PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL Processo N
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- Vinícius Azevedo Regueira
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1 SENTENÇA (TIPO A ) PROCESSO : Nº CLASSE : MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRANTE : SOCIEDADE PERNAMBUCANA DE ENSINO SUPERIOR LTDA IMPETRADO : SECRETÁRIO DE REGULAÇÃO E SUPERVISÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR SERES/MEC JUÍZO: : 6ª VARA / SJDF Trata-se de pedido de liminar em mandado de segurança impetrado por SOCIEDADE PERNAMBUCANA DE ENSINO SUPERIOR LTDA em face de ato atribuído ao SECRETÁRIO DE REGULAÇÃO E SUPERVISÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR SERES/MEC, objetivando que sejam suspensos os efeitos do despacho publicado no DOU nº 105, de 2 de junho de 2011, Seção 1, p. 50, para que se garanta à Impetrante a possibilidade de ofertar o número de vagas para o Curso de Direito, no total de 200 vagas anuais, nos termos da Portaria MEC nº 103/2010. A Impetrante informa que o Curso de Direito por ela oferecido foi devidamente autorizado pela Portaria MEC nº 3.852, de 24/11/2004, tendo sido reconhecido pela Portaria MEC/SESu nº 213, de 10/03/2008, além de ter obtido o aumento de vagas, que passou de 150 para 200 vagas anuais, por meio da Portaria nº 103, de 28/01/2010. Pág. 1/9
2 Alega que seus alunos apresentaram excelente desempenho no Exame de Ordem Unificado , cujo resultado a colocaria entre as melhores faculdades privadas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Aduz, porém, que, em contradição aos excelentes resultados obtidos no Exame de Ordem, o resultado obtido pela Impetrante no ENADE Edição 2009 foi 2, tendo obtido, em conseqüência, o Conceito Preliminar de Curso (CPC) igual a 2, bem assim, o IDD, também igual a 2. Informa que, diante dos resultados ruins no ENADE e CPC, a Impetrante, em obediência ao art. 35-C da Portaria MEC nº 40, de 2007, republicada em 2010, protocolizou pedido de renovação de reconhecimento do Curso de Direito, bem como o chamado Plano de Melhorias do Curso de Direito, fato que impediria de lhe ser cominada qualquer penalidade. Sustenta que, não obstante ter tomado as providências previstas na legislação específica, a Autoridade Impetrada determinou cautelarmente a diminuição do número de vagas a serem ofertadas anualmente para o Curso de Direito da instituição Impetrante. Contudo, entende não ser possível a medida cautelar utilizada pelo Impetrado, uma vez que o ENADE, no qual a Impetrante obteve resultado 2, foi realizado em 2009, ou seja, 20 meses antes do despacho nº 105, de 2 de junho de 2011, que reduziu o número de vagas para o Curso de Direito da Impetrante, o que retira o caráter cautelar da medida. Acrescenta, ainda, que a Portaria Normativa nº 40, de 2007, não prevê a hipótese de aplicação de medida cautelar de redução de vagas em caso de Pág. 2/9
3 resultado insatisfatório do CPC, sendo, portanto, tal medida ilegal, abusiva e desarrazoada. Narra que, após a publicação do referido despacho nº 105, apresentou Recurso Administrativo ao Conselho Nacional de Educação, porém tal recurso não tem efeito suspensivo, o que gerará severos prejuízos à Impetrante, considerando a iminência de Processo Seletivo, que ocorrerá no dia 14 deste mês. documentos de fls (fls ). II - FUNDAMENTAÇÃO O pedido liminar foi deferido às fls Informações prestadas (fls ), acompanhada dos A União noticia a interposição do Agravo de Instrumento nº Parecer do MPF, pela denegação da segurança (fls ). É o relatório. DECIDO. Da análise dos autos, constato que o Curso de Direito oferecido pela Impetrante foi devidamente autorizado, conforme Portaria MEC nº 3.852/2004, tendo sido reconhecido por meio da Portaria MEC/SESu nº 213/2008. Conforme prevê a LDB e o Decreto 5.773/2006, as Instituições de Educação Superior (IES) passam por diversas análises, dentre elas, avaliações in loco, Pág. 3/9
4 a fim de constatação do cumprimento das exigências previstas para seu funcionamento, para a obtenção do reconhecimento de curso de graduação. Confiram-se os dispositivos pertinentes: Lei 9.394/96 (LDB) Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação. 1º Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento. Decreto 5.773/2006 Art. 34. O reconhecimento de curso é condição necessária, juntamente com o registro, para a validade nacional dos respectivos diplomas. Art. 35. A instituição deverá protocolar pedido de reconhecimento de curso decorrido pelo menos um ano do início do curso e até a metade do prazo para sua conclusão. 1o O pedido de reconhecimento deverá ser instruído com os seguintes documentos: I - comprovante de recolhimento da taxa de avaliação in loco; II - projeto pedagógico do curso, incluindo número de alunos, turnos e demais elementos acadêmicos pertinentes; III - relação de docentes, constante do cadastro nacional de docentes; e IV - comprovante de disponibilidade do imóvel. Nessa esteira, note-se que, para que sejam renovados periodicamente os reconhecimentos dos cursos de graduação oferecidos pelas IES, deverão elas passar por avaliações. Assim, dispõe também o mencionado Decreto 5.773/2006 e a Lei /2004 que, caso ocorram resultados insatisfatórios nas avaliações periódicas instituídas pelo Poder Público, deverá ser celebrado protocolo de Pág. 4/9
