordo com medições do ITC-PR, a área total do Parque englobava 356,9492 ha, sendo 362,1760 ha de área bruta; 4,8612 ha de área da PARANATUR e 0,3656 ha de área da TELEPAR. De acordo com o memorando nº 200/81 emitido pelo Instituto de Terras e Cartografia em 14 de junho de 1984, foi transferida uma área de 258,02 ha ao patrimônio do ITC através do Decreto nº 6.351, de 23 de fevereiro de Destacava-se ainda a existência de uma pedreira em terras adquiridas pelo Estado do Paraná, de Antônio Ton Filho, objeto da transcrição nº com 5.910,00 m² e que não havia sido objeto de desapropriação. Descreve que, com a mesma transcrição (nº ) o Estado do Paraná adquiria uma área com ,00 m² de posse que era exercida por Antônio Ton Filho, porém ainda não demarcada para regularização. De acordo com o antigo Instituto de Terras e Cartografia do Paraná, o Parque Estadual do Monge está limitado ao norte com as terras de Francisco Braga, terras da Prefeitura Municipal da Lapa, Francisco Caneppele, Silvio Scardanzan e João Gaúcho. A leste, estaria limitado com as terras de Francisco Vidal, Arthur Vidal, Manoel Ton, Vitório Augusto Zappa, Rodolfo Franck, Natal Ton, Pedro Mendes, Ambrósio Hoffman, Alfredo Hoffman e Sezefredo Marback. Ao sul, com as terras de Luiz Antonio Luiz Piovezan e Ary Martiniano Campanholo e, a oeste, por fim, com as terras de Irmãos Colle, Aurélio Bortoletto, Leonildo Valeschi, João Valescki, Vicente Binhara, João Hoffman, Francisco Bonkoski, Fernando Alberto Weinhardt, Augusto Ganzet, Maria da Luz S. Siqueira, Artur Maria Ganzet e Jorge Sera. Em documento datado de 05 de julho de 1984, o antigo ITCF/DENRE, apresentava proposta para regularização e expansão do Parque Estadual do Monge, informando que, na época, o ITCF já ocupava e administrava uma área de 294,34 hectares, correspondendo a 82% da área total, estando o restante em poder de particulares (áreas não desapropriadas), da PARANATUR (4,84 ha), Prefeitura Municipal da Lapa e TELEPAR, além das pedreiras da família Ton (abandonadas). Na época fora constatada a presença de áreas de reflorestamento de Pinus, florestas nativas exploradas e capoeiras em regeneração, além de alguns afloramentos do arenito Furnas. Com relação a benfeitorias, existiam 2 (duas) casas de guarda-parque, um posto da polícia florestal, piscinas e, na área da PARANATUR, um restaurante e uma lanchonete, além de uma cancha de esportes. No documento em questão, destacava-se a necessidade de regularização das áreas de particulares correspondentes à entrada do Parque, contendo novas áreas, incluindo áreas de propriedade da Prefeitura Municipal da Lapa e da Sociedade Hípica Lapeana, em virtude das atividades conflitantes com o Parque, com queimadas regulares e exploração mineral. Destacava ainda a possibilidade de coexistência com o Parque das infra-estruturas já existentes, como a torre de microondas da TELEPAR e a estátua do Cristo, além da propriedade de Frida Mayer, que pela sua arquitetura, poderia ser aproveitada como museu ou mesmo um centro de educação ambiental, recomendando no entanto a retirada da pista de corrida de cavalos (raia), das baias e de construções de particulares. Enfatizava finalmente a necessidade de um Plano de Manejo propor um destino adequado para a lanchonete, III.9

64 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação restaurante e cancha de esportes existentes na área da PARANATUR, bem como com relação ao destino das oferendas na área da Gruta do Monge. Outro documento elaborado pelo DENRE/COPAR, datado de 10 de abril de 1990, descreve em seu histórico que o Decreto Estadual nº declarou de utilidade pública para fins de desapropriação uma área de aproximadamente 371,60 hectares, sendo que foram efetivamente desapropriados 258,02 hectares, transferidos à administração do ITCF em 23/02/79, através do Decreto informa ainda, que A TELEPAR e a PARANATUR possuem dentro da área do Parque 0,48 e 4,76 hectares respectivamente, restando uma área sob posse de Antônio Ton Filho com 9,43 hectares que foi adquirida pelo Estado do Paraná e mais 0,16 hectares adquiridos pela Lanchonete Ermitão Ltda. De acordo com o documento, o perímetro do Parque levantado pelo ITCF foi 362,17 ha que, deduzidas a área efetivamente administrada pelo ITCF, as áreas da PARANATUR e TELEPAR e a área de posse, restariam 89,48 hectares de áreas particulares não desapropriadas dentro do perímetro da área protegida. Destacava ainda a situação das áreas não desapropriadas de particulares, conforme descrito a seguir. 1) Prefeitura Municipal da Lapa: área localizada logo à entrada do Parque, onde ocorrem afloramentos rochosos, recobertos por pastagem nativa alterada por queimas periódicas; 2) João Gaúcho: também localizada na entrada do Parque. Área declivosa com pastagem nativa degradada pelo fogo; 3) Francisco Canapelle: localizada à esquerda da estrada de acesso do Parque, recoberta por vegetação herbáceo-arbustiva sujeita à queimas periódicas; 4) Silvio Scardazan: lote com algumas benfeitorias, sujeito ao mesmo tipo de manejo da área anterio;. 5) Francisco Vidal: área onde se desenvolve atividade pecuária, com queima regular de pastagens no inverno; 6) Artur Vidal: na área desenvolve-se a atividade pecuária e alguma atividade minerária (extração de pedras) com queima da pastagem no inverno. A vegetação ocorrente é campo nativo entremeado por capões de Araucária; 7) Manoel Ton: área recoberta por floresta nativa em sua totalidade; 8) Sociedade Hípica Lapeana: a área se resume a raia de corrida de cavalos, sendo que a Sociedade utiliza-se de áreas contíguas (incluindo a do ITCF) com baias, churrasqueira e uma casa; 9) Espólio de Jorge Sera - trata-se de uma área loteada (ao todo são 159 lotes), alguns do quais com moradias já construídas. A curto prazo a expansão das construções no lotes pode comprometer os mananciais da cidade da Lapa, que tem no Monge suas nascentes; III.10

65 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação 10) Frida Mayer: trata-se de uma pequena área, onde cultiva-se milho e hortaliças, existindo também uma casa de madeira em estilo tradicional; e, 11) Maria da Luz Siqueira: área localizada logo abaixo da escarpa, confrontando com áreas públicas. Está totalmente recoberta por floresta nativa. No parecer apresentado no documento, alertava-se para a redução de espécies da fauna e flora e alterações ocasionadas pela prática de queimadas nas propriedades em análise, bem como em relação às atividades mineradoras com a extração de pedras, remoção de solo, processos erosivos e agressão à paisagem. Destacava-se ainda o interesse em manter preservadas as áreas com remanescentes florestais das propriedades não desapropriadas. Descreve igualmente as atividades desenvolvidas pela Sociedade Hípica Lapeana, incompatíveis em área natural protegida, adentrando inclusive em áreas do Estado. Finalmente, o documento destaca a existência do loteamento dentro do perímetro do Parque, totalmente absurdo e que poderá comprometer os mananciais de abastecimento da cidade da Lapa. Em suas considerações finais, o documento destacava a necessidade de regularização das áreas do Parque, propondo a desapropriação de todas as áreas particulares existentes dentro do perímetro definido pelo ITCF para o Parque Estadual do Monge, com 362,17 ha, restando 89,48 ha de área não desapropriada ou cerca de 25% da área protegida. Pelos registros documentais do antigo ITC-PR, o Parque Estadual do Monge estaria constituído por parcelas territoriais desapropriadas, conforme Decreto Estadual e anteriormente pertencentes a César Ribas da Silva (posteriormente adquiridas pela TELEPAR), Júlia Ribas César, Isabela Ribas César, Pedro Montenegro, Anastácio Maurer, Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S. A., Mário Moreira Galvão, Aurélio Bortoleto, José Luiz Paloma Neto, Augusto Ganzet, Ari Martiniano Campanholo, Fernando Weinhardt, Arthur Maria Ganzet, Augusto Milko dos Santos, Alfredo Hoffmann, Sezefredo Murbach, João Carlos Linhares Ehlke, Antonio Luiz Piovezan, Rodolfo Franck, Leonildo Waleski, Miguel Bietkoski de Souza, Vitório Augusto Zappa, Ambrósio Hoffmann, João Walesko Filho, Vicente Binhara, Silvio Benedito Alberti, Antônio Ton Filho, João Ton, Natal Ton, Ernesto Lemos, João Hoffmann e Helena Hirt Sera, num total de 260,09 ha. Em relatório elaborado pelo IAP/DIBAP, datado de 05 de outubro de 2000, destacavase a existência de uma planta planimétrica datada de 03 de março de 1983, com uma área total de 299,48 ha, informando que as duas pequenas áreas da família Ton (pedreiras desativadas) não haviam sido transferidas ao patrimônio do IAP, bem como em relação à existência do loteamento (Vila Gruta do Monge), jamais aprovado pela Prefeitura Municipal, muito embora já existisse desde 1953, sendo no entanto cobrados os impostos e taxas dos proprietários. Destaca ainda uma pequena faixa de terra de propriedade do IAP e atualmente ocupada pela Sociedade Hípica Lapeana, bem como a existência de propriedades na área do entorno (entrada) do Parque. Na área da PARANATUR, descrevia a existência de novas construções (pequenas lojas comerciais) e a existência de uma área de 9,43 ha anteriormente pertencente a Antônio Ton Filho, adquirida pelo Estado e até o momento não regularizada. III.11

66 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Finalmente, de acordo com relatório elaborado pelo IAP/DIBAP em 17 de maio de 2002, considerando inicialmente o Decreto de nº de 09 de março de 1964, onde constava uma área de aproximadamente 371,60 ha descriminada em planta da situação levantada à época, foi encontrada uma área corresponde a 362,17 ha, muito próxima da área estipulada no Decreto nº O documento destaca que as propriedades do perímetro do Parque não haviam sido desapropriadas e indenizadas, restando uma área líquida de 299,48 ha, em contradição, segundo o documento, com o Decreto nº de 01 de março de 1979, com uma área de apenas 258 ha. Em virtude dessa discrepância documental, foi sugerida, através do documento em questão, nova medição topográfica a fim de ratificar a área líquida do Parque de 297,83 ha, medição que estaria bem próxima da área líquida da primeira medição (299,48 ha), restando portanto, apenas uma pequena diferença de 1,66 ha, provavelmente devido a erros de medições anteriores. Na ocasião da nova medição, novos marcos de concreto foram colocados, substituindo os antigos de madeira, muito embora tenha sido notada, segundo dados dos documentos em análise, a preservação das divisas do Parque pelos vizinhos. Assim, esta área de 297,83 ha, considerada oficialmente no presente trabalho, foi resultado da soma de 04 áreas específicas, a saber: Área 1, com 291,24724 ha; Área 2, com 5,05 ha; Área 3, com 1,413 ha e; Área 4, com 0,12 ha. No presente Plano de Manejo foram considerados, além da área medida em campo de 297,83 ha, outros 8,04 ha de domínio de terceiros, assim definidos: Área da Prefeitura Municipal da Lapa: localizada logo à entrada do Parque, com 4,97 ha; Área da Maria da Luz Siqueira: localizada logo abaixo da escarpa, com área de 2,53 ha; e, Área da Família Ton: pedreiras localizadas no interior do Parque, com área de 0,54 ha. 7 - CONTEXTO ESTADUAL UNIDADES DE CONSERVAÇÃO No Estado do Paraná existem 73 Unidades de Conservação com área total de ,20 ha de áreas protegidas, dos quais 10 são UC's federais e 63 são estaduais. As 63 Unidades de Conservação estaduais perfazem uma área total de ,20 ha distribuídos entre Áreas de Proteção Ambiental, Parques Estaduais, Florestas Estaduais, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Reservas Biológicas, Hortos Florestais, Reservas Florestais e III.12

67 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Estações Ecológicas (quadro III.03). As Unidades de Conservação federais existentes no estado perfazem um total de ,00 ha e são apresentadas a seguir no quadro III.04. Quadro III.03 - Unidades de Conservação Estaduais no Paraná UNIDADE DE CONSERVAÇÃO* ÁREA (ha) MUNICÍPIO APA do Passaúna ,40 Araucária, Campo Largo, Campo Magro, Curitiba APA da Serra da Esperança ,82 Guarapuava, Inácio Martins, Cruz Machado, Mallet, União da Vitória, Prudentópolis, Irati, Rio Azul, Paula Freitas, Paulo Frontin APA de Guaratuba ,51 Guaratuba, São José dos Pinhais, Tijucas do Sul, Morretes, Paranaguá, Matinhos APA da Escarpa Devoniana ,38 Jaguariaíva, Lapa, P. Amazonas, Ponta Grossa, Castro, Tibagi, Sengés, Piraí do Sul, Palmeiras, Balsa Nova APA do Rio Pequeno 6.200,00 São José dos Pinhais APA do Piraquara 8.881,00 Piraquara APA do Iraí ,00 Piraquara, Colombo, Quatro Barras, Pinhais SUBTOTAL ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi** , ,99 ARIE de São Domingos 163,9 Roncador ARIE da Serra do Tigre 32,9 Mallet ARIE do Buriti 81,52 Pato Branco ARIE da Cabeça do Cachorro** 60,98 São Pedro do Iguaçu Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, Campina Grande do Sul SUBTOTAL ÁREAS DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO ,29 Estação Ecológica do Caiuá 1.427,30 Diamante do Norte Estação Ecológica do Guaraguaçu 1.152,00 Paranaguá Estação Ecológica Ilha do Mel** 2.240,69 Paranaguá SUBTOTAL ESTAÇÕES ECOLÓGICAS 4.819,99 Floresta Estadual Córrego da Biquinha 23,22 Tibagi Floresta Estadual do Passa Dois 275,61 Lapa Floresta Estadual de Santana 60,5 Paulo Frontin Floresta Estadual Metropolitana 455,29 Piraquara Floresta Estadual do Palmito** 530,00 Paranaguá SUBTOTAL FLORETAS ESTADUAIS 1.344,62 Horto Florestal Geraldo Russi 130,8 Tibagi Horto Florestal de Jacarezinho 102,85 Jacarezinho Horto Florestal de Mandaguari 21,53 Mandaguari SUBTOTAL HORTOS FLORESTAIS 255,18 Parque Estadual Rio Guarani 2.235,00 Três Barras do Paraná Parque Estadual da Graciosa 1.189,58 Morretes Parque Estadual Mata São Francisco** 832,58 Cornélio Procópio, Santa Mariana Parque Estadual das Lauráceas ,33 Adrianópolis, Tunas do Paraná, Bocaiúva do Sul Parque Estadual de Campinhos** 208,12 Cerro Azul, Tunas do Paraná Parque Estadual de Vila Velha** 3.122,00 Ponta Grossa Parque Estadual do Caxambu 968,00 Castro Parque Estadual do Cerrado** 420,40 Jaguariaíva Parque Estadual do Guartelá** 798,97 Tibagi Parque Estadual do Monge** 297,83 Lapa III.13

68 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação UNIDADE DE CONSERVAÇÃO* ÁREA (ha) MUNICÍPIO Parque Estadual do Pau-Oco 905,58 Morretes Parque Estadual do Penhasco Verde 302,57 São Jerônimo da Serra Parque Estadual João Paulo II** 4,63 Curitiba Parque Estadual Mata dos Godoy** 690,17 Londrina Parque Estadual Pico do Marumbi** 2.342,41 Morretes Parque Estadual Roberto R. Langue 2.698,69 Antonina, Morretes Parque Est. de V Rica do Esp. Santo** 353,86 Fênix Parque Estadual de Palmas 180,12 Palmas Parque Estadual do Lago Azul** 1.749,01 Campo Mourão, Luiziana Parque Estadual do Boguaçu 6.052,00 Guaratuba Parque Estadual das Araucárias 1.052,13 Palmas e Bituruna Parque Est. Bosque das Araucárias 236,31 União da Vitória Parque Estadual do Pico do Paraná 4.300,00 Campina Grande do Sul, Antonina Parque Estadual Ilha do Mel 338,00 Ilha do Mel Parque Estadual José Wachowicz 119,00 Araucária Parque Estadual Serra da Baitaca 3.053,21 Piraquara, Quatro Barras Parque Florestal de Ibicatu** 57,01 Centenário do Sul Parque Florestal de Ibiporã** 74,06 Ibiporã Parque Florestal Rio da Onça** 118,51 Matinhos SUBTOTAL PARQUES ESTADUAIS ,08 Reserva Biológica São Camilo 385,34 Palotina SUBTOTAL RESERVAS BIOLÓGICAS 385,34 Reserva Florestal de Figueira** 100,00 Engenheiro Beltrão Reserva Florestal de Jurema** 204,00 Amaporã Reserva Florestal Córrego Maria Flora 48,68 Cândido de Abreu Reserva Florestal do Pinhão 196,81 Pinhão Reserva Florestal de Saltinho 9,10 Telêmaco Borba Reserva Florestal Figueira e Saltinho 10,00 Engenheiro Beltrão SUBTOTAL RESERVAS FLORESTAIS 568,59 TOTAL ,20 *Área Sob a Responsabilidade do IAP **Unidades com Infra-Estrutura para Visitação Quadro III.04 - Unidades de Conservação Federais no Paraná UNIDADE DE CONSERVAÇÃO* ÁREA (ha) MUNICÍPIO APA de Guaraqueçaba ,00 Guaraqueçaba e Antonina APA das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná ,00 Querência do Norte, Porto Rico, São Pedro do Paraná, Marilena, Nova Londrina, Diamante do Norte e Mato Grosso do Sul (Mundo Novo, Eldorado, Naviraí, Itaquirai). ARIE do Pinheiro e Pinheirinho 109,00 Guaraqueçaba Estação Ecológica de Guaraqueçaba ,00 Guaraqueçaba e Paranaguá Floresta Nacional de Irati 3.495,00 Teixeira Soares Floresta Nacional de Açungui 718,00 Campo Largo Parque Nacional do Iguaçu ,00 Céu Azul, Foz do Iguaçu, Matelândia, Medianeira e São Miguel do Iguaçu Parque Nacional de Ilha Grande ,00 Antonia, São Jorge do Patrocínio, Vila Alta e Mato Grosso do Sul (Mundo Novo, Eldorado). Parque Nacional do Superagui ,00 Guaraqueçaba Parque Nacional Sain t Hilaire ,00 Caiobá, Matinhos TOTAL ,00 III.14

