IFRS 4 Classificação dos contratos

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "IFRS 4 Classificação dos contratos"

Transcrição

1 Julho/2005 I Âmbito A aplicação das normas internacionais de contabilidade (IAS/IFRS) ao sector segurador pressupõe a classificação prévia do tipo de contratos celebrados pelas empresas de seguros e de resseguros. Para efeito dessa classificação, devem ser identificadas as diversas componentes dos contratos e as correspondentes características económicas, cuja relevância condicionará o tratamento contabilístico aplicável nos termos da IFRS 4 (aos contratos de seguro), da IAS 39 (aos contratos de investimento) e/ou da IAS 18 (aos contratos de serviços). Nesse sentido, o presente documento tem por objectivo analisar um conjunto de critérios a utilizar no processo de classificação dos contratos comercializados no âmbito da actividade seguradora em Portugal, tendo em conta, nomeadamente, as regras estabelecidas na IFRS 4. Paralelamente procura-se, sempre que possível, exemplificar com produtos concretos nas várias áreas do negócio segurador, existentes nomeadamente no mercado português. Dada a natureza da matéria em questão, deve-se sublinhar que este documento não é exaustivo nem quanto aos critérios a utilizar, nem em relação aos exemplos apresentados. Está previsto que a implementação das IAS ao sector segurador seja efectuada em duas fases. Visto que a IFRS 4 é de carácter interino até que seja implementada a fase II do projecto sobre contratos de seguro a qual envolverá a avaliação das responsabilidades, neste documento restringe-se a abordagem às áreas da fase I cujo risco de reversão é considerado mínimo, ou seja, apenas serão analisadas as matérias que se crê não virem a sofrer alterações de tratamento aquando da adopção da fase II da IFRS sobre contratos de seguro. Portanto, embora a IFRS 4, na actual versão, também se deva aplicar aos instrumentos financeiros emitidos por empresas de seguros e de resseguros que contenham um esquema discricionário de participação nos resultados, opta-se por não desenvolver o processo detalhado de classificação de tais instrumentos neste documento, pelo que o âmbito da análise irá delimitar-se à classificação dos contratos de seguro emitidos pelas empresas de seguros e de resseguros. O princípio da substância sobre a forma deve estar sempre presente na classificação a adoptar. Assim, para efeito da classificação dos contratos, a designação comercial dos produtos ou mesmo a sua designação técnica adoptada no seio da própria empresa de seguros devem ser preteridas face à natureza económica substantiva que esses produtos revestem. 1 / 25

2 Por outro lado, é necessário realçar que o reconhecimento e a classificação dos contratos, bem como os critérios de avaliação das responsabilidades que lhes estão subjacentes, não devem depender da forma legal que os contratos assumem. O processo de classificação dos contratos (e das componentes que os integram) terá consequências não só em termos de contabilização como também aos níveis da avaliação e da divulgação. As empresas de seguros do ramo vida serão, contudo, as mais afectadas pela introdução da IFRS 4 relativamente à classificação dos contratos, dada a importância do risco financeiro na estruturação dos seus produtos, a natureza de longo prazo que frequentemente o seu negócio assume 1 e a frequência de opções e garantias que muitas vezes os contratos contêm 2. Note-se que, neste documento, a referência à expressão contratos de seguro inclui também os contratos de resseguro emitidos, seja pelas empresas de seguros ou pelas empresas de resseguros 3. II Definição de contrato de seguro De acordo com a IFRS 4, para que um acordo possa ser qualificado como contrato com as consequências posteriores ao nível da sua classificação, avaliação, contabilização e divulgação nas demonstrações financeiras, é necessário que tal revista a característica sinalagmática, ou seja, que tenha surgido do consentimento entre duas ou mais partes e daí decorram direitos e obrigações para todas as partes. Portanto, para efeito de contabilização e reporte, excluem-se as situações de auto-seguro, na medida em que não existe acordo com outra parte. Para além disso, a norma estabelece que um contrato de seguro resulta de um acordo mantido entre uma empresa de seguros (ou de resseguros) e um tomador de seguros, segundo o qual a empresa recebe do tomador um prémio correspondente ao risco que é transferido para essa empresa, concordando em compensar o tomador, segurado ou beneficiário, através do pagamento (bruto 4 ) de indemnizações e/ou outros tipos de benefícios, caso a ocorrência de um acontecimento seguro afecte adversamente o segurado, o beneficiário ou qualquer entidade lesada com tal ocorrência 5. 1 Como se verá mais à frente neste documento, a questão da identificação, por exemplo, das vertentes da incerteza do acontecimento seguro, ou dos benefícios adicionais significativos, é mais premente nos produtos cuja maturidade dos contratos é maior. 2 Tais opções e garantias na medida em que constituem um derivado incorporado num dado contrato de base devem, em muitos casos, ser avaliadas a justo valor. 3 Embora não seja relevante para efeito da classificação dos contratos, sublinhe-se que a IFRS 4 não inclui no seu âmbito os contratos de seguro em que a própria empresa de seguros assume o papel de tomador. 4 I.e. excluindo quaisquer possíveis recuperações de resseguro. 5 Contudo, nem sempre é necessário que a empresa de seguros investigue se existe ou não esse efeito adverso. Alguns contratos estão estabelecidos por forma a que o segurado, beneficiário ou qualquer 2 / 25

3 No esquema seguinte são apresentados os fluxos entre a empresa de seguros e o tomador, para o caso dos contratos de seguro com risco significativo de seguro, e entre a empresa de resseguros e a empresa de seguros, para o caso dos contratos de resseguro com risco significativo de seguro, relevantes para a definição de contratos de seguro. Indemnizações e/ou benefícios Tomador de seguro / Empresa de seguros Prémio Acontecimento seguro Risco significativo de seguro Empresa de seguros / Empresa de resseguros Fluxos financeiros Fluxos económicos Relativamente aos fluxos económicos intrínsecos aos contratos de seguro e essenciais para a classificação dos produtos, há que ter subjacente duas condições que requerem uma atenção especial e uma análise cuidada: O acontecimento seguro coberto pressupõe a verificação de um evento incerto. É necessário conhecer previamente qual o risco de seguro que está associado à incerteza desse evento seguro; O risco financeiro 6 não deve ser considerado risco de seguro, e a mera existência de risco de seguro não permite qualificar os contratos como sendo de seguro. Para essa qualificação, é preciso que tenha havido uma transferência de risco significativo de seguro do tomador para a empresa de seguros (ou da empresa de seguros para a empresa de resseguros) 7. entidade lesada não tenha de provar que sofreu uma perda adversa para receber o benefício, quer porque a investigação do efeito adverso seria vista, geralmente, como imprópria, quer porque o tipo de risco torna razoável assumir que a pessoa foi afectada adversamente. São os casos dos riscos relacionados com a vida/morte ou a saúde/doença/invalidez. 6 Consiste no risco de uma possível alteração futura quer nas variáveis financeiras (nomeadamente taxas de juro, preços de instrumentos financeiros, taxas de câmbio, índices e notações de crédito), quer em variáveis não financeiras desde que estas não sejam específicas de uma parte do contrato (como por exemplo um índice de perdas por sismo numa certa região ou um índice de temperaturas numa determinada cidade). 7 Note-se que uma transferência de risco significativo não significa que o risco de seguro não possa ser pequeno. De facto, o risco de seguro pode ser pequeno comparativamente ao risco total transferido para a empresa de seguros ou de resseguros e, mesmo assim, não ser insignificante para efeito da classificação dos contratos. 3 / 25

4 A incerteza quanto ao acontecimento seguro e a existência de transferência de risco significativo de seguro são duas faces da mesma moeda. Ambas devem estar permanentemente presentes no processo de avaliação dos contratos com vista à sua classificação em contratos de seguro. Essa avaliação deve basear-se na economia dos contratos, no momento da sua celebração, altura em que se tornam efectivas as obrigações para as partes contratantes. A avaliação tanto da incerteza do acontecimento seguro como da significância do risco de seguro transferido devem ser efectuadas ao nível do contrato individual (i.e. apólice a apólice) ou, em certos casos, ao nível agregado de um conjunto de contratos (designadamente modalidade a modalidade). Contudo, a agregação de contratos para efeito da sua classificação implica que estes tenham a mesma natureza ou naturezas muito similares, de modo a que cada contrato de per si possa ser considerado um elemento representativo do conjunto dos contratos em termos do risco assumido pela empresa de seguros. Nalgumas situações, em vez de avaliar cada contrato em termos individuais, pode ser preferível avaliar um contrato representativo escolhido de um grupo de contratos semelhantes contendo risco de seguro do mesmo tipo. Embora a avaliação contrato a contrato facilite a classificação de um contrato como sendo de seguro, se se souber que uma carteira é constituída por pequenos contratos relativamente homogéneos, e onde, para a grande maioria dos contratos, está presente a transferência de risco significativo de seguro, então a empresa de seguros não precisa de examinar cada contrato dessa carteira para identificar que um número reduzido de contratos da carteira transferem risco de seguro não significativo. III Acontecimento seguro III.1 Evento do sinistro e momento de pagamento Para identificar o acontecimento seguro não é necessário que a ocorrência do evento do sinistro e o momento de pagamento do benefício por parte da empresa de seguros ocorram durante o prazo de vigência do contrato. Com efeito, em alguns contratos de seguro: O acontecimento seguro consiste na verificação de uma perda durante o prazo do contrato, mesmo que essa resulte de um evento que tenha ocorrido antes do início do contrato. Pode ser o caso de seguros de doença onde a empresa de seguros tenha aceite situações de doença manifestada antes do início do contrato; 4 / 25

