Análise Estatística dos Resultados do Mercado Ibérico de Electricidade no ano de 2010

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1 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Análise Estatística dos Resultados do Mercado Ibérico de Electricidade no ano de 21 Carlos Filipe Gomes Henriques da Silva Dissertação realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Major Energia Orientador: Prof. Dr. João Paulo Tomé Saraiva Junho de 211

2 Carlos Filipe Gomes Henriques da Silva, 211 ii

3 Resumo A evolução registada nos mercados de electricidade a nível Europeu levou a uma reestruturação do sector eléctrico que por sua vez conduziu à criação de novos mercados de electricidade transnacionais. Esses novos mercados resultaram da integração num único mercado dos mercados de electricidade de diversos países. O Mercado Ibérico de Electricidade, MIBEL, que abrange os mercados de electricidade de Espanha e de Portugal, é um dos novos mercados de electricidade presentes na Europa, resultado da reestruturação efectuada no sector eléctrico. No entanto, apareceram novos problemas no funcionamento dos mercados de electricidade, relacionados com as interligações existentes entre as áreas de operação. Devido às interligações terem um valor limite na sua capacidade, quando o trânsito de potência entre as áreas de operação é superior a esse valor, surgem situações de congestionamento. Como resultado das situações de congestionamento, torna-se necessário recorrer ao mecanismo de Market Splitting que promove a separação dos mercados, atribuindo um preço diferenciado para cada área de operação. O objectivo final do MIBEL consiste em eliminar as situações de Market Splitting de forma a conseguir assegurar o funcionamento como mercado único. Uma vez cumprido esse objectivo, será mais fácil evoluir para um mercado único de electricidade a nível Europeu. Este trabalho foi realizado com o objectivo de analisar os resultados do Mercado Diário ao longo do ano de 21 e 1º trimestre de 211 no lado Espanhol e no lado Português. Foi também realizada uma análise do mercado de serviços de sistema, nomeadamente dos serviços da reserva secundária e da reserva terciária. No Mercado Diário, foi realizada uma análise relativa à quantidade de energia negociada, preços de mercado, volume económico transaccionado procurando evidenciar as diferenças existentes entre as duas áreas de operação. Foram também analisadas as situações de Market Splitting assim como as tecnologias presentes a mercado. Em relação aos serviços de sistema, foram analisados os preços de mercado e a quantidade de energia utilizada nas duas áreas de operação. iii

4 A análise efectuada neste documento foi realizada de forma mais pormenorizada nos meses de Fevereiro e Julho, sendo posteriormente realizada uma análise global de 21. Foi também analisado o 1º trimestre de 211 comparando os resultados obtidos com os verificados no período homólogo em 21. Palavras-chave: MIBEL; Mercados de Electricidade; Market Splitting; Serviços de Sistema iv

5 Abstract Developments in the electricity markets at the European level led to a restructuring of the electricity sector with the creation of new cross-border electricity markets. These new markets resulted in the integration of electricity markets in many countries. The Iberian Electricity Market, MIBEL, which covers the electricity markets of Spain and Portugal, is one of the new electricity markets in Europe, resulting from the restructuring undertaken in the electricity sector. However, new problems appeared in the operation of electricity markets, related with the interconnections between the areas of operation. Due to the limits of interconnectors, when the power flow between the areas of operation is larger than this capacity, there is congestion. As a result of congestion, Market Splitting is used to carry out the separation of markets, assigning a different price to each area of operation. The final objective of MIBEL is to eliminate situations of Market Splitting in order to be able to ensure the operation as a single market. Once completed this objective, it will be easier to move towards a single electricity market at the European level. This work was developed to analyze the results of the Daily Market throughout the year of 21 and first quarter of 211 on the Spanish and Portuguese side. It was also performed a Market analysis of the Ancillary Services, including the services of secondary and tertiary reserves. In the Daily Market, an analysis was performed on the quantity of energy traded, market prices and volume traded, seeking to highlight the economic differences between the two areas of operation. We also analyzed the conditions of Market Splitting well as technologies in the market. Regarding the Ancillary Services, we analyzed the market prices and the amount of energy used in the two areas of operation. The analysis reported in document was carried out in more detail for the months of February and July, and then for the year of 21 at a global way. We also analyzed the first quarter of 211 comparing the results with those obtained for the same period of 21. Key words: MIBEL; Electricity Markets; Market Splitting; Ancillary Services v

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7 Agradecimentos Queria começar por agradecer aos meus pais por todo o apoio e incentivo que me proporcionaram ao longo do meu percurso académico. Um especial agradecimento ao meu orientador, o Prof. Dr. João Tomé Saraiva, por todo o apoio, incentivo, dedicação e disponibilidade que teve comigo ao longo da elaboração deste trabalho. Um agradecimento à EDP Produção, em particular aos Engenheiros Virgílio Mendes e José Carlos Sousa pela disponibilidade, simpatia e apoio prestado. Um obrigado especial ao Engenheiro José Carlos Sousa pela atenção e aconselhamento concedido neste trabalho. Por último, quero agradecer a todos os meus amigos que me proporcionaram bons momentos de convívio e de amizade ao longo destes anos e que apoiaram mesmo nos momentos mais difíceis. vii

8 viii

9 Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Fernando Pessoa "Depois de termos conseguido subir a uma grande montanha, só descobrimos que existem ainda mais grandes montanhas para subir." Nelson Mandela ix

10 x

11 Índice Resumo... iii Abstract... v Agradecimentos... vii Índice... xi Lista de figuras... xv Lista de tabelas... xxiii Lista de Abreviaturas... xxvii Capítulo Introdução Enquadramento e Objectivos Estrutura do Documento... 2 Capítulo Mercados de electricidade Sector Eléctrico no Passado e Razões para a Mudança Reestruturação do sector eléctrico Tipos de Mercados A bolsa de electricidade Pool Mercado Ideal Contratos Bilaterais Modelos Mistos Exemplos de Implementação Nordpool NETA e BETTA no Reino Unido Capítulo Mercado Ibérico de electricidade Caracterização Sector Eléctrico Português Aspectos Gerais Organização do Sector Eléctrico Nacional Caracterização Sector Eléctrico Espanhol Aspectos Gerais Organização do Sector Eléctrico Espanhol Mercado Ibérico de Electricidade MIBEL Aspectos gerais Organização e Funcionamento do MIBEL O Mercado Diário Mercados Intradiários Cronologia do planeamento da Operação no MIBEL Tipos de Propostas e Condições de Complexidade Interligações Capítulo xi

12 Serviços de Sistema Aspectos Gerais Controlo de Frequência Controlo de Tensão Reposição de Serviço Gestão do Sistema Resolução de Restrições Técnicas Serviços de Sistema em Portugal Aspectos Gerais Processo de Resolução de Restrições Técnicas Regulação de Frequência Regulação de Tensão Black Start Serviço de Interruptibilidade Manutenção de Estabilidade Serviços de Sistema em Espanha Aspectos Gerais Resolução de Restrições Técnicas Regulação de Frequência Controlo de Tensão Reposição de Serviço Gestão dos Desvios Harmonização dos Serviços de Sistema Modelos para Harmonização e Convergência dos Serviços de Sistema Harmonização dos Serviços de Sistema no MIBEL Capítulo Análise dos Resultados do Mercado de Electricidade no ano de Estrutura do Capítulo Mercado Diário Fevereiro de Sessões do Mercado Diário Energia Contratada Preço no Mercado Diário Volume económico transaccionado Market Splitting Tecnologias Tecnologias a mercado Relação entre as tecnologias e o Preço do Mercado Diário Serviços de Sistema Fevereiro de Introdução Reserva Secundária Evolução do Preço Energia contratada Reserva Terciária Evolução do Preço Energia contratada Caso Particular 21 Fevereiro de Energia contratada Preço no Mercado Diário Trânsito de Potências nas interligações Tecnologias Tecnologias a mercado Mercado Diário Julho de Sessões do Mercado Diário Energia contratada Preço no Mercado Diário Volume económico transaccionado Market Splitting Tecnologias Tecnologias a mercado Relação entre as tecnologias e o Preço do Mercado Diário xii

