SALMOS: CÂNTICOS, ORAÇÃO E DEVOÇÃO A DEUS. Celebrando os louvores do SENHOR! Tema: O Contexto do Livro dos Salmos. Texto: Sl 119.

Transcrição

1 1 Lição 2 SALMOS: CÂNTICOS, ORAÇÃO E DEVOÇÃO A DEUS. Celebrando os louvores do SENHOR! Tema: O Contexto do Livro dos Salmos. Texto: Sl Introdução. Qualquer livro é mais bem aproveitado quando se compreender o seu contexto. Perguntas tais como: Quem escreveu? Quando escreveu? Por que escreveu? Quais foram as motivações do autor ao escrevê-lo? Quais influências podem ser percebidas no autor e na obra? Entre outras, ajudam o leitor a aprofundar-se na mensagem da obra ou documento em questão. A falta do conhecimento contextual não impedirá o leitor de entender o escrito; porém, sem o conhecimento contextual não é possível compreender a obra com mais profundidade e riqueza de detalhes. Para exemplificar o que foi dito acima, pense no Salmo 32. Ele é atribuído ao rei Davi. E pelo que tudo indica, foi escrito tendo como pano de fundo o seu pecado de adultério com Bate-Seba. Se não se soubesse disso, o leitor seria abençoado de qualquer forma com suas advertências e instruções. Todavia, quando se leva em consideração esse contexto de adultério encontrado em 2Sm , a leitura toma cores muito mais intensas. Certamente, aproveita-se mais a leitura tendo-se conhecimento do contexto do texto. Assim, sempre que possível, todo leitor das Escrituras deveria procurar conhecer melhor as questões relativas ao contexto dos documentos bíblicos. Uma dica: A Bíblia de Genebra pode ajudar bastante aqueles que desejam mergulhar mais profundamente no conhecimento da Palavra de Deus. Além dela, obras especializadas ajudarão aqueles que intentam conhecer mais e mais das Santas Escrituras. Desenvolvimento Infelizmente, como se verá nas linhas abaixo, o livro dos Salmos não é o melhor livro para se descobrir o contexto individual de cada poema. Com isto, não se está afirmando que se desconheça completamente as questões relativas ao contexto. Todavia, muitos salmos não permitem ao leitor e interprete se aprofundar nessas questões. Por outro lado, pelo fato dos Salmos tocarem nas questões existenciais humanas, de certa maneira o desconhecimento mais aprofundado do contexto não interfere tanto. Apenas deixa-se de aproveitar melhor o conteúdo dessas magníficas poesias. Posto isso, deve-se perguntar: o que são salmos? Os salmos são cânticos e poesias do povo de Deus do Antigo Testamento. Eles são a expressão da fé, dos anseios, das esperanças, das dores, das dúvidas e das certezas do fiel da Velha Dispensação. Eles falam da vida com toda a sua carga de dores e esperanças, de