5 O acontecimento seguro (do contrato de seguro directo) já ocorreu mas o efeito financeiro ainda é incerto. Um exemplo pode ser um contrato de resseguro que cobre a empresa de seguros directa contra o desenvolvimento adverso de sinistros já relatados por tomadores de seguros. Nesse contrato, o acontecimento seguro é a verificação do custo final desses sinistros; O acontecimento seguro representa a ocorrência de um evento durante o prazo do contrato, ainda que a respectiva perda seja descoberta após o final do prazo do contrato. Trata-se, por exemplo, do caso de um acidente de trabalho cujas lesões só tenham sido manifestadas após o final do contrato. III.2 Vertentes da incerteza A característica essencial de um contrato de seguro reside no factor de incerteza, ou seja, no risco associado à ocorrência de um evento seguro relevante. Tal incerteza do acontecimento seguro pode ser analisada sob um dos seguintes aspectos, à data de início do contrato: Ocorrência (i.e. se um acontecimento vai ou não ocorrer) Variável O ; Momento (i.e. quando vai ocorrer esse acontecimento, durante o período em que o contrato se mantém em vigor) Variável M ; Valor (i.e. qual o montante de benefício que a empresa de seguros ou de resseguros terá de pagar em caso de ocorrência do acontecimento) Variável V. Assim, o acontecimento seguro pode resultar de várias interacções de variáveis ou factores de incerteza. No quadro seguinte apresentam-se, para cada combinação dessas variáveis, exemplos de produtos-tipo que poderão ser classificados como sendo contratos de seguro 8. Combinações possíveis O, M e V incertas Exemplos de contratos Maioria dos contratos dos ramos não-vida Seguro temporário de capital variável 9 Seguro de rendas certas amortizações Seguro de rendas de sobrevivência (continua) 8 A combinação O e V incertas e M certa não consta do quadro por não poder ser aplicável. Com efeito, existe total incompatibilidade entre a certeza quanto ao momento da ocorrência do pagamento do benefício e a incerteza quanto à ocorrência do acontecimento seguro em si mesmo. 9 Embora o seguro temporário de capital decrescente seja o mais comum, estão incluídas todas as restantes formas de seguro temporário em que o capital pago pela empresa de seguros em caso de morte da pessoa segura varia em função da data dessa morte. 5 / 25

6 Combinações possíveis Exemplos de contratos (continuação) O e M incertas; V certa Contratos dos ramos não-vida com prestações convencionadas 10 Seguro de vida temporário M e V incertas; O certa Seguro misto de pagamentos antecipados Seguro misto de capital variável 11 Seguro de rendas imediatas (vitalícias ou temporárias) Seguro de vida temporário com contrasseguro de prémios 12 Seguro de capital diferido com contrasseguro de prémios (sem juros) 13 O incerta; M e V certas Seguro de capital diferido (sem contrasseguro de prémios) Seguro de rendas diferidas (vitalícias ou temporárias) 14 M incerta; O e V certas Seguro de vida inteira Seguro misto (clássico) 15 V incerta; O e M certas Contrato de resseguro retroactivo 16 Realce-se no entanto a necessidade de não interpretar os resultados da análise desses factores de incerteza intrínsecos a cada contrato como podendo ser deterministas em termos de classificação dos produtos. De facto, nalgumas situações, esses resultados podem conduzir a que uma análise preliminar das conclusões extraídas da interpretação do quadro anterior possa induzir de forma errónea à classificação dos produtos como contratos de seguro. Seguidamente referem-se algumas situações de produtos comercializados, onde só uma avaliação cuidada das situações particulares dos contratos permite a correcta classificação dos produtos. 10 Isso é mais frequente nos seguros da modalidade acidentes pessoais, em que a empresa de seguros, por exemplo para o caso da garantia em caso de morte da pessoa segura, paga um valor pré-definido. 11 Esses produtos referem-se aos seguros mistos cujo montante a pagar em caso de vida difere do montante a pagar em caso de morte da pessoa segura. Ainda que a empresa de seguros conheça antecipadamente esses montantes relativos à perda máxima possível do risco de sinistro em caso de vida ou em caso de morte, não sabe se irá pagar o montante em caso de vida, ou se o montante em caso de morte. 12 Ver explicação constante da subsecção III Ver explicação constante da subsecção III Trata-se de um produto correspondente a um seguro de capital diferido cujo capital é utilizado para comprar (o prémio único de) uma renda imediata (seja vitalícia ou temporária). 15 Inclui igualmente o seguro misto com opções (de pagamento em caso de sobrevivência da pessoa segura no fim do contrato). 16 I.e. contrato de resseguro em que o acontecimento seguro relevante já ocorreu, mas desconhece-se o valor líquido que será pago. 6 / 25

7 III.3 Capitalização Em geral, deve-se assumir que os produtos (sejam seguros ou operações) assentes na capitalização dos prémios pagos ou montantes entregues pelo tomador de seguros não devem ser classificados como sendo contratos de seguro mas sim contratos de investimento. Um dos referenciais para a classificação dos produtos em contratos de seguro ou contratos de investimento e que, de modo geral, pode funcionar como uma regra prática para esse efeito reside no modo de cálculo dos prémios ou montantes a pagar pelo tomador. A diferença essencial reside no seguinte: Nos seguros ditos tradicionais (i.e. contratos de seguro, na acepção em que existe uma transferência de risco significativo de seguro), o tomador escolhe o capital de cobertura pretendido/montante de benefícios que deseja receber em caso de ocorrência de um evento seguro, sendo o respectivo prémio calculado a partir dessa escolha; Contrariamente, nos produtos financeiros, o tomador escolhe o montante de entregas que pretende efectuar, em função do qual é calculado o capital de cobertura/montante de benefícios a atribuir pela empresa de seguros. III.4 Contrasseguro Para além da questão da capitalização que pode estar intrínseca a alguns contratos, é necessário uma análise e atenção suplementares para os produtos que envolvem contrasseguro dos valores pagos à empresa de seguros, dado que, por vezes, a devolução desses valores corresponde, em certa medida, a uma forma de atenuar ou anular o risco de seguro que está subjacente a um seguro tradicional de base (nomeadamente um seguro de capital diferido). Eis três exemplos que incluem contrasseguro, com explicação do tratamento que deve ser dado em termos da classificação dos contratos. III.4.1 Seguros de vida temporários com contrasseguro de prémios Nos seguros de vida temporários com contrasseguro dos prémios pagos, a existência de contrasseguro não tem necessariamente o objectivo atrás mencionado de alteração do risco de seguro que a empresa de seguros assume. Pretende-se apenas tornar a comercialização do seguro temporário mais atractiva para o tomador, mas que em nada afecta o risco inerente a esse tipo de produto. Nos produtos assim comercializados, o(s) prémio(s) cobrado(s) ao tomador consoante se trate de prémio único ou de prémios periódicos incorpora(m), para além da componente do seguro temporário, uma componente de seguro de capital diferido cujo capital corresponde 7 / 25

8 exactamente à devolução (sem juros) do(s) prémio(s) pago(s) se a pessoa segura estiver viva no final do contrato. Assim, ainda que a empresa de seguros saiba antecipadamente que haverá sempre lugar ao pagamento de um benefício, desconhece-se quer o momento, quer o montante de pagamento (dado que tanto pode ser o capital em caso de morte ou, em caso de vida, o prémio único pago no início do contrato ou a soma dos prémios periódicos pagos durante a vigência do contrato). Logo, esses produtos deve ser classificados como contratos de seguro. III.4.2 Seguros de capital diferido com contrasseguro de prémios (sem juros) Num seguro de capital diferido com contrasseguro dos prémios pagos, a componente em caso de vida corresponde ao prémio único ou prémios periódicos de um seguro de capital diferido normal, enquanto que a componente em caso de morte para efeito da garantia do contrasseguro, ou seja, devolução do(s) prémio(s) mas sem juros corresponde ao(s) prémio(s) de um seguro temporário cujo capital é o prémio único ou a soma dos prémios periódicos de todo o contrato. Assim, embora a empresa de seguros saiba que haja sempre lugar ao pagamento de um certo benefício, permanece a incerteza quanto ao momento bem como ao montante de pagamento, pois em caso de vida no final do contrato pagará o capital pré-determinado, enquanto que em caso de morte pagará apenas o(s) prémio(s) associado(s) ao contrato. Desse modo, esses produtos devem ser classificados como contratos de seguro. III.4.3 Seguros de capital diferido a prémio único com contrasseguro de prémios capitalizados Veja-se o caso dos seguros de capital diferido a prémio único com contrasseguro de prémios capitalizados à taxa de juro técnica do contrato. Tratam-se de produtos muito utilizados pelas empresas de seguro para competir com outros produtos de captação de poupança, comercializados a prémio único, em que se prevê o pagamento de um valor se a pessoa segura estiver viva ao fim do prazo do contrato ou, em caso de morte dessa pessoa durante o período de vigência desse contrato, a devolução dos prémios pagos ou montantes entregues pelo tomador capitalizados à taxa de juro do contrato. Repare-se que uma análise isolada das três vertentes de incerteza expostas em III.2 levaria a concluir que esse tipo de produtos poderiam ser contratos de seguro, pois embora seja certa a ocorrência de pagamento por parte da empresa de seguros dado ter a natureza de um vulgar seguro misto, ou seja, a empresa tem de pagar, seja em caso de vida, seja em caso de morte 8 / 25

9 da pessoa segura, desconhece-se exactamente o momento de pagamento e o respectivo valor. No entanto, a conclusão seria errada uma vez que, nesse tipo de produtos, a empresa não assume qualquer tipo de risco de seguro. As incertezas quanto ao momento e à quantia a pagar estão associadas somente ao valor capitalizado dos montantes entregues, ou seja, a empresa recebe uma certa quantia e devolve-a capitalizada a uma determinada taxa, em função do tempo decorrido do contrato. Esses produtos devem, portanto, ser classificados como contratos de investimento. III.5 Seguros dotal Nos seguros dotal (ou seguros de prazo fixo), uma empresa sabe antecipadamente que, num momento temporal em concreto correspondente ao fim do prazo do contrato, irá pagar um determinado montante de capital, independentemente da pessoa segura estar ou não viva nesse específico momento. Pelo que se viu anteriormente em relação aos seguros de capital diferido a prémio único com contrasseguro à taxa de juro técnica do contrato, a análise tridimensional dos factores de incerteza anteriormente mencionados conduz, em princípio, à não consideração dos seguros dotal como contratos de seguro e, nesse caso, à respectiva qualificação como contratos de investimento, por não incorporarem qualquer risco não financeiro ou, por outras palavras, qualquer tipo de incerteza em termos de ocorrência, momento e valor a pagar nos termos anteriormente referidos em relação ao acontecimento seguro. Contudo, essa interpretação poderá ser algo diferente consoante a forma de comercialização dos produtos em causa. Se esse tipo de produtos for comercializado a prémio único, trata-se de um contrato meramente financeiro e, portanto, deverá ser classificado como contrato de investimento. Quando, pelo contrário, a comercialização for feita a prémio anual, então no cálculo do prémio intervém uma parcela de risco referente à probabilidade de morte. A questão que se coloca é aferir até que ponto a comercialização a prémio anual poderá conduzir a uma classificação diferente da que deve ser dada quando a comercialização é feita a prémio único, mesmo que a economia do contrato seja exactamente a mesma em qualquer desses dois tipos de comercialização. Entende-se que a classificação poderá ser diferente (em função do tipo de comercialização) apenas no caso de se assumir que a componente de risco incorporada no cálculo dos prémios anuais é significativa o que, em primeira instância, não parece que venha a ser o caso. Sem prejuízo de poderem eventualmente existir casos que conduzam à classificação dos seguros dotal em contratos de seguro, é fundamental que seja efectuada uma análise individual para cada contrato, em função da idade da pessoa e do prazo de pagamento dos prémios e, para além disso, que também seja quantificado o risco acrescido que existe 9 / 25