13 5.6 Serviços de Sistema Julho de Reserva Secundária Evolução do Preço Energia contratada Reserva Terciária Evolução do Preço Energia contratada Mercado Diário Ano Energia eléctrica contratada em Preço médio mensal no mercado diário em Volume económico transaccionado Market Splitting Tecnologias Tecnologias a mercado Relação entre as tecnologias e o preço no Mercado Diário Serviços de Sistema ano de Introdução Reserva Secundária Evolução do Preço Energia utilizada Reserva Terciária Evolução do Preço Energia utilizada Capítulo Análise dos Resultados do Mercado de Electricidade no 1º Trimestre de Estrutura do Capítulo Mercado Diário 1º Trimestre de Energia eléctrica contratada Preço da energia eléctrica no Mercado Diário Volume económico transaccionado Market Splitting Tecnologias Tecnologias a mercado Relação entre as tecnologias e o preço do Mercado Diário Serviços de Sistema 1º Trimestre de Reserva Secundária Evolução do Preço Energia utilizada Reserva Terciária Evolução do Preço Energia utilizada Capítulo Conclusões Referências xiii

14 xiv

15 Lista de figuras Figura Estrutura verticalmente integrada do sector eléctrico [1]... 4 Figura Novo modelo desagregado do sector eléctrico [1]... 6 Figura Funcionamento de um pool simétrico [1] Figura Funcionamento de um pool assimétrico [1]... 1 Figura Funcionamento de um pool simétrico ideal [1] Figura Modelo misto de exploração do sector eléctrico [1] Figura As 1 zonas de preço do Nordpool [28] Figura Evolução semanal do preço do Sistema do Nordpool e da área da Suécia [28] Figura Situação de Market Splitting entre a Suécia e Noruega [7] Figura Estrutura do mercado em Inglaterra e Gales em Figura Preços no mercado e efeitos da implementação do NETA [7]... 2 Figura Organização do Sistema Eléctrico Nacional em 1995 [9] Figura Estrutura actual do Sistema Eléctrico Português [3] Figura Organização do sector eléctrico Espanhol [12] Figura Sequência cronológica de eventos relevantes para a formação do MIBEL Figura Preço do mercado diário na hora 15 do dia 2/12/21 [2] Figura Estrutura por sessões do mercado intradiário [19] Figura Sequência cronológica do funcionamento do MIBEL [7] Figura 3.8 Evolução da capacidade comercial de importação [22] Figura Evolução da capacidade comercial de exportação [22] Figura Linhas de interligação entre Portugal e Espanha [33] Figura Actuação das Reservas de Regulação [33] Figura Vinculação entre os preços das reservas secundária e terciária [17] xv

16 Figura Princípio de funcionamento do modelo 3 [35] Figura Energia contratada no Mercado Diário em Espanha e Portugal - Fevereiro Figura Gráfico com máximos e mínimos contratados no mercado diário - Fevereiro de Figura Evolução dos preços no mercado diário em Espanha e Portugal - Fevereiro de Figura Evolução horária dos preços no mercado diário em Portugal e Espanha - Fevereiro Figura Hora de preço máximo no MIBEL - Fevereiro Figura Hora 18 de preço zero no lado Espanhol 28 de Fevereiro Figura Hora 18 de preço zero no lado Português 28 de Fevereiro Figura Evolução dos preços nas horas de vazio/fora de vazio - Fevereiro Figura Evolução dos preços médios horários para cada dia da semana - Fevereiro Figura Volume económico negociado no lado Português e no lado Espanhol - Fevereiro Figura Evolução horária da diferença de preços entre Portugal e Espanha - Fevereiro Figura Capacidade e ocupação das interligações entre Portugal e Espanha - Fevereiro Figura Relação entre o Market Splitting e a Exportação de Espanha para Portugal Figura Relação entre o Market Splitting e a exportação de Portugal para Espanha Figura Energia diária por tecnologia a mercado em Portugal - Fevereiro Figura Energia diária por tecnologia a mercado em Espanha - Fevereiro Figura Tecnologias que marcam o preço no mercado diário em Portugal - Fevereiro Figura Tecnologias que marcam o preço no mercado diário em Espanha - Fevereiro Figura Tecnologias que definem o preço no mercado diário por hora em Portugal - Fevereiro Figura Tecnologias que definem o preço no mercado diário por hora em Espanha - Fevereiro Figura Relação entre a tecnologia utilizada e o preço médio do mercado diário em Portugal - Fevereiro Figura Relação entre a tecnologia utilizada e o preço médio do mercado diário em Espanha - Fevereiro xvi

17 Figura Evolução diária do preço médio da reserva secundária em Portugal Fevereiro Figura Evolução diária do preço da reserva secundária em Portugal e Espanha - Fevereiro Figura Evolução diária do preço da reserva secundária e preço do mercado diário em Portugal - Fevereiro Figura Energia utilizada na reserva secundária em Portugal - Fevereiro Figura Energia utilizada na reserva secundária em Portugal e Espanha - Fevereiro Figura Percentagem de energia contratada na reserva secundária em relação à energia contratada no mercado diário - Fevereiro Figura Percentagem de energia utilizada da banda de regulação secundária em Portugal - Fevereiro Figura Evolução diária do preço médio da reserva terciária em Portugal - Fevereiro Figura Evolução diária do Preço médio da reserva terciária em Portugal e Espanha - Fevereiro Figura Evolução diária dos preços da reserva terciária e do preço médio do mercado diário em Portugal - Fevereiro Figura Energia utilizada na reserva terciária em Portugal - Fevereiro Figura Energia utilizada na reserva terciária em Portugal e Espanha - Fevereiro Figura Percentagem de energia contratada na reserva terciária em relação à energia contratada no mercado diário - Fevereiro Figura Energia contratada no mercado diário em Espanha e Portugal - 21 Fevereiro Figura Evolução horária dos preços do Mercado Diário em Espanha e Portugal - 21 Fevereiro Figura Comparação entre Preço médio horário em Fevereiro 21 e Preço horário - 21 Fevereiro Figura Comparação entre Preço médio Domingo em Fevereiro e Preço horário - 21 Fevereiro Figura Capacidade e ocupação das interligações entre Portugal e Espanha - 21 Fevereiro Figura Energia contratada no mercado diário em Portugal e Espanha - Julho Figura Evolução dos valores mínimos e máximos contratados no mercado diário - Julho Figura Evolução diária dos preços do mercado diário em Espanha e Portugal - Julho xvii

18 Figura Evolução horária dos preços do mercado diário em Portugal e Espanha - Julho Figura Evolução dos preços nas horas de vazio/fora de vazio - Julho Figura Evolução dos preços médios horários para cada dia da semana - Julho Figura Volume económico transaccionado em Portugal e Espanha - Julho Figura Evolução horária da diferença de preços entre Portugal e Espanha - Julho Figura Capacidade e ocupação das interligações entre Portugal e Espanha - Julho Figura Relação entre o Market Splitting e as capacidades de exportação entre Espanha e Portugal - Julho Figura Energia diária por tecnologia a mercado em Portugal - Julho Figura Energia diária por tecnologia a mercado em Espanha - Julho Figura Tecnologias que marcam o preço no mercado diário em Espanha - Julho Figura Tecnologias que marcam o preço no mercado diário em Portugal - Julho Figura Análise horária das tecnologias que marcam o preço de mercado em Espanha - Julho Figura Análise horária das tecnologias que marcam o preço de mercado em Portugal - Julho Figura Relação entre a tecnologia a mercado e o preço médio do mercado diário em Espanha - Julho Figura 5.58 Relação entre a tecnologia a mercado e o preço médio do mercado diário em Portugal - Julho Figura Evolução diária do preço médio da reserva secundária em Portugal - Julho Figura Evolução diária do preço da reserva secundária em Portugal e Espanha - Julho Figura Evolução diária do preço da reserva secundária e do preço do mercado diário em Portugal - Julho Figura Energia utilizada na reserva secundária em Portugal - Julho Figura Energia utilizada na reserva secundária em Portugal e Espanha - Julho Figura Relação entre a energia contratada na reserva secundária e a energia contratada no mercado diário - Julho Figura Ocupação da banda de regulação secundária em Portugal - Julho Figura Evolução diária do preço da reserva terciária em Portugal - Julho xviii