69 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS MAACK (1968, in TROPPMAIR, 1990) classificou o relevo paranaense em cinco grandes unidades geomorfológicas, denominado por ele como grandes paisagens e subzonas naturais, resultantes da alternância de épocas de estabilidade e instabilidade tectônica. As unidades geomorfológicas foram assim classificadas (figura III.03). Zona Litorânea: (a) orla marítima e (b) orla da serra; Serra do Mar; Primeiro Planalto, subdividido em: (a) Planalto de Curitiba; (b) Região Montanhosa do Açungui; e (c) Planalto de Maracanã; Segundo Planalto ou Planalto de Ponta Grossa: (a) Região Ondulada do Paleozóico e (b) Região das Mesetas Mesozóicas; e, Terceiro Planalto ou Planalto do Trapp do Paraná, com cinco subzonas: (a) Blocos Planálticos de Cambará e São Jerônimo; (b) Bloco do Planalto de Apucarana; (c) Bloco do Planalto de Campo Mourão; (d) Bloco do Planalto de Guarapuava e (e) Bloco do Planalto de Palmas. O Parque Estadual do Monge encontra-se na Serra do Monge, no limite entre o 1º e o 2º Planaltos, apresentando porém, características fitofisionômicas e faunísticas de ambos ASPECTOS GEOLÓGICOS No Estado do Paraná, afloram, predominantemente, rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia Sedimentar do Paraná, caracterizada por um substrato rochoso sedimentar-vulcânico de idade Siluriana-Cretácica (MILANI, et al 1994). A Bacia Sedimentar do Paraná é uma extensa bacia intracratônica classificada por KINGSTON et al (1983, in FRANÇA & POTTER, 1988) como do tipo Continental Interior Fracture (IF) em seu estágio inicial de deposição (Siluro-Permiano inferior), e como do tipo Interior Sag (IS) em seu estágio final de deposição (Permiano inferior - Cretácio). Está situada na parte centro-leste do continente sulamericano, cobrindo cerca de km 2. Destes, de km 2 localizam-se no território brasileiro (SCHNEIDER et al., 1978), abrangendo parte dos Estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Essa Bacia é preenchida por sedimentos do Paleozóico, Mesozóico, lavas basálticas e sedimentos cenozóicos, os quais recobrem principalmente as planícies aluviais dos grandes cursos d água existentes na Bacia. III.15

70 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.03 - Mapa Geomorfológico do Estado do Paraná, Segundo MAACK (1968, Adaptado por TROPPMAIR, 1990) III.16

71 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação ASPECTOS PEDOLÓGICOS As áreas de campos naturais estão ligadas, historicamente, à ocupação do interior do Estado do Paraná pelos colonizadores europeus. Os primeiros povoadores, advindos do litoral do estado e de São Paulo, teriam se estabelecido nos campos do primeiro Planalto vindo a formar a atual capital paranaense. O segundo e terceiro Planaltos também tiveram sua povoação ligada à ocupação de áreas de campos - os campos gerais no segundo e os campos de Palmas e Guarapuava no terceiro. Segundo o mesmo autor, os campos gerais do Paraná, onde está inserido o Parque Estadual do Monge, inicialmente, escaparam desta transformação econômica em função de três fatores principais: Sua colonização inicial através de extensas propriedades de posse de poucas famílias (latifúndios); Seus solos, de um modo geral, naturalmente rasos e pobres devido à sua origem arenítica; e, Sua constituição fitofisionômica de extensas superfícies campestres sem grandes áreas de florestas naturais. Estes fatores fizeram com que a atividade pecuária perdurasse como base econômica regional até poucas décadas, quando do advento de novas tecnologias que possibilitaram melhor rentabilidade para o cultivo agrícola de solos rasos, destacando-se o sistema de plantio direto sob palha, tornando os campos gerais um dos principais celeiros agrícolas do Brasil. A soja, o milho, o feijão, a batata, o trigo e outros cereais ocuparam as áreas onde originalmente ocorriam as estepes (campos limpos) e, mais ao norte dos campos gerais, as savanas (campos sujos). Para abastecer as indústrias de celulose e papel que se instalaram na região, também foram implantadas extensas áreas de florestamento com Pinus spp. e Eucalyptus spp., em toda a região dos campos gerais (MAZUCHOWSKI & ALVES FILHO, 1983). Em função do avanço das atividades agro-silviculturais, acentuaram-se os impactos ambientais, principalmente no componente edáfico, fundamentados na alteração da base econômica da pecuária para a atividade agrícola mecanizada, a qual sustentou-se apenas nas áreas mais planas das propriedades, principalmente daquelas localizadas mais à Oeste dos campos gerais, em solos derivados dos folhelhos de Ponta Grossa ou do grupo Itararé. Na grande extensão dos solos originários do arenito Furnas e/ou nas áreas de relevo mais acentuado, logo surgiram problemas de erosão acentuada dos solos CLIMA O Estado do Paraná apresenta diversos microclimas com regimes térmicos e pluviométricos distintos, que podem ser observados ao longo do território, associados a variações de latitude e altitude. O Estado está situado em uma região de transição climática, passando por clima subtropical com invernos mais amenos ao norte para uma condição que se aproxima dos climas temperados ao sul, onde os invernos são mais severos. III.17

72 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação De acordo com a Carta climática do Estado do Paraná (GODOY e CORREIA, 1976, in EMBRAPA/IAPAR, 1984) e com a Divisão Climática do Estado do Paraná (MAACK, 1968), ambas baseadas em Köeppen, verifica-se que o território paranaense está sob influência de três tipos climáticos, a saber: Cfa - é um clima mesotérmico, sem estação seca, com verões quentes e com média do mês mais quente superior a 22 ºC, sendo as geadas freqüentes. É o clima predominante de todo o norte, oeste e sudoeste paranaense, em altitudes normalmente inferiores a metros. Convém ressaltar que a zona limítrofe com o Estado de São Paulo, em certos anos verifica-se um período mais seco no inverno, caracterizando o tipo climático Cwa, que se diferencia do Cfa pelo fato de apresentar estiagem no inverno. Cfb - é igualmente um clima mesotérmico, úmido e superúmido, sem estação seca com verões frescos e com média do mês mais quente inferior a 22 ºC. As geadas são severas e mais freqüentes em relação ao clima Cfa. Ocorre principalmente nas regiões central, sul, centro-leste, em altitudes superiores a metros. Af - é um clima tropical, superúmido, sem estação seca e isento de geadas, com a temperatura média do mês mais frio nunca inferior a 18 ºC. Esse tipo climático não apresenta inverno e a precipitação anual excede a evaporação anual HIDROGRAFIA O Estado do Paraná abrange duas bacias hidrográficas: do rio Paraná e do Atlântico, sendo a bacia hidrográfica do rio Paraná a mais importante, abrangendo cerca de 80% do território paranaense. Os cursos d água sob sua influência correm em sentido oeste, muitos se aproveitando das grandes fraturas geológicas de direção geral NW-SE. Deste sistema hidrográfico fazem parte: Bacia Hidrográfica do rio Itararé; Bacia Hidrográfica dos rios das Cinzas e Laranjinha; Bacia Hidrográfica do rio Tibagi; Bacia Hidrográfica do rio Pirapó; Bacia Hidrográfica do rio Ivaí; Bacia Hidrográfica do rio Piquiri; Bacia Hidrográfica do rio Iguaçu; e, Bacia Hidrográfica do rio Paranapanema. O Parque Estadual do Monge está inserido na bacia hidrográfica do rio Iguaçu. Por situar-se em local topograficamente elevado, o Parque dá origem a diversas nascentes e pequenos riachos, os quais drenam em direção ao rio da Estiva, um dos tributários do rio da Várzea, o qual se constitui num dos principais afluentes do rio Iguaçu. III.18

73 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação VEGETAÇÃO Geograficamente, o Estado do Paraná é caracterizado por uma grande diversidade de microambientes, os quais se diferenciam pelos fatores climáticos, edáficos, geomorfológicos e altimétricos. A vegetação natural que é observada nos diferentes locais retrata, de certa forma, a interação destes fatores ambientais, podendo até mesmo ser considerada como um indicador para os mesmos. Na figura III.04 apresenta-se a inserção do Parque Estadual do Monge na fitogeografia do Estado do Paraná. Esta situação é responsável pela grande variação dos tipos naturais de vegetação ocorrentes na região. No Estado do Paraná, segundo o sistema de classificação do IBGE, os principais tipos de vegetação são: Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), cobrindo a porção litorânea do Estado, desde a orla marítima até as encostas na face leste da Serra do Mar; Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), ocupando a região do Planalto meridional, em altitudes acima de 500 a 600 m s.n.m. (primeiro, segundo e terceiro planaltos paranaenses); Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Tropical Subcaducifolia), ocupando as regiões norte e oeste do Estado, em altitudes mais baixas e marcadas por um clima de caráter tropical-subtropical; e, Savana (Campos), localizadas sobre o Planalto Meridional, entremeadas com a Floresta Ombrófila Mista com araucária. Segundo suas características climáticas, o Paraná apresenta condições favoráveis para o desenvolvimento de vegetação do tipo floresta, o que é determinado principalmente pela uniformidade na distribuição pluviométrica no decorrer do ano (ausência de uma estação seca claramente definida). As formações campestres naturais, como os Campos de Guarapuava, de Palmas e do segundo planalto paranaense, são vistas pela maioria dos autores (HUECK, 1966; MAACK, 1968; KLEIN & LEITE, 1990) como relitos de um clima de caráter temperado, semi-árido até semi-úmido, com períodos acentuados de seca. A expansão das florestas sobre os campos seria uma conseqüência do processo denominado tropicalização do clima, ou seja, a mudança de clima mais frio e seco para o mais quente e úmido. 8 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA A Lapa, por abrigar o Parque Estadual do Monge, apresenta-se como unidade territorial de influência direta e indireta do parque, analisada no contexto municipal e na área do entorno, em sua dinâmica de influência na avaliação socioeconômica e cultural. III.19

74 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.04 - Inserção do Parque Estadual do Monge na Fitogeografia do Estado do Paraná III.20

75 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação LAPA O termo Lapa é comumente utilizado para designar cavidades ou grutas que surgem nas encostas das rochas (grande pedra ou laje que forma um abrigo). Já com o sentido emprestado do latim, significaria lápis-pedra, estando subordinado igualmente à presença de formações areníticas na Serra do Monge. A origem histórica da Lapa está subordinada à existência do caminho das tropas, mais especificamente à existência da Estrada da Mata, entre os Campos Gerais e a Província de São Paulo, como um dos pousos dos tropeiros ao longo do percurso entre Viamão no Rio Grande do Sul e Sorocaba, em São Paulo. Através da abertura da Estrada do Mota, empreendida pelo bandeirante curitibano Manoel Rodrigues da Mota, o processo de povoamento dos Campos Gerais de Curitiba e do Rio Grande do Sul ganharia novo impulso. Esta denominação seria alterada posteriormente para "Estrada da Mata", visto que, do Rio Negro para o sul, o caminho atravessava uma região de intensa floresta de mata nativa. A abertura do caminho foi iniciada em 1730 e concluída em O trecho que recebeu a denominação de Estrada da Mata era apenas uma parte do histórico Caminho de Sorocaba-Viamão. Ao longo da estrada foram surgindo os "pousos" ou "invernadas" dos tropeiros e comerciantes de gado com a feira de Sorocaba. Um desses "pousos" recebeu a denominação de Capão Alto. O pouso do Capão Alto, onde descansavam os tropeiros oriundos do rio Negro, estaria localizado nas proximidades da atual Gruta do Monge. Em torno do Registro (Posto Fiscal) foram se estabelecendo alguns habitantes. João Pereira Braga e sua esposa, D. Josefa Gonçalves da Silva, foram os primeiros moradores estabelecidos na localidade de Capão Alto. Dedicando-se à agricultura, seus primeiros habitantes acabariam contribuindo para o desenvolvimento da região e para o estabelecimento de novos moradores, que em meados do século XVIII já representavam uma parcela significativa de pessoas. Neste período, já havia uma pequena capela sob a invocação de Nossa Senhora do Capão Alto, erigida pelos Padres Carmelitas do Tamanduá e que teve por primeiro vigário o padre João da Silva Reis, filho do primeiro casal que chegou à localidade. A povoação foi elevada à categoria de Freguesia no dia 13 de junho de 1787, com a denominação de Freguesia Nova de Santo Antonio da Lapa, tendo como padroeiro Santo Antônio. Outro aspecto relevante no desenvolvimento da Freguesia e nas aspirações da população para a elevação à categoria de Vila se daria por ocasião das expedições aos sertões do Tibagi, levadas a efeito por determinação do tenente-coronel Afonso Botelho de Sampaio e Souza, período em que haveria o estabelecimento de uma companhia de auxiliares na pequena povoação, recebendo a inspeção militar a 10 de fevereiro de 1771, sendo então providenciado "o mais que era preciso para aumento da nova Freguesia". Nessa época, a povoação contava com trezentos e tantos fogos, com ruas alinhadas quando, em 1806, o seu comandante mandaria edificar o prédio a fim de abrigar a Câmara e Cadeia. Logo em seguida, seus habitantes, tendo a frente o capitão Francisco Teixeira Coelho, comandante das funções da III.21

76 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Freguesia, passariam uma procuração ao coronel José de Carvalho e ao capitão José de Andrade e Vasconcelos, com o intuito de interceder junto ao governador-geral da Capitania de São Paulo para a elevação da Freguesia à categoria de Vila, com Justiça Ordinária e Juiz de Órfãos. Como procurador dos habitantes da Freguesia, o coronel José Vaz de Carvalho faria o requerimento para a elevação à categoria de vila em 26 de fevereiro de 1806, alegando, entre outras coisas, as dificuldades enfrentadas pela Freguesia devido à distância da vila de Curitiba, prejudicando os negócios forenses, destacando igualmente os limites para o distrito da nova vila, definindo-se o rio Registro (Iguaçu) com o distrito de Curitiba e, para o sertão, o rio que servia de divisa entre os distritos de Curitiba e Lages, o rio Estiva (atualmente catarinense). Com o despacho favorável à criação da vila, seriam realizadas as eleições para juizes de paz e vereadores, exercendo então a primeira legislatura, instituindo oficialmente a povoação em 06 de junho de 1806 e denominada a partir de então de Vila Nova do Príncipe. Em 1829 chegariam ao Paraná os primeiros imigrantes alemães, estabelecendo-se inicialmente na antiga Estrada da Mata. Os núcleos coloniais fundados pelos alemães em território do atual município da Lapa foram denominados Mariental, Johannisdorf, Wirmond e outros. De acordo com registros históricos, em 1829, à época da fundação do núcleo alemão da Estrada da Mata, alguns imigrantes se estabeleceram na Vila Nova do Príncipe, dedicandose aos trabalhos de construção da estrada. Aos poucos esse número foi aumentando. O patriarca da família alemã da Lapa foi Eugênio Westphalen, farmacêutico, natural de Berlim, que chegara à região em 1830, contribuindo significativamente para o progresso e desenvolvimento da vila, posteriormente elevada à categoria de cidade em 07 de março de 1872, com a denominação de Lapa. A REVOLUÇÃO FEDERALISTA A Lapa foi, em um determinado momento de sua história, cenário de um grande confronto bélico entre maragatos e as forças republicanas, acontecimento que acabaria contribuindo para a consolidação da República. Maragatos, povos oriundos da região de Maragateria, Espanha, era a denominação que os legalistas gaúchos davam aos membros do Exército Libertador, liderado por Gumercindo Saraiva e que eram contrários ao pensamento republicano. O conflito teve início no Rio Grande do Sul pela disputa do governo local e acabou se alastrando pelos três estados sulinos, estendendo-se até o Rio de Janeiro. A situação então vivida por Marechal Floriano Peixoto, o "Marechal de Ferro", tornou-se caótica, levando o Brasil a uma crise sem precedentes. Perseguidos pela Divisão do Norte, composta por republicanos, os maragatos deixaram o solo gaúcho para, articulados com a Marinha, formarem em Desterro (atual Florianópolis) um governo provisório. A partir daí organizaram marcha rumo ao Rio de Janeiro com o objetivo de se oporem a Floriano Peixoto, em uma ação que implicaria na invasão do Estado do Paraná. A Lapa passaria a ser o último obstáculo para as forças contrárias à República. III.22