10 face ao cenário de comercialização a prémio único e daí concluir se esse risco transferido poderá ou não ser considerado suficientemente significativo para permitir a classificação do produto como contrato de seguro. IV Risco de seguro IV.1 Significância do risco pré-existente O risco relevante para a avaliação da significância do risco de seguro é apenas o risco não financeiro que é transferido pelo tomador de seguros para a empresa de seguros (ou desta para a empresa de resseguros). A definição de risco de seguro pressupõe sempre um risco pré-existente transferido do tomador de seguros para a empresa. Assim sendo, qualquer novo risco que decorra do próprio contrato não é considerado um risco de seguro. Segundo a IFRS 4, o risco de seguro pré-existente é significativo se e só se um acontecimento seguro puder obrigar uma empresa de seguros a pagar benefícios adicionais significativos 17 em qualquer cenário, excluindo cenários com falta de substância comercial (ou seja, cenários que não têm efeito relevante na economia do contrato). Assim, desde que associados a cenários com substância comercial, devem ser considerados os benefícios adicionais significativos, mesmo se o acontecimento seguro for extremamente improvável, ou até mesmo se o valor actual esperado (ponderado pela probabilidade de ocorrência) referente aos cash-flows contingentes associados aos benefícios a pagar representar apenas uma pequena proporção do valor actual esperado de todos os cash-flows de pagamentos contratuais remanescentes. Portanto, a determinação da significância do risco transferido deve ser analisada numa base em que os cenários não são ponderados pelas probabilidades visto que o risco de seguro pode ser significativo mesmo que exista uma probabilidade mínima de perdas materiais para uma carteira completa de contratos, mas antes obtidos através do intervalo de benefícios possíveis. Pode-se concluir que um produto com transferência de risco de seguro insignificante, ou cuja quantidade contigente envolvida seja insignificante em todos os cenários com substância comercial, não deve ser classificado como contrato de seguro. Por outro lado, os contratos que transferem risco financeiro e também risco significativo de seguro devem ser classificados como contratos de seguro, sem prejuízo de dever ou poder ser efectuada a separação das componentes de seguro e de depósito Esse conceito será abordado já de seguida, em IV Ver secção VIII deste documento. 10 / 25

11 IV.2 Benefícios adicionais significativos Para aferir se existe transferência de risco significativo de seguro nos contratos, para além da condição relativa ao risco pré-existente transferido para a empresa de seguros ou de resseguros, é ainda necessário que se avalie a condição respeitante aos benefícios adicionais significativos (que as empresas de seguros ou de resseguros terão de pagar em caso de ocorrência de um acontecimento seguro). Os benefícios adicionais significativos devem basear-se sempre na ocorrência de acontecimentos seguros relacionados com riscos de seguro pré-existentes, e referem-se a quantias que excedem aquelas que seriam pagáveis se não ocorresse qualquer acontecimento seguro (excluindo cenários em que falta substância comercial) 19. Essas quantias adicionais incluem custos de gestão e de avaliação de sinistros. Por exemplo, nos produtos do ramo vida, se os benefícios a pagar em caso de morte evento seguro não forem significativamente maiores do que os benefícios a pagar na maturidade dos contratos ou nos casos de resgate desses contratos, então presume-se que não existe transferência de risco significativo de seguro e, assim, os produtos não devem ser classificados como contratos de seguro 20. A expressão benefícios adicionais deve ser entendida como o montante de compensação pela perda potencial sofrida pelo tomador de seguros. Nas situações em que o montante do benefício a pagar não depende explicitamente da perda sofrida quantificável, a empresa de seguros deverá considerar se a perda potencial do tomador é significativa. Se, para efeito da determinação da significância, houver uma diferença óbvia e demonstrável entre os benefícios adicionais e a perda real do tomador, mas não sendo esta perda significativa, pode-se concluir que o risco do seguro não é significativo. 19 De acordo com a IFRS 4, são excluídos dos benefícios adicionais significativos nomeadamente os montantes relativos a: Valores insignificantes eventualmente a pagar, independentemente do tipo de cenário com substância comercial; Perdas decorrentes da impossibilidade de continuar a cobrar ao tomador certos serviços futuros. Por exemplo, num contrato de seguro de vida associado a um determinado investimento, a morte do segurado significa que a empresa de seguros já não pode prestar serviços de gestão desse investimento nem cobrar as correspondentes comissões. Contudo, esta perda económica para a empresa de seguros não reflecte risco de seguro, da mesma forma que a entidade gestora desse investimento não assume um risco de seguro em relação à possível morte do cliente. Portanto, a potencial perda de futuras comissões de gestão de investimentos não é relevante para avaliar o grau de risco de seguro que é transferido por um contrato; Pagamentos condicionados a acontecimentos que não causam perdas significativas ao detentor dos contratos. Por exemplo, considere-se um contrato onde se exija que a empresa de seguros pague uma determinada quantia (ainda que muito avultada) se um activo sofrer danos físicos que causem uma perda económica insignificante para o detentor. Neste contrato, o detentor transfere para a empresa de seguros o risco insignificante da perda de uma parte insignificante do montante total. Dado que a empresa de seguros não aceita o risco significativo de seguro do detentor, este contrato não constitui um contrato de seguro; Possíveis recuperações de resseguro, devendo nesses casos a empresa de seguros registá-las separadamente. 20 Essas situações verificam-se, por vezes, nos produtos unit-linked e index-linked. 11 / 25

12 Eis dois casos, constantes da própria IFRS 4: Se um contrato pagar um benefício por morte que exceda a quantia a pagar por sobrevivência, ou que exceda os montantes a pagar em caso de resgate ou na maturidade, o contrato é um contrato de seguro a não ser que o benefício adicional por morte seja insignificante em todos os cenários com substância comercial; Um contrato de rendas cujo pagamento dependa da vida da pessoa segura/beneficiário é um contrato de seguro, a não ser que seja insignificante o risco de seguro, pelo que se torna necessário aferir do risco transferido para a empresa de seguros. De facto, no caso concreto de contratos de rendas temporárias, esses podem não ser classificados como contratos de seguro se as pessoas seguras/beneficiários tiverem idades bastante novas, dado que, nessa situação, o risco de morte deve ser considerado insignificante. IV.3 Casos específicos Seguidamente apresentam-se alguns casos específicos merecedores de serem analisados cuidadosamente, por forma a distinguir o que deve ser considerado contrato de seguro e contrato de investimento. IV.3.1 Unit-linked e index-linked Os produtos unit-linked 21 e index-linked 22 deverão, em princípio, ser considerados contratos de investimento, por não existir geralmente qualquer transferência de risco significativo de seguro. Para os contratos unit-linked e index-linked que incluem alguma transferência de risco de seguro (mas insuficiente para permitir que possam ser classificados como contratos de seguro), a empresa de seguros pode classificar todo o contrato como contrato de investimento, ou fazer a separação das componentes de depósito e de seguro 23. Veja-se o caso dos unit-linked e index-linked que contêm um benefício em caso de morte, correspondendo o benefício a 100% do valor das unidades de participação em caso de resgate ou na maturidade e 101%, por exemplo, do valor das unidades em caso de morte. Nesse contrato, a componente de depósito corresponde a 100% do valor das unidades de participação, enquanto que a componente de seguro corresponde ao benefício adicional de 1% 21 Esse tipo de produtos inclui os contratos em que as prestações a pagar pela empresa de seguros se encontram directamente ligadas ao valor das unidades de participação de fundos de investimento ou de fundos autónomos detidos pela própria empresa de seguros. 22 Esse tipo de produtos inclui os contratos em que as prestações a pagar pela empresa de seguros se encontram directamente ligadas a um índice de acções ou a qualquer outro valor de referência diferente do valor das unidades de participação dos fundos de investimento ou fundos autónomos mencionados na nota de pé-de-página anterior. 23 Ver secção VIII deste documento. 12 / 25

13 do valor das unidades concedido por morte e, portanto, representa uma transferência de risco de seguro negligenciável. Contudo, se houverem produtos unit-linked ou index-linked que contenham uma transferência de risco significativo de seguro designadamente o benefício que consiste num pagamento adicional significativo em caso de morte 24, eles devem ser considerados contratos de seguro. Também nesses casos a empresa pode classificar todo o contrato como contrato de seguro, ou fazer a separação das componentes de seguro e de depósito 25. IV.3.2 Seguros de doença De acordo com a IFRS 4, os seguros de doença são considerados contratos de seguro se houver transferência de risco significativo de seguro. Em Portugal, os seguros de doença têm sido explorados predominantemente segundo dois tipos de modelos: o modelo clássico de reembolso e o modelo de rede convencionada (ou managed care), os quais repartem em iguais proporções o mercado desse tipo de seguros. A empresa de seguros deve necessariamente avaliar, contrato a contrato, o nível de risco assumido, por forma a identificar a existência de risco significativo de seguro e se existe uma componente de serviços. Nalguns casos, a componente de serviços esgota a totalidade da substância dos seguros de doença, ou seja, esses seguros traduzem-se unicamente em contratos de prestação de serviços. Os prémios recebidos pela empresa de seguros correspondem às indemnizações pagas, acrescidas de uma comissão de gestão. Assim sendo, o prestador de serviços (ou seja, a empresa de seguros) não assume qualquer risco significativo de seguro, limitando-se somente a pagar os montantes apresentados pelo cliente (dito tomador). O ajustamento na tarifação pode ser efectuado durante a anuidade a que o produto se refere ou após o final dessa anuidade. Desse modo, todas as alterações ao nível da sinistralidade eventualmente suportada pela empresa de seguros são colmatadas por correcções ao valor dos prémios futuros. Neste caso em particular, dado que não existe qualquer transferência de risco, o contrato deve ser classificado como contrato de serviços. 24 Está-se a referir apenas a benefícios pagáveis decorrentes da ocorrência de eventos seguros. Logo, se o tomador de seguros tiver o direito de receber da empresa de seguros o pagamento de um montante fixo seja, por exemplo, 10% do montante entregue, ou 10% do valor das unidades de participação à data do pagamento, em que esse pagamento depende exclusivamente do exercício de opção por parte do tomador, o contrato não deve ser considerado contrato de seguro. Deverá ser considerado contrato de investimento, e essa opção de resgate deverá ser avaliada no âmbito da IAS Ver secção VIII deste documento. 13 / 25

