ESTIMATIVA DO BALANÇO HÍDRICO NO AGRESTE DE PERNAMBUCO
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- Fátima Lancastre Câmara
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1 ESTIMATIVA DO BALANÇO HÍDRICO NO AGRESTE DE PERNAMBUCO Gustavo Ribeiro da Silva Amorin 1 Emanoel Antônio Goveia Santos Júnior 2 Vanessa Silva Ferreira 3 Sérgio Ricardo Pereira Carvalho 4 Josiclêda Domiciano Galvíncio 5 RESUMO Existem diversos trabalhos na literatura utilizando o método de Thornthwaite para estimativa do balanço hídrico. Aqui, ele foi utilizado com o objetivo de avaliar os efeitos da altitude na evapotranspiração. Essas informações serão de grande utilidade no monitoramento das bacias hidrográficas da mesoregião do Agreste pernambucano. Visto que, a evapotranspiração tem grande influência na contabilização de água no ciclo hidrológico. Existem estudos em desenvolvimento na região analisando a influência da cobertura vegetal no ciclo hidrológico, através da evapotranspiração. Esse também é outro importante fator devido a região ser bastante heterogênea por se situar numa área de transição entre a Zona da Mata e o Sertão pernambucano. Os resultados indicam que a região do Agreste de Pernambuco apresente influência da altitude na evapotranspiração. Ou seja, o mês mais úmido coincide com o mês de maior evapotranspiração nas áreas com maiores altitudes. A época seca, que vai de setembro a fevereiro é a que relativamente evapora mais água nas regiões mais baixas no Agreste de Pernambuco. Informação. Essa informação da variação da evapotranspiração juntamente com a declividade do terreno poderá ser utilizada nas análises da modelagem hidrológica das bacias hidrográficas da mesoregião do Agreste de Pernambuco. Palavras-Chave: Balanço hídrico, Agreste, Elevação do terreno. ABSTRACT Several works exist in the literature using the method of Thornthwaite for estimate of the water balance. Here, the use is with the objective to analize the effects of the elevation in the evapotranspiration. Those information will be of great usefulness in the monitoring of the watershed of the Mesoregião of the Agreste from Pernambuco. Because, the evapotranspiration has great influence in the accountancy of water in the water cycle. Studies exist in development in the area analyzing the influence of the vegetable covering in the water cycle, through the 1 Graduando em Geografia. DCG/CFCH/UFPE. 2 Graduando em Geografia. DCG/CFCH/UFPE. 3 Graduando em Geografia. DCG/CFCH/UFPE. 4 Graduando em Geografia. DCG/CFCH/UFPE. 5 Professora DCG/CFCH/UFPE. Avenida Professor Morais Rego, 1235, Cidade Universitária. Fone: E- mail: josiclêda.galvíncio@ufpe.br
2 evapotranspiration. That is also important other factor due to area to be quite heterogeneous for locating in a transition area between the Zona da Mata and the Sertão from Pernambuco. The results indicate that the area of the Agreste of Pernambuco presents influence of the elevation in the evapotranspiration. In other words, the most humid month coincides with the month of larger evapotranspiration in the areas with larger elevation. The time evaporates, that is going from September to February it is relatively the one that it evaporates more water in the lowest areas in the Agreste of Pernambuco. That information of the variation of the evapotranspiration together with the steepness of the land it can be used in the analyses of the water modelling of the watershed of the Mesoregião of the Agreste of Pernambuco. Keywords: Water balanc, Agreste, Land elevation. INTRODUÇÃO Em um planeta em que a água potável está se tornando cada vez mais escassa, o estudo das perdas hídricas assume importância relevante. O conhecimento da distribuição espacial e temporal da disponibilidade hídrica estabelece diretrizes para a implementação de políticas de planejamento