19 Figura Evolução diária do preço da reserva terciária em Portugal e Espanha - Julho Figura Evolução diária do preço da reserva terciária e do preço do mercado diário em Portugal - Julho Figura Energia utilizada na reserva terciária em Portugal - Julho Figura Energia utilizada na reserva terciária em Portugal e Espanha - Julho Figura Relação entre a energia utilizada na reserva terciária e a energia contratada no mercado diário - Julho Figura Evolução da energia contratada no Mercado diário em Figura Evolução da energia contratada no mercado diário em Portugal em 29 e Figura Preço médio mensal em Portugal e Espanha no ano de Figura Evolução dos preços do Mercado Diário em Portugal e Espanha - Ano de Figura Evolução diária do preço médio no mercado diário em Portugal e Espanha - Ano Figura 5.77 Preço médio mensal no mercado diário em Portugal em 29 e Figura Volume económico transaccionado em Portugal e Espanha - ano de Figura Evolução mensal da aplicação do Market Splitting - ano de Figura Evolução horária da diferença de preços entre Portugal e Espanha - ano de Figura Capacidade e ocupação das interligações entre Portugal e Espanha - Ano de Figura Energia diária por tecnologia no mercado diário em Portugal - ano de Figura Energia diária por tecnologia no mercado diário em Espanha - ano de Figura Tecnologias que marcam o preço no mercado diário em Espanha - ano de Figura Tecnologias que marcam o preço no mercado diário em Portugal - ano de Figura Relação entre a tecnologia a mercado e o preço médio do mercado diário em Portugal - ano de Figura Relação entre a tecnologia a mercado e o preço médio do mercado diário em Espanha - ano de Figura Evolução mensal do preço médio da reserva secundária em Portugal - ano de Figura Evolução mensal do preço da reserva secundária em Portugal e Espanha - ano de Figura Evolução mensal do preço da reserva secundária e do mercado diário em Portugal - ano de xix

20 Figura Energia utilizada na reserva secundária em Portugal - ano de Figura Energia utilizada na reserva secundária em Portugal e Espanha - ano de Figura Relação entre a energia contratada no mercado diário e na reserva secundária em Portugal e Espanha - ano de Figura Percentagem de ocupação da banda de regulação secundária em Portugal e Espanha - ano de Figura Evolução mensal do preço médio da reserva terciária em Portugal - ano de Figura Evolução mensal do preço da reserva terciária em Portugal e Espanha - ano de Figura Evolução mensal do preço da reserva terciária e do mercado diário em Portugal - ano de Figura Energia utilizada na reserva terciária em Portugal - ano de Figura Energia utilizada na reserva terciária em Portugal e Espanha - ano de Figura Relação entre a energia contratada no mercado diário e na reserva terciária em Portugal e Espanha - ano de Figura Energia diária contratada no mercado diário em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Figura Preço médio aritmético diário no mercado diário em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Figura Preços mínimos e máximos no mercado diário em Espanha - 1º trimestre de 21 e Figura 6.4 Preços mínimos e máximos no mercado diário em Portugal - 1º trimestre de 21 e Figura Volume económico transaccionado em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Figura Evolução horária da diferença de preços entre Portugal e Espanha - 1º trimestre 21 e Figura Capacidade e ocupação das interligações entre Portugal e Espanha - 1º trimestre Figura Capacidade e ocupação das interligações entre Portugal e Espanha - 1º trimestre Figura Energia diária por tecnologia a mercado em Espanha - 1º trimestre Figura Energia diária por tecnologia a mercado em Portugal - 1º trimestre Figura Número de horas que cada tecnologia marcou o preço do mercado diário - 1º trimestre 21 e Figura Relação entre a tecnologia a mercado e o preço do mercado diário - 1º trimestre xx

21 Figura Relação entre a tecnologia a mercado e o preço do mercado diário - 1º trimestre Figura Evolução mensal do preço da reserva secundária em Portugal - 1º trimestre 21 e Figura Evolução mensal do preço da reserva secundária em Espanha - 1º trimestre 21 e Figura Diferença de preços na reserva secundária entre Portugal e Espanha - 1º trimestre 211 e Figura Energia utilizada na reserva secundária em Espanha - 1º trimestre 21 e Figura Energia utilizada na reserva secundária em Portugal - 1º trimestre 21 e Figura Evolução mensal do preço da reserva terciária em Espanha - 1º trimestre 21 e Figura Evolução mensal do preço da reserva terciária em Portugal - 1º trimestre 21 e Figura Diferença de preços na reserva terciária entre Portugal e Espanha - 1º trimestre 21 e Figura Energia utilizada na reserva terciária em Espanha - 1º trimestre 21 e Figura Energia utilizada na reserva terciária em Portugal - 1º trimestre 21 e xxi

22 xxii

23 Lista de tabelas Tabela Mercado Diário - Lado Espanhol Tabela Mercado diário - Lado Português Tabela Total de energia transaccionada no Mercado Diário - Fevereiro de Tabela Contratação diária no Mercado Diário - Fevereiro de Tabela Valores máximos e mínimos de energia contratada no mercado diário - Fevereiro de Tabela Preço médio aritmético no Mercado Diário em Espanha e Portugal - Fevereiro de Tabela Preços máximos e mínimos em Espanha e Portugal - Fevereiro de Tabela Preços mínimos e máximos nas horas de vazio e fora de vazio - Fevereiro Tabela Valores negociados nas duas áreas de operação - Fevereiro de Tabela Aplicação do Market Splitting no MIBEL Tabela Importância de cada tecnologia na produção para o mercado diário - Fevereiro Tabela Número de horas de cada dia em que cada tecnologia marcou o preço do mercado diário em Portugal - Fevereiro Tabela Número de horas de cada dia em que cada tecnologia marcou o preço do mercado diário em Espanha - Fevereiro Tabela Preços máximos, mínimos e médios registados na reserva secundária em Portugal - Fevereiro Tabela Energia mínima, máxima e média utilizada na reserva secundária em Portugal - Fevereiro Tabela Preços máximos, mínimos e médios registados na reserva terciária em Portugal Fevereiro Tabela Energia mínima, máxima e média utilizada na reserva terciária em Portugal - Fevereiro xxiii

24 Tabela Total de energia transaccionada no Mercado Diário - 21 de Fevereiro Tabela Preços médios, máximos e mínimos do Mercado Diário - 21 Fevereiro Tabela Tecnologias a Mercado em Espanha e Portugal - 21 Fevereiro Tabela Número de horas que cada tecnologia marca o preço do Mercado Diário - 21 Fevereiro Tabela Mercado diário - lado Espanhol... 1 Tabela Mercado diário - lado Português Tabela Total de energia contratada no mercado diário - Julho de Tabela Contratação diária no mercado diário - Julho Tabela Energia máxima e mínima contratada no mercado diário - Julho Tabela Preço médio aritmético em Portugal e Espanha - Julho Tabela Preços máximos e mínimos em Espanha e Portugal - Julho Tabela Preços máximos e mínimos nas horas de vazio/fora de vazio - Julho de Tabela Valores negociados em Portugal e Espanha - Julho Tabela Aplicação de Market splitting no MIBEL - Julho Tabela Tecnologias a mercado em Portugal e Espanha - Julho Tabela Número de horas de cada dia que as tecnologias marcaram o preço de mercado em Espanha - Julho Tabela Número de horas de cada dia que as tecnologias marcaram o preço de mercado em Portugal - Julho Tabela Preços máximos, mínimos e médios da reserva secundária em Portugal - Julho Tabela Energia mínima, máxima e média na reserva secundária em Portugal - Julho Tabela Preços máximos, mínimos e médios na reserva terciária em Portugal - Julho Tabela Energia máxima, mínima e média na reserva terciária em Portugal - Julho Tabela Energia contratada por mês no mercado diário em Portugal e Espanha - ano Tabela Média, máximo e mínimo anual de energia contratada no mercado diário - ano de Tabela Energia contratada no mercado diário em Portugal em 29 e Tabela Preços médios mensais no Mercado Diário em Portugal e Espanha - ano de xxiv