14 IV.3.3 Seguros de crédito Os seguros de crédito na medida em que estão previstos pagamentos concretos, por parte da empresa de seguros, para reembolsar o tomador de seguros por uma perda em que incorre pelo facto de um determinado devedor não efectuar um pagamento quando este era devido de acordo com os termos de um instrumento de dívida devem ser classificados como contratos de seguro, desde que combinem a incerteza quanto ao pagamento de indemnizações com o critério de transferência de risco significativo de seguro. O que deve relevar é a natureza substantiva dos seguros e não a sua comparação com outros produtos. Se não houver transferência de risco significativo de seguro, os produtos não devem ser classificados como contratos de seguro. No caso contrário, deve ser dado o mesmo tratamento do que é atribuído aos restantes produtos qualificados como contratos de seguro. Com efeito, para a classificação desse tipo de contratos qualquer que seja a forma que assumem 26, deve-se abstrair o facto de, noutros produtos similares (como por exemplo no âmbito da actividade bancária), não haver transferência de risco para o seu emitente. Os seguros de crédito devem ser avaliados no âmbito da IAS 39 apenas quando transferirem risco sobretudo financeiro. Por exemplo, um contrato de garantia financeira (ou letra de crédito, produto derivado por incumprimento de crédito ou contrato de seguro de crédito) que exige pagamentos da empresa de seguros mesmo que o detentor não tenha incorrido numa perda pelo facto de o devedor não ter efectuado pagamentos quando eram devidos, não deve ser considerado contrato de seguro. IV.3.4 Resseguro e transferências alternativas de risco Também aqui, e independentemente da forma de prossecução da transferência de risco intrínseca a cada contrato, deve ser efectuada uma análise individual dos contratos, com vista à sua correcta classificação. Como regra geral, e atenta sempre a natureza substantiva dos contratos, os tratados de resseguro tradicional versus resseguro de risco finito (ou resseguro financeiro) aceites pelas empresas de seguros (e de resseguros) são classificados como contratos de seguro, desde que haja incerteza no pagamento de indemnizações e tenha havido uma transferência de risco significativo de seguro, caindo portanto no âmbito da IFRS 4. Caso contrário, devem ser tratados de acordo com a IAS 39. Quanto às restantes formas de transferência de risco não incluídas nos tratados clássicos de resseguro tradicional, é necessário aferir correctamente se existe transferência de risco 26 Note-se que os seguros de crédito actualmente comercializados podem assumir várias formas legais, para além da forma de contrato de seguro, tais como: garantia financeira, letra de crédito ou produto derivado por incumprimento de crédito. 14 / 25

15 significativo de seguro, tendo em consideração a incerteza quanto à ocorrência dos acontecimentos seguros, se existentes. Nesse sentido, não é possível definir ao contrário do que pode acontecer no resseguro dito tradicional que um certo tipo de produto emitido pela empresa de seguros ou de resseguros deve ser classificado como contrato de seguro ou contrato de investimento. A esse propósito, no quadro seguinte apresentam-se três tipos de produtos e a classificação que deve ser feita em função das respectivas características: Contrato de seguro Contrato de investimento Resseguro de risco finito Derivados Tratado que concede ao cedente uma cobertura para sinistros ainda não declarados decorrentes de contratos passados (IBNR e IBNER), em que a empresa de resseguros absorve parte dos riscos associados a esses sinistros ainda não declarados, mas onde o prémio pago pela empresa de seguros directa reflecte não apenas os riscos técnicos assumidos mas também o valor actual líquido dos pagamentos por sinistros esperados durante a vigência do contrato. Swaps de seguro e outros contratos de produtos derivados que exigem um pagamento com base em alterações em variáveis climáticas, geológicas ou outras variáveis físicas que sejam específicas de uma parte do contrato. Tratado em que a empresa emitente paga um montante pré-definido no caso do rácio de sinistralidade ser inferior a uma taxa exageradamente elevada para as características da modalidade subjacente por exemplo 120% no ramo automóvel, de modo a que facilmente se constata que não existe qualquer incerteza quanto ao pagamento das indemnizações nos cenários com substância comercial; Contratos que têm a forma legal de seguros, mas passam todo o risco significativo de seguro para a empresa de seguros directa através de mecanismos contratuais não canceláveis e inoponíveis que ajustam pagamentos futuros por parte dessa empresa como resultado directo de perdas seguras. Derivados que expõem uma parte contratante a risco financeiro, mas não a risco de seguro, porque exigem que essa parte faça um pagamento unicamente com base em alterações, por exemplo, em taxas de juro, preços de instrumentos financeiros, taxas de câmbio, índices e notações de crédito ou outra variável não financeira (desde que, neste caso, a variável não seja específica de uma parte do contrato). (continua) 15 / 25

16 Contrato de seguro (continuação) Contrato de investimento Obrigações catastróficas Obrigações que proporcionam pagamentos reduzidos de capital, juros ou ambos à empresa de seguros (enquanto detentor da obrigação) se um acontecimento seguro especificado afectar adversamente o emitente da obrigação (i.e. o tomador de seguros, seja uma empresa de resseguros ou uma qualquer empresa de seguros), desde que esse acontecimento crie risco significativo de seguro. Obrigações que proporcionam pagamentos reduzidos de capital, juros ou ambos à empresa de seguros, com base numa variável climática, geológica ou outra variável física que não seja específica de uma parte do contrato (e, portanto, que não afecte adversamente o emitente); Obrigações que proporcionam pagamentos reduzidos de capital, juros ou ambos à empresa de seguros se um acontecimento seguro especificado afectar adversamente o emitente da obrigação, desde que esse acontecimento não crie risco significativo de seguro, por exemplo, se o acontecimento for uma alteração numa taxa de juro ou numa taxa de câmbio. V Contratos de investimento A expressão contrato de investimento é apenas um termo utilizado pelo Guia de Implementação (Implementation Guidance) da IFRS 4, para descrever instrumentos financeiros que não são classificados como contratos de seguro. Assim, devem ser classificados como contratos de investimento (ou instrumentos financeiros) aqueles que incluem apenas risco financeiro, bem como aqueles que, embora transfiram risco financeiro e risco de seguro e mesmo que tenham a forma legal de um contrato de seguro, não exponham a empresa de seguros ou de resseguros a um risco significativo de seguro. Para além das referências que têm sido feitas no presente documento relativamente à classificação dos contratos, podem-se citar, a título de exemplo, os seguintes casos enquadráveis nos contratos de investimento: Seguros de vida em que a empresa de seguros não suporta qualquer risco biométrico significativo, como seja a diversa gama de produtos de poupança e de planos de pensões; Unit-linked e index-linked puros, cuja garantia em caso de vida e em caso de morte é o valor das unidades de participação; Unit-linked e index-linked com garantias mínimas em caso de morte 27, quando o benefício adicional em caso de morte não é significativo. Nestas situações levanta-se a questão prática de, por vezes, sentir-se a necessidade de quantificar o que deve ser considerado de significativo ; 27 Ou em caso de qualquer outra contingência contratualmente prevista. 16 / 25

17 Operações de capitalização sem participação nos resultados, visto não existir qualquer acontecimento futuro incerto em matéria de pagamento de benefícios associado ao risco de seguro pré-existente 28 ; Seguros de grupo que, através de mecanismos (por vezes não canceláveis e inoponíveis) de ajustamentos no pagamento de prémios futuros, transferem para o tomador todo ou quase todo o risco de seguro, para recuperar ou anular as perdas seguras. Nalguns desses contratos, tais ajustamentos incluem a compensação para o valor temporal dos montantes correspondentes às perdas assumidas pela empresa de seguros. VI Participação nos resultados Os contratos de seguro e os instrumentos financeiros podem conter esquemas discricionários de participação nos resultados (discretionary participation features). Contudo, a existência ou não de participação nos resultados seja nos contratos de seguro ou nos contratos de investimento em nada deve condicionar os critérios de classificação dos produtos (ainda que, pelo menos durante a fase I, essa participação seja relevante em termos contabilísticos, na medida em que, como já se referiu, a IFRS 4 também deve ser aplicada aos instrumentos financeiros com esquemas discricionários de participação nos resultados). A IFRS 4 permite dois tipos de tratamento dos esquemas discricionários de participação nos resultados: reconhecimento conjunto do elemento garantido (ou contrato de base) e do esquema discricionário de participação nos resultados, e reconhecimento separado 29. Como se disse no início deste documento, apesar dos instrumentos financeiros com esquemas discricionários de participação nos resultados caírem no âmbito da IFRS 4, não serão aqui tratados. Os instrumentos financeiros sem esquemas discricionários de participação nos resultados caem no âmbito da IAS 39. Trata-se de uma matéria ainda em aberto, cujo tratamento será melhor abordado apenas na fase II. VII Contratos de serviços Se um contrato (ou uma componente de um contrato) incluir a obrigação de prestação de um serviço, deve ser considerado contrato de serviços. Esta é usualmente a situação dos contratos 28 Se houver um esquema discricionário de participação nos resultados, esse deve ter um tratamento à luz da IFRS A razão de separar o contrato no elemento garantido e no esquema de participação nos resultados é, entre outras, fornecer as bases de aplicação da IAS 39. Com este propósito, o elemento garantido seria identificado e constituiria um elemento separado a ser usado como base para a aplicação da IAS / 25