5 compromisso com as IES, a fim de se buscar a melhoria nos conceitos obtidos nas avaliações, para fins de renovação do reconhecimento. Confiram-se o teor dos dispositivos pertinentes: Lei /2004 Art. 10. Os resultados considerados insatisfatórios ensejarão a celebração de protocolo de compromisso, a ser firmado entre a instituição de educação superior e o Ministério da Educação, que deverá conter: I o diagnóstico objetivo das condições da instituição; II os encaminhamentos, processos e ações a serem adotados pela instituição de educação superior com vistas na superação das dificuldades detectadas; III a indicação de prazos e metas para o cumprimento de ações, expressamente definidas, e a caracterização das respectivas responsabilidades dos dirigentes; IV a criação, por parte da instituição de educação superior, de comissão de acompanhamento do protocolo de compromisso. 1 o O protocolo a que se refere o caput deste artigo será público e estará disponível a todos os interessados. 2 o O descumprimento do protocolo de compromisso, no todo ou em parte, poderá ensejar a aplicação das seguintes penalidades: I suspensão temporária da abertura de processo seletivo de cursos de graduação; II cassação da autorização de funcionamento da instituição de educação superior ou do reconhecimento de cursos por ela oferecidos; III advertência, suspensão ou perda de mandato do dirigente responsável pela ação não executada, no caso de instituições públicas de ensino superior. 3 o As penalidades previstas neste artigo serão aplicadas pelo órgão do Ministério da Educação responsável pela regulação e supervisão da educação superior, ouvida a Câmara de Educação Superior, do Conselho Nacional de Educação, em processo administrativo próprio, ficando assegurado o direito de ampla defesa e do contraditório. 4 o Da decisão referida no 2 o deste artigo caberá recurso dirigido ao Ministro de Estado da Educação. 5 o O prazo de suspensão da abertura de processo seletivo de cursos será definido em ato próprio do órgão do Ministério da Educação referido no 3 o deste artigo. Decreto 5.773/2006 Art. 60. A obtenção de conceitos insatisfatórios nos processos periódicos de avaliação, nos processos de recredenciamento de instituições, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação enseja a celebração de protocolo de compromisso com a instituição de educação superior. Parágrafo único. Caberá, a critério da instituição, recurso administrativo para Pág. 5/9
6 revisão de conceito previamente à celebração de protocolo de compromisso, no prazo de dez dias contados da comunicação do resultado da avaliação pelo INEP, conforme a legislação aplicável. Porém, antes mesmo da celebração de protocolo de compromisso entre a IES e o Ministério da Educação, a Portaria Normativa MEC nº 40/2007, exige que os cursos que obtiverem CPC insatisfatório, como é o caso dos autos, deverão requerer a renovação de reconhecimento, acompanhado o pedido de plano de melhorias acadêmicas, prevendo, ainda, avaliações in loco, para fins de efetivação da respectiva renovação. Tal requerimento deverá obedecer ao procedimento previsto nos arts. 35-C e seguintes, a seguir transcritos: Portaria Normativa MEC nº 40/2007 Art. 35-C Os cursos com CPC insatisfatório e as instituições com IGC insatisfatório em qualquer dos anos do ciclo deverão requerer renovação de reconhecimento ou recredenciamento, respectivamente, no prazo de até 30 (trinta) dias da publicação do indicador, na forma do art. 34, instruído com os seguintes documentos: I - plano de melhorias acadêmicas, contendo justificativa sobre eventuais deficiências que tenham dado causa ao indicador insatisfatório, bem como medidas capazes de produzir melhora efetiva do curso ou instituição, em prazo não superior a um ano, aprovado pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) da instituição, prevista no art. 11 da Lei n , de 14 de abril de 2004; II - comprovante de recolhimento da taxa de avaliação in loco, ressalvadas as hipóteses legais de isenção. 1º Não recolhida a taxa de avaliação in loco ou não preenchido o formulário eletrônico de avaliação no prazo regulamentar, o CC ou CI reproduzirá o valor do CPC ou IGC insatisfatório, respectivamente, adotando-se o procedimento descrito no art. 34, 9º. 2º Realizada avaliação in loco, será expedido o CC ou CI, informado à instituição por meio do sistema eletrônico, com a possibilidade de impugnação, na forma do art. 16. Art. 36. Na hipótese de CC ou CI insatisfatório, exaurido o recurso cabível, em até 30 (trinta) dias da notificação deverá ser apresentado à Secretaria competente protocolo de compromisso, aprovado pela CPA da instituição, cuja execução deverá Pág. 6/9