25 Tabela Preços máximos e mínimos mensais no Mercado Diário em Portugal e Espanha - ano de Tabela Preços médios mensais no lado Português em 29 e Tabela Volume económico mensal transaccionado em Portugal e Espanha - ano de Tabela Aplicação de Market Splitting - ano Tabela Diferença de preços média, mínima e máxima entre Portugal e Espanha - ano de Tabela Importância de cada tecnologia na produção para o mercado diário - ano de Tabela Número de horas de cada mês em que cada tecnologia marca o preço do mercado diário em Espanha - ano de Tabela 5.5 Número de horas de cada mês em que cada tecnologia marca o preço do mercado diário em Portugal ano de Tabela Valores médios mensais do Preço da reserva secundária em Espanha e Portugal - ano de Tabela Preços máximos, mínimos e médios na reserva secundária em Portugal - ano de Tabela Energia utilizada mensalmente em Portugal e Espanha - ano de Tabela Energia máxima, mínima e média utilizada na reserva secundária em Portugal - ano de Tabela Valores mínimos, máximos e totais de ocupação da banda de regulação secundária em Portugal e espanha - ano de Tabela Valores médios mensais do preço da reserva terciária em Portugal e Espanha - ano de Tabela Preços máximos, mínimos e médios na reserva terciária em Portugal - ano de Tabela Energia utilizada mensalmente na reserva terciária em Portugal e Espanha - ano de Tabela Energia máxima, mínima e média utilizada na reserva terciária em Portugal - ano de Tabela Energia contratada mensalmente no mercado diário em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Tabela Energia diária contratada no mercado diário em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Tabela Preço médio mensal em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Tabela Preço mínimo, máximo e médio diário no mercado diário em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Tabela Volume económico transaccionado em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 211 e xxv

26 Tabela Percentagem de tempo em Market Splitting - 1º trimestre de 21 e Tabela Diferença de preços média, mínima e máxima entre Portugal e Espanha - 1º trimestre 21 e Tabela Tecnologias a mercado em Portugal e Espanha - 1º trimestre de 21 e Tabela Número de horas que cada tecnologia marca o preço de mercado em Portugal e Espanha - 1º trimestre 21 e Tabela Preços médios mensais da reserva secundária em Portugal e Espanha - 1º trimestre 211 e Tabela Energia utilizada na reserva secundária em Portugal e Espanha - 1º trimestre 21 e Tabela Ocupação da banda de regulação secundária - 1º trimestre de 21 e Tabela Preços médios mensais da reserva terciária em Portugal e Espanha - 1º trimestre 21 e Tabela Energia utilizada na reserva terciária em Portugal e Espanha - 1º trimestre 21 e xxvi

27 Lista de Abreviaturas AGC AVR BETTA CNE CSEN EDP ERSE ISO LOSEN MIBEL NETA NGC Nordpool OMEL OMIP OPF PDBF PDVP PPP PRE PSP REE REN RNT RPM RTE SEI SEN SEP SMP TSO Automatic Generation Control Automatic Voltage Regulation British Electricity Trading Arrangements Comisión Nacional de Energia Comisión Nacional del Sistema Eléctrico Energias de Portugal Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos Independent System Operator Ley Orgánica del Sector Eléctrico Nacional Mercado Ibérico de Electricidade New Electricity Trade Arrangements National Grid Company Nordic Power Exchange Operador do Mercado Ibérico Pólo Espanhol Operador do Mercado Ibérico Pólo Português Optimal Power Flow Programa Diário de Base de Funcionamento Programa Diário Viável Provisório Pool Purchase Price Produção em Regime Especial Pool Selling Price Red Electrica de España Redes Energéticas Nacionais Rede Nacional de Transporte Regulating Power Market Réseau de Transport d Electricité Sistema Eléctrico Independente Sistema Eléctrico Nacional Sistema Eléctrico de Serviço Público System Marginal Price Transmission System Operator xxvii

28 xxviii

29 Capítulo 1 Introdução 1.1 Enquadramento e Objectivos O trabalho que deu origem a esta dissertação resultou de um tema proposto pela EDP Produção e efectuado no âmbito da dissertação do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e Computadores. O tema proposto consistiu na análise estatística dos resultados do Mercado Ibérico de Electricidade, MIBEL, no ano de 21. O principal objectivo deste trabalho centrou-se assim na análise e compreensão do funcionamento do MIBEL no ano de 21 de forma que com os resultados obtidos se possam definir novas estratégias e novas opções que permitam um funcionamento mais eficiente do mercado. Uma parte muito significativa da análise realizada incidiu sobre os resultados do Mercado Diário e nas diferenças existentes entre o funcionamento do lado Espanhol e do lado Português. Com a evolução dos mercados de electricidade a nível Europeu torna-se cada vez mais necessário um funcionamento eficaz do MIBEL como um mercado único de forma a evoluir para um mercado único a nível Europeu. Foi também analisado o mercado de Serviços de Sistema, nomeadamente os serviços de reserva secundária e reserva terciária. Estes serviços são muito importantes para manter a segurança e a fiabilidade da operação do sistema ibérico. Com esta análise pretendeu-se perceber as diferenças existentes na utilização destes serviços em Portugal e Espanha.

30 2 Introdução 1.2 Estrutura do Documento Este documento encontra-se organizado em sete capítulos. No presente capítulo é realizado o enquadramento e são apresentados os principais objectivos do trabalho. É também apresentada a organização do documento. No Capítulo 2 - Mercados de Electricidade é apresentada uma abordagem à evolução histórica dos mercados de electricidade e a restruturação realizada. São também referidos os tipos de mercados existentes com uma explicação do seu modo de funcionamento. Por fim, são abordados dois casos de implementação de Mercados de Electricidade, nomeadamente o Nordpool e o mercado de electricidade do Reino Unido, o BETTA. No Capítulo 3 Mercado Ibérico de Electricidade é caracterizado o sistema eléctrico Português e o sistema eléctrico Espanhol, referindo a evolução histórica de cada um dos sistemas até à organização actual. É também caracterizado o processo que levou à criação do MIBEL e os principais objectivos inerentes à sua criação. É abordado também o funcionamento e organização actual do MIBEL referindo as sessões de mercado existentes diariamente. Finalmente, são apresentadas as interligações existentes entre Portugal e Espanha e a sua importância no contexto do MIBEL. No Capítulo 4 Serviços de Sistema são descritos os serviços de sistema existentes em geral, sendo também descritos os serviços de sistema existentes em Espanha e Portugal e suas funções. É também abordada a harmonização dos serviços de sistema, referindo os modelos possíveis de harmonização sendo descrito o estado da aplicação da harmonização dos serviços de sistema no MIBEL. No Capítulo 5 Análise dos resultados do Mercado de Electricidade em 21 são analisados os resultados do Mercado Ibérico de Electricidade referentes ao Mercado Diário e ao mercado de Serviços de Sistema, no que se refere à contratação da reserva secundária e terciária. É realizada uma análise mais pormenorizada dos meses de Fevereiro e de Julho realizando-se também uma análise mais global do ano de 21. No Capítulo 6 Análise dos resultados do Mercado de Electricidade no 1º trimestre de 211 é realizada uma análise semelhante à realizada no Capítulo 5, sendo neste caso objecto de análise os resultados referentes ao 1º trimestre de 211. É feita igualmente uma análise comparativa entre os resultados obtidos no 1º trimestre de 211 e os resultados do 1º trimestre de 21. No Capítulo 7 Conclusões são apresentadas as conclusões finais do trabalho e algumas sugestões de aspectos e medidas que possam contribuir para melhorar o funcionamento do Mercado Ibérico de Electricidade. 2