18 em que a empresa de seguros não assume qualquer risco seja risco de seguro ou risco financeiro mas, em vez disso, fornece um serviço em troca de uma comissão 30. Portanto, ao contrário dos contratos de seguro ou dos instrumentos financeiros, os contratos de serviços não criam uma obrigação de seguro ou financeira para a empresa de seguros, visto não haver qualquer transferência de risco através desse contrato. Exemplos de tais contratos (ou mesmo de componentes de contratos) incluem acordos para fornecer serviços de gestão financeira ou de investimentos e serviços administrativos tais como cobrança de prémios, pagamento de benefícios e manutenção de registos. Essas situações verificam-se em vários ramos e modalidades. Para além do ramo doença como já foi abordado, também nas modalidades de seguros de protecção jurídica e assistência existem vários casos desse tipo de operações em que, por vezes, a componente de serviços corresponde integralmente à substância dos contratos celebrados. No ramo vida, também existem contratos que envolvem situações de prestação de serviços, designadamente no âmbito da gestão de fundos de pensões e nos produtos unit-linked e index-linked. VIII Separação das componentes dos contratos A componente de um contrato é uma parte desse contrato que contém, por um lado, uma característica específica identificável e separável das restantes componentes e, por outro, as características económicas necessárias para poder constituir um contrato autónomo. A parte remanescente do contrato deve também poder formar um contrato autónomo. Num único contrato podem co-existir diversas componentes. As empresas de seguros comercializam normalmente produtos que contêm em si mesmo várias componentes componente de seguro, de investimento e/ou de serviços. A separação das componentes dos contratos é uma expressão que não inclui quer a separação do esquema discricionário de participação nos resultados previsto no contrato de base, quer a separação dos derivados incorporados como por exemplo uma opção de resgate antecipado, com garantia de um montante pré-estabelecido dos contratos de base. A separação refere-se unicamente aos contratos de base, e tem por objectivo permitir que cada componente tenha o tratamento (de avaliação e de reconhecimento) mais adequado. Existe uma diferença entre dividir, em diversos contratos económicos, um contrato formalmente estabelecido, e separar um contrato em diversas componentes. No primeiro caso, a divisão reflecte a realidade económica directamente identificável da relação existente entre as diferentes partes envolvidas; no segundo caso, a separação é efectuada para dar cumprimento 30 De acordo com a IAS 18, a prestação de serviços envolve tipicamente a realização de uma tarefa contratualmente acordada durante um período de tempo pré-definido. 18 / 25

19 a exigências contabilísticas, ainda que cada componente do contrato deva ser mensurada separadamente. Para efeito contabilístico, todos os cash-flows do contrato que resultem de direitos e obrigações dele decorrentes devem, se for o caso, ser separados e alocados a cada componente desse contrato. Não obstante, há a realçar que, para efeito da separação das componentes dos contratos nos casos em que esta deve ou pode ser feita, a empresa de seguros pode considerar o disposto no último parágrafo da secção II, com as necessárias adaptações. Ou seja, se houver uma carteira relativamente homogénea (designadamente em termos do perfil de risco) em que, para a grande maioria dos contratos, existe uma só (e a mesma) componente, dispensa-se a separação das componentes quando em apenas um número reduzido de contratos existe mais do que uma componente, por este número representar um fraco peso na estrutura da carteira. Existem vários produtos de cariz mais financeiro cuja comercialização pode estar ou está associada a componentes de seguro, tais como os unit-linked/index-linked e os universal life, respectivamente. Tais componentes, que nalguns produtos se podem traduzir em coberturas complementares, podem incluir, designadamente, os riscos de morte e invalidez. Nesse tipo de produtos marcadamente financeiros torna-se, por conseguinte, necessário efectuar a separação das componentes envolvidas, identificando de forma clara as componentes de seguro, desde que estejam presentes as características que permitem qualificar um contrato como sendo de seguro acontecimento seguro e risco significativo de seguro. Refira-se por fim que, de acordo com os exemplos constantes do Anexo à IAS 18, a componente de serviços incluída num contrato de investimento deve ser separada. Nessa norma internacional, embora não se faça referência explícita à separação das componentes de serviços incluídas nos contratos de seguro, também não se exclui a sua aplicação, ao que acresce o previsto na IAS 8 relativa às políticas contabilísticas, na qual se prevê que a selecção e aplicação das políticas contabilísticas para um certo tipo de transacções devem ser consistentes com as políticas contabilísticas adoptadas para transacções semelhantes. Isso conduz à lógica de aplicação dos princípios relativos à separação das componentes de serviços que integram contratos de seguro, tal como para as componentes de serviços que integram os contratos de investimento. IX Árvore de decisão Como corolário do que anteriormente já se referiu, no esquema da página seguinte apresenta-se uma árvore de decisão para efeito da classificação dos contratos, em função nomeadamente da existência ou não de risco significativo de seguro, das características principais intrínsecas aos produtos e do tipo de componentes existentes. 19 / 25

20 Resultados "Sim" Resultados "Não" Outros resultados do processo Risco significativo de seguro? Características de contrato de seguro Características de instrumento financeiro? Componente de depósito, com fluxos independentes dos fluxos da componente de seguro? Componente de seguros, com fluxos independentes dos fluxos da componente de depósito? Separação das componentes de seguro e de depósito (a) Separação das componentes de depósito e de seguro (c) Contrato de investimento Componente de seguro (b) Componente de depósito Componente de depósito Componente de seguro (d) Participação nos resultados? Contrato de seguro Contrato de seguro Contrato de investimento com participação nos resultados Contrato de investimento sem participação nos resultados (e) Contrato de seguro Contrato de serviços Separação entre as componentes de seguro/ /depósito e de serviços Teste de existência de derivados incorporados nos contratos de base Separação dos derivados incorporados dos contratos de base (f) (a) No caso de contratos de seguro que contêm simultaneamente uma componente de seguro e uma componente de depósito, deve ser aplicada a IFRS 4 à componente de seguro e a IAS 39 à componente de depósito. A separação destas componentes (unbundling) é: 20 / 25

ASSUNTO: Plano de Contas (Caixa Central e Caixas de Crédito Agrícola Mútuo)

ASSUNTO: Plano de Contas (Caixa Central e Caixas de Crédito Agrícola Mútuo) Instruções do Banco de Portugal Instrução nº 118/96 ASSUNTO: Plano de Contas (Caixa Central e Caixas de Crédito Agrícola Mútuo) Tendo presente as alterações introduzidas no Código do Mercado de Valores

Leia mais

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS 24 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS Os mercados de capitais na Europa e no mundo exigem informações financeiras significativas, confiáveis, relevantes e comparáveis sobre os emitentes de valores mobiliários.

Leia mais

NORMA CONTABILÍSTICA E DE RELATO FINANCEIRO 15 INVESTIMENTOS EM SUBSIDIÁRIAS E CONSOLIDAÇÃO

NORMA CONTABILÍSTICA E DE RELATO FINANCEIRO 15 INVESTIMENTOS EM SUBSIDIÁRIAS E CONSOLIDAÇÃO NORMA CONTABILÍSTICA E DE RELATO FINANCEIRO 15 INVESTIMENTOS EM SUBSIDIÁRIAS E CONSOLIDAÇÃO Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 27 Demonstrações

Leia mais

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 835

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 835 Directriz de Revisão/Auditoria 835 Abril de 2006 Certificação do Relatório Anual sobre os Instrumentos de Captação de Aforro Estruturados (ICAE) no Âmbito da Actividade Seguradora Índice INTRODUÇÃO 1 4

Leia mais

José Eduardo Mendonça S. Gonçalves

José Eduardo Mendonça S. Gonçalves José Eduardo Mendonça S. Gonçalves Estrutura Conceptual 49 Posição Financeira (Balanço) Activo, Passivo e Capital Próprio 64 Subclassificação no Balanço Fundos contribuídos pelos accionistas. Resultados

Leia mais

Definições (parágrafo 9) 9 Os termos que se seguem são usados nesta Norma com os significados

Definições (parágrafo 9) 9 Os termos que se seguem são usados nesta Norma com os significados Norma contabilística e de relato financeiro 14 Concentrações de actividades empresariais Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Relato Financeiro IFRS 3

Leia mais

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 14 CONCENTRAÇÕES DE ACTIVIDADES EMPRESARIAIS. Objectivo ( 1) 1 Âmbito ( 2 a 8) 2

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 14 CONCENTRAÇÕES DE ACTIVIDADES EMPRESARIAIS. Objectivo ( 1) 1 Âmbito ( 2 a 8) 2 NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 14 CONCENTRAÇÕES DE ACTIVIDADES EMPRESARIAIS Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IFRS 3 Concentrações

Leia mais

PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR

PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR OBTENÇÃO E ELABORAÇÃO DOS DADOS ACTUARIAIS E ESTATÍSTICOS DE BASE NO CASO DE EVENTUAIS DIFERENCIAÇÕES EM RAZÃO DO SEXO NOS PRÉMIOS E PRESTAÇÕES INDIVIDUAIS DE SEGUROS E DE

Leia mais

Condições Gerais.03 .03 .04 .04 .05 .05 .05 .05 .05 .06 .06 .06 .06 .06 .06 .06

Condições Gerais.03 .03 .04 .04 .05 .05 .05 .05 .05 .06 .06 .06 .06 .06 .06 .06 ÍNDICE Condições Gerais.03 Artigo 1º Definições.03 Artigo 2º Âmbito do Seguro.04 Artigo 3º Produção de Efeitos e Duração do Contrato.04 Artigo 4º Prémio do Seguro.05 Artigo 5º Inexactidão da Declaração

Leia mais

Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões

Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões O Decreto-Lei n.º 12/2006, de 20 de Janeiro - que estabelece o regime jurídico da constituição

Leia mais

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 10 CUSTOS DE EMPRÉSTIMOS OBTIDOS

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 10 CUSTOS DE EMPRÉSTIMOS OBTIDOS NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 10 CUSTOS DE EMPRÉSTIMOS OBTIDOS Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 23 Custos de Empréstimos

Leia mais

DC24 - Empreendimentos Conjuntos (1) Directriz Contabilística nº 24

DC24 - Empreendimentos Conjuntos (1) Directriz Contabilística nº 24 DC24 - Empreendimentos Conjuntos (1) Directriz Contabilística nº 24 Índice 1. Objectivo 2. Definições 3. Tipos de empreendimentos conjuntos 3.1. Operações conjuntamente controladas 3.2. Activos conjuntamente

Leia mais

NCRF 2 Demonstração de fluxos de caixa

NCRF 2 Demonstração de fluxos de caixa NCRF 2 Demonstração de fluxos de caixa Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 7 - Demonstrações de Fluxos de Caixa, adoptada pelo texto

Leia mais

Acordo Quadro para Transacções Financeiras

Acordo Quadro para Transacções Financeiras Acordo Quadro para Transacções Financeiras Anexo de Manutenção de Margem para Transacções de Reporte e Empréstimos de Valores Mobiliários Edição de Janeiro de 2001 Este Anexo complementa as Condições Gerais

Leia mais

Impostos Diferidos e o SNC

Impostos Diferidos e o SNC Impostos Diferidos e o SNC Na vigência do anterior Plano Oficial de Contabilidade (POC) a Directriz Contabilistica (DC) nº 28, da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) veio, em tempo, estabelecer

Leia mais

Norma Interpretativa 2 Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso

Norma Interpretativa 2 Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso Norma Interpretativa 2 Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso Esta Norma Interpretativa decorre da NCRF 12 - Imparidade de Activos. Sempre que na presente norma existam remissões