2 2 alegrias e de tristezas, de certezas e de dúvidas, de resoluções e de vacilações. Talvez por essa razão, o livro dos Salmos é um dos mais estimados e usados do Antigo Testamento. 1 Além disso, deve-se levar em consideração que o Novo Testamento faz frequentes citações e alusões a ele. 2 Ou seja, ele serviu como fonte para tantas instruções e exortações para os apóstolos e crentes em geral. E o próprio Senhor Jesus o tinha em altíssima conta. 3 Os Salmos são, sobretudo, a expressão dos sentimentos mais íntimos e profundos daqueles que criam em Javé. Neles, a alma do salmista e do povo é derramada de tal forma que até mesmo nos surpreendemos com algumas declarações (ver, por exemplo, salmo 13, 73 e 137). Há sinceridade e ousadia, sem se perder o respeito e a reverência devidas ao SENHOR. Temos muito a aprender com os salmos bíblicos. Eles nos ensinam, de modo especial, que a nossa fé acontece no cotidiano da existência. Não somos crentes sem um chão e sem realidades concretas. Quando nos encontramos com a graça de Deus e sua salvação não somos transportados para um reino mítico ou mágico no qual nos tornamos seres intocáveis. Os salmos nos mostram que homens e mulheres de Deus, às vezes, sentem-se esquecidos pelo SENHOR (Sl 13). E, na maioria das vezes, se sentem amparados pela presença do SENHOR (Sl ). Eles se sentem abatidos e perturbados (Sl 42.11; 43. 5). Mas, também se sentem vitoriosos e cheios de vigor celestial (Sl ). Eles declaram seu amor a Deus pelo fato de saberem que Ele ouve e responde às suas orações (Sl ). Eles expressam sua gratidão ao SENHOR por tantas graças e vitórias (Sl ; Sl 116,12). Enfim, eles também nos ensinam que a fé não é destituída de experiências concretas e que são nessas experiências que revelamos o tipo de compromisso que temos no SENHOR. Sem menosprezar o elemento cognitivo, os salmos nos ensinam que a nossa fé também é emocional. Não somos apenas cérebro; somos coração também. Aliás, deve-se acrescentar mãos e pés. Assim, os salmos nos ensinam que a nossa fé tem elementos cognitivos, emocionais e volitivos. Pensamos, sentimos e agimos. A verdadeira fé é assim. E por dar larga vazão a todas as dimensões da existência humana, gostamos tanto dos Salmos e nos identificamos tão estreitamente com eles. Por que o termo Salmos? O vocábulo salmo procede da língua grega cuja tradução é um cântico ou um hino. 4 A palavra grega psalmoi (de onde procede nossa tradução portuguesa Salmos) deriva da língua hebraica. E em hebraico o título deste livro é tehillim ou cânticos de louvor. 5 Psalmoi é a proposta dos tradutores da Septuaginta (antiga tradução do texto veterotestamentário feita por judeus de fala grega) do título hebraico tehillim. É fato que a maioria das traduções modernas optou por usar a palavra Salmos. Contudo, é preciso lembrar que conforme os judeus do passado 1 Andrew hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento, p Raymond B. Dillard & Tremper Longman III, Introdução ao Antigo Testamento, p TURNER, D. D. Introdução ao Velho Testamento, p ARNOLD, Bill & BEYER, B. E. Descobrindo o Antigo Testamento, p Gleason L. Archer, Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 1988, p. 389.

3 3 compreendiam, o livro é um conjunto de cânticos a serem acompanhados por instrumentos de cordas. 6 Em outras palavras, trata-se de um cancioneiro e como disseram Arnold e Beyer pode-se dizer que os salmos representam o antigo hinário do povo de Deus. 7 Salmos são, portanto, os hinos ou cânticos de adoração dos antigos israelitas. A diferença fundamental entre eles e os nossos modernos hinos e cânticos é a inspiração. Os Salmos são documentos inspirados. Eles têm o sopro do Espírito Santo. Têm a autoridade celestial. E como documentos inspirados, que nos revelam o querer e a vontade de Deus, devemos lê-los, compreendê-los e aplicá-los à nossa existência. Autoria Com respeito à autoria individual dos salmos, muitos e variados são os seus autores. Entretanto, deve ser observado que na maioria dos casos, o próprio texto dos salmos não indica o autor nominalmente. 8 E, de modo geral, a única informação definida sobre a autoria acha-se nos títulos dos salmos. 9 Esses títulos são acréscimos posteriores que acabaram sendo incorporados aos documentos bíblicos. Algo interessante a ser notado é a grande quantidade de salmos anônimos. aproximadamente cinquenta salmos não têm título ou cabeçalho e a sua autoria continua sendo um mistério. Talvez alguns dos autores mencionados os escreveram, mas não se pode afirmar com certeza. 10 Embora nem todos possuam título informando seu autor, a maioria deles tem. É por meio desses títulos que ficamos sabendo que muitos compositores contribuíram com a coleção de cânticos e poemas que conhecemos como o livro de Salmos. 11 Temos um salmo cuja autoria é de Moisés (salmo 90), salmos atribuídos a Asafe (12 salmos), aos filhos de Coré (11 salmos), a Hemã (01 salmo salmo 88), a Etã (01 salmo salmo 89), a Salomão (02 salmos Sl 72 e 127), a Ageu, (01 salmo), a Zacarias (01 Salmo), Esdras (01 salmo) e a Davi. Os salmos davídicos são maioria absoluta perfazendo um total de 73 salmos. Ele é considerado o grande salmista. Os salmos restantes são anônimos. Há controvérsias sobre o fato de ter sido, de fato, Davi, o rei de Israel, o seu verdadeiro autor. Na verdade, questiona-se se as pessoas nos títulos foram designadas autoras ou receptoras. 12 Realmente não temos como saber. Por outro lado, a indicação de Davi como autor e tão antiga quanto os mais antigos manuscritos dos Salmos. Além disso, o Novo Testamento atribui vários deles a Davi, sendo, portanto, inquestionável sua autoria (pelo menos para a ala tradicional da Igreja e que crê na direção do Espírito Santo!). 6 Idem. 7 ARNOLD, Bill & BEYER, B. E. Descobrindo o Antigo Testamento, p Gleason L. Archer, Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 1988, p Idem. 10 ARNOLD, Bill & BEYER, B. E. Descobrindo o Antigo Testamento, p ARNOLD, Bill & BEYER, B. E. Descobrindo o Antigo Testamento, p TURNER, D. D. Introdução ao Velho Testamento, p. 374