77 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Em 1894, a cidade contava com aproximadamente 200 casas dispostas ao longo de 4 ou 5 ruas, que se formaram no sentido por onde passavam as tropas que, desde Viamão, seguiam às feiras de Sorocaba. Embora as condições geográficas não fossem favoráveis à resistência inimiga, no dia 17 de janeiro de 1894 uma legião de 639 homens, formada por forças regulares e de voluntários, chefiada pelo Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro, enfrentaria as forças revolucionárias formadas por cerca de combatentes, resistindo durante 26 dias. A resistência oferecida pelos combatentes da Lapa propiciaria ao governo central de Floriano Peixoto, na época símbolo da República e da legalidade, o tempo suficiente para angariar as forças necessárias para deter as forças federalistas. Depois de ter participado da Revolução Farroupilha e da Guerra do Paraguai, a Lapa seria, em 1894, palco de um grande conflito bélico entre Maragatos e Forças Republicanas - episódio considerado o mais importante dentro de uma das mais sangrentas Revoluções latino-americanas. A Revolução Federalista passou para a História do Brasil como o Cerco da Lapa, responsável pela consolidação da República inserida nos grandes marcos da História Nacional. DINÂMICA DEMOGRÁFICA De acordo com os dados apresentados na Contagem da População de 2000, do IBGE, o município da Lapa apresenta 57% de sua população concentrada no meio urbano, com uma taxa de crescimento anual de 1,11%, apresentando grau de urbanização de 19% relativamente ao período de levantamentos efetuados em 1991, com tendência a crescimento populacional. O processo de evolução da população do município da Lapa, com a mudança do perfil da população rural para urbana, a partir da década de 1980, influenciada pela dinamização das atividades econômicas desenvolvidas na sede do município, é descrito no quadro III.05. Quadro III.05 - Evolução da População no Município por Zona (1970/2000) Fonte: IBGE ANO URBANA RURAL TOTAL % URBANA % RURAL % 67% % 59% % 52% % 44% % 43% É importante apresentar o número de habitantes por unidade domiciliar constituída no município, uma vez que esta informação permite inferir sobre a organização dos núcleos familiares. A média paranaense em 2000 foi de 3,53 habitantes por unidade domiciliar, enquanto que, na Lapa, este índice foi de 3,65 habitantes por unidade domiciliar, num total de domicílios diagnosticados no município, 9% acima dos índices verificados em III.23

78 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação CONDIÇÕES DE VIDA Em relação à infra-estrutura básica disponível de saúde, o município da Lapa dispõe: 2 hospitais públicos estaduais, além de 01 maternidade municipal, para atendimento da demanda urbana e rural (disponibilizando 128 leitos integrados ao SUS, numa relação de 3,06 leitos/1.000 habitantes); 9 mini-postos de saúde (localizados no meio rural); 2 centros de saúde (1 para atendimento urbano e 1 rural); 02 Centros Sociais Rurais; 01 Clínica Odontológica Municipal Urbana, com abrangência para atendimento odontológico das áreas rurais onde há mini-postos de saúde; 01 Central Pediátrica Municipal Urbana; 01 Centro de Apoio e Integração da Criança - CAIC Municipal Urbano; 01 Sistema Integrado de Saúde Municipal Urbano; e, 05 clínicas de saúde particulares. O sistema de educação no município da Lapa é composto pelos seguintes estabelecimentos de ensino público: 04 Centros Municipais de Educação Infantil; 27 escolas municipais urbanas e 10 rurais para o ensino fundamental (1ª a 4ª série); 10 estabelecimentos estaduais para o ensino fundamental e médio, este com curso técnico; e, 01 instituição de ensino superior. O sistema de tratamento de água atende aproximadamente 100% da demanda no perímetro urbano e em torno de 54% da população do município, num total de 125,85 km de rede instalada, de acordo com o cadastro operacional da SANEPAR referente a março/2002. A Estação de Tratamento de Água - ETA está localizada no Bairro Campo da Telha, onde é feita a captação junto ao rio Calixto, operando 24 h. Quanto à rede de esgoto existente no município da Lapa, o sistema de tratamento de efluentes do esgoto doméstico abrangia economias, sendo residenciais, 280 comerciais, 9 industriais e 52 do poder público. Há destaque para a classe residencial, que representa aproximadamente 65% da demanda do perímetro urbano e em torno de 37% da população total, com uma rede instalada de 74 km. O município dispõe de uma Estação de Tratamento de Esgoto - ETE instalada junto BR-476. Há, no momento, um projeto para captação dos efluentes da região do entorno do Parque Estadual do Monge em face do processo de ocupação desordenada verificado em algumas áreas próximas ao perímetro urbano e pela presença de instalações sanitárias no interior do Parque. Nas vilas rurais do III.24

79 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação município não há sistemas de tratamento de efluentes do esgoto doméstico, sendo utilizadas fossas sépticas, sumidouros ou valas a céu aberto. Em relação à coleta, transporte e disposição final dos resíduos sólidos urbanos (lixo), no município da Lapa há um serviço diário de coleta para atender o centro urbano e duas coletas semanais em bairros próximos. Na área rural, a coleta é realizada uma vez por semana nas comunidades de Mariental, Feixo e Colônia Johanesdorf. Há igualmente um sistema de coleta do lixo reciclável em 12 localidades do interior. Em algumas vilas rurais mais afastadas, o lixo é coletado mensalmente em pontos específicos de coleta. Onde não há o serviço de coleta, o lixo é normalmente acondicionado em valas ou ainda preparado para incineração. Todo material coletado no perímetro urbano é depositado em um lixão existente a aproximadamente 12 km da sede. Há um projeto em desenvolvimento com a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental para implantação de um aterro sanitário junto ao lixão, através do qual seria efetivada igualmente a recuperação da área utilizada atualmente para depósito do material. O lixo hospitalar gerado no município é transportando até o aterro sanitário da Cachimba, na região metropolitana de Curitiba. O lixo industrial é de responsabilidade do produtor. A coleta de lixo reciclável só ocorre em áreas do perímetro urbano através do trabalho dos carrinheiros e catadores. ASPECTOS ECONÔMICOS De acordo com os dados divulgados pelo Governo do Estado, o Paraná fechou o ano de 2001 com uma taxa de expansão do Produto Interno Bruto - PIB (valor total de produção de bens e serviços num país, em determinado período, geralmente 1 ano) de 6,7% contra 1,7% da média nacional, graças à performance do setor industrial (7,7%) e ao desempenho da agropecuária (19,5%). O maior destaque é para a produção estadual de grãos, que totalizou 24,3 milhões de toneladas na última safra, correspondendo a um aumento de 47,6% em relação ao período anterior, particularmente pela produção de soja e milho, com expansão da área plantada e dos ganhos de produtividade. O município da Lapa possui maior representatividade econômica no setor secundário (indústria), com destaque para as indústrias metalúrgica, minerais não metálicos, mecânica, madeireira, mobiliário, produtos alimentícios, erva-mate, abatedores de aves e bovinos, compensados, serrarias, manufaturados de couro, e no setor primário (agropecuária), notadamente pela produção de grãos, frutas, produtos orgânicos e pecuária, com excelente rebanho bovino de corte e leite. Em 2000, o município da Lapa gerou um valor adicionado de R$ 129,3 milhões, sendo o setor primário (agropecuária) responsável por R$ 46,4 milhões, o setor secundário (indústria) por R$ 48,6 e o setor terciário (comércio e serviços) por R$ 34,2 milhões O município da Lapa destaca-se como o maior produtor de cebola orgânica e de maior área de plantio de frutas de caroço do Paraná, com a produção de pêssego, ameixa, e nectarina. Já em relação à atividade florestal, a madeira em tora e para papel e celulose III.25

80 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação alcançou m³ em A atividade extrativista da erva-mate alcançou uma produção de 70 t, com 450 produtores informados. A pecuária no município analisado possui maior representatividade na bovinocultura de corte, seguida da criação de suínos e aves. Em 2001, segundo informes da EMATER/LAPA, o município contava com um rebanho de corte de cabeças, sendo cabeças para a bovinocultura de leite e cabeças para a produção de bezerros e comercialização de leite. O efetivo de suínos alcançou cabeças. A produção de aves foi igualmente significativa, com um total de galináceos. INDÚSTRIA E COMÉRCIO Em 1999, de acordo com o IPARDES, o município da Lapa contava com 85 estabelecimentos industriais, responsáveis por aproximadamente empregos diretos e responsáveis em 2000 pela arrecadação de R$ ,40 em ICMS (bens e serviços) e valor adicionado de R$ ,00, com destaque para a indústria metalúrgica, minerais não metálicos, mecânica, madeireira, mobiliário, produtos alimentícios, erva-mate, abatedores de aves e bovinos, compensados, serrarias e manufaturados de couro. Já em relação aos estabelecimentos comerciais e de serviços sujeitos ao ICMS, segundo o IPARDES, o município da Lapa possuía, em 1999, 204 estabelecimentos comerciais e 73 de serviços. Em 2000, o setor era responsável pela arrecadação de R$ ,51 em ICMS e valor adicionado de R$ ,00, com um total aproximado de empregos diretos. FINANÇAS MUNICIPAIS Em 2000, a receita total do município da Lapa foi de R$ 16,4 milhões, 13% superior a 1999, com maior participação das receitas correntes (oriundas da agropecuária, de contribuições, serviços, receita patrimonial, tributária), apresentando no período um superávit fiscal (saldo positivo) de 5% da receita municipal total. O peso das despesas correntes alcançou 88% em relação à receita total do município da Lapa. INFRA-ESTRUTURA REGIONAL Com relação ao sistema viário e de transporte, o município da Lapa apresenta-se razoavelmente bem servido de rodovias e estradas municipais que garantem o acesso à capital e ao restante do Estado. O Município da Lapa conta como principal rodovia de acesso a Rodovia do Xisto, BR-476, ligando Curitiba a Lapa (62 km) e Lapa a São Mateus do Sul (90 km); ao lado leste é presente a PR-427, ligando a Lapa a Porto Amazonas e, ao lado sul, a Campo do Tenente. A área de abrangência do município apresenta, como eixos básicos, a rodovia federal BR-476 (Curitiba - São Mateus do Sul) no sentido nordeste-sudoeste e a rodovia estadual PR- 427 (Campo do Tenente - Porto Amazonas) no sentido norte-sul, que faz ainda a interligação com a região Norte do Paraná. Pelo prolongamento da BR-476, alcança a BR-153 (União da Vitória - General Carneiro) no sentido nordeste-sul. III.26

81 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação O município é influenciado igualmente pela estrada de ferro, de responsabilidade da Empresa América Latina Logística, com aproximadamente 40 km de estradas no município, com o trânsito de vagões de carga para o transporte de grãos e óleo combustível. O setor encontra-se desativado para o transporte de passageiros. Desta configuração básica de vias primárias de tráfego, originam-se vias secundárias com papel de integração intramunicipal. São vias normalmente sem pavimentação e que ocupam função no escoamento da produção e na comunicação da sede do município com os distritos e vilas rurais. Em 2001, o consumo de energia elétrica do município da Lapa foi de MW (5% acima do período anterior), com destaque para a classe de consumo industrial, atingindo 49% do total em um universo de consumidores. Quanto ao sistema público de comunicação, os serviços de telefonia são operados pela empresa TELEPAR - BrasilTelecom, sendo diagnosticado apenas o número de terminais telefônicos públicos em serviço, totalizando 75 terminais, numa relação de 1,8/1000 habitantes. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECBT mantém 1 agência de operação no município da Lapa. A cidade possui ainda 02 emissoras de radiodifusão e 03 jornais locais de circulação diária e semanal, contando ainda com os principais jornais da capital CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL O Parque Estadual do Monge, está localizado na região geográfica natural do 2 Planalto, embora apresentando ainda características do Primeiro Planalto, com relevo ondulado a acidentado, sendo abrangida pelas rochas sedimentares permocarboníferas do Grupo Itararé, e litologicamente constituída por sedimentos com características fortemente influenciadas por glaciações. A temperatura média da região varia de 26,5 ºC nos meses mais quentes (dezembro, janeiro e fevereiro), e entre 8,9 ºC. nos meses mais frios (junho e julho). Os meses de maior pluviosidade são janeiro e fevereiro, decrescendo nos meses seguintes até os meses de julho-agosto, época em que são observados os menores índices pluviométricos na região, ocorrendo uma elevação na precipitação no mês de maio. Existe uma grande variação na precipitação anual que depende principalmente da intensidade de chuvas durante a estação chuvosa, quando há maior variabilidade das médias mensais. A sazonalidade da precipitação na região é refletida também na quantidade de dias chuvosos em cada mês do ano, bem como nas precipitações média mensais. A umidade relativa média é emtorno de 82%, pelos dados observados na Estação da Lapa. Os ventos são na maior parte do ano predominantemente de direção E (leste) e nos meses de maio a agosto de direção NE (nordeste), com velocidade média de 2,7 m/s. Ocorre um aumento de velocidade dos ventos nos meses de setembro a dezembro. De acordo com o sistema de classificação adotado pelo IBGE (VELOSO et al., 1991), a região apresenta uma tipologia vegetal campestre predominante denominada Estepe III.27

82 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Gramíneo-lenhosa. Conforme complementa STRUMINSKI (não publicado), à parte da classificação regional do IBGE, diversas tipologias vegetais primárias e secundárias típicas do planalto meridional (Floresta Ombrófila Mista), definidas pela ação combinada de fatores ambientais, podem ser constatadas na Unidade de Conservação, a saber: REGIÃO DA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA Montana - de 400 a cerca de 1000 m s.n.m.; Altomontana - acima de 1000 m s.n.m. SISTEMA DE REFÚGIOS VEGETACIONAIS Altomontano herbáceo (vegetação rupestre) - em afloreamentos rochosos. SISTEMA DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA ANTROPISMOS Segunda e Terceira fases de sucessão (capoeirinha). STRUMINSKI (não publicado), MILANO et al. (1985) reportam que o Parque Estadual do Monge apresenta ainda antropismos na forma de reflorestamentos com espécies exóticas, áreas de experimentação florestal, entre outras alterações da vegetação local. O histórico de conservação do Parque Estadual do Monge e arredores compartilha a realidade do processo de devastação da Floresta com Araucária do Paraná. Pode-se considerar que, somente no século passado, com a intensa exploração dos recursos naturais ou mesmo sua substituição por imensas áreas cultivadas, pastagens e plantações de Pinus e Eucalyptus, a capacidade de suporte para fauna, principalmente de mamíferos com ocorrência provável para a região tenha diminuído drasticamente. A atividade humana sobre as taxas de extinção local ou mesmo extinção ecológica, isto é, com efeito intraespecífico quase imperceptível, traz não só para o Parque, mas também para toda Floresta com Araucária da região, urgência na obtenção de informações corológicas, biológicas e ecológicas sobre as espécies de fauna ainda ocorrentes nessas áreas. Investigações pontuais e não publicadas foram efetuadas ao longo do rio Iguaçu na década de 70, nas proximidades de Curitiba, por técnicos do programa de Recursos Naturais Renováveis do Instituto Agronômico do Paraná IAPAR. Com o advento de um acidente de grandes proporções no rio Iguaçu, atingido por um derramamento de óleo dos dutos da Refinaria Presidente Vargas em Araucária durante o ano de 2000, houve a necessidade de um estudo ornitológico solicitado pela Petrobrás. Esta pesquisa estendeu-se até a região da Lapa, englobando as várzeas deste rio e as formações florestais adjacentes e que são semelhantes às encontradas na região do Parque Estadual do Monge (SCHERER-NETO et al., 2001). A fauna de répteis da região Neotropical é reconhecida por apresentar uma das maiores riquezas específicas de todo o mundo, com uma grande complexidade de relações ecológicas entre as espécies e destas com o meio onde vivem (DUELLMANN, 1989; MARQUES, 1998). III.28

83 III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Embora tenha havido um incremento de estudos sobre a herpetofauna brasileira nos últimos anos, poucos estudos sobre répteis foram realizados na região do Primeiro e do Segundo planaltos paranaenses, em especial para as áreas de encontro de ambos na porção sul do Estado. Os únicos trabalhos que relacionam algumas espécies de répteis para essa região são D AMATO & MORATO (1991), que apresentam a distribuição de Platemys (= Acanthochelys) spixii (cágado-preto) para regiões de campos limpos do Estado, e MORATO (1995), que efetuou um estudo sobre os padrões de distribuição da fauna de serpentes da região das Florestas com Araucária e ecossistemas relacionados. Afora esses trabalhos, as únicas informações disponíveis sobre répteis da região do município da Lapa encontram-se no material depositado na coleção herpetológica do Museu de História Natural Capão da Imbuia em Curitiba (MHNCI). As características do relevo da região do Parque Estadual do Monge determinam compartimentos ambientais diferenciados pelo tipo de vegetação e pelas atividades humanas neles desenvolvidas, que são determinantes para as características da anurofauna regional. Historicamente, pode-se considerar que, na região em que está inserido o Parque, predominaram originalmente as áreas florestadas do Primeiro Planalto paranaense e, acima da escarpa, os campos característicos do Segundo Planalto. A ocupação do Primeiro Planalto paranaense foi intensificada no início do século do século XX, modificando intensamente essa paisagem, com conseqüências marcantes para a fauna de anfíbios. Após uma fase inicial onde a exploração madeireira foi predominante na economia regional, a atividade agropecuária evoluiu aumentando a densidade da população rural. Essa atividade antrópica refletiu-se na anurofauna num aumento das espécies adaptadas para esses ambientes, que na maior parte dos casos tratam-se de generalistas com ampla distribuição geográfica. III.29