31 Capítulo 2 Mercados de electricidade 2.1 Sector Eléctrico no Passado e Razões para a Mudança No final do século XIX teve início a actividade de produção de electricidade, assim como o seu transporte e distribuição até aos consumidores, sendo que desde essa altura o sector sofreu muitas alterações. Na sua fase inicial, o sector eléctrico era formado por redes eléctricas de pequena potência e extensão geográfica devido à tecnologia disponível na altura e ao valor diminuto das potências de carga envolvidas. À medida que as potências de carga foram aumentando e começaram a desenvolver-se novas soluções tecnológicas, a extensão geográfica das redes e as potências envolvidas começaram também a sofrer incrementos. Este processo, a par do aproveitamento de recursos hídricos muitas vezes disponíveis em locais afastados dos centros de consumo, conduziu à construção de redes de transporte de energia eléctrica envolvendo distâncias e níveis de tensão cada vez mais elevados. Esta evolução originou a passagem de pequenos sistemas para grandes sistemas eléctricos, envolvendo investimentos cada vez mais significativos e cobrindo extensões geográficas crescentes coincidindo, com frequência, com o território de um país. Associado a este movimento, existiu também uma progressiva interligação dos sistemas eléctricos nacionais por razões de ordem técnica, relacionadas com a obtenção de uma segurança de exploração e estabilidade mais elevadas [1].

32 4 Mercados de electricidade No que respeita à estrutura do sector eléctrico, verificavam-se algumas diferenças, consoante o país em questão. A título de exemplo: Em Portugal, até 1975, o sector eléctrico encontrava-se organizado em termos de diversas empresas concessionárias que, nesse ano, foram nacionalizadas num processo de que veio a emergir a EDP; Em Espanha, assim como na Alemanha, o sector manteve-se estruturado em termos de diversas empresas privadas actuando nas áreas da produção, transporte e distribuição; Na Noruega e Suécia, até 1991 os sistemas eléctricos norueguês e sueco eram constituídos por empresas verticalmente integradas que eram responsáveis pelo fornecimento da maior parte da electricidade do país [1]; No entanto, pode-se afirmar que, apesar das diversas variantes, todas as estruturas eram caracterizadas de um modo geral pela existência de monopólios verticalmente integrados, onde as empresas integravam as áreas desde a produção até ao relacionamento com o consumidor final. Nos países em que existiam várias empresas, estas actuavam em diferentes áreas geográficas, não havendo qualquer competição, pois cada empresa possuía o seu conjunto de clientes cativo. A Figura 2.1 ilustra a estrutura verticalmente integrada e monopolista que caracterizava o sector eléctrico [2]. Figura Estrutura verticalmente integrada do sector eléctrico [1]. Esta forma de organização era considerada naquela altura como a mais adequada para o sector eléctrico apesar das implicações que daí advinham para os consumidores: 4

33 2.2 Reestruturação do sector eléctrico 5 Os consumidores não tinham qualquer possibilidade de escolha no que respeita ao fornecedor de energia eléctrica; O preço do produto final era determinado através de processos de regulação pouco claros; O sector eléctrico assumia, por vezes, o papel de elemento amortecedor em períodos de crise económica; O ambiente de pouco risco e incerteza deu origem a economias de escala; Todos estes aspectos, reforçados pela crise económica de 1973, despoletaram a reestruturação do sector eléctrico e a criação dos mercados de electricidade. Até à crise petrolífera de 1973, o ambiente económico era muito estável, existindo poucos factores de risco nas diversas actividades económicas, em geral, e no sector eléctrico, em particular. Após as décadas de 5, 6 e início dos anos 7, o ambiente económico que se viveu, nomeadamente nos países mais industrializados, modificou-se de um modo muito rápido. As novas conjunturas económicas que se desenvolveram, caracterizaram-se pela existência de elevadas taxas de juro e de inflação, que contribuíram para criar um ambiente económico mais volátil. Como consequência deste novo ambiente económico, o consumo de diversas formas de energia e, em particular da energia eléctrica, começou a apresentar comportamentos mais erráticos [1]. 2.2 Reestruturação do sector eléctrico A transformação do ambiente económico para uma forma mais desfavorável e prejudicial para as actividades de capital intensivo, aliado aos processos de restruturação que surgiram em diversas actividades económicas, onde se incluem a indústria aérea, as redes de telecomunicações e distribuição de gás, originou o aparecimento de diversos novos agentes, aumentando com isso a concorrência, e conferindo aos clientes um papel mais activo na medida em que agora tinham a liberdade de escolha da entidade fornecedora de serviços. Como consequência destas mudanças, colocou-se a questão se não se poderia realizar uma restruturação semelhante no sector eléctrico. No entanto, com excepção da experiência de restruturação iniciada no Chile em 1979, o sector eléctrico permaneceu praticamente inalterado até finais dos anos 8. Finalmente, em 199 iniciou-se sob o governo de Margareth Tatcher a restruturação do sector eléctrico em Inglaterra e Gales e, a partir daí, este movimento conheceu um desenvolvimento mais acelerado e generalizado. Passado alguns anos, mais concretamente em 1996, surgiu o Nordpool que nasceu da integração dos sectores eléctricos da Suécia e Noruega, sendo posteriormente alargado à Dinamarca e Finlândia [1]. 5

34 6 Mercados de electricidade Em Portugal, a reestruturação do sector eléctrico deu um primeiro passo em 1994 com a criação da Rede Eléctrica Nacional, REN, como subsidiária da EDP, existindo assim uma primeira divisão de encargos, visto que a REN passou a ser a responsável pelo transporte de electricidade. A liberalização do sector eléctrico começou a ganhar mais contornos, com o pacote legislativo de 1995 e a aplicação dos princípios da Directiva 96/92/CE, de 19 de Dezembro, que estabeleceu as regras comuns com vista à criação do Mercado Interno de Electricidade. Mais tarde, a 14 de Novembro de 21, foi assinado um protocolo entre o Governo Espanhol e Português para a criação do Mercado Ibérico de Electricidade. No entanto, o seu arranque efectivo só ocorreu a 1 de Julho de 27. Deste protocolo resultaram alterações ao nível da legislação, assim como da regulação do sector eléctrico, cuja responsabilidade está a cargo da ERSE. A reestruturação do sector eléctrico resultou em mudanças significativas em relação ao sistema tradicional, nascendo dessa mudança uma nova estrutura desverticalizada, com a participação de novos agentes. Este processo de desverticalização, unbundling, trouxe benefícios para o sector, visto que resultou na criação de novas empresas resultando daí um aumento da competitividade. Este novo ambiente de competição é vantajoso para o consumidor, porque assim todos os agentes envolvidos se esforçam para desenvolver os seus serviços e proporcionar ao consumidor final as melhores condições de forma a satisfazer as suas necessidades. A Figura 2.2 apresenta a nova estrutura do modelo desagregado para o sector eléctrico. Figura Novo modelo desagregado do sector eléctrico [1]. Neste novo modelo podemos observar a existência de actividades fortemente competitivas nas extremidades, mais concretamente a produção (P), intermediação financeira (IF) e comercialização (C). A actividade de rede de distribuição (RD) é exercida em regime de monopólio regulado. Na zona central estão incluídas as actividades de Contratos 6