e execução para o uso racional deste recurso, (ANGIOLELLA et al. 2005). Além disso, a crescente demanda de água, a limitação dos recursos hídricos, os conflitos entre alguns usos e os prejuízos causados pelo excesso e pela escassez, exigem que tanto o planejamento como a gestão da sua utilização ocorram em termos racionais e otimizados. Uma maneira prática e acessível de se obter essa informação é a aplicação do principio de conservação de massa, mediante a estimativa do balanço hídrico. O clima de uma região resulta das diferentes combinações dos processos atmosféricos, os quais correspondem a um número muito grande de clima, (AYOADE, 1986). A mesorregião do Agreste pernambucano situado entre o Sertão e a Zona da Mata pernambucana é uma área de transição e, portanto, abriga características destas duas mesorregiões e desta reunião surge uma região completamente diferente das outras, podendo por isso figurar como uma região à parte. As peculiaridades de solo, clima, vegetação não são, evidentemente, homogêneas no Agreste, nesta Paisagem podemos distinguir sub-paisagens que ora associamos à zona canavieira, ora ao sertão. Á água tem sido um dos elementos mais importantes no processo de ocupação e de desenvolvimento de uma região. No Agreste nordestino essa importância aumenta, chegando a se transformar em questão de sobrevivência, (CABRAL et al., 2004). Existem diversos trabalhos na literatura utilizando o método de Thornthwaite para estimativa do balanço hídrico. Aqui, ele foi utilizado com o objetivo de avaliar os efeitos da altitude
3 na evapotranspiração. Essas informações serão de grande utilidade no monitoramento das bacias hidrográficas da mesoregião do Agreste pernambucano. Visto que, a evapotranspiração tem grande influência na contabilização de água no ciclo hidrológico. Existem estudos em desenvolvimento na região analisando a influência da cobertura vegetal no ciclo hidrológico, através da evapotranspiração. Esse também é outro importante estudo devido a região ser bastante heterogênea por se situar numa área de transição entre a Zona da Mata e o Sertão pernambucano. MATERIAL E MÉTODO Região em estudo Possuindo Km 2 e habitantes (IBGE, 2005) em 71 municípios, o Agreste, representa uma área de transição entre o litoral e o sertão, situa-se totalmente no planalto da Borborema, com a parte norte na escarpa do planalto, em contato com o planalto rebaixado do litoral, com altitudes médias, destacando-se elevações denominadas brejos de altitude (mais presentes na borda oriental do planalto da Borborema), que recebem umidade das massas de ar dos sistemas meteorológicos que atuam sobre a mesorregião: Zona de Convergência InterTropical (ZCIT), Ondas de Leste, Vórtice Ciclônico de Atmosfera Superior (VCAS), Taquaritinga do Norte, Camocim de São Félix e Buíque são exemplos de brejos de altitude. O Agreste é a bacia leiteira do estado, tendo inclusive sua ocupação iniciada graças à pecuária como uma atividade acessória ao cultivo da cana-de-açúcar na Zona da Mata. Destaca-se nesta mesorregião a cidade de Caruaru, que é considerada a capital do Agreste, com um setor de serviços bem desenvolvido, também Garanhuns (866 m de altitude) é um importante pólo atraindo turistas por seu clima frio nos meses de Junho a Agosto. O regime climático do Agreste, com inverno frio e verão quente e chuvas antecipadas para o outono com uma época seca na primavera, apresenta variações regionais suficientes para produzir diferenças na paisagem, que ora lembra uma mata canavieira, ora um adusto sertão. Os dados climáticos utilizados foram 42 postos distribuídos no âmbito do Agreste de Pernambuco. Obtidos via internet da página do Laboratório de Meteorologia do Estado de Pernambuco LAMEPE. Métodos Para efeito de cálculo do balanço hídrico foi utilizado o método proposto por Thornthwaite e Mather (1955), VIANELLO, (2002). A capacidade de armazenamento de água no solo - CAD foi considerado como sendo 100 mm. Os mapas foram plotados usando o SURFER 7.0, através do método Kriging. Para a confecção das tabelas foi usado o software MICROSOFT Excel. Para