84 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento IV - INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO PARQUE ESTADUAL E DE SUA ZONA DE AMORTECIMENTO 1 - CARACTERIZAÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DA ZONA DE AMORTECIMENTO Existência de importantes remanescentes de vegetação nativa (florestais e estépicos) na região, os quais poderão conferir conectividade e fluxo gênico à flora local e regional; Proteção da faixa de Área de Preservação Permanente em trechos significativos de vários rios que ocorrem na área, como o rio da Várzea, o rio das Porteiras, o rio Calixto, ribeirão Claro, rio da Estiva, rio dos Patinhos, entre outros, que possuem cobertura florestal expressiva às suas margens dando proteção às águas da região; Limitação de atividades agrosilvopastoris mais intensas ao redor do parque, evitando impactos ambientais decorrentes de atividades antrópicas vigentes nos dias de hoje; Proteção de uma faixa de vegetação de transição - florestal e estépica -típica dessa região, a qual se encontra bastante reduzida em sua ocorrência natural e altamente modificada por atividades antrópicas; Existência de poucos remanescentes de vegetação nativa contíguos e em boas condições de conservação fora dos limites da zona de amortecimento proposta, não justificando a sua expansão a limites maiores; Os principais cursos d água que atravessam a UC estão inseridos na área proposta, principalmente a bacia do rio Calixto; e, Definição de limites geográficos facilmente identificáveis em campo, principalmente cursos d água e estradas DESCRIÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO A zona de amortecimento do Parque Estadual do Monge limita-se ao norte pela BR-476 e ao leste com a PR-511 até o encontro com o rio da Várzea; ao sul, limita-se pelo próprio rio da Várzea. O limite oeste da zona de amortecimento é a ferrovia Rio Negro-Lapa até as proximidades da cidade da Lapa em uma linha que a contorna até a confluência novamente com a BR USO E OCUPAÇÃO DO SOLO O entorno do Parque Estadual do Monge constitui-se basicamente em dois cenários distintos: um de caráter urbano, com a influência da cidade da Lapa, que se situa bem próxima à Unidade de Conservação, exercendo efeito direto sobre a mesma, e outro de cunho rural, com plantações agrícolas, pastagens e reflorestamentos, em ambiente típico do meio interiorano dessa região do Estado. Em conseqüência dessa situação, distinguem-se também paisagens florísticas, coberturas vegetais e formas de uso do solo diferenciadas (foto IV.01). IV.1

85 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento A porção urbana caracteriza-se por pequenos remanescentes florestais, já bastante alterados, por vezes intensamente degradados, e campos nativos situados ao redor da cidade, além de algumas áreas agrícolas. Na zona de amortecimento em áreas mais distante do Parque, ocorrem muitas áreas de lavoura, recentemente transformadas em agricultura mecanizada. Algumas dessas serviam outrora como pasto nativo, em um sistema de pecuária extensiva, ainda praticado na região, mas que aos poucos vai sendo substituído. Reflorestamentos de Pinus também podem ser vistos por toda a região. O crescente interesse pela atividade silvicultural vem transformando a região da Lapa, a qual possui um bom potencial para sua prática. Foto IV.01 - Vista Parcial da Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Monge (fonte: P. Hoffmman, 2002) Praticamente como em toda a região dos Campos Gerais e boa parte do restante do bioma da Floresta Ombrófila Mista no Paraná, as áreas mais planas e férteis são usadas para agricultura e as intermediárias para pastagens e reflorestamentos. Nas áreas próximas aos cursos d água e em locais declivosos e com solos ruins são mantidas faixas de vegetação nativa, geralmente alteradas por inúmeras explorações madeireiras. Seu sub-bosque, não raramente, é usado como pastoreio de animais, o que dificulta a regeneração das espécies arbóreas na floresta. Apesar dessa situação, ainda podem ser avistados remanescentes de vegetação nativa bem conservada na região, haja vista o histórico de ocupação não ser de agricultura intensa. Porém, isso vem se modificando aos poucos nos últimos anos, tranformando também a paisagem da vegetação do entorno do Parque. As formas de uso e ocupação do solo na área do Parque Estadual do Monge e na sua Zona de Amortecimento são apresentados no quadro IV.01 e figura IV.01 - mapa de Uso e Ocupação do Solo. IV.2

86 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Figura IV.01 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Parque Estadual do Monge e de sua Zona de Amortecimento IV.3

87 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Verso do mapa IV.4

88 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Quadro IV.01 - Classes de Uso e Ocupação do Solo na Região do Parque Estadual do Monge sua Zona de Amortecimento CLASSE PARQUE ZONA DE AMORTECIMENTO PARQUE + ZA ÁREA (ha) % ÁREA (ha) % ÁREA (ha) % Afloramento Rochoso 12,60 4,12 2,91 0,00 15,51 0,05 Floresta 198,12 64, ,70 21, ,82 21,70 Reflorestamento 84,98 27,79 266,33 0,90 351,31 1,17 Áreas Antropizadas 10,17 3, ,42 77, ,59 76,57 Hidrografia ,25 0,51 154,25 0,51 Área Urbana TOTAL 305, , , ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS As propriedades hoje existentes no entorno do Parque apresentam características muito semelhantes, no que diz respeito a sua dinâmica, enquanto unidade de produção familiar. As pequenas propriedades estão voltadas às atividades de agricultura e pecuária de pouca expressividade, com áreas de lavoura para o plantio de feijão, milho, hortaliças, bem como, a manutenção de pequeno rebanho bovino de leite e cria, criação de coelhos, avicultura e ranário. As pequenas propriedades procuram manter áreas de pasto para o gado, renovadas através de queimadas controladas em algumas áreas, bem como, áreas de mata, muitas vezes superiores à reserva legal. Há atividades ligadas ao atendimento de visitantes e turistas com pousadas e áreas de lazer, além de atividades ligadas ao artesanato e exploração de madeiras (pinus e eucalipto). Há igualmente, propriedades ocupadas por administradores e funcionários, caseiros, responsáveis pela guarda dos imóveis e benfeitorias. Algumas são utilizadas nos finais de semana, por proprietários que residem na sede do município, outras a exemplo da propriedade do Sr. Gabriel Campanholo, são destinadas exclusivamente à preservação ambiental PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO A grande maioria dos proprietários do entorno está consciente da necessidade de preservar áreas de mata, para permitir o abrigo de espécies da fauna e flora local, contribuindo conseqüentemente, para a melhoria da qualidade ambiental da região. No entanto, em algumas propriedades, a exemplo da área do Sr. Gabriel Campanholo, há grande pressão de caça e seguidos conflitos com caçadores. Além dos problemas com caça, há a constante ameaça de incêndios provocados em áreas próximas, particularmente onde há campo e pasto. Como há um acesso público proveniente do Parque e que atravessa várias propriedades, inclusive a do Sr Campanholo, até a localidade de Urú, muitos estranhos acabam percorrendo trechos em propriedades particulares, com o intuito de estabelecerem áreas de acampamento, sem que haja qualquer tipo de fiscalização para prevenção de incêndio nas proximidades, deixando sob condição de risco constante para as reservas de pinheirais e o próprio Parque. IV.5

89 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento No passado o uso de acessos secundários e trilhas existentes no Parque, objetivavam práticas de jipe e moto-cross, ocasionando seguidos problemas com vizinhos ou autoridades municipais. Há ainda, um fluxo de pessoas proveniente do Parque que ainda faz uso de alguns acessos existentes, porém já com características de um público diferenciado, mas ainda com potencial de impacto ambiental, levando-se em consideração, que muitos dos freqüentadores da unidade de conservação acabam fazendo uso da infra-estrutura do Parque, onde consomem bebidas alcoólicas, costumam acampar em áreas próximas, pessoas que não estariam suficientemente conscientizadas dos possíveis danos causados pelo fogo, por exemplo. Nas propriedades localizadas próximo à entrada principal do Parque, o acesso de pessoas estranhas é mais difícil e conseqüentemente, não há tanta pressão de caça ou perigo de incêndios, em parte devido à presença de um posto da polícia florestal na entrada da unidade de conservação. Contudo, o contingente policial é reduzido e atende a demanda de vários municípios limítrofes, sendo constantemente necessário o deslocamento do efetivo do posto para atendimento em áreas mais distantes. O trabalho é mais ostensivo no final de semana, porém muitas vezes encontram dificuldades em virtude da falta de infra-estrutura de veículos e de material de apoio. Em virtude do grande número de pessoas que freqüentam o Parque, particularmente nos finais de semana, a presença do posto da polícia florestal na entrada do Parque e do patrulhamento ostensivo no interior da unidade, tem permitido um certo controle em relação ao número de ocorrências envolvendo indivíduos alcoolizados ou sob efeito de drogas, o que logicamente, representa ameaças à integridade ambiental do Parque. Quanto às principais dificuldades enfrentadas pela população da zona de amortecimento, no que concerne às medidas de proteção e vigilância das áreas do entorno e do Parque, destacam-se: campanhas, programas e/ou medidas preventivas de caça, manejo ambiental, vigilância florestal e monitoramento da qualidade do solo e da água dos rios da região. Muitos dos proprietários do entorno, queixam-se da falta de assistência do poder público, notadamente em relação à necessidade de campanhas de esclarecimento e conscientização ambiental. Somente a equipe da polícia florestal, ainda que de forma esporádica, possui um trabalho em algumas áreas mais críticas, particularmente voltado às denúncias de caça ou corte ilegal de árvores AÇÃO DA PREFEITURA NA ÁREA DO ENTORNO DO PARQUE E NO MUNICÍPIO No entender da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente da Lapa, o Plano de Manejo do Parque Estadual do Monge deve apontar diretrizes para solucionar pendências fundiárias em áreas adjacentes ao Parque, particularmente daquelas localizadas no loteamento Vila Gruta do Monge, o qual, embora exista desde 1953, jamais fora aprovado pela prefeitura, sendo no entanto, objeto de cobrança de impostos e taxas urbanas. Esta é a visão do atual Prefeito Sr. Paulo César Fiates Furiatti, quanto à resolução de pendências ainda existentes na área e perímetro da unidade de conservação. Por localizar-se na área da escarpa arenítica, bastante sensível e sujeita a processos erosivos, a ocupação desordenada pode comprometer ainda mais a qualidade ambiental e paisagística da região. IV.6

90 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Houve, ao longo do tempo, inúmeras discussões em face de soluções para a área de ocupação da escarpa, cogitando-se a hipótese de desapropriação dos lotes, até em virtude da presença das nascentes e dos mananciais que abastecem a cidade. A área é tão frágil, que qualquer projeto demandaria muito estudo antes de ser implantado, sua formação geológica é delicada. Iniciativas para a construção de infra-estrutura junto à escarpa foram levadas a termo, através da construção de pequenos chalés para o atendimento de turistas, visitantes e/ou romeiros na região (foto IV.02). Apenas um proprietário resolveu implantar pequenos chalés, que contudo, acabaram sendo embargados devido à intervenção do Ministério Público e do Instituto Ambiental do Paraná, por estarem muito próximo da escarpa, em áreas de mananciais e em local considerado igualmente como cartão postal da Lapa, fato ocorrido em Foto IV.02 - Vista Parcial de Ocupação Irregular Junto à Escarpa Próximo a Entrada do Parque, Embargada pelo IAP e Ministério Público (fonte: Laufer Jr, 2002) Como área de preservação permanente, não comporta projetos residenciais, comerciais ou turísticos, pois podem comprometer a qualidade ambiental da região, inclusive, desestabilizar áreas adjacentes, bem como, no que diz respeito ao lançamento de efluentes do esgoto doméstico e comercial escarpa abaixo, onde estão localizadas as nascentes e os mananciais de abastecimento público de água, há igualmente, problemas relacionados com os efluentes gerados dentro do Parque, através dos sanitários e outras instalações comerciais. Há ainda, sérios problemas quanto aos despejos de efluentes de esgoto em áreas do entorno imediato, onde uma parte da população utiliza-se de fossas, e o outro, dos córregos ou valetas a céu aberto. Em relação à importância do Parque Estadual do Monge para o município da Lapa, segundo a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, a visão do poder público é de que a unidade de conservação é de extrema importância para o município, contudo, argumenta que algumas questões de caráter ambiental deveriam ser solucionadas IV.7

91 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento urgentemente, a exemplo da existência das espécies florestais exóticas no interior do Parque (pinus e eucalipto), e que causaria grande preocupação à administração municipal e à polícia florestal, em função da possível ocorrência de incêndios na unidade, em área de reflorestamento antigo e bastante sensível. Enfatiza igualmente, a necessidade de incrementar a visitação orientada dentro da unidade de conservação, face aos atrativos cênicos, ambientais e que até o momento, não têm sido explorados adequadamente, e não é somente o turista, o visitante, o próprio povo lapeano precisa conhecer melhor a região do Parque do Monge. A grande maioria de população lapeana tem o costume de visitar o Parque, o Alto do Monge. Outro problema vivenciado pelo poder público em relação ao Parque diz respeito à utilização da água das fontes do Monge pelos romeiros e que, devido à presença dos sanitários logo acima, e toda espécie de pressão antrópica existente junto às áreas de comércio, acabou comprometendo sobremaneira a qualidade da água existente, contaminada com coliformes fecais. A água que é atualmente coletada pela população local, visitantes e/ou turistas, acaba mesmo sendo consumida, face às crenças religiosas de que possuiriam propriedades medicinais curativas. Já em relação a atual vocação turística do Parque e que no momento é de caráter essencialmente religioso e de lazer, o poder público argumenta de que apesar de o município não ter feito ainda, um estudo mais profundo em nível de fauna e flora do Parque, os contatos com a população local e principalmente escolas, indicam que há demanda por uma visitação do ponto de vista ecológico orientado, sobre a escarpa, as rochas, os campos, um nível de informação mais técnica e o Parque tem esse potencial, trabalhando igualmente, a fragilidade da área, permitindo realmente, este tipo de visitação orientada - falando sobre a beleza cênica, permitindo ainda, o alcance de um conhecimento técnico-científico para a população e para o visitante. Muitos que visitam o Parque, indagam ao poder público porque não há este tipo de orientação, grupos, ou ainda, porque não estaria mais preservado o Alto do Monge. Voltando à questão da existência do loteamento na escarpa, há sim uma expectativa do poder público que surjam opções para o uso ordenado da área, porém, se há riscos na área sensível, porque não desapropriar - não é uma área tão grande, e nós temos que conservar esta beleza cênica para a Lapa, como um patrimônio natural. No que concerne ao apoio prestado pela Prefeitura Municipal ao Parque, há funcionários disponibilizados para efetuar a limpeza e conservação de sanitários públicos, recolhimento de lixo, apoio e atendimento ao visitante, orientação. Quanto aos programas de caráter municipal para o Parque e entorno, o prefeito enfatiza o trabalho que tem sido feito junto aos proprietários para conscientizá-los sobre a necessidade de preservar o Parque, de caráter mais informal, percebendo-se contudo, que não há programas oficiais específicos a respeito, alegando que o poder público aguarda a definição das diretrizes propostas no Plano de Manejo, para trabalhar mais especificamente na IV.8

92 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento implementação dos programas previstos. Segundo o prefeito, através da nova concepção estabelecida para o Parque, há necessidade de se fazer um trabalho muito grande de conscientização. 2 - CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS HIDROGRAFIA O Parque Estadual do Monge está inserido na bacia hidrográfica do rio Iguaçu. Por situar-se em local topograficamente elevado, o Parque dá origem a diversas nascentes e pequenos riachos, os quais drenam em direção ao rio da Estiva, um dos tributários do rio da Várzea, o qual por sua vez constitui-se num dos principais afluentes do rio Iguaçu QUALIDADE HÍDRICA As características físico-químicas e biológicas da água variam muito, principalmente em função da natureza do solo de onde se origina, das condições climáticas e do grau de poluição a qual é conferido. É fundamental a manutenção da qualidade das águas em uma ampla faixa de vegetação das margens, evitando a erosão e alteração das características físico-químicas e hidrológicas destes ambientes. As alterações dos parâmetros físico-químicos afetam a potabilidade da água e ainda podem afetar a sobrevivência das comunidades bióticas, interferindo na ocorrência e distribuição dos organismos aquáticos. Foram coletadas três amostras de água, na área do Parque Estadual: piscinão, fonte de água e na cachoeirinha formada em um afluente do rio Calixto - sul do parque (quadro IV.03 e foto IV.03). Na figura IV.02, mostra-se o mapa de hidrografia do Parque Estadual do Monge, onde são identificados os principais cursos d água ocorrentes no seu interior, tendo ainda a identificação dos pontos de coleta de água. Foto IV.03 - Vista do Ponto de Coleta MO 01 - Piscinão (fonte: E. Oliveira, 2002) IV.9

93 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Figura IV.02 - Mapa Hidrográfico do Parque Estadual do Monge e os Pontos de Coleta de Água Associados IV.10