7 ter início imediatamente. (NR) 1º A Secretaria competente poderá se manifestar sobre o protocolo de compromisso e validar seu prazo e condições ou determinar alterações, considerando o relatório da Comissão de Avaliação ou outros elementos de instrução relevantes. (NR) 2º Não havendo manifestação da Secretaria, presumem-se aceitas as condições fixadas no protocolo de compromisso, cujo resultado será verificado na reavaliação in loco prevista no art. 37. (NR) 3º A celebração do protocolo de compromisso suspende o processo de recredenciamento ou de renovação de reconhecimento em tramitação. (NR) 4º Na vigência de protocolo de compromisso poderá ser suspensa, cautelarmente, a admissão de novos alunos, dependendo da gravidade das deficiências, nos termos do no art. 61, 2º, do Decreto nº 5.773, de 2006, a fim de evitar prejuízo aos alunos. 5º [revogado] 6º Na hipótese da medida cautelar, caberá recurso, sem efeito suspensivo, à CES/CNE, em instância única e irrecorrível, no prazo de 30 dias. 7º O recurso será recebido pela Secretaria competente, que, em vista das razões apresentadas, poderá reconsiderar a decisão, no todo ou em parte. Art. 37. Ao final do prazo do protocolo de compromisso, deverá ser requerida reavaliação, acompanhada de relatório de cumprimento do protocolo de compromisso até o momento, ainda que parcial, aprovado pela CPA da instituição e do recolhimento da taxa respectiva. (NR) 1º A reavaliação adotará o mesmo instrumento aplicável às avaliações do curso ou instituição e atribuirá CC ou CI reavaliados, destacando os pontos constantes no protocolo de compromisso e na avaliação precedente, sem se limitar a eles, considerando a atividade educacional globalmente. 2º Não requerida reavaliação, ao final do prazo do protocolo de compromisso, considerar-se-á mantido o conceito insatisfatório, retomando-se o andamento do processo, na forma do art. 38. (NR) Art. 38. A manutenção do conceito insatisfatório, exaurido o recurso cabível, enseja a instauração de processo administrativo para aplicação das penalidades previstas no art. 10, 2º, da Lei nº , de Art. 39. A instituição será notificada da instauração do processo e terá prazo de 10 dias para apresentação da defesa. Ressalte-se que, somente após a avaliação in loco, com emissão de CC ou CI insatisfatório é que deverá ser celebrado o protocolo de compromisso e somente neste momento é que poderá a Administração adotar medida cautelar no intuito de suspender a admissão de novos alunos, com o intuito de evitar Pág. 7/9
8 prejuízos a eles. Nessa esteira, verifico que, para a aplicação de medida que imponha redução de vagas a cursos já reconhecidos que obtiveram conceito insatisfatório (Conceito Preliminar de Curso CPC), necessário que a Administração obedeça ao trâmite administrativo previsto nas normas que regem a matéria, garantindo a IES o devido processo legal administrativo. No presente caso, contudo, o ato impugnado determinou cautelarmente a redução do número de vagas a serem ofertados para o Curso de Direito da Impetrante, sem observância dos procedimentos legais e regulamentares. Ora, em tendo o Ministério da Educação detectado deficiências na prestação do serviço educacional, poderia, sim, ter adotado outras medidas acautelatórias amparado pelo poder geral de cautela da Administração Pública, previsto no art. 45 da Lei 9.784/99, para resguardar ofensas aos direitos dos estudantes, na prestação do serviço educacional. Porém, a medida imposta no caso concreto tem aparência de penalidade, sendo, portanto, um ato ilegal, na medida em que deixa de observar os procedimentos legais e regulamentares que o prevêem, devendo, pois, ser rechaçado pelo Judiciário. III DISPOSITIVO Diante do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para, confirmando a liminar, anular o despacho nº 105, da Secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior-SERES, publicado no D.O.U. de 02/06/2011 (Seção 1, p. 50), a fim de garantir à Impetrante a oferta do número de vagas para o Curso de Pág. 8/9
9 Direito, conforme autorizado pela Portaria MEC nº 103/2010, enquanto não lhe for imposta regularmente medida cautelar nesse sentido, em observância ao devido processo legal administrativo Custas na forma da lei. Sem honorários. Sentença sujeita ao reexame necessário. Oficie-se ao Relator do Agravo de Instrumento nº P.R.I. Brasília - DF, de dezembro de IVANI SILVA DA LUZ Juíza Federal Titular da 6ª Vara/SJDF Pág. 9/9
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