4 efeito de cálculo o armazenamento foi considerado linear, também a correção utilizada para a evapotranspiração, para todos os pontos, é referente a uma latitude de 10º. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados interpolados no SURFER 7.0 foram: Altitude, Figura 2; Precipitação média anual, Figura 3; Temperatura média anual, Figura 4; Evapotranspiração potencial média anual, Figura 5; Evapotranspiração real média anual, Figura 6; Temperatura média do mês mais frio (Julho), Figura 7; Temperatura média do mês mais quente (Janeiro), Figura 8, Precipitação média do mês mais úmido (Abril), Figura 9; Precipitação média no mês mais seco (Novembro) Figura 10, Mês de maior Evapotranspiração real (Abril), Figura 11; Mês de menor evapotranspiração real (Novembro), Figura 12, para o Agreste pernambucano. A Figura 1 mostra a distribuição espacial dos municípios (postos pluviométricos) aqui estudados para a mesoregião do Agreste de Pernambuco. Nota-se que se utilizou uma ótima distribuição espacial sobre a região. Á área mais a sudoeste que apresenta sem pontos se deve ao fato de ser grande municípios que cobrem a área. E, normalmente cada município possui apenas uma observação pluviométrica. A Figura 2 mostra a distribuição espacial da altitude da mesoregião em estudo. Nota-se que a área apresenta grande variação de altitude. A Figura 3 mostra a precipitação média anual no âmbito da mesoregião do Agreste de Pernambuco. Nota-se que as áreas com maiores precipitações estão em torno de 1200mm e as menores estão em torno de 500mm e essas variações também estão relacionadas com a altitude. A Figura 4 mostra a temperatura média anual no âmbito do Agreste de Pernambuco. A temperatura é influenciada por diversos fatores, uma comparação com as linhas de altitude, por exemplo, mostrará uma sobreposição suficiente para provar a relação entre altitude e temperatura, quanto mais alto mais frio, quanto mais baixo mais quente, o fato dessa sobreposição não ser perfeita revela a atuação de outros fatores, além do relevo, na definição da temperatura. A Figura 5 mostra a evapotranspiração potencial sobre a região em estudo. Nota-se que os valores estão entre 1400mm/ano e os menores em torno de 600 mm. O mês mais úmido coincide com o mês de maior evapotranspiração, como mostra a Figura 9. Ainda pode ser visto que a umidade cresce de leste para oeste. No mês mais seco (Novembro) a água na superfície livre disponível nas regiões mais altas já evapotranspirou e as regiões mais baixas recebem água subsuperficial que infiltrou nas regiões mais altas, alimentando, em parte, o lençol freático destas áreas secas. A evapotranspiração não depende somente da temperatura, mas também da quantidade de água disponível no solo. A época seca, que vai de setembro a fevereiro é a que relativamente
5 Itaíba Tupanatinga Buíque Águas Belas São Vicente Ferrer Machados Casinhas Orobó Vertente do Lério Bom Jardim Santa Maria do Cambucá Surubim João Alfredo Limoeiro Taquaritinga do Vertentes Norte Frei Miguelinho Salgadinho Santa Cruz do Capibaribe Feira Nova Passira Toritama Cumaru Brejo da Madre de Deus Riacho das Almas Poção Gravatá Bezerros Caruaru Tacaimbó Belo Jardim São Caitano Sairé Pesqueira Camocim de São Félix Sanharó São Joaquim do Monte Barra de Guabiraba Agrestina Alagoinha Cachoeirinha Bonito Pedra Altinho São Bento do Una Venturosa Ibirajuba Cupira Lajedo Panelas Lagoa dos Gatos Jucati Jupi Jurema Capoeiras Calçado Caetés Iati Jataúba São João Garanhuns Angelim Canhotinho Paranatama Saloá Palmeirina Brejão Terezinha Lagoa do Ouro