4 4 Até aqui falamos dos autores individuais. Mas o livro também tem seu autor (ou autores). Ele é designado de organizador. Como alguns salmos parecem datar de meados do segundo milênio antes de Cristo, enquanto outros são claramente pós-exílicos (i.é., posteriores a 539 a. C.), sabemos que 1) a composição do todo só ocorreu após o exílio; e 2) o organizador (pessoa ou pessoas responsáveis por coletar e ordenar os salmos) deve ser diferenciado do autor (compositor(es) dos salmos individuais). 13 Quem eles são e qual é a sua identidade, não o sabemos com absoluta certeza. Provavelmente foram escribas ou outras lideranças religiosas que organizaram o livro dos Salmos como nós o temos hoje. Data Mais uma vez é preciso diferenciar autor individual dos organizador(es) dos salmos. Quanto à confecção individual, o período de confecção dos salmos é extenso. Porém, acredita-se que a maioria tenha sido escrita por volta do ano 1000 a. C., período áureo deste tipo de literatura e também período que diz respeito à existência histórica do rei Davi, o maior compositor de salmos nas Escrituras. Esse fato, porém, não limita o tempo de confecção dos salmos ao século X a. C., pois desde Moisés (que deve ter escrito o salmo 90 em torno de 1400 a. C.) até ao período pós-cativeiro (salmo 137 foi escrito em aproximadamente 500 a.c.) temos literatura desse tipo apresentada em Israel. 14 Gleason nos diz que é difícil atribuir uma data aos descendentes de Coré e aos dois ezraítas mencionados; supõem-se que foram escritos antes do exílio. 15 Ele ainda afirma que, seja como for, nenhuma evidência convincente tem sido oferecida para atribuir uma data de depois de 500 a. C. a qualquer salmo. 16 Algo que deve ser mais uma vez enfatizado é que, quanto à forma final do livro de Salmos, a composição do todo só ocorreu após o exílio. 17 Em alguma época depois do exílio babilônico alguém compilou todos os 150 salmos em um só volume. 18 Resumidamente, o que sabemos é que desde 1400 anos antes de Cristo até o ano 500 antes de Cristo foram escritos e divulgados salmos que constam em nossas Bíblias e quanto à organização ou edição, provavelmente ela só tenha sido concluída pouco antes da época de Cristo. 19 Temos, portanto, um longo período de confecção e compilação de todo o material. E, apesar de tantos séculos de trabalho, divulgação e circulação desses poemas, graças a Deus temos em nossas Bíblias o maravilhoso livro dos Salmos. Contexto 13 Andrew E. Hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento. Ed. Vida, 2006, p Futato, Mark, D. Interpretação dos Salmos, p Gleason L. Archer, Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 1988, p Gleason L. Archer, Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 1988, p Andrew hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento, p ARNOLD, Bill & BEYER, B. E. Descobrindo o Antigo Testamento, p Idem.

