RECOMENDAÇÃO N /2016
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- Victorio Casqueira Sacramento
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1 RECOMENDAÇÃO N /2016 Síntese: DIA D PELO FORTALECIMENTO DO CONTROLE SOCIAL NA SAÚDE INDÍGENA. Recomenda a adoção de práticas visando coibir a contratação de parentes dos membros do CONDISI pela(o) ONG/DSEI. O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio dos Procuradores da República signatários, no uso de suas atribuições institucionais, que lhe são conferidas pela Constituição Federal e pela Lei Complementar n. 75/93, e: CONSIDERANDO que o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (CRFB, art. 127); CONSIDERANDO que são funções institucionais do Ministério Público zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia (CRFB, art. 129, II); bem como promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (CRFB, art. 129, III); CONSIDERANDO que a administração pública direta e indireta de
2 qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (CRFB, art. 37); CONSIDERANDO que a nomeação de parentes para o exercício de cargos públicos em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada, constitui uma prática nociva à Administração Pública; CONSIDERANDO que a utilização da função pública para nomeação de parentes e afins de pessoas é incompatível com o conjunto de vetores axiológicos informativos da Constituição da República; constituindo uma forma de favorecimento intolerável em face da impessoalidade administrativa; CONSIDERANDO que a prestação de serviços em saúde indígena no Estado do Pará pode estar sendo realizada pelo DSEI GUAMÁ TOCANTIS, em parceria com a ONGs, entidades privadas, sem fins lucrativos, que podem atuar com ações complementares de atenção à saúde indígena, por meio de um convênio com a SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), órgão pertencente ao Ministério da Saúde. CONSIDERANDO que pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI), órgão colegiado de caráter permanente e deliberativo, ocorre a participação direta da comunidade na fiscalização e na condução das políticas de saúde e que o Conselho é responsável por fiscalizar, debater e apresentar políticas para o fortalecimento da saúde em sua região. CONSIDERANDO que dentre as atribuições dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena estão participar na elaboração e aprovação do Plano Distrital de Saúde Indígena, bem como acompanhar e avaliar a sua execução; avaliar a execução das ações de atenção
3 integral à saúde indígena; e apreciar e emitir parecer sobre a prestação de contas dos órgãos e instituições executoras das ações e dos serviços de atenção à saúde indígena; CONSIDERANDO que tem pode haver existência de diversos vínculos de parentesco em linha reta, colateral ou por afinidade dentre membros do CONDISI GUAMÁ TOCANTINS e contratados de ONGs; CONSIDERANDO que é possível se utilizar de tais acertos, negociações e concessão de favores a lideranças e conselheiros do CONDISI para neutralizar as ações de reivindicações de povos indígenas, em prejuízo ao potencial transformador do controle social nas políticas pública de saúde indígena; CONSIDERANDO que restou estabelecido na Carta do XIV Encontro Nacional da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão que: Nós, Procuradoras e Procuradores da República abaixo assinados, reunidos no XIV Encontro Nacional da 6ª CCR, promovido nos dias 03, 04 e 05 de dezembro de 2014, em Florianópolis, Santa Catarina, com o objetivo de discutir e estabelecer uma atuação coordenada, sem descuidar das peculiaridades dos povos e das demandas de cada local, para o enfrentamento de problemas comuns no tocante aos direitos dos povos indígenas e demais comunidades tradicionais ENFATIZAMOS a importância da aproximação entre o Ministério Público Federal e os órgãos de controle social da saúde indígena, especialmente por meio do acompanhamento dos Planos Distritais de Saúde Indígena e da garantia do respeito às deliberações dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena; REFORÇAMOS a necessidade de que a Administração Pública garanta liberdade plena na atuação dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena, bem como dos Conselhos Locais de Saúde Indígena, com disponibilização adequada de recursos para o exercício de suas atribuições. CONSIDERANDO que a função de fiscalização exercida pelo CONDISI
4 pode ficar comprometida pelo fato de que seus integrantes possuem parentes próximos contratados pela entidade a ser fiscalizada; RESOLVE RECOMENDAR ao DSEI GUAMÁ TOCANTINS e ao CONDISI GUAMÁ TOCANTINS, com base no art. 6º, XX, da Lei Complementar nº 75/93, que: a) no momento da contratação por parte da ONG ou outro ente privado, deverá ser preenchido, de próprio punho, se o candidato ao emprego possui cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, que exerce função de conselheiro do CONDISI, bem como se ele mesmo exerce tais funções. Em caso de resposta positiva, o candidato não deverá ser contratado, exceto se se tratar de conselheiro que componha a cota dos trabalhadores. b) tais disposições deverão ser observadas para as contratações a serem realizadas a partir do recebimento da presente recomendação. c) quaisquer irregularidades envolvendo o cumprimento da presente recomendação deverão ser noticiadas ao Ministério Público, devendo ser dada ampla ciência de seus termos aos integrantes do CONDISI. O Ministério Público Federal adverte ainda que, conforme Art. 23, 2 da Resolução Nº 87, de 6 de Abril de 2010, do Conselho Superior do Ministério Público Federal, na hipótese de desatendimento à recomendação aqui expressa, o Ministério Público poderá celebrar o compromisso de ajustamento de conduta ou adotar todas as medidas jurídicas cabíveis, cíveis e/ou criminais, em desfavor dos responsáveis contra os que se mantiverem inertes. Belém/PA, 19 de abril de 2016.
5 FELIPE GIARDINI Procuradoria da República no Município de Paragominas LUIS DE CAMÕES LIMA BOAVENTURA Procuradoria da República no Município de Santarém LUIZ EDUARDO DE SOUZA SMANIOTTO Procuradoria da República no Município de Tucuruí NATHÁLIA MARIEL FERREIRA DE SOUZA PEREIRA Procuradora da República Procuradoria da República no Município de Marabá PATRICK MENEZES COLARES Procuradoria da República no Pará (Belém)
CONSIDERANDO que a moradia é um direito social expressamente reconhecido pela Constituição, bem como que é competência comum da União, dos
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