Correntes Bom Conselho evapora mais água nas regiões mais baixas. Caso contrário, nas regiões mais altas. Essa informação é importante na análise do Agreste pernambucano devido essa mesoreguão possuir alta variação de altitude. E, conseqüentemente, alta variação na declividade do terreno. Parâmetro muito importante para o monitoramento das bacias hidrográficas pertencentes a mesoregião do Agreste de Pernambuco. Essa informação da variação da evapotranspiração juntamente com a declividade do terreno poderá ser utilizada em análise de modelagem hidrológica. AGRESTE-Precipitação média anual Figura 1 - Municípios com os dados de temperatura e precipitação AGRESTE-Altitude.2 Figura 3. Precipitação média anual (mm) AGRESTE-Temperatura média anual Figura 2. Altitude do Agreste pernambucano (m), cresce no sentido NE-NW, até o maciço de Garanhuns. AGRESTE-Evapotranspiração potencial média anual AGRESTE-Evapotranspiração real média anual Figura 4 - Temperatura média anual ( º C) AGRESTE-Temperatura média de Julho Figura 5 - Evapotranspiração potencial (mm) AGRESTE-Temperatura média de Janeiro Figura 6 - Evapotranspiração real média anual (mm) AGRESTE-Precipitação média em Abril Figura 7. Temperatura média (º C) para o mês de Julho, o mês mais frio do Agreste..8.2 Figura 8. Temperatura média (º C) de Janeiro, o verão no Agreste é quente e seco Figura 9. Precipitação média (mm) em Abril. Úmido
6 AGRESTE-Precipitação média em Novembro AGRESTE-Média anual de precipitação evapotranspirada AGRESTE-Evapotranspiração real média de Abril Figura 10. Novembro em (mm), o mês mais seco, a estação seca continua até Fevereiro Figura 11. Média anual de precipitação evapotranspirada em porcentagem Figura 12. O mês mais úmido corresponde ao de maior evapotranspiração (mm) CONCLUSÃO O mês mais úmido coincide com o mês de maior evapotranspiração nas áreas com maiores altitudes. No mês mais seco a água na superfície livre disponível nas áreas mais altas já evapotranspirou e as áreas mais baixas recebem água sub-superficial que infiltrou nas regiões mais altas, alimentando, em parte, o lençol freático destas áreas secas no Agreste pernambucano. A época seca, que vai de setembro a fevereiro é a que relativamente evapora mais água nas regiões mais baixas no Agreste de Pernambuco. Essa informação é importante na análise do Agreste pernambucano devido essa mesoreguão possuir alta variação de altitude. E, conseqüentemente, alta variação na declividade do terreno. Parâmetro muito importante para o monitoramento das bacias hidrográficas pertencentes a mesoregião do Agreste de Pernambuco. Essa informação da variação da evapotranspiração juntamente com a declividade do terreno poderá ser utilizada nas análises da modelagem hidrológica das bacias hidrográficas da mesoregião do Agreste de Pernambuco. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGIOLELLA, G. D. VASCONCELOS, V. L. D. ROSA, J. W. C. Estimativa e espacialização do balanço hídrico na mesoregião sul da Bahia. Anais XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Goiânia, Brasil, 16-21, abril, AYOADE, J. O.; Introdução à climatologia para os trópicos. São Paulo: DIFEL, CABRAL, J. S. P. BRAGA, R. A.P.; MONTENEGRO, S. M. G. ; CAMPELLO, M. S. C.; FILHO LOPES, S. Brejos de Altitude em Pernambuco e Paraíba. Historia Natural, Ecologia e Conservação. Recursos Hídricos e os Brejos de Altitude. Capítulo 4. Série Biodiversidade 9. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, SIEBERT, Célia. Geografia de Pernambuco; ilustrações Rodval Matias. São Paulo: FTD, p. THORNTHWAITE, C. V. MATHER, J. R. The water balance. Publications in climatology. Laboratory of Climatology. New Gersey, v.08, 1955, 104p.
7 VIANELLO, R.L.; ALVES, A.R. Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, p.
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