35 2.2 Reestruturação do sector eléctrico 7 Bilaterais (CB), Serviços Auxiliares (SA), Mercados Centralizados (MC), Rede de Transporte (RT) e o Operador de Sistema (ISO) [1]. Os Contratos Bilaterais, CB, consistem na celebração de contratos de compra e venda de energia eléctrica entre duas entidades elegíveis/qualificadas (uma entidade compradora e outra vendedora) que, numa óptica de liberdade, definem por mútuo acordo as próprias condições e preços. A celebração de um contrato bilateral obriga umas das partes a comprar e a outra a vender energia eléctrica nas condições definidas no próprio contrato. A programação dos contratos bilaterais é objecto de comunicação ao OS, de modo a permitir a realização de eventuais correcções às quantidades inicialmente contratadas [3]. Os Mercados Centralizados recebem as propostas de compra e venda de energia, tipicamente para cada hora ou meia hora do dia seguinte, Day-Ahead Markets. Estas propostas incluem normalmente os valores da potência e do preço (mínimo a receber no caso das propostas de venda, máximo a pagar no caso das propostas de compra). Estes mercados cruzam estas propostas construindo um despacho puramente económico para cada intervalo de tempo do dia seguinte. O Independent System Operator, ISO, é a entidade que tem as funções de coordenação técnica da exploração do sistema eléctrico. Para esse efeito, deverá receber informação sobre os despachos económicos resultantes da actividade dos Mercados Centralizados, bem como a informação relacionada com os Contratos Bilaterais em termos de nós da rede e potências envolvidas. O ISO deverá assim avaliar a viabilidade técnica do conjunto despacho/contratos tendo em atenção especial os congestionamentos [1]. Caso não existam congestionamentos, a operação é viável, procedendo-se de seguida à contratação dos serviços auxiliares necessários. Se existirem situações de congestionamento, o ISO deverá ter o poder de efectuar as alterações necessárias. A Rede de Transporte é a entidade que detém os activos da rede de transporte e que, por razões económicas, funciona em regime de monopólio natural nas áreas em que se encontra implementada. O facto de não ser fácil duplicar linhas na mesma área geográfica contribui para este regime de monopólio. Nos casos em que o ISO tem também sobre a sua responsabilidade as actividades da rede de transporte, passa a ter a designação de Transmission System Operator, TSO. Estas empresas, tal como as detentoras da rede de distribuição, são remuneradas através de Tarifas de Uso das Redes. Este modelo corresponde à forma mais desagregada, havendo uma total separação de todas as actividades. No entanto, em alguns países várias actividades encontram-se agrupadas, como por exemplo em Portugal através da REN. 7

36 8 Mercados de electricidade 2.3 Tipos de Mercados A bolsa de electricidade Pool Uma das formas de relacionamento entre os agentes que intervêm no mercado de electricidade corresponde aos mercados spot, normalmente conhecidos como mercados em Pool. Este tipo de mercado é considerado a bolsa de electricidade devido à sua forma de funcionamento que passa por mecanismos de curto prazo, em que se pretende equilibrar a produção e a carga através de propostas de compra e de venda de energia eléctrica. Funciona normalmente no dia anterior àquele em que será implementado o resultado das propostas que tiverem sido aceites. Dentro deste tipo de mercado, existe o Pool simétrico ou assimétrico e o voluntário ou obrigatório. As versões mais usuais deste tipo de mercado são os mercados em Pool simétrico. O seu funcionamento baseia-se no cruzamento das ofertas de compra e de venda apresentadas pelos agentes registados para actuar no mercado, devendo as ofertas de venda incluir o nó de injecção, a disponibilidade de produção em cada período e o preço mínimo a que pretendem ver remunerado o serviço. Em relação às ofertas de compra deverá ser indicado o nó de absorção, a potência pretendida para cada intervalo e o preço máximo que estão disponíveis a pagar pela energia eléctrica. O preço de mercado é encontrado através de um processo em que as ofertas de venda são dispostas por ordem crescente dos preços oferecidos e as ofertas de compra são ordenadas por ordem decrescente dos preços respectivos. O ponto de intersecção das curvas corresponderá ao preço de mercado - Market Clearing Price e a energia eléctrica respectiva corresponde à quantidade negociada Market Clearing Quantity [1]. Excedentes dos consumidores Excedentes dos produtores Figura Funcionamento de um pool simétrico [1]. 8

37 2.3 Tipos de Mercados 9 As propostas apresentadas podem ser propostas simples ou complexas. No caso das propostas simples, não existe qualquer interacção temporal entre as propostas transmitidas por uma mesma entidade, sendo então a proposta apresentada para um intervalo de tempo, independente das que se possam apresentar para intervalos de tempo anteriores e posteriores. As propostas complexas estão normalmente associadas à existência de valores mínimos de produção, de diminuição de carga em centrais térmicas ou à existência de diversas centrais hídricas no mesmo curso de água e em que as albufeiras possuem pouca capacidade [1]. Assim, se houver viabilidade técnica do despacho, os geradores são pagos e as cargas pagam o preço de mercado. Os geradores que ofereceram acima desse preço, assim como as cargas que apresentaram propostas abaixo desse preço, não serão aceites. O excedente dos produtores, que corresponde na Figura 2.3 à área inferior ao tracejado, é definido como a diferença entre a receita obtida na venda de electricidade e o custo incorrido na respectiva produção. Quanto ao excedente dos consumidores, consiste na diferença entre o benefício resultante da utilização da electricidade e o montante despendido na respectiva aquisição. No mercado em pool simétrico, o objectivo a atingir consiste na maximização do excedente social, que resulta da adição entre os excedentes dos produtores e os excedentes dos consumidores. No que respeita à formulação matemática, para propostas simples, este problema corresponde a (2.1) a (2.4). á = (2.1) Sujeito: (2.2) (2.3) = (2.4) A expressão (2.1) representa a maximização do excedente social, tendo cada um dos seus elementos o seguinte significado: - Preço que a carga i está disposta a pagar pelo consumo de energia; Potência despachada relativa à carga i; Preço que a produção j pretende receber por unidade de energia oferecida; - Potência despachada relativa à produção j;, número de propostas de compra e de venda. A restrição (2.2) constitui uma das restrições do problema, em que a carga consumida deve ser menor ou igual à que foi pedida durante as propostas de compra, sendo A quantidade pedida no lançamento da proposta de compra. 9

38 1 Mercados de electricidade A restrição (2.3) impõe que a quantidade produzida não pode ser superior à oferecida no lançamento das propostas de venda, sendo - A quantidade oferecida na proposta de venda. Por fim, a restrição (2.4) diz-nos que o somatório da produção despachada tem de ser igual ao somatório da produção consumida. Este tipo de mercado terá um funcionamento mais eficiente se existirem vários agentes a actuarem nos segmentos de compra e venda. Dessa forma, a concertação na apresentação de propostas tende a diminuir [1]. Outra de forma de funcionamento do mercado spot, corresponde ao funcionamento em Pool assimétrico. Neste caso apenas são apresentadas as propostas de venda, havendo do lado da procura previsões de carga para cada intervalo de tempo de negociação. Este modelo admite assim de forma implícita que a carga é inelástica, isto é, que se encontra apta a pagar qualquer preço que resulte do funcionamento do mercado de modo a assegurar a sua alimentação. Figura Funcionamento de um pool assimétrico [1]. A Figura 2.4 ilustra a representação gráfica do modelo de funcionamento assimétrico. Aqui podemos observar as propostas de venda e de previsão de carga para três períodos diferentes. A partir desta figura é possível constatar que os preços deste tipo de mercado são muito voláteis, visto que são fortemente influenciados pelos preços de venda oferecidos, pelo nível de procura e pela ocorrência ou não de saídas de serviço, programadas ou por avaria [1]. Neste caso, para propostas simples, a formulação matemática para este problema é dada por (2.5) a (2.7). 1