Leia mais

Manual do Revisor Oficial de Contas IAS 7 (1) NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE IAS 7 (REVISTA EM 1992) Demonstrações de Fluxos de Caixa

Manual do Revisor Oficial de Contas IAS 7 (1) NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE IAS 7 (REVISTA EM 1992) Demonstrações de Fluxos de Caixa IAS 7 (1) NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE IAS 7 (REVISTA EM 1992) Demonstrações de Fluxos de Caixa Esta Norma Internacional de Contabilidade revista substitui a NIC 7, Demonstração de Alterações na

Leia mais

Manual do Revisor Oficial de Contas IAS 23 (1) NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE IAS 23 (REVISTA EM 1993) Custos de Empréstimos Obtidos

Manual do Revisor Oficial de Contas IAS 23 (1) NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE IAS 23 (REVISTA EM 1993) Custos de Empréstimos Obtidos IAS 23 (1) NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE IAS 23 (REVISTA EM 1993) Custos de Empréstimos Obtidos Esta Norma Internacional de Contabilidade revista substitui a IAS 23, Capitalização de Custos de Empréstimos

Leia mais

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 1 ESTRUTURA E CONTEÚDO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 1 ESTRUTURA E CONTEÚDO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 1 ESTRUTURA E CONTEÚDO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS

Leia mais

Implicações da alteração da Taxa de Juro nas Provisões Matemáticas do Seguro de Vida

Implicações da alteração da Taxa de Juro nas Provisões Matemáticas do Seguro de Vida Implicações da alteração da Taxa de Juro nas Provisões Matemáticas do Seguro de Vida 1. Algumas reflexões sobre solvência e solidez financeira Para podermos compreender o que se entende por solvência,

Leia mais

EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL

EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL Ana Rita Ramos 1 Cristina Silva 2 1 Departamento de Análise de Riscos e Solvência do ISP 2 Departamento de Estatística e Controlo de Informação do ISP As opiniões

Leia mais

Enquadramento Página 1

Enquadramento Página 1 No âmbito do processo de adopção plena das Normas Internacionais de Contabilidade e de Relato Financeiro ("IAS/IFRS") e de modo a apoiar as instituições financeiras bancárias ("instituições") neste processo

Leia mais

NCRF 3 Adopção pela primeira vez das normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF)

NCRF 3 Adopção pela primeira vez das normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) NCRF 3 Adopção pela primeira vez das normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Relato Financeiro IFRS 1

Leia mais

ÁREA DE FORMAÇÃO: CONTRAIR CRÉDITO CUSTO DO CRÉDITO

ÁREA DE FORMAÇÃO: CONTRAIR CRÉDITO CUSTO DO CRÉDITO ÁREA DE FORMAÇÃO: CONTRAIR CRÉDITO CUSTO DO CRÉDITO Índice Componentes do custo do crédito Taxa de juro Comissões Despesas Seguros Medidas agregadas do custo do crédito: TAE e TAEG Taxas máximas no crédito

Leia mais

NCRF 8 Activos não correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas

NCRF 8 Activos não correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas NCRF 8 Activos não correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Relato Financeiro IFRS 5 -

Leia mais

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 2 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA. Objectivo ( 1) 2 Âmbito ( 2) 2 Definições ( 3 a 6) 2

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 2 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA. Objectivo ( 1) 2 Âmbito ( 2) 2 Definições ( 3 a 6) 2 NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 2 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 7 Demonstrações de

Leia mais

L 306/2 Jornal Oficial da União Europeia 23.11.2010

L 306/2 Jornal Oficial da União Europeia 23.11.2010 L 306/2 Jornal Oficial da União Europeia 23.11.2010 Projecto DECISÃO N. o / DO CONSELHO DE ASSOCIAÇÃO instituído pelo Acordo Euro-Mediterrânico que cria uma associação entre as Comunidades Europeias e

Leia mais

Norma contabilística e de relato financeiro 27

Norma contabilística e de relato financeiro 27 Norma contabilística e de relato financeiro 27 Instrumentos financeiros Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base as Normas Internacionais de Contabilidade IAS 32 Instrumentos Financeiros:

Leia mais

NCRF 19 Contratos de construção

NCRF 19 Contratos de construção NCRF 19 Contratos de construção Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 11 - Contratos de Construção, adoptada pelo texto original do Regulamento

Leia mais

RELATO FINANCEIRO DOS MEDIADORES DE SEGUROS OU DE RESSEGUROS

RELATO FINANCEIRO DOS MEDIADORES DE SEGUROS OU DE RESSEGUROS PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR RELATO FINANCEIRO DOS MEDIADORES DE SEGUROS OU DE RESSEGUROS Nos termos da alínea f) do artigo 58.º do Decreto-lei n.º 144/2006, de 31 de Julho, alterado pelo Decreto-Lei

Leia mais

Norma contabilística e de relato financeiro 9. e divulgações apropriadas a aplicar em relação a locações financeiras e operacionais.

Norma contabilística e de relato financeiro 9. e divulgações apropriadas a aplicar em relação a locações financeiras e operacionais. Norma contabilística e de relato financeiro 9 Locações Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 17 Locações, adoptada pelo texto original

Leia mais

C N INTERPRETAÇÃO TÉCNICA Nº 2. Assunto: RESERVA FISCAL PARA INVESTIMENTO Cumprimento das obrigações contabilísticas I. QUESTÃO

C N INTERPRETAÇÃO TÉCNICA Nº 2. Assunto: RESERVA FISCAL PARA INVESTIMENTO Cumprimento das obrigações contabilísticas I. QUESTÃO C N C C o m i s s ã o d e N o r m a l i z a ç ã o C o n t a b i l í s t i c a INTERPRETAÇÃO TÉCNICA Nº 2 Assunto: RESERVA FISCAL PARA INVESTIMENTO Cumprimento das obrigações contabilísticas I. QUESTÃO

Leia mais

CNC CNC COMISSÃO DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA CONTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DA INTRODUÇÃO DO EURO DIRECTRIZ CONTABILÍSTICA Nº21 1. INTRODUÇÃO DO EURO

CNC CNC COMISSÃO DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA CONTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DA INTRODUÇÃO DO EURO DIRECTRIZ CONTABILÍSTICA Nº21 1. INTRODUÇÃO DO EURO DIRECTRIZ CONTABILÍSTICA Nº21 CONTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DA INTRODUÇÃO DO EURO INDICE 1. INTRODUÇÃO DO EURO 1 2. PREPARAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 3 3. DEFINIÇÕES 3 4. EFEITOS DA

Leia mais

NCRF 25 Impostos sobre o rendimento

NCRF 25 Impostos sobre o rendimento NCRF 25 Impostos sobre o rendimento Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 12 - Impostos sobre o Rendimento, adoptada pelo texto original

Leia mais

(a) Propriedade detida por locatários que seja contabilizada como propriedade de investimento (ver NCRF 11 - Propriedades de Investimento);

(a) Propriedade detida por locatários que seja contabilizada como propriedade de investimento (ver NCRF 11 - Propriedades de Investimento); NCRF 9 Locações Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 17 - Locações, adoptada pelo texto original do Regulamento (CE) n.º 1126/2008 da

Leia mais

ANEXO I DESRECONHECIMENTO

ANEXO I DESRECONHECIMENTO ANEXO I DESRECONHECIMENTO Parte 1 - Enquadramento 1. As instituições devem considerar na avaliação de desreconhecimento dos títulos os requisitos abaixo indicados. 2. Para efeitos do número anterior, as

Leia mais

PROSPECTO SIMPLIFICADO (actualizado a 31 de Dezembro de 2008) Designação: Liberty PPR Data início de comercialização: 19 de Abril de 2004

PROSPECTO SIMPLIFICADO (actualizado a 31 de Dezembro de 2008) Designação: Liberty PPR Data início de comercialização: 19 de Abril de 2004 PROSPECTO SIMPLIFICADO (actualizado a 31 de Dezembro de 2008) Designação: Liberty PPR Data início de comercialização: 19 de Abril de 2004 Empresa de Seguros Entidades comercializadoras Autoridades de Supervisão

Leia mais

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária Alcance 1. Uma entidade que prepara e apresenta Demonstrações Contábeis sob o regime de competência deve aplicar esta Norma

Leia mais

CONDIÇÕES GERAIS. Tomador do seguro A entidade que celebra o contrato de seguro com a VICTORIA e que assume a obrigação de pagamento do prémio.

CONDIÇÕES GERAIS. Tomador do seguro A entidade que celebra o contrato de seguro com a VICTORIA e que assume a obrigação de pagamento do prémio. CONDIÇÕES GERAIS 1 Definições Para efeitos deste Contrato, entende-se por: 1.1 Partes envolvidas no contrato Empresa de seguros VICTORIA - Seguros de Vida, S.A., entidade que emite a apólice e que, mediante

Leia mais

2.28. Benefícios dos Empregados

2.28. Benefícios dos Empregados . Modelo Geral do Sistema de Normalização Contabilística 179.8. Benefícios dos Empregados.8.1. Introdução O presente ponto é fundamentado na Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCRF) 8, e visa

Leia mais

REGULAMENTO DE BENEFÍCIOS do Montepio Geral Associação Mutualista Título II DISPOSIÇÕES PARTICULARES - MODALIDADES INDIVIDUAIS

REGULAMENTO DE BENEFÍCIOS do Montepio Geral Associação Mutualista Título II DISPOSIÇÕES PARTICULARES - MODALIDADES INDIVIDUAIS Artigo 1.º (Definições e Interpretação) 1. Nesta Secção, os termos e expressões iniciados por maiúsculas têm o significado que lhes é atribuído no Título VI (Glossário) do Regulamento. 2. Em caso de conflito

Leia mais

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA N.º 8/2010 Projecto de Orientação Técnica relativa ao desenvolvimento dos sistemas de gestão de riscos e de controlo interno das entidades gestoras de fundos de pensões 31

Leia mais

Parte I: As modalidades de aplicação e de acompanhamento do Código voluntário;

Parte I: As modalidades de aplicação e de acompanhamento do Código voluntário; ACORDO EUROPEU SOBRE UM CÓDIGO DE CONDUTA VOLUNTÁRIO SOBRE AS INFORMAÇÕES A PRESTAR ANTES DA CELEBRAÇÃO DE CONTRATOS DE EMPRÉSTIMO À HABITAÇÃO ( ACORDO ) O presente Acordo foi negociado e adoptado pelas

Leia mais

IMPARIDADE DE ACTIVOS FINANCEIROS

IMPARIDADE DE ACTIVOS FINANCEIROS BOLETIM INFORMATIVO N.º 3/2010 IMPARIDADE DE ACTIVOS FINANCEIROS ASPECTOS CONTABILÍSTICOS E FISCAIS (Esta informação contém apenas informação geral, não se destina a prestar qualquer serviço de auditoria,

Leia mais

Quais as principais diferenças entre um seguro de vida individual e um seguro de vida de grupo?