5 5 Os salmos, como já dissemos, são escritos de muitos e variados autores e de diferentes tempos. Eles dizem respeito a tempos tão longos e distintos que não se pode falar de um único contexto vivencial. Eles são de diferentes situações e contextos geográficos e situacionais. Além disso, descobrir exatamente quando e por que alguns salmos foram confeccionados constitui-se em enorme desafio, quase intransponível. Mark Futato afirma que a maioria dos Salmos parece desafiar os melhores esforços em serem situados na história. 20 Por outro lado, alguns Salmos são claramente identificados contextualmente. Eles são em número bastante resumido, reconheça-se! E a identificação deles se dá através dos títulos que receberam. Para quem não sabe, esses títulos encontram-se antes do primeiro versículo e são grafados em itálico. Abaixo, é apresentado um quadro levemente modificado e adaptado apresentado por Mark Futato: 21 Salmo Contexto histórico Paralelo Bíblico Salmo 3 Davi foge de Absalão 2Sm Salmo 7 Quanto às palavras de Cuxe Fato desconhecido Salmo18 Davi escapa de Saul 1Sm 24 e 26 Salmo 34 Davi se finge amalucado 1Sm 21 Salmo 51 Davi lamenta o pecado com Bate-Seba 2Sm 12 Salmo 52 Davi é traído por Doegue 1Sm 22 Salmo 54 Davi é traído pelos zifeus 1Sm 23 Salmo 56 Davi é capturado pelos filisteus 1Sm 21 Salmo 57 Davi foge de Saul 1Sm 22 Salmo 59 Davi é perseguido por Saul 1Sm 19 Salmo 60 Davi luta contra os siros e edomitas 2Sm 8 e 10 Salmo 63 Davi se esconde no deserto 1Sm 23 e 24 Salmo 142 Davi foge de Saul 1Sm 22 Uma observação importante: todos os salmos são davídicos e, com exceção de um, encontram-se nos livros I ou II. 22 Estrutura e divisões O livro dos Salmos na verdade é uma coletânea de cinco livros que foram ajuntados em um só. Os cinco livros são os seguintes: 1) livro I - Salmos 1-41; 2) livro II - Salmos 42-72; 3) livro III - Salmos 73-89; 4) livro IV - Salmos ; 5) livro V - Salmos E por que são cinco e não quatro ou nove livros? Qual é o critério? Uma antiga tradição judaica explica essa divisão: Assim como Moisés nos deu os cinco livros da lei para Israel, também Davi deu cinco livros de Salmos para Israel. 23 Contudo, deve-se dizer que se trata apenas de uma tradição, podendo essa não ser a verdade dos fatos. 20 Futato, Mark, D. Interpretação dos Salmos, p Futato, Mark, D. Interpretação dos Salmos, pp Andrew E. Hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento. Ed. Vida, 2006, p Citado por Mark Futato, p. 50.

6 6 Além dessa divisão histórica herdada dos manuscritos mais antigos há coleções menores no conjunto 24 do livro dos Salmos: Grupo davídico I: Grupo dos filhos de Coré I: Grupo davídico II: Grupo de Asafe: Grupo dos filhos de Coré II: (exceto o 86). Grupo de louvor congregacional I (95-100). Grupo de Aleluia ( ). Cânticos de Ascensão a Jerusalém ( ) Grupo davídico III: Grupo de louvor congregacional II: Como respeito ainda a estrutura dos Salmos, vários estudiosos dizem que os Salmos 1 e 2 funcionam como introdução a todo saltério, ou seja, aos outros cinco livros. Tal conceito baseia-se no fato de que esses salmos são os únicos não atribuídos a Davi no Livro I (1 a 42). Portanto, os Salmos 1 e 2 se destacam à parte do que se segue. 25 Algo a ser dito sobre a divisão em cinco livros baseia-se no fato de que cada salmo final de cada livro termina com uma doxologia. Isto indica claramente redação final e intencional do redator ou organizador dos salmos: 26 Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, Da eternidade para a eternidade, Amém e Amém! (Sl ) Bendito seja o SENHOR Deus, o Deus de israel, Que só ele opera prodígios. Bendito para sempre o seu glorioso nome, E da sua glória se encha toda a terra. Amém e amém! (Sl ). Bendito seja o SENHOR para sempre. Amém e amém! (Sl 89.52, 53). Bendito seja o SENHOR Deus de Israel, De eternidade a eternidade; E todo o povo diga: Amém! Aleluia! (Sl ). Uma nota final: Os salmos constituem a doxologia do Livro 5 e do livro inteiro dos Salmos, pois cada salmo neste último grupo começa e termina com a exclamação Louvai ao SENHOR! Andrew hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento, pp Futato, Mark, D. Interpretação dos Salmos, p Futato, Mark, D. Interpretação dos Salmos, pp Futato, Mark, D. Interpretação dos Salmos, p. 50.