39 2.3 Tipos de Mercados 11 = (2.5) Sujeito: = (2.6) (2.7) Neste problema pretende-se minimizar a área determinada pela curva das ofertas de compra sendo: Preço que a produção pretende receber por unidade da energia oferecida; Potência despachada relativa à produção j. A restrição (2.6) determina que a potência produzida deve ser menor ou igual à potência oferecida no lançamento das propostas de venda de energia eléctrica sendo A quantidade oferecida na proposta de venda. A restrição (2.7) impõe que o somatório da potência produzida despachada tem de ser igual ao somatório da potência consumida especificada, de forma a manter o equilíbrio do sistema. Nestas condições Representa a potência consumida especificada. Este modelo, tem um modo de funcionamento mais semelhante ao tradicional modelo monopolista, em que o despacho de produção é obtido por ordem de mérito. Isto deve-se em grande parte, ao facto da carga ser inelástica. Para além da classificação quanto ao modelo adoptado, os mercados centralizados podem ser classificados como mercados obrigatórios ou voluntários. Num mercado do tipo obrigatório não são admitidas outras formas de relacionamento comercial entre produtores, por um lado, e comercializadores, consumidores elegíveis e agentes externos, por outro. Nos mercados voluntários estas entidades poderão apresentar as suas propostas a este mercado ou recorrer a mecanismos denominados contratos bilaterais Mercado Ideal A Figura 2.5 ilustra um cenário de mercado ideal. No entanto, este cenário só será possível se cada agente possuir pequenas parcelas quer de produção, quer de procura, em relação às transacções de mercado, tornando as curvas de oferta menos descontínuas e diminuindo a ocorrência de mudanças bruscas no Market Clearing Price [4]. 11

40 12 Mercados de electricidade Figura Funcionamento de um pool simétrico ideal [1] Contratos Bilaterais Nos mercados centralizados, as entidades compradoras não tem possibilidade de identificar as entidades produtoras que as estão a alimentar, tal como as entidades produtoras não conseguem identificar quais são as entidades consumidoras que estão a alimentar. Este tipo de modelo tem sido criticado, porque os preços de encontro de mercado reflectem custos marginais de curto prazo, sendo por isso muito voláteis, visto que são influenciados pelas condições de carga, geradores e ramos do sistema de transporte que em dado momento se encontrem disponíveis. Estas variações de preço provocam uma incerteza no fluxo financeiro entre as entidades consumidoras e produtoras. Esta incerteza aumenta o risco quer do ponto de vista do consumidor os preços podem ter um aumento acentuado, quer do produtor que pode ver os preços a diminuir. Desta forma, os contratos bilaterais são uma forma alternativa de relacionamento entre os produtores e consumidores, que têm como objectivo diminuir o risco inerente ao funcionamento dos mercados de curto prazo e conferir às entidades consumidoras uma capacidade real de eleger o fornecedor com o qual se pretendem relacionar [1]. Existem diferentes formas de contratos bilaterais. Temos os contratos bilaterais físicos e contratos do tipo financeiro, que incluem os contratos às diferenças, futuros e opções. Os contratos bilaterais físicos correspondem a uma primeira possibilidade de se estabelecer um relacionamento directo entre entidades produtoras e consumidoras. Estes contratos englobam usualmente prazos iguais ou superiores a 1 ano, e integram diversas disposições relativas ao preço do serviço a fornecer e às condições de fornecimento relativas, por exemplo, à qualidade de serviço, à modulação da potência ao longo do período de contrato e à indicação dos nós em que será realizada a injecção e absorção de potência. Um aspecto que se deve salientar neste tipo de contratos está relacionado com o facto de as condições contratuais estabelecidas entre as entidades intervenientes, dizerem respeito 12

41 2.3 Tipos de Mercados 13 apenas ao relacionamento entre ambas. Nesta situação, o Operador de Sistema apenas deverá assegurar a viabilidade técnica do conjunto de contratos efectivados em simultâneo nas redes eléctricas, não tendo necessidade de conhecer o preço da energia acordado no contrato [1]. Para além dos contratos físicos, a restruturação do sector eléctrico tem implicado a adopção de mecanismos de índole puramente financeira, como forma de lidar com o risco mais acentuado decorrente do funcionamento de mercados a curto prazo. A introdução destes contratos, tais como, contratos às diferenças, contratos de futuros e de opções conduzem a uma progressiva reestruturação do ponto de vista financeiro do sector eléctrico [1] Modelos Mistos De uma maneira geral, a estrutura organizativa de mercados utilizada na maioria dos países corresponde a um modelo misto. Neste caso, funciona em simultâneo um mercado centralizado do tipo Pool, existindo também a possibilidade de se estabelecerem contratos bilaterais físicos. Nestas condições, o Pool é um mecanismo voluntário, visto que existe uma possibilidade alternativa de relacionamento entre as entidades intervenientes no mercado. A Figura 2.6 ilustra o funcionamento do modelo misto. Figura Modelo misto de exploração do sector eléctrico [1]. O Operador de Sistema é responsável pela validação técnica do despacho do pool, recebendo também a informação técnica relativa aos contratos bilaterais físicos. Depois disso, este operador deve verificar se todas as restrições são cumpridas e posteriormente enviar a informação do despacho aos produtores, fornecendo também informação dos serviços auxiliares necessários e ainda a informação dos trânsitos de potência esperados nas redes de transmissão. 13

42 14 Mercados de electricidade 2.4 Exemplos de Implementação Nordpool O processo de criação do Nordpool, iniciou-se em 1991 quando a Noruega implementou uma importante reestruturação do mercado de electricidade ao propiciar livre acesso às redes de transporte e de distribuição e introduzir a concorrência entre geradores, grossistas e retalhistas. Em 1996, a Suécia iniciou um processo análogo, sendo nesse ano removidas as tarifas fronteiriças entre os dois países, conduzindo a um mercado único de electricidade, o Nordpool. Mais tarde em 1998, este mercado foi estendido à Finlândia, e posteriormente em 1999 iniciaram-se as medidas para a incorporação da Dinamarca [5]. Neste mercado, existe um Operador de Mercado, Nordpool, e um Operador de Sistema para cada país que integra o mercado. Na Suécia essa função está atribuída à Svenska Kraftnät, na Noruega está a cargo de uma companhia propriedade do estado, a Statnett, na Finlândia essa tarefa é da responsabilidade da Fingrid que pertence parcialmente ao Estado e na Dinamarca está atribuída à companhia Energinet.dk que é propriedade do estado [6]. No que respeita aos mecanismos de contratação existentes no mercado, existe o mercado spot chamado Elspot, a possibilidade de estabelecer contratos bilaterais físicos e o mercado de ajustes intradiários denominados respectivamente de Elbas e Regulating Power Market, RPM. O mercado diário, Elspot, tem um funcionamento voluntário e em pool simétrico. A este mercado é comunicado para cada hora, as ofertas de compra e venda de energia eléctrica com o respectivo preço e quantidade. O preço fica definido pela intercepção das curvas agregadas da oferta e da procura. No mercado de contratação bilateral, Elbas, são realizadas transacções até uma hora antes da entrega física de energia entre produtores e consumidores [7]. Depois de obtidos os despachos nos mercados Elspot e Elbas, estes são enviados para os Operadores de Sistema que verificam a sua viabilidade técnica e, após isso, é definido um preço único para todo o sistema. Em seguida, são verificados os limites nos ramos de interligação entre a Suécia, Finlândia, Dinamarca e Noruega. Caso não existam congestionamentos nas ligações o preço é único para todo o sistema. No caso de existirem congestionamentos, são determinados preços marginais para cada zona do Elspot. Com o alargamento do mercado spot também à Estónia, o Elspot passou a estar dividido em 1 zonas de preço como ilustra a figura 2.7 e o tratamento dos congestionamentos é realizado através do mecanismo de market splitting [7]. 14

43 2.4 Exemplos de Implementação 15 Figura As 1 zonas de preço do Nordpool [28]. Na maior parte das vezes, o preço do sistema não corresponde ao preço atribuído para uma determinada zona, devido à aplicação do market splitting. Na Figura 2.8 é possível observar a diferença de preços entre o Preço do Sistema e o Preço para a zona da Suécia. Figura Evolução semanal do preço do Sistema do Nordpool e da área da Suécia [28]. O traço amarelo representa o preço na área da Suécia, enquanto o traço azul representa o preço atribuído ao sistema. Como se pode constatar, na maior parte do tempo os preços não coincidem. Isso deve-se à gestão dos congestionamentos entre a área da Suécia e as restantes zonas do Nordpool. Como se trata de um mercado com um número elevado de zonas, é muito 15