Quais as principais diferenças entre um seguro de vida individual e um seguro de vida de grupo? SEGURO VIDA Que tipo de seguros são explorados no ramo vida? A actividade do ramo Vida consiste na exploração dos seguintes seguros e operações: Seguro de Vida, Seguro de Nupcialidade /Natalidade, Seguro

Leia mais

Depósito Indexado, denominado em Euros, pelo prazo de 6 meses (178 dias), não mobilizável antecipadamente.

Depósito Indexado, denominado em Euros, pelo prazo de 6 meses (178 dias), não mobilizável antecipadamente. Designação Classificação Depósito Indexado USD 6 meses Produto Financeiro Complexo Depósito Indexado Depósito Indexado, denominado em Euros, pelo prazo de 6 meses (178 dias), não mobilizável antecipadamente.

Leia mais

2. Operações de Venda ou de Transferência de Ativos Financeiros

2. Operações de Venda ou de Transferência de Ativos Financeiros TÍTULO : PLANO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - COSIF 1 35. Instrumentos Financeiros 1. Conceitos 1 - Para fins de registro contábil, considera-se: (Res 3534 art 2º) a) instrumento

Leia mais

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 701

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 701 Directriz de Revisão/Auditoria 701 RELATÓRIO DE AUDITORIA ELABORADO POR AUDITOR REGISTADO NA CMVM SOBRE INFORMAÇÃO ANUAL Fevereiro de 2001 ÍNDICE Parágrafos INTRODUÇÃO 1-4 OBJECTIVO 5-6 RELATÓRIO DE AUDITORIA

Leia mais

DIRECTRIZ CONTABILÍSTICA N.º 17 CONTRATOS DE FUTUROS

DIRECTRIZ CONTABILÍSTICA N.º 17 CONTRATOS DE FUTUROS 1/12 DIRECTRIZ CONTABILÍSTICA N.º 17 CONTRATOS DE FUTUROS 1 - OBJECTIVO A presente directriz tem por objectivo o tratamento contabilístico dos contratos de futuros, negociados em mercados organizados com

Leia mais

31. A DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA

31. A DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA 31. A DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA A demonstração de fluxos de caixa é um mapa de fluxos que releva a entradas e as saídas de caixa, durante um exercício. A Demonstração de fluxos de caixa é estruturada

Leia mais

Aviso n. o 006/2014-AMCM

Aviso n. o 006/2014-AMCM Aviso n. o 006/2014-AMCM ASSUNTO: UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS DERIVADOS NOS FUNDOS DE PENSÕES De acordo com o disposto no n. o 6 do aviso n. o 006/2013-AMCM, de 10 de Janeiro, os instrumentos derivados, tais

Leia mais

ANTEPROJECTO DE DECRETO-LEI RELATIVO AOS SEGUROS DE GRUPO

ANTEPROJECTO DE DECRETO-LEI RELATIVO AOS SEGUROS DE GRUPO ANTEPROJECTO DE DECRETO-LEI RELATIVO AOS SEGUROS DE GRUPO CONTRIBUTIVOS Nos contratos de seguro de grupo em que os segurados contribuem para o pagamento, total ou parcial, do prémio, a posição do segurado

Leia mais

6. Pronunciamento Técnico CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro

6. Pronunciamento Técnico CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro TÍTULO : PLANO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - COSIF 1 6. Pronunciamento Técnico CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro 1. Aplicação 1- As instituições

Leia mais

Glossário sobre Planos e Fundos de Pensões

Glossário sobre Planos e Fundos de Pensões Glossário sobre Planos e Fundos de Pensões Associados Benchmark Beneficiários Beneficiários por Morte CMVM Comissão de Depósito Comissão de Gestão Comissão de Transferência Comissão Reembolso (ou resgate)

Leia mais

Incentivos à contratação

Incentivos à contratação Incentivos à contratação A empresa poderá beneficiar de incentivos quando pretende contratar novos trabalhadores. Os incentivos de que as empresas podem usufruir quando contratam novos trabalhadores podem

Leia mais

DELIBERAÇÃO CVM Nº 731, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2014

DELIBERAÇÃO CVM Nº 731, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2014 Aprova a Interpretação Técnica ICPC 20 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que trata de limite de ativo de benefício definido, requisitos de custeio (funding) mínimo e sua interação. O PRESIDENTE DA

Leia mais

Publicado no Diário da República, I série nº 79, de 28 de Abril. Decreto Presidencial N.º 95/11 de 28 de Abril

Publicado no Diário da República, I série nº 79, de 28 de Abril. Decreto Presidencial N.º 95/11 de 28 de Abril Publicado no Diário da República, I série nº 79, de 28 de Abril Decreto Presidencial N.º 95/11 de 28 de Abril O quadro jurídico-legal Geral das Instituições Financeiras, aprovado pela Lei n.º 13/05, de

Leia mais

ORA newsletter. Resumo Fiscal/Legal Março de 2012 1 Custo Amortizado Enquadramento e Determinação 2 Revisores e Auditores 6

ORA newsletter. Resumo Fiscal/Legal Março de 2012 1 Custo Amortizado Enquadramento e Determinação 2 Revisores e Auditores 6 Assuntos Resumo Fiscal/Legal Março de 2012 1 Custo Amortizado Enquadramento e Determinação 2 Revisores e Auditores 6 LEGISLAÇÃO FISCAL/LEGAL MARÇO DE 2012 Ministério da Solidariedade e da Segurança Social

Leia mais

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO SUMÁRIO I PRODUÇÃO E CUSTOS COM SINISTROS 1. Análise global 2. Ramo Vida 3. Ramos Não Vida a. Acidentes de Trabalho b. Doença c. Incêndio e Outros Danos d. Automóvel II PROVISÕES TÉCNICAS E ATIVOS REPRESENTATIVOS

Leia mais

SEGURO CAUÇÃO COM A GARANTIA DO ESTADO

SEGURO CAUÇÃO COM A GARANTIA DO ESTADO SEGURO CAUÇÃO COM A GARANTIA DO ESTADO BENEFICIÁRIOS: entidades que em virtude de obrigação legal ou contratual sejam beneficiárias de uma obrigação de caucionar ou de afiançar, em que seja devido, designadamente,

Leia mais

Que tipos de seguro/operações são explorados no ramo vida? Os seguros e operações do ramo Vida são:

Que tipos de seguro/operações são explorados no ramo vida? Os seguros e operações do ramo Vida são: Que tipos de seguro/operações são explorados no ramo vida? Os seguros e operações do ramo Vida são: seguros de vida; seguros de nupcialidade/natalidade; seguros ligados a fundos de investimento (unit linked);

Leia mais

NCRF 1 Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras

NCRF 1 Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras NCRF 1 Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 1 - Apresentação de Demonstrações Financeiras,

Leia mais

Contabilidade Financeira I

Contabilidade Financeira I Contabilidade Financeira I O sistema de informação contabilística Ponto da situação Visão global dos principais produtos ( outputs ) da contabilidade como sistema de informação: Balanço, Demonstração de

Leia mais

Condições de acesso ao Programa de Passageiro Frequente TAP Victoria para Clientes do Banco Popular

Condições de acesso ao Programa de Passageiro Frequente TAP Victoria para Clientes do Banco Popular Condições de acesso ao Programa de Passageiro Frequente TAP Victoria para Clientes do Banco Popular 1. Âmbito O Banco Popular e a TAP estabeleceram um acordo de parceria (Contrato de Parceiro de Marketing

Leia mais

Orientações sobre o tratamento das exposições ao risco de mercado e ao risco de contraparte na fórmula-padrão

Orientações sobre o tratamento das exposições ao risco de mercado e ao risco de contraparte na fórmula-padrão EIOPA-BoS-14/174 PT Orientações sobre o tratamento das exposições ao risco de mercado e ao risco de contraparte na fórmula-padrão EIOPA Westhafen Tower, Westhafenplatz 1-60327 Frankfurt Germany - Tel.

Leia mais

Publicado no Diário da República, I série, nº 221, de 17 de Dezembro AVISO N.º 11/2014 ASSUNTO: REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA OPERAÇÕES DE CRÉDITO

Publicado no Diário da República, I série, nº 221, de 17 de Dezembro AVISO N.º 11/2014 ASSUNTO: REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA OPERAÇÕES DE CRÉDITO Publicado no Diário da República, I série, nº 221, de 17 de Dezembro AVISO N.º 11/2014 ASSUNTO: REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA OPERAÇÕES DE CRÉDITO Havendo necessidade de se rever a regulamentação relativa

Leia mais

Norma Internacional de Relato Financeiro 2

Norma Internacional de Relato Financeiro 2 Norma Internacional de Relato Financeiro 2 Pagamento com Base em Acções OBJECTIVO 1 O objectivo desta IFRS é especificar o relato financeiro por parte de uma entidade quando esta empreende uma transacção

Leia mais

NORMA REGULAMENTAR N.º 15/2008-R, de 4 de Dezembro

NORMA REGULAMENTAR N.º 15/2008-R, de 4 de Dezembro Não dispensa a consulta da Norma Regulamentar publicada em Diário da República NORMA REGULAMENTAR N.º 15/2008-R, de 4 de Dezembro PLANOS DE POUPANÇA REFORMA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE COMISSÕES E RENDIBILIDADE

Leia mais

CONTABILIDADE. Docente: José Eduardo Gonçalves. Elementos Patrimoniais

CONTABILIDADE. Docente: José Eduardo Gonçalves. Elementos Patrimoniais CONTABILIDADE Docente: José Eduardo Gonçalves Ano: 2008/2009 Universidade da Madeira Elementos Patrimoniais Activo Recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos passados e do qual se

Leia mais

DECRETO-LEI N.º 51/2007, DE 7 DE MARÇO, ALTERADO PELO DECRETO-LEI N.º 88/2008,

DECRETO-LEI N.º 51/2007, DE 7 DE MARÇO, ALTERADO PELO DECRETO-LEI N.º 88/2008, DECRETO-LEI N.º 51/2007, DE 7 DE MARÇO, ALTERADO PELO DECRETO-LEI N.º 88/2008, DE 29 DE MAIO E PELO DECRETO-LEI N.º 192/2009, DE 17 DE AGOSTO Regula as práticas comerciais das instituições de crédito no

Leia mais

Depósito Indexado, denominado em Euros, pelo prazo de 6 meses (191 dias), não mobilizável antecipadamente.

