Efeito Das Mudanças Climáticas No Zoneamento Da Seringueira
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- Rubens Klettenberg Almeida
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1 Efeito Das Mudanças Climáticas No Zoneamento Da Seringueira Henos Carlo Knupler Jordão Lisboa (1) ; Rafael Coll Delgado (2) ; Gustavo Bastos Lyra (2) ; Leonardo Paula de Souza (3) ; Rafael de Ávila Rodrigues (4) (1) Estudante, UFRRJ/Universidade Federal Rural do Rio de Janeira, henoscarlos@yahoo.com.br; (2) Professor, UFRRJ/Universidade Federal Rural do Rio de Janeira, rafaelcolldelgado32@gmail.com, gblyra@gmail.com; (3) Professor, UFAC/Universidade Federal do Acre, Cruzeiro do Sul/AC, Leonardo.acre@gmail.com; (4) Pós- Doutorando, UFV/Universidade Federal de Viçosa, rafaelvo@hotmail.com. RESUMO As mudanças climáticas configuram um cenário incerto ao cultivo da seringueira. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo verificar o efeito das mudanças climáticas globais e regionais sobre a heveicultura e a ocorrência do mal-das-folhas no Estado do Tocantins, localizado na região da Amazônia Legal. Para isto, foi realizado o zoneamento climático para o clima atual (Baseline) e cenário futuro (B2), utilizando dados climáticos do modelo HadRM3. O Estado apresentou faixa de aptidão marginal ao cultivo da seringueira em todo seu território, no clima atual e, inapto em sua totalidade, no cenário futuro B2. Isto ilustra que as mudanças do clima irão afetar o cultivo da seringueira no futuro. Palavras-chave: temperatura, precipitação e modelagem climática regional INTRODUÇÃO O desenvolvimento da heveicultura no Brasil e no mundo encontra-se em total dependência das condições do clima, assim qualquer mudança deste, acarretará em alterações na manutenção dessa cultura, também na dinâmica de ocorrência das doenças. Segundo Assad et al. (2004), pode-se admitir que as regiões climaticamente limítrofes àquelas de delimitação de cultivo adequado de plantas agrícolas se tornarão desfavoráveis ao desenvolvimento vegetal. Dessa forma, os zoneamentos agroclimáticos realizados serão afetados pelas mudanças do clima. Tendo em vista, projeções globais do clima que em um cenário pessimista apontam para um aumento médio da temperatura do ar de 1,4 ºC e 4,0 ºC até o final deste século, em decorrência do aumento das concentrações dos gases do efeito estufa (dióxido de carbono, óxido nitroso, vapor d água, metano) (IPCC, 2007 a, b), tornam-se de grande importância estudos que busquem mostrar o efeito dessas alterações do clima sobre o cultivo da seringueira e a ocorrência de doenças como o surto do mal-das-folhas, apontando áreas possíveis à heveicultura. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo verificar o efeito das possíveis mudanças climáticas globais e regionais sobre a heveicultura e a ocorrência do mal-das-folhas no Estado do Tocantins em área de abrangência da Amazônia Legal. - Resumo Expandido - [529] ISSN:
2 MATERIAL E MÉTODOS A área contemplada no presente estudo é o estado do Tocantins (Figura 1). Localizado no centro geográfico do Brasil, na região da Amazônia Legal, entre os Paralelos 5º e 13º estando entre as longitudes 46º 00' e 51º 00' a oeste de Greenwich e latitudes 05º 00' e 13º 00' ao sul da linha do equador, com área total de ,520 km², clima Tropical seco e tropical úmido Aw, Am, segundo classificação de Köppen. Figura 11 Localização geográfica da área de estudo. Utilizou-se conjuntos de dados diários de precipitação e temperatura do ar, extraídos do Modelo de Circulação Regional (MCR) HadRM3 para o clima presente Baseline (1960 a 1990) e cenário futuro B2 (2070 a 2100) na Amazônia Legal. O modelo HadRM3 tem sido utilizado em várias regiões do mundo, como na Europa e Índia (PRECIS, 2002). Período de estudo definido como clima atual Baseline é o período de referência que define o clima do presente nos relatórios do IPCC para o modelo HadRM3. O modelo HadRM3, apresenta uma malha de 38 pontos distribuídos sobre a Amazônia legal (Figura 1), subdividindo-a em 38 mesorregiões (MR). Possui uma resolução espacial de 50 km com 19 níveis na atmosfera (da superfície a 30 km na Estratosfera) e 4 níveis no solo. Desta malha, foram utilizados os dados climáticos dos pontos localizados dentro do Estado do Tocantins, sendo MR 21, MR 28 e MR 34 (Figura 1). Na confecção do zoneamento adotou-se os parâmetros climáticos e as faixas de aptidão (Tabela 1) utilizados por Camargo et al. (2003) no zoneamento climático da heveicultura no Brasil. Para o cálculo do balanço hídrico (THORNTHWAITE & MATHER, 1955) utilizou-se planilha eletrônica desenvolvida por Rolim & Sentelhas (2002), adotando-se capacidade de água disponível no solo de 125mm, conforme metodologia de Camargo et al. (2003). Para traçar as cartas climáticas básicas ( ) e futuras ( ), realizou-se no ArcGIS versão 10.1 o mapeamento de interpolação espacial utilizando o IDW (Inverse Distance Weighted), tendo visto sua utilização por Amorim et al. (2008), Delgado et al. (2009) e Arai et al. (2010) para espacialização de variáveis climáticas em diversas regiões do Brasil. - Resumo Expandido - [530] ISSN:
3 Tabela 13 - Faixas de aptidão e parâmetros climáticos utilizados para o zoneamento da Seringueira FAIXAS APTIDÃO LIMITAÇÕES E POSSIBILIDADES Ta ( C) Tf ( C) Da (mm) A Apta Condições térmicas e hídrica satisfatórias. Sem mal-das-folhas. Ta 18 C 15 C 1 mm Da 300mm B Restrita Sujeita ao mal-das-folhas e moléstias do painel em baixadas úmidas Ta 18 C 15 C Da = 0 mm C Mal-das-folhas grave. Plantar clones resistentes e evitar baixadas. 1 mm Da 300mm D E Mal-das-folhas grave. Plantar clones resistentes. Deficiência hídrica elevada. Usar solos profundos. Mal-das-folhas em baixadas. Da = 0 mm 301 mm Da 500mm F Inapta Deficiência hídrica excessiva. Da > 500mm G Inapta Carência térmica e geadas severas Ta 18 C Tf 15 C *Temperatura média anual (Ta); Temperatura do mês mais frio (Tf) e Deficiência hídrica anual (Da) RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 2 apresenta os mapas do zoneamento climático da seringueira para o clima atual (Baseline) e futuro (B2) para o Estado do Tocantins. Figura 12 - Zoneamento da Seringueira para clima atual (Baseline) e cenário futuro (B2) De acordo com o zoneamento climático apresentado, observa-se que no clima atual o Estado do Tocantins apresenta em sua totalidade área marginal ao cultivo da seringueira, sendo que 89,20% do - Resumo Expandido - [531] ISSN:
4 seu território apresenta faixa de aptidão marginal devido deficiência hídrica elevada (faixa de aptidão E), com alta probabilidade de ocorrência do mal-das-folhas nas regiões de baixada. Já os outros 10,80% do território, localizado mais ao norte do estado, na região do Bico do Papagaio e parte da região de Araguaína, apresentou faixa de aptidão marginal devido alta probabilidade de ocorrência do mal-das-folhas (faixa de aptidão C), sendo recomendado para esta região, o plantio de clones resistentes. Para o clima atual, o Tocantins não apresentou áreas completamente aptas ou inaptas ao cultivo, resultado este, semelhante ao encontrado por Camargo et al. (2003). Já no zoneamento para o Cenário futuro (B2), o Estado apresenta-se como inapto à heveicultura em todo seu território, por apresentar deficiência hídrica muito elevada, acima de 500 mm (faixa de aptidão F). Este resultado justifica-se devido a estimativa futura de aumento da temperatura média anual e diminuição da precipitação, com isto, acarretando em alta deficiência hídrica do solo nesta região da Amazônia legal. Sabendo que os limites térmicos mais favoráveis à fotossíntese da seringueira estão entre 27 C e 30 C e que as temperaturas entre 18 C e 28 C são as mais indicadas para o fluxo do látex (Carmo et al., 2004), o crescimento e desenvolvimento da seringueira na região de estudo seria prejudicado no cenário futuro, tendo em vista a previsão de um amento entre 1,4 a 4,0 C na temperatura média anual, dessa forma ultrapassando os limites térmicos ideais a cultura. CONCLUSÕES As mudanças climáticas modificarão tanto as faixas de aptidão ao cultivo da seringueira como a ocorrência do mal-das-folhas no Estado do Tocantins. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM R.C.F.; RIBEIRO A.; LEITE C.C.; LEAL B.G.; SILVA J.B.G. Avaliação do desempenho de dois métodos de espacialização da precipitação pluvial para o Estado de Alagoas. Acta Sci. Technol, Maringá, v. 30, n. 1, p , ARAI F.K.; GEULA G.G.; PEREIRA S.B.; COMUNELLO É.; VITORINO A.C.T.; DANIEL D. Espacialização da precipitação e erosividade na baci hidrográfica do rio dourados MS. Eng. Agríc. Jaboticabal, v.30, n.5, p , set./out ASSAD, E.D.; PINTO, H.S.; ZULLO JUNIOR, J.; AVILA, A.M.H. Impacto das mudanças climáticas no zoneamento agroclimático do café no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.11, p , CAMARGO, A.P.; MARIN, F.R.; CAMARGO, M.B.P. Zoneamento climático da heveicultura no Brasil. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, p. Série Documentos Embrapa, n.24. CARMO C.A.F.S.; LUMBRERAS J.F.; NAIME U.J.; GONÇALVES A.O.; FIDALGO E.C.C.; ÁGLIO M.L.D.; LIMA J.A.S. Aspectos Culturais e Zoneamento da Seringueira no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeira: Embrapa Solos, p. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento; n. 60 DELGADO R.C.; SEDIYAMA G.C.; ZOLNIER S.; COSTA M.H. Modelos físico-matemáticos para estimativa da umidade relativa do ar a partir de dados de temperatura. R. Ceres, 56(3): , Resumo Expandido - [532] ISSN:
5 IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Summary for Policymakers Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 18 pp. 2007a. IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). Climate Change 2007: Climate Change Impacts, Adaptation and Vulnerability. Summary for Policymakers Contribution of Working Group II to the Intergovernmental Panel on Climate Change Fourth Assessment Report Climate Change pp. 2007b. PRECIS 2002: PRECIS-Providing Regional Climates for Impacts Studies. The Hadley Centre Regional Climate Modelling system. Hadley Centre,Exeter, UK. 20pp. ROLIM G.S. & SENTELHAS P.C. Balanço Hídrico sequencial por Thornthwaite e Mather (1955). Departamento de Ciências Exatas, Física e Meteorologia, DCE-ESALQ/USP, BHSeq V6.3, AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) pelo uso do laboratório de meteorologia para o processamento das imagens e desenvolvimento do estudo, e a bolsa fornecida pelo Programa Interno de Iniciação Científica PROIC ao primeiro autor. - Resumo Expandido - [533] ISSN:
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