94 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Quadro IV.02 - Localização dos Pontos de Coleta de Água no Parque Estadual do Monge PONTO LOCAL COORDENADAS (UTM) E N MO 01 Piscinão MO 02 Fonte de Água MO 03 Cachoeirinha Os componentes do IQA (ìndice de Qualidade da Água) analisados foram: Temperatura da amostra; ph; Oxigênio dissolvido; DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio); Coliformes fecais; Nitrogênio total; Fósforo total; Resíduo total; e, Turbidez. Pelo IQA pode-se determinar a qualidade das águas brutas, numa escala de 0 a 100, para abastecimento público, segundo a graduação a seguir (quadro IV.03). RESULTADOS Ponto MO 01 Quadro IV.03 - Escala para Classificação da Qualidade da Água (Método de IQA) ESCALA QUALIDADE Qualidade Ótima Qualidade Boa Qualidade Aceitável Qualidade Ruim 0-19 Qualidade Péssima De acordo com o resultado do parâmetro ph a agua do piscinão, não pode ser enquadrada segundo a Resolução CONAMA 20/86 como classe 2. Pelos resultados do método IQA, a escala de valores desse método indica que a água do piscinão encontra-se com qualidade boa para abastecimento público (quadro IV.04). IV.11

95 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Ponto MO 02 De acordo com os resultados dos parâmetros DBO e ph a água da fonte, não pode ser enquadrada segundo a Resolução CONAMA 20/86 como classe 2. Segundo o método de IQA, o resultado obtido foi 62 (quadro IV.04), indicando que a água da fonte encontra-se com qualidade boa para abastecimento público. Segundo a Portaria n 1469, a água da fonte não obedece ao padrão de potabilidade, pois a água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras, devem estar isentas de Escherichia coli (coliformes fecais) em 100 ml de amostra. No caso a amostra possui 13,2 NMP/100 ml. Ponto MO 03 De acordo com os resultados do parâmetro DBO a água da cachoirinha não pode ser enquadrada segundo a Resolução CONAMA 20/86 como classe 2. Segundo o IQA o resultado obtido foi 81 (quadro IV.04), a escala de valores desse método indica que a água da cachoeirinha encontra-se com qualidade ótima para abastecimento público. No quadro IV.04 apresentam-se os resultados da análise de água pelo Método de IQA para os 3 pontos amostrados. Quadro IV.04 - Resultados da Análise de Água pelo Método de IQA PONTO ESCALA QUALIDADE MO Qualidade Boa MO Qualidade Boa MO Qualidade Ótima Ressalta-se que um dos aspectos mais importantes na avaliação da qualidade da água em um corpo hídrico é a tendência de evolução com o passar do tempo. Assim quanto maior o número de análises efetuadas ao longo do ano (ou do ciclo hidrológico da bacia) tanto melhor e mais próximo da realidade serão os resultados. A análise de água realizada neste trabalho mostrou um retrato da situação momentânea da água do piscinão, da fonte e cachoeirinha, cuja coleta foi realizada em período de estiagem (poucas chuvas), podendo apresentar um quadro de qualidade hídrica diferente no período de chuvas (dezembro, janeiro e fevereiro), quando o aumento do volume de água poderá fornecer importantes indicativos da qualidade hídrica. Nesse contexto, os pontos deverão ser monitorados ao longo do tempo, através de análises sistemáticas e sazonais (período seco e chuvoso) para que medidas preventivas sejam tomadas, quando se constate que a qualidade das águas esteja piorando no decorrer do tempo. IV.12

96 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento GEOLOGIA O pacote arenítico existente no Parque Estadual do Monge, com até 50 m de espessura, pertence ao Grupo Itararé, de idade carbonífera, da Bacia Sedimentar do Paraná. Esse pacote arenítico assenta concordantemente sobre ritmitos síltico-argilosos, de coloração amarelada intercarlada com níveis acastanhados, inseridos na base do mesmo grupo litológico, porém não mapeável na escala de trabalho. O pacote arenítico apresenta granulometria de areia média, por vezes fina a grossa, seleção regular a ruim, com grãos subarredondados a subangulosos. A coloração varia entre amarelada (próximo à base das trilhas que levam à Pedra Partida) a muito avermelhada (nas pedreiras desativadas). O arenito apresenta freqüentemente aspecto maciço, com estratificação cruzada de baixo ângulo, porém de forma incipiente (foto IV.04). Foto IV.04 - Aspecto do Arenito Avermelhado Existente no Parque Estadual do Monge (fonte: G. Gaertner, 2002) O arenito encontrado no Parque Estadual do Monge, também denominado Arenito Lapa é interpretado como geneticamente interligado com o Arenito Vila Velha. FRANÇA et al. (1996, in MELO et al, 1999) consideraram o Arenito Vila Velha como lobos subaquosos, formados como produto de fluxos gravitacionais densos iniciados na base de geleiras. Evidências de influência de correntes hidrodinâmicas indicariam ambiente raso, com alternância de fluxos gravitacionais e processos hidrodinâmicos. O Arenito Lapa, que aparece com morfologia linear ao sul de Vila Velha foi interpretado como resultado de preenchimento de canal subaquoso alimentador dos lobos do Arenito Vila Velha. O conteúdo fossilífero de folhelhos incluídos no Arenito Lapa permitiu atribuir-lhe idade Westphaliana (Carbonífero Superior). Os sedimentos sotopostos foram considerados como pertencentes à Formação Lagoa Azul, esta também de idade Westphaliana, unidade basal do Grupo ltararé IV.13

97 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento (MILANI et al., 1994, in MELO et al, 1999). CANUTO et al. (1997, in MELO et al, op cit) também reconheceram relação genética entre o Arenito Lapa, a sul, e o Arenito Vila Velha, a norte, este pelo menos em parte sotoposto ao primeiro. Interpretaram o Arenito Lapa como o preenchimento de um túnel-vale subglacial com até 80 m de diâmetro, escavado em rochas sucessivamente mais antigas de sul para norte. Preferiram declarar como incerta a posição do Arenito Lapa dentro do Grupo ltararé. O Arenito Vila Velha, onde descreveram estratificações cruzadas de baixo ângulo e perfurações verticais e horizontais, foi interpretado como resultado de sedimentação marinha rasa, sob influência de marés. Estruturalmente o pacote rochoso apresenta fraturas subverticais nas bordas do platô arenítico, e subhorizontais, paralelas à estratificação da rocha, estas podendo ser originadas por alívio de carga do próprio pacote arenítico GEOMORFOLOGIA Geomorfologicamente a área possui três compartimentos distintos, caracterizados a seguir: COMPARTIMENTO I Localizado na porção norte do Parque, o relevo da área apresenta-se suave ondulado, cuja cota altimétrica situa-se em torno de 1000 m. Nesse local está presente grande parte da infra-estrutura existente no Parque (churrasqueiras, banheiros, lanchonetes, restaurante, entre outros). O substrato apresenta-se bastante compactado em função da grande movimentação de pedestres e veículos no local. COMPARTIMENTO II A partir da porção central do Parque e toda a sua porção sul, o relevo apresenta-se ondulado a forte ondulado, com altitude máxima em torno de 990 m, ocorrendo quebras abruptas de relevo, resultante provavelmente, da decomposição diferencial entre diferentes litologias. Esses locais apresentam- se como pequenas grotas formando vertentes côncavas, por onde a drenagem se estabelece, formando em alguns casos pequenas cachoeiras e lagoas. COMPARTIMENTO III É composto pelo relevo escarpado em toda a extensão oeste do Parque, cujo substrato rochoso é formado pelas rochas areníticas do Grupo Itararé, de idade carbonífera, Bacia Sedimentar do Paraná. O escarpamento inicia-se a partir da cota m na porção norte - noroeste, onde a feição escarpada é mais nítida, descendo ao nível de aproximadamente 885 m, gerando uma amplitude altimétrica de, no máximo, 110 m. Esse local constitui-se em um dos grandes atrativos turísticos do Parque do Monge em função de sua beleza cênica e por acolher a Gruta do Monge, local de peregrinação religiosa. Na medida em que se desce na direção sudoeste, o relevo, embora ainda escarpado, apresenta-se com declividades mais brandas, proporcionando condições para que a vegetação se estabeleça, iniciando-se o escarpamento a partir da cota aproximada de 950 m. IV.14

98 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Nesse compartimento é possível observar o relevo bastante recortado por estruturas rúpteis (falhas e fraturas), em diferentes escalas, os quais, em conjunto com processos de erosão diferencial produziram formas bizarras no relevo, inclusive o aspecto ruiniforme das rochas areníticas, bastante conspícuas em todo a região da Escarpa Devoniana (Escarpamento Estrutural Furnas de SOUZA, 2000) SOLOS DESCRIÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS As classes de solos identificadas, classificadas e que constam das Unidades de Mapeamento do Parque Estadual do Monge são apresentadas no quadro IV.05, e figura IV.03 a seguir. Quadro IV.05 - Classes de Solos Identificadas e Classificadas no Parque Estadual do Monge SÍMBOLO CXa1 CXa2 CHa1 CHa2 OX1 RLh1 RLh2 RLq1 RLq2 RLq3 AR CLASSE DE SOLO CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico típico, A moderado, textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa, relevo suave ondulado a ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico típico, A proeminente, textura arenosa, fase florestamento de Pinus spp., relevo suave ondulado a ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, A húmico, textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa, relevo suave ondulado a ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, A húmico, textura arenosa, fase florestamento de Pinus spp., relevo suave ondulado a ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). ORGANOSSOLO HÁPLICO Fíbrico típico, textura arenosa, fase Campo Higro-hidrófilo, relevo plano a suave ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, A húmico, textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa, relevo ondulado a forte ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, A húmico, textura arenosa, fase florestamento de Pinus spp., relevo ondulado a forte ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). NEOSSOLO LITÓLICO Psamítico típico, A moderado, textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa, relevo ondulado a forte ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). NEOSSOLO LITÓLICO Psamítico típico, A moderado, textura arenosa, fase florestamento de Pinus spp., relevo ondulado a forte ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). NEOSSOLO LITÓLICO Psamítico típico, A proeminente, textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa, relevo ondulado a forte ondulado, substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). AFLORAMENTO DE ROCHAS (Grupo Itararé). IV.15

99 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Figura IV.03 - Mapa de Solos do Parque Estadual do Monge IV.16

100 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento CAMBISSOLOS CARACTERIZAÇÃO Sob esta denominação estão compreendidos solos constituídos por material mineral, não hidromórficos, com horizonte B incipiente (câmbico) subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial. São solos rasos ou medianamente profundos, moderadamente a bem drenados, com transições normalmente claras entre os horizontes, com seqüência A ou hístico, Bi, C, com ou sem R. Possuem um certo grau de evolução, porém, não o suficiente para meteorizar completamente minerais primários de mais fácil intemperização, como feldspato, mica, hornblenda, augita, entre outros, e não possuem acumulações significativas de óxidos de ferro, húmus e argilas. O horizonte B incipiente (Bi) tem textura franco-arenosa ou mais argilosa e o solum, geralmente, apresenta teores uniformes de argila, podendo ocorrer ligeiro decréscimo ou um pequeno incremento de argila do A para o Bi. A estrutura do horizonte Bi pode ser em blocos, granular ou prismática, havendo casos, também, de estruturas em grãos simples ou maciça. No Parque Estadual do Monge, os CAMBISSOLOS identificados apresentam horizonte A moderado, proeminente e húmico, enquadrando-se nas Subordens HÁPLICO e HÚMICO. Devido ao clima úmido da região e por serem derivados de rochas pobres em elementos químicos (arenito Itararé) apresentam baixa saturação por bases, elevada acidez e elevados teores de alumínio, tanto que todas as variedades identificadas apresentaram caráter Alumínico. Também devido ao material de origem, predominam as classes texturais arenosas (franco-arenosa e areia franca), muito uniformes ao longo dos perfis. A vegetação que os recobre, segundo o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 1992), o Mapa da Vegetação do Estado do Paraná (GALVÃO & RODERJAN, n.p.), o Mapa de Vegetação do Parque Estadual do Monge (SEMA/IAP/STCP, 2002) e observações de campo trata-se de uma transição entre a Floresta Ombrófila Mista e a Estepe Gramíneolenhosa, ambas alteradas por ações antropogênicas, além de florestamentos com Pinus spp. DEFINIÇÃO São solos constituídos por material mineral, que apresentam horizonte A ou hístico com espessura menor que 40 cm, seguido de horizonte B incipiente e satisfazendo os seguintes requisitos: B incipiente não coincidente com horizonte glei dentro de 50 cm da superfície do solo; B incipiente não coincidente com horizonte plíntico; B incipiente não coincidente com horizonte vértico dentro de 100 cm superfície do solo; e, não apresente a conjugação de horizonte A chernozêmico e horizonte B incipiente com alta saturação por bases e argila de atividade alta. IV.17

101 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA UTILIZAÇÃO São solos que apresentam baixíssima fertilidade natural, devido aos baixos teores de bases, à elevada acidez e aos elevados teores de alumínio, tóxico à maioria das plantas cultivadas. Estes fatos aliado à sua textura arenosa e à sua localização em relevo suave ondulado a ondulado, também denotam elevada susceptibilidade aos fatores erosivos e, portanto, baixíssima aptidão agrícola sem o emprego de elevadas tecnologias. Os CAMBISSOLOS com tais características devem ser prioritariamente destinados à preservação da flora e da fauna originais, não somente na área do Parque Estadual do Monge, como em toda a região dos campos gerais do Paraná. ABRANGÊNCIA Esta classe ocorre na área do Parque Estadual do Monge, destacadamente em uma faixa que se estende na região central do Parque, de Norte a Sul, nas áreas elevadas da Unidade, mais aplainadas. Encontra-se associada a NEOSSOLOS LITÓLICOS e AFLORAMENTOS DE ROCHA, com inclusão de ORGANOSSOLOS HÁPLICOS na Unidade de Mapeamento CX. O perfil de CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico típico é apresentado na foto IV.05. Foto IV.05 - Perfil Exposto de um CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico típico em Voçoroca Formada no Interior do Parque (fonte: E. Oliveira, 2002) ORGANOSSOLOS CARACTERIZAÇÃO Sob a denominação estão compreendidos solos pouco evoluídos, constituídos por material orgânico proveniente de acumulações de restos vegetais em grau variável de decomposição, acumulados em ambiente mal a muito mal drenados, ou em ambientes úmidos IV.18

102 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento de altitude elevada, que estão saturados com água por poucos dias no período chuvoso, de coloração preta, cinzenta muito escura ou marrom e com elevados teores de carbono. Em condições sujeitas a altas taxas de recepção de água (maiores que as causadoras de gleização), a formação dos solos é dominada pela acumulação de material orgânico sobre a superfície. Onde quer que os horizontes ou camadas superficiais permaneçam saturados de água na maior parte do ano, os processos de alteração mineral e translocações de produtos secundários são substituídos pela acumulação de matéria orgânica sobre as seções superficiais. Comumente apresentam um horizonte H ou O hístico sobre camadas orgânicas constituídas por material do tipo sáprico ou fíbrico, com grande proporção de resíduos vegetais em grau variável de decomposição. No Parque Estadual do Monge, os ORGANOSSOLOS são fortemente ácidos e álicos, com baixa saturação por bases, apresentando material orgânico constituído de fibras facilmente identificáveis como de origem vegetal (Fíbricos), na maior parte dos horizontes ou camadas, de colorações enegrecidas. A vegetação é muito característica, sendo constituída predominantemente por poáceas, ciperáceas e elementos rasteiros de outras famílias botânicas, de entremeio aos Campos Higro-hidrófilos formados, muito típicos dos charcos ou várzeas da região dos campos gerais do Paraná. DEFINIÇÃO Trata-se de solos constituídos por material orgânico em mistura com maior ou menor proporção de material mineral e que satisfazem um dos seguintes requisitos: Solos que estão saturados com água no máximo por 30 dias consecutivos por ano, durante o período mais chuvoso, e apresentando horizonte O hístico, sobrejacente a um contato lítico ou sobrejacente a material fragmentar constituído por 90% ou mais (em volume) de fragmentos de rocha (matacões, calhaus e cascalho) e que apresentam um dos seguintes requisitos: 30 cm ou mais de espessura quando sobrejacente a um contato lítico; ou 40 cm ou mais de espessura; ou 60 cm ou mais de espessura se 50% ou mais do material orgânico consiste de restos de ramos finos, raízes finas, cascas de árvores e flores, parcialmente decompostos e com diâmetros menores que 2 cm. Solos saturados com água durante a maior parte do ano, na maioria dos anos (ou artificialmente drenados), e apresentando uma das seguintes espessuras: 60 cm ou mais, se 50% ou mais do material orgânico é formado por fibras de esfagno e/ou sua densidade aparente (úmida) é < 0,15 g/cm 3 ; ou 40 cm ou mais, quer se estendendo em seção única a partir da superfície, quer tomado, cumulativamente, dentro dos 80 cm superficiais. IV.19