Depósito Indexado, denominado em Euros, pelo prazo de 6 meses (191 dias), não mobilizável antecipadamente. Designação Classificação Depósito Indexado EUR/USD No Touch Produto Financeiro Complexo Depósito Indexado Depósito Indexado, denominado em Euros, pelo prazo de 6 meses (191 dias), não mobilizável antecipadamente.

Leia mais

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009 IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões Lisboa, 15 de Abril de 2009 Foi com todo o gosto e enorme interesse que aceitei o convite do Diário Económico para estar presente neste IV Fórum do sector

Leia mais

Código de Conduta Voluntário

Código de Conduta Voluntário O Banif, SA, ao formalizar a sua adesão ao Código de Conduta Voluntário do crédito à habitação, no âmbito da Federação Hipotecária Europeia, e de acordo com as recomendações da Comissão Europeia e do Banco

Leia mais

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO ASF Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões SUMÁRIO I PRODUÇÃO E CUSTOS COM SINISTROS 1. Análise global 2. Ramo Vida 3. Ramos Não Vida a. Acidentes de Trabalho b. Doença c. Incêndio e Outros

Leia mais

Fundação Denise Lester

Fundação Denise Lester Relatório e Contas 2010 Fundação Denise Lester Fundação Denise Lester 1/14 Balanço ACTIVO Notas Exercício findo a 31/12/2010 Exercício findo a 31/12/2009 Activo não corrente Activos fixos tangíveis 2.291.289,31

Leia mais

GLOSSÁRIO. Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários 39

GLOSSÁRIO. Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários 39 GLOSSÁRIO Activo subjacente: activo que serve de base a outros instrumentos financeiros, como sejam os futuros, as opções e os warrants autónomos. Assembleia geral: órgão das sociedades anónimas em que

Leia mais

Acordo Quadro para Transacções Financeiras. Anexo de Produto para Empréstimos de Valores Mobiliários Edição de Janeiro de 2001

Acordo Quadro para Transacções Financeiras. Anexo de Produto para Empréstimos de Valores Mobiliários Edição de Janeiro de 2001 Acordo Quadro para Transacções Financeiras Anexo de Produto para Empréstimos de Valores Mobiliários Edição de Janeiro de 2001 Este Anexo complementa as Condições Gerais que fazem parte de qualquer Acordo

Leia mais

Objectivo 1 e 2. Âmbito 3. Considerações Gerais 4 e 5. Identificação das Demonstrações financeiras 6 a 8. Período de Relato 9.

Objectivo 1 e 2. Âmbito 3. Considerações Gerais 4 e 5. Identificação das Demonstrações financeiras 6 a 8. Período de Relato 9. ÍNDICE (parágrafos) Objectivo 1 e 2 Âmbito 3 Considerações Gerais 4 e 5 Identificação das Demonstrações financeiras 6 a 8 Período de Relato 9 Balanço 10 a 31 Demonstração dos Resultados 32 a 38 Demonstração

Leia mais

Norma Interpretativa 2 (NI2) - Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso.

Norma Interpretativa 2 (NI2) - Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso. Tópicos Valor de Uso NCRF12 - Imparidade de activos Norma Interpretativa 2 (NI2) - Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso. 4 - Definições Perda por imparidade: é o excedente da

Leia mais

(c) Activos biológicos relacionados com a actividade agrícola e produto agrícola na altura da colheita (ver a NCRF 17 - Agricultura).

(c) Activos biológicos relacionados com a actividade agrícola e produto agrícola na altura da colheita (ver a NCRF 17 - Agricultura). NCRF 18 Inventários Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 2 - Inventários, adoptada pelo texto original do Regulamento (CE) n.º 1126/2008

Leia mais

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 07. Subvenção e Assistência Governamentais

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 07. Subvenção e Assistência Governamentais COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 07 Subvenção e Assistência Governamentais Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 20 (IASB) Índice Item OBJETIVO E ALCANCE

Leia mais

DELIBERAÇÃO Nº 72 / 2006. I - Introdução

DELIBERAÇÃO Nº 72 / 2006. I - Introdução DELIBERAÇÃO Nº 72 / 2006 I - Introdução A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) tem recebido, com muita frequência, um grande número de pedido de acessos a dados pessoais de saúde de titulares

Leia mais

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS INTERPRETAÇÃO TÉCNICA ICPC 06. Hedge de Investimento Líquido em Operação no Exterior

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS INTERPRETAÇÃO TÉCNICA ICPC 06. Hedge de Investimento Líquido em Operação no Exterior COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS INTERPRETAÇÃO TÉCNICA ICPC 06 Hedge de Investimento Líquido em Operação no Exterior Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IFRIC 16 Índice REFERÊNCIAS

Leia mais

ÁREA DE FORMAÇÃO: CONTRAIR CRÉDITO CRÉDITO À HABITAÇÃO

ÁREA DE FORMAÇÃO: CONTRAIR CRÉDITO CRÉDITO À HABITAÇÃO ÁREA DE FORMAÇÃO: CONTRAIR CRÉDITO CRÉDITO À HABITAÇÃO Índice Finalidades do crédito à habitação Avaliação da capacidade financeira Ficha de Informação Normalizada (FIN) Prazo Modalidades de reembolso

Leia mais

RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.265/09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.265/09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, NOTA - A Resolução CFC n.º 1.329/11 alterou a sigla e a numeração desta Interpretação de IT 12 para ITG 12 e de outras normas citadas: de NBC T 19.1 para NBC TG 27; de NBC T 19.7 para NBC TG 25; de NBC

Leia mais

BETTER REGULATION DO SECTOR FINANCEIRO EM

BETTER REGULATION DO SECTOR FINANCEIRO EM CONSELHO NACIONAL DE SUPERVISORES FINANCEIROS Relatório Final sobre a Consulta Pública n.º 3/2007 relativa à BETTER REGULATION DO SECTOR FINANCEIRO EM MATÉRIA DE REPORTE ACTUARIAL 1 1. Introdução Entre

Leia mais

O valor da remuneração do Depósito Indexado não poderá ser inferior a 0%. O Depósito garante na Data de Vencimento a totalidade do capital aplicado.

O valor da remuneração do Depósito Indexado não poderá ser inferior a 0%. O Depósito garante na Data de Vencimento a totalidade do capital aplicado. Designação Depósito Indexado PSI 20 Classificação Caracterização do Produto Garantia de Capital Garantia de Remuneração Factores de Risco Instrumentos ou variáveis subjacentes ou associados Perfil de cliente

Leia mais

POC 13 - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS

POC 13 - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS POC 13 - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS 13.1 - Aspectos preliminares As demonstrações financeiras consolidadas constituem um complemento e não um substituto das demonstrações financeiras individuais

Leia mais

newsletter Nº 82 NOVEMBRO / 2013

newsletter Nº 82 NOVEMBRO / 2013 newsletter Nº 82 NOVEMBRO / 2013 Assuntos em Destaque Resumo Fiscal/Legal Outubro de 2013 2 Contabilização dos Subsídios do Governo e Divulgação de Apoios do Governo 3 Revisores e Auditores 7 LEGISLAÇÃO

Leia mais

Aviso nº 010/2003-AMCM NORMAS ORIENTADORAS PARA A SUBSTITUIÇÃO DE APÓLICES DO SEGURO DE VIDA

Aviso nº 010/2003-AMCM NORMAS ORIENTADORAS PARA A SUBSTITUIÇÃO DE APÓLICES DO SEGURO DE VIDA Aviso nº 010/2003-AMCM ASSUNTO: NORMAS ORIENTADORAS PARA A SUBSTITUIÇÃO DE APÓLICES DO SEGURO DE VIDA Na venda de seguros as seguradoras e os mediadores devem prestar um serviço eficiente, sendo este aspecto

Leia mais

Contabilização e divulgação das despesas de I & D pelas empresas. Domingos Cravo Comissão Executiva da Comissão de Normalização Contabilística

Contabilização e divulgação das despesas de I & D pelas empresas. Domingos Cravo Comissão Executiva da Comissão de Normalização Contabilística Contabilização e divulgação das despesas de I & D pelas empresas Domingos Cravo Comissão Executiva da Comissão de Normalização Contabilística 1 A necessidade da divulgação das despesas de I & D A natureza

Leia mais

Benefícios a Empregados

Benefícios a Empregados Sumário do Pronunciamento Técnico CPC 33 (R1) Benefícios a Empregados Observação: Este Sumário, que não faz parte do Pronunciamento, está sendo apresentado apenas para identificação dos principais pontos

Leia mais

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO 9000. As Normas da família ISO 9000

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO 9000. As Normas da família ISO 9000 ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário Gestão da Qualidade 2005 1 As Normas da família ISO 9000 ISO 9000 descreve os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade e especifica

Leia mais

Poderão contratar este seguro os colaboradores, incluindo os seus familiares directos.

Poderão contratar este seguro os colaboradores, incluindo os seus familiares directos. Ficha técnica 1. TOMADOR DO SEGURO / SEGURADO Poderão contratar este seguro os colaboradores, incluindo os seus familiares directos. São considerados familiares directos: - o cônjuge, desde que viva em

Leia mais

AVISO N.º 03/2012 de 28 de Março

AVISO N.º 03/2012 de 28 de Março Publicado no Diário da República, I.ª Série, n.º 60, de 28 de Março AVISO N.º 03/2012 de 28 de Março Havendo necessidade de regulamentar a concessão e a classificação das operações de créditos pelas instituições

Leia mais

27.1.2006 PT Jornal Oficial da União Europeia L 24/5 NORMA INTERNACIONAL DE RELATO FINANCEIRO 7. Instrumentos Financeiros: Divulgação de Informações

27.1.2006 PT Jornal Oficial da União Europeia L 24/5 NORMA INTERNACIONAL DE RELATO FINANCEIRO 7. Instrumentos Financeiros: Divulgação de Informações 27.1.2006 PT Jornal Oficial da União Europeia L 24/5 OBJECTIVO NORMA INTERNACIONAL DE RELATO FINANCEIRO 7 Instrumentos Financeiros: Divulgação de Informações 1 O objectivo desta IFRS é exigir às entidades

Leia mais

ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP)

ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP) Manual de Instruções do Banco de Portugal Instrução nº 15/2007 ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP) A avaliação e a determinação com rigor do nível de capital interno

Leia mais