7 7 A mensagem dos Salmos Sem dúvida, temos várias mensagens no livro dos Salmos. A obra toca em temas os mais variados, desde vingança até bem estar, felicidade e bênçãos materiais sobre aqueles que vivem de acordo com a Lei do SENHOR. Gleason ainda acrescenta que os 150 salmos que compõem esta coletânea tratam de uma variedade de temas muito diferentes, e é difícil fazer generalizações válidas. 28 Entretanto, dependendo dos autores e teólogos que estudam esse livro, várias propostas são apresentadas. Mark Futato, por exemplo, apresenta sua visão afirmando que mensagem central ou tema unificador dos Salmos é a sentença: O SENHOR reina! 29 e ainda acrescenta: a imagem de Deus reinando a partir do seu trono aparece por todo o Livro dos Salmos. 30 Hill, por sua vez, acredita que as mensagens claramente discerníveis no livro dos Salmos são as seguintes: 31 Reconhecimento do reino e da soberania de Deus. Importância do louvor em todas as suas variações. Conduta e destino dos justos e ímpios. O papel da natureza e da criação. Consolo e defesa de Deus em tempo de crise. Há ainda muitas outras propostas. Entretanto, elas não são muito diferentes das encontradas logo acima. Portanto, não nos delongaremos neste item. Com respeito aos temas, outros assuntos tratados são: 1) o problema da retribuição ou da justiça propriamente dita; 2) a divisão entre os justos e os ímpios, ou seja, como Deus trata os justos e os ímpios; 3) exortações para se confiar pessoalmente no SENHOR; 4) o temor do SENHOR; e 5) a meditação da lei escrita de Deus como fonte de delícias e felicidade. 6) O reinado soberano de Deus. Quanto ao primeiro item, é fato inegável que como regra se esperava que seguir a Deus gera bênçãos, seguir a outros deuses gera maldições. O normal ou a regra é essa. Entretanto, há exceções. Daí a crise de Asafe no Salmo 73. Quanto ao segundo item, espera-se que os olhos do SENHOR estejam sobre os justos, sobre os obedientes, sobre os que amam a lei do SENHOR (Sl 33.18; 34.15; Pv 5.21). Esperava-se que Deus trata-se justos e ímpios de modo diferentes aqui neste mundo. Quanto ao terceiro item, a confiança no SENHOR é uma das características fundamentais dos filhos(as) de Deus. O Fiel é aquele que pauta a sua existência no SENHOR. Ele não confia em si mesmo, em homens (Sl 118.8,9), cavalos (Sl 20.7) ou riquezas. Ele confia no SENHOR (Sl 5.11; 9.10; ; 40.3; 55.23; 56.3). Quanto ao quarto item, o temor ao SENHOR é uma das grandes características da literatura sapiencial e profética. Ela aponta para os verdadeiros fieis a Deus. Quem teme a Deus é o verdadeiro filho ou filha do SENHOR. 28 ARCHER JR., GLEASON L. Merece Confiança o Antigo Testamento, p Futato, Mark, D. Interpretação dos Salmos, p Idem. 31 Andrew E. Hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento. Ed. Vida, 2006, p. 373.

8 8 Quanto ao quinto item, a Palavra de Deus é ovacionada e exaltada em todo o livro. E em alguns salmos, como o 19 e 119, ele é o alvo dos versos do salmista. Por fim, o quinto item ressalta aquilo que é extremamente caro aos israelitas: a soberania de Deus. Ele é soberano sobre tudo e todos. Aliás, é o único soberano. Por isso, é chamado de SENHOR dos Exércitos, Deus que está acima de tudo e de todos. Há muitos outros temas, mas esses se destacam. Conclusão Deus usou, usa e usará sua Palavra. Sem as informações contextuais Deus continuará a usá-la. No entanto, com elas, a leitura e a compreensão são alargadas. Se puder, procure mergulhar no conhecimento contextual, não somente do livro dos Salmos, mas de todos os livros do Antigo e do Novo Testamentos. Vale à pena!