103 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA UTILIZAÇÃO Os ORGANOSSOLOS que ocorrem no Parque Estadual do Monge apresentam limitações de uso de ordem química, física e legal. As limitações químicas se devem aos elevados teores de alumínio tóxico e de acidez e aos baixos teores de bases gerados em função do material de origem (Arenito Itararé), ao passo que as limitações físicas se referem às texturas excessivamente arenosas e às constantes inundações a que os solos são submetidos durante o ano. As limitações de ordem legal dizem respeito aos ORGANOSSOLOS localizarem-se em áreas consideradas como de Preservação Permanente pelo Art. 3 o da Resolução 303/02 do CONAMA que regulamenta o Código Florestal Brasileiro (Lei n 4.771/65). Destaca-se que as limitações de ordem química e física podem ser parcialmente superadas com o emprego de modernas técnicas agrícolas. Recomenda-se, portanto, a destinação das áreas com tais solos para preservação da flora e da fauna originais (Campos Higro-hidrófilos), respeitando-se as limitações intrínsecas dos solos e a legislação vigente. ABRANGÊNCIA Os ORGANOSSOLOS ocorrem no Parque Estadual do Monge como inclusão aos NEOSSOLOS LITÓLICOS, aos CAMBISSOLOS e aos AFLORAMENTOS DE ROCHA nas Unidades de Mapeamento RL e CX, destacadamente nas áreas côncavas/convergentes das encostas. Na foto IV.06 apresenta-se o local de ocorrência de um ORGANOSSOLO HÁPLICO Fíbrico típico. Foto IV.06 - Aspecto de um Campo Higro-hidrófilo Remanescente no Parque, Local de Ocorrência de um ORGANOSSOLO HÁPLICO Fíbrico típico (fonte: E. Oliveira, 2002) IV.20

104 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento NEOSSOLOS LITÓLICOS CARACTERIZAÇÃO Compreende solos constituídos por material mineral ou orgânico pouco espesso, com pequena expressão dos processos pedogenéticos, em conseqüência da baixa intensidade de atuação destes processos, que não conduziram, ainda, a modificações expressivas do material originário, de características do próprio material, pela sua resistência ao intemperismo ou composição química e de relevo, que podem impedir ou limitar a evolução desses solos. Na área de estudo, por serem derivados de rochas areníticas, naturalmente pobres e pela intensa lixiviação, desenvolveram-se variedades álicas, com baixíssima reserva de nutrientes (baixa CTC) e elevada acidez, denotando reduzida fertilidade natural. Predominam texturas arenosas (franco-arenosa e areia franca), também resultantes do material de origem, fato que aliado ao relevo ondulado a forte ondulado e até escarpado e à pequena espessura dos perfis, torna-os de elevadíssima susceptibilidade à erosão. As características morfológicas destes solos restringem-se, praticamente, as do horizonte A as quais, na área de estudo variam normalmente entre 20 e 70 cm de espessura, com coloração variando de preta a brunoavermelhada-escura. DEFINIÇÃO São solos constituídos por material mineral ou orgânico com menos de 30 cm de espessura, pouco desenvolvidos, que a partir de uma profundidade que varia entre 20 e 80 cm, apresentam rochas consolidadas, pouco ou nada meteorizadas. Não apresentam qualquer tipo de horizonte B diagnóstico e devem satisfazer os seguintes requisitos: Ausência de horizonte glei, dentro de 50 cm da superfície do solo, ou entre 50 cm e 120 cm de profundidade, se os horizontes sobrejacentes apresentarem mosqueados de redução em quantidade abundante; Ausência de horizonte vértico imediatamente abaixo de horizonte A; Ausência de horizonte plíntico dentro de 40 cm, ou dentro de 200 cm da superfície se imediatamente abaixo de horizontes A, E ou precedidos de horizontes de coloração pálida, variegada ou com mosqueados em quantidade abundante, com uma ou mais das seguintes cores: matiz 2,5Y ou 5Y; matizes 10YR a 7,5YR com cromas baixos, normalmente iguais ou inferiores a 4, podendo atingir 6, no caso de matiz 10YR; e, Ausência de horizonte A chernozêmico conjugado a horizonte cálcico ou C carbonático. CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA UTILIZAÇÃO Por se tratarem de solos arenosos, com pequena profundidade efetiva, situados em área de relevo acentuado, possuem elevada susceptibilidade à erosão, mesmo em condições naturais (protegidos pela vegetação natural). Os NEOSSOLOS LITÓLICOS que ocorrem no Parque Estadual do Monge e, de modo semelhante, em toda a região dos campos gerais, devem ser destinados unicamente à conservação da flora e da fauna originais. IV.21

105 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento ABRANGÊNCIA Esta classe de solos é a mais expressiva do Parque Estadual do Monge, ocorrendo em praticamente toda a extensão da Unidade de Conservação, associada à AFLORAMENTOS DE ROCHA na Unidade de Mapeamento RL e à CAMBISSOLOS e AFLORAMENTOS DE ROCHA na Unidade de Mapeamento CX. De uma forma geral, como em toda a região dos campos gerais localizada nas proximidades da Escarpa de Rochas Devonianas, os NEOSSOLOS LITÓLICOS e os AFLORAMENTOS DE ROCHA distribuem-se sobre as encostas convexas/divergentes e retilíneas do Parque, enquanto nas encostas convexas/côncavas convergentes são comuns os abaciamentos com acúmulo de água, originando os ORGANOSSOLOS, os quais apresentamse como inclusões nas duas Unidades de Mapeamento (CX e RL). Da mesma forma que os CAMBISSOLOS, a vegetação que os recobre, segundo o IBGE (1992); GALVÃO & RODERJAN (n.p.); SEMA/IAP/STCP, 2002 e observações de campo trata-se de uma transição entre a Floresta Ombrófila Mista e a Estepe Gramíneo-lenhosa, ambas alteradas por ações antropogênicas, além de florestamentos com Pinus spp. Na foto IV.07 apresenta-se locais de ocorrência de NEOSSOLOS LITÓLICOS e AFLORAMENTOS DE ROCHA (Arenito Itararé), destacando-se a vegetação de Floresta Ombrófila Mista que ocorre sobre os NEOSSOLOS LITÓLICOS. Foto IV.07 - Escarpa Oeste do Parque Estadual do Monge, onde Predominam NEOSSOLOS LITÓLICOS e AFLORAMENTOS DE ROCHA (fonte: E. Oliveira, 2002) UNIDADES DE MAPEAMENTO No quadro IV.06 são apresentadas as Unidades de Mapeamento de solos do Parque Estadual do Monge, no nível de levantamento adotado no presente trabalho. IV.22

106 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Quadro IV.06 - Unidades de Mapeamento de Solos Definidas para o Parque Estadual do Monge LEGENDA CX RL TT UNIDADES DE MAPEAMENTO Associação CAMBISSOLOS HÁPLICOS Alumínicos típicos, A moderado e proeminente e CAMBISSOLOS HÚMICOS Alumínicos típicos, A húmico, ambos textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa e florestamento de Pinus spp., relevo suave ondulado a ondulado + NEOSSOLOS LITÓLICOS Psamíticos típicos, A moderado e proeminente e NEOSSOLOS LITÓLICOS Húmicos típicos, A húmico, ambos textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa e florestamento de Pinus spp., relevo ondulado a forte ondulado + AFLORAMENTO DE ROCHAS com inclusão de ORGANOSSOLOS HÁPLICOS Fíbricos típicos, textura arenosa, fase Campo Higro-hidrófilo, relevo plano a suave ondulado, todos substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). Associação NEOSSOLOS LITÓLICOS Psamíticos típicos, A moderado e proeminente e NEOSSOLOS LITÓLICOS Húmicos típicos, A húmico, ambos textura arenosa, fase Floresta Ombrófila Mista/Estepe Gramíneo-lenhosa e florestamento de Pinus spp., relevo ondulado a forte ondulado + AFLORAMENTO DE ROCHAS com inclusão de ORGANOSSOLOS HÁPLICOS Fíbricos típicos, textura arenosa, fase Campo Higro-hidrófilo, relevo plano a suave ondulado, todos substrato rochas sedimentares areníticas (Grupo Itararé). Tipo de Terreno (solos revolvidos e/ou pavimentados). 3 - CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES BIÓTICOS VEGETAÇÃO O Parque Estadual do Monge, está localizado na região geográfica natural do Segundo Planalto Paranaense, embora apresentando ainda características do Primeiro Planalto, com relevo ondulado a acidentado. A flora local apresenta vegetação florestal primária medianamente alterada, formações secundárias e antrópicas, capoeira, pastagem e reflorestamentos. Segundo STRUMINSKI (não publicado) a cobertura vegetal do Parque Estadual do Monge insere-se dentro da Região da Floresta Ombrófila Mista que, de acordo com VELOSO et al. (1991), é também conhecida como mata de araucária, pinheiral ou Floresta com Araucaria angustifolia. Esta formação ocupava boa parte do Planalto Meridional do Brasil, sendo considerada como seu clímax climácico. A composição florística desta formação, com gêneros primitivos como Drimys e Araucaria (australásicos) e Podocarpus (afro-asiático), sugere, em face da altitude e da latitude do planalto meridional, uma ocupação recente a partir de refúgios altomontanos. Segundo reporta STRUMINSKI (não publicado), citando REITZ & KLEIN (1966) e LONGHI (1993), distinguem-se diversos tipos fitossociológicos nas florestas com araucária do sul do Brasil, entre os quais os pinhais com influência da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), com espécies como Ocotea pretiosa (sassafrás), Aspidosperma olivaceum (guatambu) e Alchornea triplinervia (tapiá). IV.23

107 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Distinguem-se as seguintes unidades fisionômicas: FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MONTANA Esta fitofisionomia, que ocupava quase que inteiramente o planalto acima de 500 m s.n.m., nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, apresenta como preponderante a araucária associada a ecotipos da família Lauraceae (Ocotea e Nectandra) e a gêneros como Ilex ou Podocarpus. Segundo ressaltam RODERJAN & KUNIYOSHI (1988), a floresta pode variar segundo diferenças pedológicas localizadas, sendo normalmente mais desenvolvida nos vales mais profundos ou nos planaltos. Para STRUMINSKI (não publicado), o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), espécie típica desta formação, pode ser avistado com facilidade em meio às demais espécies folhosas desta associação, inclusive algumas típicas da Floresta Ombrófila Densa, como Ocotea pretiosa, Alchornea triplinervia, além das meliáceas Cedrela fissilis e Cabralea canjerana, a aquifoliácea Ilex paraguariensis, Inga sp. (mimosácea), Roupala brasiliensis (proteácea), Schinus terebinthifolius (anacardiácea), encontrando-se também Podocarpus lambertii (podocarpácea), além de exemplares das famílias rubiácea e mirtácea e mais raramente alguma arecácea (palmeira). FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ALTOMONTANA Esta formação é típica de altitudes acima dos m s.n.m., ocorrendo nas encostas e colinas diabásicas em mistura com arenitos que constituem a formação Serra Geral. Citando REITZ & KLEIN (1978) e LONGHI (1993), STRUMINSKI (não publicado) menciona que, entre os diferentes tipos de associações que caracterizam a Floresta Ombrófila Mista, evidencia-se a floresta-de-faxinal, que ocorre ao longo das encostas abruptas ou terrenos rasos ou rochosos. Nesse caso, os pinheiros são menores, ocorrendo de forma mais esparsa, sendo o subosque ralo e baixo, com predominância de mirtáceas, aquifoliáceas e myrcináceas, com densos taquarais e carazais, emprestando ao conjunto um aspecto pobre e xerófito. No Parque Estadual do Monge, com altitudes que ultrapassam m s.n.m., pode-se observar algumas variações da Floresta Ombrófila Mista Montana, sendo consideradas estas por STRUMINSKI (não publicado) como Floresta Ombrófila Mista Altomontana. O autor põe a ressalva da necessidade de levantamentos fitossociológicos detalhados para comprovar a assertiva, uma vez que, por fotointerpretação, a área com tal formação foi considerada como capoeirão ou formação secundária da 5 a fase de sucessão vegetal. Relata ainda o autor que a Floresta Ombrófila Mista Altomontana ocupava anteriormente todo o topo da meseta do Monge, sendo parcialmente substituída por construções da infra-estrutura criada para o turismo e, principalmente, a partir de 30 anos atrás, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas (Pinus e Eucalyptus). Os atuais remanescentes, na visão do autor, sofreram pouca ou nenhuma alteração, sendo sua fisionomia bastante semelhante ao que era há cerca de 30 anos atrás. Adiciona o autor que, nas áreas remanescentes dessa fisionomia florestal, o pinheiro é vistado com porte muito reduzido, assim como as demais espécies que o acompanham, não chegando a 10 m de altura. O sassafrás (Ocotea pretiosa), o cedro (Cedrela fissilis), a canjerana (Cabralea canjerana), a erva-mate (Ilex paraguariensis), o tapiá (Alchornea triplinervia), o ingá (Inga sp.), o carvalho (Roupala brasiliensis), a aroeira IV.24

108 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento (Schinus terebinthifolius) e as capororocas (Myrsine spp.) também apresentam aspecto semelhante, assim como o pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii), as rubiáceas e as mirtáceas, assim como algumas arecáceas. O subosque apresenta melastomatáceas, bambus, trepadeiras, xaxins, além das bromélias e orquídeas epífitas e terrestres, que dão a impressão de um crescimento lento ou estagnado para as plantas. SISTEMA DE REFÚGIOS VEGETACIONAIS ALTOMONTANOS HERBÁCEOS (VEGETAÇÃO RUPESTRE) Segundo STRUMINSKI (não publicado), em locais onde o solo apresenta-se raso demais para a sustentação da Floresta Ombrófila Mista Altomontana, ou onde ocorre afloramento rochoso (arenito), surgem Refúgios Vegetacionais. No caso do Parque Estadual do Monge, o Refúgio Vegetacional, considerado como vegetação rupestre, destoa daquela de caráter florestal, com predominância de herbáceas que ocupam os afloramentos rochosos (blocos de pedra isolados e escarpas de rocha), não havendo relação com a altitude senão com a própria ocorrência dos afloramentos. Relata o autor que a vegetação rupestre possivelmente seja endêmica, devido às condições extremamente xeromórficas do ambiente das primeiras fases sucessionais. Nas escarpas areníticas do Parque observa-se diversos musgos e líquens, por vezes cobrindo totalmente as encostas sombreadas ou situadas na face sul dos arenitos (mais úmida). Na face norte (mais seca) aparecem espécies mais adaptadas àquela condição xeromórfica, como cactos, begônias, bromélias e orquídeas, ocorrendo também algumas asteráceas pouco exigentes e de dispersão universal. Em locais de maior acúmulo de água ou matéria-orgânica, no topo da escarpa e em relevos mais planos, a vegetação herbácea dá lugar a comunidades arbustivas, com representantes das famílias Melastomataceae, Myrtaceae, Myrsinaceae e Asteraceae, que formam agrupamentos densos em meio ao arenito nu, representando a segunda fase da sucessão primária, e que levará após muitos anos, se não for interrompida, à formação de outros trechos da Floresta Altomontana. No local chamado gruta-do-monge e em outros pontos de visitação pública mais intensa, a vegetação rupestre vem sendo impactada pela colocação de objetos de culto e artigos religiosos. SISTEMA DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA Segundo STRUMINSKI (não publicado), parte da área do Parque Estadual do Monge, principalmente no topo da meseta, está coberta por vegetação secundária, resultande da ocupação antrópica. Nesses locais, o estágio inicial de sucessão é caracterizado por espécies herbáceas e arbustivas pioneiras, constituído por poáceas (gramíneas) e asteráceas, a chamada capoeirinha, dando a aparência de campo, cuja condição vem sendo mantida assim por ação humana. Nessa situação, o número de espécies é bem reduzido, emergindo elementos da flora original via rebrota, podendo ser também avistadas espécies arbóreas de vida efêmera e crescimento rápido, formando maciços densos (capoeira), onde predominam melastomatáceas, mirtáceas, myrsináceas (capororocas - Myrsine spp.), entre outras. Relato do autor expõe que essas formações vêm sendo perturbadas por ações antrópicas diversas, incluindo o impacto das construções e de toda a infra-estrutura turística ali instalada. IV.25

109 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento REFLORESTAMENTOS Os plantios florestais, segundo STRUMINSKI (não publicado), foram iniciados no final da década de 1960, avançando até o início dos anos Tais povoamentos seguramente não foram manejados apropriadamente, observando-se uma situação bastante heterogêna, com árvores vigorosas ocupando o dossel juntamente com indivíduos dominados ou que sucumbiram à competição. A grande quantidade de acículas acumulada e de outros restos vegetais torna essas áreas suscetíveis a incêndios florestais. No interior desses povoamentos, onde as condições de luz favorecem, surgem espécies como Gleichnedia sp., Begonia sp., Piper sp. (jaborandi), Rubus rosaifolia (amora), rubiáceas e melastomatáceas, que podem formar um subosque mais denso, como encontrado originalmente na Floresta Ombrófila Mista, com ocorrência do cedro, da canjerana, da erva-mate, do leiteiro (Sapium glandulatum), mirtáceas e lauráceas. Embora a obra de STRUMINSKI (não publicado) tenha tentado apresentar uma descrição com maior rigor fitofisionômico, sendo assim mercedora de mérito, julgou-se pertinente uma simplificação, pois a realidade observada em campo não permitiu traçar com precisão os limites das fisionomias descritas por aquele autor nem tampouco confirmar algumas de suas constatações. Na figura IV.04 apresenta-se o mapa de vegetação do Parque Estadual do Monge, com as respectivas áreas de cada tipo vegetacional encontrada, incluindo-se os valores dos tipos vegetacionais das áreas a serem incorporadas ao Parque (Maria Siqueira, Prefeitura e Pedreiras). No mapa vê-se a junção das formações florestais típicas numa única unidade fisionômica denominada Floresta Ombrófila Mista, com duas categorias distintas, segundo os níveis de alteração antrópica (alterada ou muito alterada). As fotos IV.08 a IV.14, exibidas a seguir, ilustram algumas cenas da vegetação do Parque Estadual do Monge. Foto IV.08 - Vista Geral da Vegetação Existente no Parque, Mostrando a Floresta Ombrófila Mista Alterada e Reflorestamentos de PINUS (FONTE: P. HOFFMMAN, 2002) IV.26

110 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Figura IV.04 - Mapa de Vegetação do Parque Estadual do Monge IV.27

111 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Foto IV.09 - Detalhe da Floresta Ombrófila Mista Alterada com Destaque para Araucaria angustifolia no Dossel (fonte: P. Hoffmman, 2002) Foto IV.10 - Exemplar Adulto de Araucaria angustifolia (fonte: P. Hoffmman, 2002) IV.28

112 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Foto IV.11 - Interior da Floresta Ombrófila Mista (fonte: P. Hoffmman, 2002) Foto IV.12 - Grande Profusão de Líquens e Musgos no Interior da Floresta Ombrófila Mista (fonte: P. Hoffmman, 2002) IV.29

113 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Foto IV.13 - Abundância de Bromélias no Sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista (fonte: P. Hoffmman, 2002) Foto IV.14 - Ocorrência de Poaceae e Plantas Herbáceas e Arbustivas no Parque (fonte: P. Hoffmman, 2002) COMPOSIÇÃO DA FLORA LOCAL Existem poucos estudos publicados a respeito da flora da região do Parque Estadual do Monge. O trabalho disponível sobre o Parque é aquele realizado por STRUMINSKI (não publicado), o qual não apresenta uma descrição mais pormenorizada da composição florística da Unidade de Conservação, apenas uma descrição fisionômica. Não foi também possível identificar material botânico em herbários, onde comumente são depositados materiais advindos de parques, o que também dificultou a descrição da flora local. Desta maneira, foi IV.30

114 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento necessário realizar um trabalho direto de campo, tentando caracterizar a flora do Parque no curto espaço de tempo disponível para tal tarefa. Para tanto, foram instaladas parcelas amostrais de 200 m 2 no interior da Unidade de Conservação, nas principais tipologias vegetais identificadas pela equipe designada a realizar os estudos de flora por Avaliação Ecológica Rápida. No Anexo 2 mostra-se lista de espécies identificadas durante os levantamentos. No anexo apresenta-se também as espécies citadas como ameaçadas, segundo a literatura, no caso, a Lista Vermelha das Plantas Ameaçadas do Estado do Paraná (PARANÁ, 1995) e a Portaria IBAMA n o 37-N, de 03/04/1992. Observa-se que, pela lista de espécies apresentada em anexo, o número de espécies distintas constatado no Parque do Monge durante os levantamentos de campo totalizou um pouco mais de 100 táxons, o que denota uma considerável riqueza florística. A maior parte das espécies identificadas pertence efetivamente a ecorregião denominada da Floresta Ombrófila Mista. Algumas espécies exóticas foram identificadas, como Pinus taeda, Pinus elliottii, Eucalyptus sp., Ligustrum sp., Castanea sativa, Quercus rubur e Cupressus lusitanica. Além da listagem florística, também são tecidas algumas considerações adicionais sobre aspectos da vegetação ocorrente no Parque Estadual do Monge, com base nas unidades amostrais instaladas nos diferentes ambientes. FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MUITO ALTERADA Esta tipologia é caracterizada por um alto número de indivíduos de diâmetros baixos, de pequeno porte (cerca de 8 metros de altura) e com uma estrutura vertical homogênea, um número reduzido de espécies ocorrentes, além da ausência ou escassez de um componente epifítico notável e um sub-bosque propício para o aparecimento de espécies como Psychotria sessilis, Molinedia clavigera, Miconia sp., Sorocea bonplandii, Zanthoxylum sp., Cupania vernalis, Alchornea triplinervia, Syagrus romanzoffiana, entre outras. Nas áreas de ocorrência desta tipologia no Parque Estadual do Monge foi constatada, através de um levantamento fitossociológico, que algumas espécies (Myrcia rostrata, Calyptrantes concina, Laplacea fruticosa, Ocotea corymbosa, Podocarpus lambertii, Araucaria angustifolia, Rapanea umbellata e Gomidesia sellowiana) apresentam um alto índice de valor de importância, a exemplo de Myrcia rostrata e Calyptrantes concina e das espécies pertencentes à família Myrtaceae, que se mostraram com um grande número de indivíduos. Provavelmente esta situação seja conseqüência de uma extração de madeira no passado (possivelmente corte raso), o que pode ser corroborado pela abundância de trilhas e estradas secundárias nesta área, assim como em outras áreas do Parque. FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ALTERADA Esta tipologia se diferencia da anterior por possuir indivíduos de maior diâmetro e altura, além de uma estratificação visível na sua estrutura vertical, isto é, estrato médio e IV.31

115 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento dossel bem definidos. Observou-se a ocorrência de árvores grandes mortas, caracterizando o término do ciclo de algumas espécies que provavelmente ficaram como remanescentes da época de exploração de madeira ocorrida no passado. Pelo levantamento fitossociológico realizado, espécies como Ocotea porosa, Prunus sellowii, Psychotria sessilis, Rapanea umbellata, Ocotea puberula, Myrcia rostrata, Jacaranda puberula, Matayba elaegnoides, Cabralea canjerana, entre outras, tiveram um elevado valor de importância. Estas áreas encontram-se em grande parte do Parque, muitas vezes isoladas, ou perto dos plantios de Pinus e das estradas. Três subcategorias podem ser distingüíveis, conforme descrito abaixo: FLORESTA OMBRÓFILA MISTA DE ENCOSTA Nas áreas de encostas nota-se um menor efeito de exploração de madeira ocorrida no passado na área do Parque, provavelmente pela dificuldade de acesso e do transporte das toras. Estas áreas possuem indivíduos com diâmetros maiores e um dossel de porte elevado, com presença de lianas, sendo também comum a ocorrência de árvores mortas. Espécies da flora como Ocotea corymbosa, Calyptrantes concina, Persea sp., Cedrela fissilis, Prunus sellowii, Inga striata, Myrcia rostrata, Rapanea umbellata, Cupania vernalis, Ocotea odorifera, Cabralea canjerana, Cordia sp., Allophylus edulis e Casearia decandra são freqüentes nesta tipologia. FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ALTOMONTANA Esta tipologia encontra-se na encosta escarpada e possui uma vegetação atípica, com características muito similares a uma floresta altomontana, pelo porte dos indivíduos (com no máximo 4 metros) e pelo ambiente, com um solo raso com afloramento rochoso e a influência de um vento ascendente da escarpa. Poucas espécies da flora foram registradas nesta tipologia. Entre elas, como maior valor de importância, destaca-se Sebastiania commersoniana. Em números menos expressivos, outras espécies aparecem, como Ficus insipida, Eugenia uniflora, Roupala brasiliensis, Myrcia multiflora, Solanum sanctaecatharinae, Zanthoxylum rhoifolium, Ilex sp., Sapium glandulatum e Myrcia rostrata. Tal formação é muito sensível à ação antrópica. Freqüentes bromélias sobre indivíduos arbóreos ou mesmo no solo denotam um estágio razoável de recuperação da mesma. VEGETAÇÃO DE FUNDO DE VALE Esta pode ser considerada uma vegetação de origem mais primitiva, possivelmente não tendo sofrido maiores alterações antrópicas, provavelmente pelos obstáculos de acesso que a topografia escarpada oferece. IV.32

116 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento A área é muito bem conservada, com poucos indivíduos por unidade de área e de grande porte, que competem pela luz no dossel, e algumas árvores grandes que caíram com o decorrer dos anos. Lianas com diâmetros avançados estão presentes, sendo também bastante comum nesta tipologia a presença da Dycksonia sp. (xaxim). Outras espécies também encontradas foram Cedrela fissilis, Allophylus edulis, Maytenus aquifolium, Citronella paniculatta, Ocotea dyospyrifolia, Lonchocarpus guilleminianus, Coussarea contracta, Nectandra lanceolata, Ocotea odorifera e Cyathea sp. VEGETAÇÃO EXÓTICA O parque possui povoamentos puros e homogêneos estabelecidos no passado. A predominância é de povoamentos de Pinus elliottii e Pinus taeda, ocorrendo também alguns locais com monocultivos de Eucalyptus spp. e outros locais onde ambas encontram-se mescladas (Eucalyptus spp. e Pinus spp.). Há diferentes estágios de desenvolvimento dentro dos povoamentos. Algumas áreas continuam com o espaçamento inicial (2 x 2 m), onde se observa uma grande concentração de serapilheira - cerca de 50 cm, e praticamente não há regeneração natural de espécies nativas. Em outras áreas foram realizados desbastes, determinando a existência de árvores de maior diâmetro e um sub-bosque com a presença de regeneração natural, principalmente de Psychotria sessilis. Já nos plantios mistos ocorre uma maior regeneração natural das espécies nativas, onde espécies como Psychotria sessilis, Alchornea triplinervia, Casearia obliqua, Citronella paniculatta, Prunus sellowii e Rapanea umbellata predominam nos estratos inferiores ao dossel dominado por Pinus e duas espécies distintas de Eucalyptus ESPÉCIES RARAS, ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO Os levantamentos de campo realizados para fins de descrição da flora do Parque Estadual do Monge, confrontados com a literatura, apontaram para a existência de três espécies consideradas raras, segundo a Lista Vermelha das Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 1995), e em perigo, segundo a Portaria IBAMA n o 37-N, de 03/04/1992. As espécies consideradas em tal situação, reconhecidas durante a Avaliação Ecológica Rápida, foram às citadas no quadro IV.07. Quadro IV.07 - Espécies Vegetais Citadas como Ameaçadas e que Ocorrem no Parque Estadual do Monge FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR CONDIÇÃO Araucariaceae Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze Pinheiro-do-Paraná Rara / Em perigo Lauracae Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer Sassafrás Rara / Em perigo Lauracae Ocotea porosa (Mez.) L. Barroso Imbuia Rara / Em perigo Essas três espécies foram intensamente exploradas por seu valor comercial no passado em todo o sul do Brasil. O pinheiro e a imbuia são as madeiras mais valiosas da Floresta IV.33

117 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Ombrófila Mista e hoje é raro observar a ocorrência abundante de indivíduos dessas espécies, mesmo nos lugares mais remotos do Estado, especialmente árvores de grande porte. Já o sassafrás foi muito explorado para produção do famoso óleo de sassafrás, que é um extrativo muito utilizado na indústria química e farmacêutica e como insumo para muitos produtos. No caso, a árvore de sassafrás era totalmente moída e lançada em destilarias que produziam grandes quantidades desse óleo, o que hoje está proibido por lei. O Parque Estadual do Monge possui beleza cênica e uma considerável riqueza florística. Conforme relato de STRUMINSKI (não publicado), possivelmente seja esta uma das últimas áreas com Floresta Ombrófila Mista Altomontana no Estado, o que justifica plenamente a preservação do Parque como um relicto importante desta unidade fitogeográfica. Contudo, o estado de conservação da flora nativa existente no interior do Parque Estadual do Monge não é dos melhores, o que vem justificar a necessidade de ações que permitam identificar e confirmar as pressuposições de STRUMINSKI no tocante à existência de comunidades endêmicas, as quais devem ser protegidas das ações humanas desordenadas (visitação e práticas religiosas) que ainda ocorrem no Parque. Pesquisas com vistas a identificar e catalogar essas espécies ameaçadas e/ou endêmicas devem ser incentivadas, visando conhecê-las na sua autoecologia e sinecologia, bem como protegê-las de ameaças. A ocorrência dessas espécies possivelmente endêmicas deve ser uma tarefa a ser implementada imediatamente, controlando-se a visitação e isolando-se os locais frágeis. O Plano de Manejo a ser implementado deverá dar as diretrizes para minimizar os perigos de extinção de tais espécies ESPÉCIES INVASORAS E/OU EXÓTICAS O Parque Estadual do Monge apresenta uma extensa área com espécies exóticas, o que é incompatível com esta categoria de Unidade de Conservação. Conforme se vê na foto IV.15, tais reflorestamentos, implantados nas décadas de 60 e 70, hoje se compõem de indivíduos adultos das espécies Pinus elliottii, Pinus taeda e Eucalyptus spp. Outras espécies exóticas plantadas ou regeneradas de áreas adjacentes, como Ligustrum sp., Castanea sativa, Cupressus lusitanica, Quercus rubur e membros diversos da família Poaceae (gramíneas) também podem ser observadas no Parque com facilidade. Um problema sério a ser enfrentado é a dispersão contínua de sementes de Pinus, o qual seguramente é mais grave aspecto no que concerne à presença de espécies exóticas atualmente no Parque do Monge. Os reflorestamentos de Eucalyptus são menos problemáticos, uma vez que a dispersão de propágulos nesse caso não se faz presente de forma efetiva. A presença de indivíduos de Castanea sativa (castanha), Quercus rubur (carvalho) e Cupressus lusitanica (cedro português) em princípio não se constitue em problema maior. A presença de Ligustrum (alfeneiro) pode vir a ser problemática, caso nenhuma medida de controle e erradicação seja tomada a tempo, pois se trata de uma planta agressiva e de regeneração natural intensa. A questão das gramíneas é um caso mais complicado, pois muitas exóticas se mesclam hoje com as espécies nativas. Sem um trabalho mais detalhado e de cunho científico não será possível propor medidas eficientes de controle e erradicação. IV.34

118 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Foto IV.15 - Detalhe de um Povoamento de Pinus Existente no Parque Estadual do Monge (fonte: P. Hoffmman, 2002) Um das medidas a serem sugeridas para implementação imediata certamente será o corte gradual de todos os reflorestamentos e a recuperação das áreas afetadas por eles. Devese começar pelos povoamentos de Pinus, que são mais problemáticos e maiores. Desbastes devem ser realizados, abrindo-se o dossel para que espécies nativas possam se estabelecer sem a realização imediata de corte raso, o qual pode provocar erosão e outros riscos correlatos da exposição do solo FAUNA MAMÍFEROS O conhecimento mastofaunístico atual existente para área do Parque e arredores é praticamente inexistente. Os dados aqui coligidos provêm dos registros obtidos em campo durante a Avaliação Ecológica Rápida (AER), agregados às informações museológicas e bibliográficas para áreas adjacentes ao município da Lapa (quadro IV.08). A lista de espécies, instrumento primário para as análises subseqüentes, segue o ordenamento taxonômico de WILSON & REEDER (1993) (Anexo 3). Optou-se por destacar na lista as espécies de provável ocorrência no Parque que não foram levantadas durante a AER. O critério adotado para seleção destes táxons foi, além de consulta a especialistas, a análise da literatura disponível sobre os mamíferos da Floresta com Araucária do Paraná para áreas em estado de conservação semelhantes ao Parque (e.g., MIRETZKI et al., 2000; BIANCONI, 2001). IV.35

119 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Quadro IV.08 - Composição Mastofaunística Obtida para o Parque Estadual do Monge Comparada com a ORDENS Região da Lapa e com a do Paraná ESTADO DO PARANÁ Nº DE ESPÉCIES REGISTRADAS * LAPA E MUNICÍPIOS VIZINHOS PARQUE ESTADUAL DO MONGE Didelphimorphia * Xenarthra Chiroptera * Primates Carnívora Artiodactyla Rodentia * Lagomorpha TOTAL ( * sem considerar as espécies marinhas). Os pequenos mamíferos não foram amostrados na área em função das características da AER que prioriza a análise do ambiente e de evidências indiretas da presença dos grupos DIDELPHIMORPHIA (GAMBÁS E CUÍCAS) No Brasil ocorrem 44 espécies dessa ordem, sendo que destas, 13 são registradas para o Paraná. Ao lado dos roedores e morcegos os marsupiais são um dos grupos menos amostrados para o Estado, e seu precário conhecimento faz com que a estrutura taxonômica de suas comunidades seja ainda desconhecida. Para a região do Parque Estadual do Monge foi possível diagnosticar a presença de apenas quatro espécies, o gambá-de-orelha-branca Didelphis albiventris, o gambá-de-orelhapreta Didelphis aurita, a cuíca Gracilinanus microtarsus e a aparentemente rara cuíca-d água Chironectes minimus. Dessa última, entretanto, vale lembrar que seu registro provém do ano de 1899 para Palmeira (THOMAS, 1899), podendo, em tempos atuais, estar extinta localmente. O registro das duas espécies do gênero Didelphis para o Parque Estadual é esperada, uma vez que ambas parecem ser adaptadas à convivência com o homem. Sua grande plasticidade adaptativa permite que seja encontrada vivendo até em grandes centros urbanos, sendo comuns e possivelmente abundantes para a Floresta com Araucária. Trabalhos desenvolvidos nesse bioma com Didelphis aurita têm demonstrado que os machos dessas espécies possuem comportamento nômade, enquanto as fêmeas parecem possuir exclusividade no uso do território (CÁCERES & MONTEIRO-FILHO, 1997; CÁCERES & MONTEIRO-FILHO, 2000). A dieta do gênero é composta pelos mais variados itens alimentares, como vertebrados, invertebrados e frutas, sendo portanto consideradas omnívoras. XENARTHRA (TATUS E TAMANDUÁS) São registradas para o Brasil 19 espécies dessa ordem, sendo que 9 ocorrem no Paraná. Para a região do Parque foram registradas a presença dos tatus Dasypus novemcinctus, IV.36

120 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Dasypus septemcinctus e Euphractus sexcinctus. Os tatus sofrem intensa ação cinética, podendo, conforme a capacidade de suporte do ambiente, variar sua área de vida (WETZEL & MONDOLFI, 1979). Dentre os tamanduás, o Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim) foi registrado para região através de um crânio depositado no MHNCI (Museu de História Natural do Capão da Imbuia) no ano de Com ampla distribuição, essa espécie parece estar sofrendo com a alteração de seu habitat natural, já que possuem uma área de vida relativamente grande. A inclusão na lista do tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla é relativa a um registro da década de 80 para o município da Lapa (F. G. BRAGA, com. pes., 2002). Com uma dieta altamente especializada, baixo potencial reprodutivo e lentidão nos movimentos, essa espécie é extremamente vulnerável a pressões antrópicas, estando, portanto, provavelmente extinta na região. CHIROPTERA (MORCEGOS) No Brasil, os quirópteros representam aproximadamente um terço dos mamíferos terrestres, com 138 espécies de nove famílias (AGUIAR & TADDEI, 1995; FONSECA et al., 1996). No Paraná foram registradas até o momento 53 espécies de cinco famílias (MIRETZKI, 2000). A lista de morcegos para área de estudo apontou a presença de 17 táxons de três famílias, cerca de 32% dos morcegos do Paraná e 47% daquelas esperadas para sua Floresta com Araucária. Vale a pena salientar que a lista de espécies apresentada provém de alguns registros históricos, muitos dos quais realizados em uma época onde a paisagem original ainda existia. Desse período, destaca-se o único registro do morcego hematófago Diemus youngi para o Paraná, coletado no município de Palmeira (THOMAS, 1899). Na região do Parque Estadual, os seguintes registros foram feitos: Artibeus lituratus, Sturnira lilium, Eptesicus brasiliensis e Tadarida brasiliensis. Somam-se ainda à lista os registros museológicos do MHNCI (Museu de História Natural do Capão da Imbuia) para os municípios adjacentes a área de estudo. De notável importância ecológica, os morcegos atuam de forma bastante ativa no ambiente, seja no controle de insetos, na polinização de plantas ou mesmo na dispersão de sementes. Essa estreita e complexa relação de interdependência com o meio, fazem com que as alterações causadas pelo homem nos ambientes naturais possam ser consideradas como uma das principais causas do declínio de algumas espécies (FLEMING, 1988; MARINHO- FILHO, 1991; PEDRO, 1995) ou mesmo incremento de tantas outras (TURNER, 1975; TRAJANO, 1984). É possível que alguns dos táxons registrados para a região, como o morcego carnívoro Chrotopterus auritus ou o hematófago Diphylla ecaudata, consideradas por PEDRO (1998) como espécies muito sensíveis à fragmentação, sejam táxons extintos na área do Parque ou mesmo em seu entorno. PRIMATES (MACACOS E BUGIOS) O Brasil apresenta a maior diversidade de primatas do mundo, com mais de 80 espécies descritas. Ainda em tempos atuais novas espécies continuam sendo descobertas, IV.37

121 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento especialmente na Amazônia. Na última década o Estado do Paraná também foi contemplado com uma nova espécie, o mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara), descrito para o Parque Nacional de Superagüi, localizado no litoral norte paranaense. Com esta, somam-se cinco espécies confirmadas para o estado, uma diversidade baixa porém esperada para a região sul do Brasil. Para o Parque foi diagnosticada apenas a presença de uma espécie, o bugio Alouatta fusca. Segundo a distribuição da espécie, sua ocorrência para a região é esperada, uma vez que este é o primata mais comum para áreas, ainda que alteradas, de Floresta com Araucária. Comumente evidenciada em áreas perturbadas, essa espécie parece possuir grande facilidade de adaptação a estas pressões. Cabe lembrar, porém, que a não conectividade dessas áreas pode comprometer a variabilidade genética dessas populações, expondo-as a efeitos estocásticos e determinísticos que levam a extinção. CARNIVORA (GATOS, CACHORROS, QUATIS, GUAXIMINS, IRARA, FURÃO E LONTRA) A Ordem Carnivora é expressa no Brasil por 32 espécies, das quais 19 ocorrem no Paraná. Esta é representada por animais predadores de topo da teia alimentar que atuam diretamente na regulação das populações de suas presas e, indiretamente, na modelagem do perfil da vegetação (fitofisionomia), considerando que geralmente suas presas alimentam-se de vegetais. Os carnívoros representados para a região da Lapa e municípios vizinhos, com base em material bibliográfico, museológico e entrevista são: os canídeos cachorro-do-mato Cerdocyon thous, cachorro-do-campo Pseudalopex gymnocercus e lobo-guará Chrysocyon brachyurus; os felídeos: gato-mourisco Herpailurus yaguarondi, gato-do-mato-pequeno Leopardus tigrinus, jaguatirica Leopardus pardalis e onça-parda Puma concolor; o mustelídeo semiaquático lontra Lontra longicaudis, a irara Eira barbara e furão Galictis cuja e os procionídeos mão-pelada Procyon cancrivorus e quati Nasua nasua. As espécies levantadas durante a AER para o Parque foram: C. brachyurus, L. tigrinus, N. nasua e P. cancrivorus. O registro da onça-parda Puma concolor refere-se a um animal encontrado atropelado no ano de 2001 na rodovia Porto Amazonas-Lapa, cujo crânio encontra-se depositado no MHNCI. A ocorrência dessa espécie em locais completamente antropizadas é esperada. Estudos recentes têm demonstrado que sua área de vida pode variar entre 11 e 35 km 2, o que justifica seu deslocamento por estradas ou mesmo em centros urbanos, como o relatado por ARZUA & BARROS (1995) para o bairro de Santa Felicidade, em Curitiba. Ainda nesse sentido, pode-se constatar através de entrevista com a Polícia Florestal do Parque, a captura de um gato-do-mato-pequeno Leopardus tigrinus na cidade da Lapa no ano de Este, segundo relato, foi encaminhado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (CETAS-PUC/PR). Os registros de ocorrência dos carnívoros, jaguatirica Leopardus pardalis e lobo-guará Chrysocyon brachyurus para região são antigos (F. G. Braga com. pess., 2002). O último IV.38

122 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento registro de C. brachyurus é para o município de Palmeira em 1993 (QUADROS et al., no prelo). Estas espécies, como aquelas já tratadas acima, também possuem grandes extensões territoriais e tendem a desaparecer quando parte de sua área é alterada ou fragmentada. Ambas constam na lista de animais ameaçados de extinção do Estado do Paraná (MARGARIDO, 1995). Os mustelídeos estão representados para região por três espécies, a irara Eira barbara, o furão Galictis cuja e a lontra Lontra longicaudis, todas registradas em consulta à literatura e material museológico (MHNCI), este provindo do atropelamento de G. cuja em Palmeira e E. barbara em Rio Negro. Quanto aos procionídeos, foi registrada através de entrevista a ocorrência para o Parque do quati Nasua nasua e mão-pelada Procyon cancrivorus, espécies comuns e conspícuas na Floresta com Araucária, mesmo quando estas encontram-se descaracterizadas. ARTIODACTYLA (VEADOS, PORCOS-DO-MATO) A ordem Artiodactyla no Brasil é composta por oito espécies, das quais sete encontramse representadas no Estado do Paraná. Baseado em literatura, registros museológicos e entrevista, foram levantadas para a Lapa e municípios vizinhos um total de quatro espécies: Pecari tajacu (cateto), Mazama sp. (veado), Mazama gouazoupira (veado-catingueiro) e Ozotoceros bezoarticus (veado-campeiro). O único registro da Ordem Artiodactyla para o Parque Estadual é o de Mazama sp., diagnosticado através de evidência indireta (pegada) e entrevista. RODENTIA (ESQUILOS, RATOS, CUTIAS, PACAS E CAPIVARAS) A Ordem Rodentia, representada por números superiores a 1750 espécies distribuídas pelo mundo, destaca-se como a mais diversa entre as ordens de mamíferos. No Brasil as espécies somam aproximadamente 165, das quais cerca de 48 ocorrem no Paraná. Os registros feitos para o município da Lapa e entorno foram obtidos através de consulta ao MHNCI. Ao total foram registrados 13 táxons de 8 famílias. Esse material provém, em sua maioria, do município de São João do Triunfo, limítrofe à Lapa. Foram levantadas seis espécies com ocorrência para o Parque, que são o serelepe Sciurus aestuans, o ouriço Sphiggurus villosus, o preá Cavia aperea, a capivara Hydrochaeris hydrochaeris, a cutia Dasyprocta azarae e a paca Agouti paca. Dentre estes, apenas a paca A. paca é ameaçada de extinção para o Estado do Paraná. LAGOMORPHA (LEBRES E TAPITIS) A ordem Lagomorpha é dividida em duas famílias e mais de 80 espécies distribuídas por todos os continentes, com exceção da Antártida. Esse grupo, nas florestas neotropicais, é representado apenas pela família Leporidae, com duas espécies ocorrendo no Brasil: Lepus europaeus e Sylvilagus brasiliensis. A primeira, conhecida como lebre européia, exótica no país, foi introduzida pelos europeus na Argentina em 1888 durante o processo de colonização e registrada pela primeira vez no Brasil em 1965, no Rio Grande do Sul. Para área do Parque, IV.39

123 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento sua presença foi confirmada através de entrevistas. A outra espécie, S. brasiliensis, também conhecida como tapiti, não apresenta registro disponível para o Parque nem para a Lapa e seu entorno. Sua visualização na natureza é cada vez mais rara, estando associada não somente a áreas florestadas protegidas, mas também a áreas abertas naturais. Ao contrário das lebres, o tapiti é bastante sensível às alterações ambientais, sofrendo também, em muitas regiões, forte pressão de caça. A espécie foi registrada em 21 estados brasileiros, sendo considerada ameaçada de extinção no Paraná AVES O inventário realizado para a macro-região da Lapa revela a presença de cerca de 260 espécies de aves, incluindo espécies de hábitos aquáticos e terrestres. Nesta comunidade estão aves recém descritas para a ciência, como o macuquinho-da-várzea Scytalopus iraiensis. O diagnóstico efetuado na área do parque e seu entorno, por sua vez, revelou a presença de 99 espécies, distribuídas em 17 ordens e 36 famílias (Anexo 4). Deste total, 47 táxons são considerados como Não-passeriformes e 52 como Passeriformes, e estes últimos subdivididos entre 24 Oscines e 28 Suboscines. O valor obtido representa 16,5% da avifauna paranaense (seg. SCHERER-NETO & STRAUBE, 1995). As grandes maiorias das espécies de aves encontradas podem ser consideradas como residentes, uma vez que, devido à época de realização desta análise, não foram observadas aves migratórias. A partir do mês de agosto chegam à região várias espécies, aumentando a composição da avifauna para o Parque Estadual do Monge e áreas adjacentes. Diante do atual estado de conservação da vegetação da área do Parque em si, no geral o mesmo parece apresentar uma pequena relevância no que diz respeito à conservação de espécies mais raras de aves, já que a maioria das espécies compreende formas comuns e de distribuição ampla no contexto da região sul do Brasil. Logicamente que tal assertiva somente poderá ser conclusiva a partir de estudos de longa duração na área, que enfoquem sobretudo períodos de presença das espécies migratórias. Deve-se, contudo, ser salientada desde já a importância das áreas adjacentes para a conservação da avifauna regional que, tendo o Parque como uma parte do conjunto florestal local, poderão garantir um fluxo gênico desejável para o equilíbrio e manutenção desta comunidade animal RÉPTEIS Um total de 46 espécies de répteis são de ocorrência certa ou pelo menos provável para a região do Município da Lapa, das quais 35, por sua vez, são de ocorrência certa ou provável para o Parque Estadual do Monge e seu entorno imediato, conforme os tipos de ambientes aí presentes (Anexo 5). A lista obtida para a região inclui dois quelônios (Chelidae), sete lagartos (dois Polychrotidae, um Scincidae, um Teiidae, um Gymnophthalmidae e dois Anguidae), dois anfisbenídeos (Amphisbaenidae) e 35 serpentes (um Anomalepididae, 29 Colubridae, um Elapidae e quatro Viperidae). A estes totais acrescentam-se ainda cinco espécies, consideradas como de ocorrência incerta devido ao fato de seus tipos preferenciais de ambientes serem distintos daqueles observados na região. IV.40

124 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento A predominância de Serpentes da família Colubridae dentre os répteis da região em estudo segue o padrão observado para comunidades herpetológicas da região Neotropical (e.g., ROCHA, 1998). As grandes maiorias das espécies registradas correspondem a espécies comuns, cuja distribuição compreende (i) espécies de ampla distribuição em geral (e.g., Bothrops jararaca, Liophis miliaris e Tupinambis merianae), (ii) de ampla distribuição por ecossistemas abertos das regiões Sul e Sudeste do Brasil (e.g., Pantodactylus schreibersii, Mabuya dorsivittata, Oxyrhopus rhombifer e Sibynomorphus ventrimaculatus) ou (iii) espécies tipicamente associadas às formações mistas entre campos e Florestas com araucária da região Sul (e.g., Echinanthera cyanopleura, Chironius bicarinatus e Micrurus altirostris). Dada a situação de transição entre o Primeiro e o Segundo planaltos paranaenses, a herpetofauna da região da Lapa apresenta ainda elementos típicos de ambas as regiões, sendo que, do Primeiro Planalto, predominam as formas florestais, aí incluídas espécies típicas da região atlântica (e.g., Sibynomorphus neuwiedii, Taeniophalus bilineatus) que se fazem presentes dada a continuidade entre as florestas da vertente ocidental da serra do mar e as floresta com araucária (e.g., MORATO, 1995). Já do Segundo Planalto, predominam as formas campestres, típicas dos campos do Planalto Meridional e/ou originárias do Cerrado do Brasil Central, estas encontrando nas escarpas da região o limite meridional de sua distribuição (e.g., Liophis meridionalis, Chironius flavolineatus e possivelmente Clelia quimi). A transição entre dois contingentes herpetofaunísticos confere à região da Lapa uma situação de relevante interesse científico ANFÍBIOS Os ambientes foram divididos em seis tipos de acordo com as preferências reprodutivas para cada uma das espécies de anfíbios. As espécies foram divididas em categorias de acordo com a sua ocorrência no Parque e seu entorno, de acordo com o estado ambiental e a distribuição em outras formações vegetais (Anexo 6). Um total de 23 espécies de anfíbios anuros são de ocorrência certa ou esperada para o Parque Estadual do Monge e seu entorno imediato. Os tipos de ambientes e a presença das espécies nos diferentes ambientes encontrados no Parque foram: Pedreira (PE) - Antiga área de extração de rochas, com o abandono da atividade, houve o acúmulo permanente de água formando um ambiente propício para a ocupação de diversas espécies de anfíbios (foto IV.16). Nesse ambiente podem ocorrer as espécies: Bufo crucifer, Bufo ictericus, Hyla albopunctata, Hyla bischoffii, Hyla faber, Hyla minuta, Hyla microps, Hyla sanborni, Hyla prasina, Phyllomedusa tetraploidea, Scinax fuscovarius, Scinax perereca, Leptodactylus ocelatus, Physalaemus cuvieri, Physalaemus gracilis e Rana catesbeiana; IV.41

125 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Foto IV.16 - Detalhe do Ambiente Pedreira (PE) (Fonte: M. Segalla, 2002) Córrego em áreas com cobertura florestal (CF) - são representados por pequenos cursos de água, algumas vezes com fundo rochoso (foto IV.17). Nesse ambiente pode ocorre Aplastodiscus perviridis; Foto IV.17 - Detalhe do Ambiente Córrego em Áreas com Cobertura Florestal (CF) (Fonte: M. Segalla, 2002) Banhado (BA) - é representada por uma área circular, brejosa e coberta por gramíneas e ciperáceas, localizada entre capoeira e reflorestamento de pinus (foto IV.18). Nesse ambiente podem ocorrer as espécies: Hyla albopunctata, Hyla bischoffii, Hyla minuta, Hyla microps, Hyla sanborni, Scinas berthae, Scinax catharinae, Scinax fuscovarius, Scinax perereca, Scinax squalirostris, Leptodactylus gracilis, Leptodactylus ocelatus, Odontophrynus americanus, Physalaemus cuvieri, Physalaemus gracilis e Elachistocleis ovalis; IV.42

126 IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Foto IV.18 - Detalhe do Ambiente Banhado (BA) (Fonte M. Segalla, 2002) Poças temporárias dentro de áreas com cobertura florestal (PT), caracterizadas por ambientes de acúmulo de água encontrados nas estradas internas do Parque, estes ambientes foram criados por ação antrópica quando da passagem de veículos (foto IV.19). Nesse ambiente: podem ocorrer as espécies: Bufo crucifer, Bufo ictericus, Hyla minuta, Scinax catharinae, Scinax fuscovarius, Scinax perereca, Physalaemus cuvieri e Physalaemus gracilis. Foto IV.19 - Detalhe do Ambiente Poças Temporárias Dentro de Áreas com Cobertura Florestal (PT) (Fonte: M. Segalla, 2002) IV.43

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