44 16 Mercados de electricidade difícil conseguir uma harmonização dos preços para todas as zonas. Além disso, cada zona tem diferentes valores de capacidade de interligação, assim como diferentes necessidades de consumo e diferentes disponibilidades de produção. O Market Splitting é um mecanismo de resolução de congestionamentos em que se considera a capacidade das interligações entre as diferentes áreas de licitação. Isto significa que os balanços de mercado entre a oferta e a procura são automaticamente determinados pela combinação de ambas, tendo em conta a capacidade existente entre essas áreas. Por outras palavras, no Market Splitting os mecanismos de preços reflectem as licitações em cada área e a capacidade das interligações. Quando acontecem situações de congestionamento nas interligações, significa que a capacidade existente não é suficiente para manter o equilíbrio de mercado, não garantindo dessa maneira a segurança do sistema em termos técnicos. Nesses casos os trânsitos de potência nas interligações que estavam congestionadas são colocados no seu limite máximo, ou seja, toda a capacidade disponível será usada para o trânsito de potência da zona que tem um défice de procura em relação à oferta (e portanto preços mais baixos) para a zona que tem um excesso de procura em relação à oferta (ou seja preços mais altos) [8]. De seguida, é apresentado um exemplo de aplicação de Market Splitting no Nordpool, estando ilustrado na Figura 2.9. Neste exemplo admite-se uma situação de congestionamento entre a Suécia e a Noruega, havendo exportação no sentido da Suécia para a Noruega. Como a curva do lado da Suécia tem preços mais baixos, a exportação para Noruega é ajustada para o limite de transmissão dos ramos. Dessa forma, o preço da energia na Suécia diminui em relação ao preço do sistema, porque com o funcionamento da interligação no limite, a procura de energia diminuiu. Do lado da Noruega a curva tem preços mais altos e, visto que a energia proveniente da Suécia está limitada pela capacidade de interligação, torna-se necessário aceitar ofertas mais caras de forma a equilibrar a produção, pelo que o preço final aumenta. Assim, devido à aplicação do Market Splitting, o preço será diferente nas duas zonas. No lado da Suécia, o preço corresponderá ao da última unidade a ser despachada dentro do país, enquanto do lado da Noruega, o preço será o da última unidade a ser despachada dentro da Noruega. Nestas situações passa-se de um mercado com preço único, para um mercado com um preço marginal diferente por zona [7]. Figura Situação de Market Splitting entre a Suécia e Noruega [7]. 16

45 2.4 Exemplos de Implementação 17 O Elbas é um mercado intradiário que funciona para corrigir os volumes obtidos no dia anterior para o mercado Elspot. Este mercado engloba os países Nórdicos, Alemanha e Estónia, sendo operado através da internet. Neste mercado também se realiza a contratação bilateral, sendo possível estabelecer as condições contratuais directamente entre os agentes envolvidos, de forma a evitar a volatilidade inerente ao mercado diário. A comercialização neste mercado tem início logo após a publicação dos resultados obtidos no Elspot, e tem como participantes os produtores, consumidores, os TSO e os agentes de mercado. Outra forma de mercado existente no Nordpool é o Regulating Power Market, RPM. Tratase de um mercado em tempo real gerido pelos TSO para permitir que estes equilibrem a produção e o consumo. Além disso, também permite fornecer preços para os desequilíbrios dos diversos agentes. Este mercado é baseado na apresentação de propostas de regulação ascendente, quando se pretende o aumento da produção ou diminuição de consumo; e propostas de regulação descendente, quando se pretende a diminuição da produção ou aumento do consumo. As propostas recebidas para cada hora, são ordenadas por ordem crescente de preços. No caso concreto de um problema de défice de produção, são utilizadas as propostas de regulação ascendente por ordem do seu preço até resolver o problema. O preço de sistema de regulação ascendente corresponderá ao preço da última proposta aceite, que será mais elevado. Por sua vez no caso de um problema de excesso de produção, usa-se a mesma metodologia, mas desta vez utilizando as propostas de regulação descendente. Neste caso, o preço de sistema corresponderá igualmente ao da última proposta aceite, sendo que desta vez será mais baixo. Em situações de congestionamento, é necessário calcular o preço para cada uma das zonas do Nordpool por aplicação do mecanismo de Market Splitting já detalhado[7] NETA e BETTA no Reino Unido A reestruturação do sector eléctrico no Reino Unido, em particular em Inglaterra e Gales, atingiu o auge durante as décadas de 8 e 9 e foi em parte impulsionada por uma solução de compromisso ideológico entre a redução do papel do estado e o desejo de encontrar meios financeiros para realizar novos investimentos. Em 1988, foi apresentado o White Paper, que traçava as linhas mestras da reestruturação do sector eléctrico e que serviu de ponto de partida para um longo e faseado processo de transição [5]. Até 199, a CEGB, Central Electricity Generating Board, detinha 9% dos cerca de 6 GW de potência instalada, além de deter o monopólio das redes de transporte e de distribuição. O processo de reforma teve início em 31 de Março de 199, com a decisão de separar a actividade de produção da CEGB da transmissão, e dividir essa actividade por várias empresas. Dessa decisão, nasceram as seguintes empresas dedicadas à produção de 17

46 18 Mercados de electricidade electricidade: National Power, PowerGen e Nuclear Electric que, de início, detinham 91% da produção total, ficando o remanescente a cargo de produtores independentes de energia, cogeração e às interligações com a França e com a Escócia. Foi também criada a National Grid Company (NGC) que detinha a propriedade e o controlo da rede de transmissão. Seguidamente, constituíram-se doze empresas de distribuição de base regional que incluíam a comercialização. A Figura 2.1 ilustra a estrutura de mercado em Inglaterra e Gales em 1991 [7]. Produção National Power Nuclear Electric PowerGen Produtores independents, interligações Transporte National Grid Company Distribuição 12 Empresas Regionais Retalho Empresas regionais Empresas regionais e outras Consumo Clientes Vinculados Clientes não vinculados Figura Estrutura do mercado em Inglaterra e Gales em Este mercado tinha um funcionamento em pool obrigatório e assimétrico. O mercado baseava-se na apresentação de propostas por parte das entidades produtoras para cada meia hora do dia seguinte, com informação relativa à capacidade e tecnologia disponível, preço e quantidade oferecida, e em previsões de consumo para a respectiva meia hora. Como o mercado era obrigatório, os membros do pool eram obrigados a negociar toda a energia nesse mercado, sendo o pool o comprador único. Para cada meia hora, o pool determinava o System Marginal Price, SMP, que correspondia ao preço marginal de curto prazo do sistema. Para cada meia hora era também determinado o Pool Purchase Price, PPP, que corresponde ao preço a que o pool pagava a energia aos geradores. Por fim, era determinado para cada meia hora, o Pool Selling Price, PSP, que correspondia ao preço de venda de energia às empresas distribuidoras e aos clientes elegíveis [7]. A partir de Abril de 199, teve início a liberalização do mercado retalhista para potências superiores a 1 MW (cerca de 5 consumidores). Passou assim a existir possibilidade de escolha do fornecedor entre a empresa distribuidora original, Public Electricity Supplier, PES e um Second Tier Supplier que podia corresponder a qualquer entidade comercializadora. Em Abril de 1994, o mercado retalhista foi alargado para clientes com potências superiores a 1 18

47 2.4 Exemplos de Implementação 19 kw (cerca de 5 consumidores) e em 1995 procedeu-se à privatização integral da PowerGen, NGC e da National Power. Por fim, em 1999 o mercado retalhista foi alargado a todos os consumidores (cerca de 26 milhões de clientes), e de seguida, em 2 foi criada a entidade reguladora conjunta para os sectores da electricidade e do gás [3]. Em 21 concretizou-se a substituição do sistema de bolsa obrigatória pelo NETA. O NETA New Electricity Trade Arrangements teve a sua entrada em vigor em Março de 21. O NETA foi criado com o objectivo de tornar o mercado mais competitivo e tentar eliminar os aspectos negativos que se verificavam no anterior funcionamento do mercado em pool. Os princípios fundamentais do NETA são os seguintes: Um mercado com todo o consumo integrado; Ofertas firmes de compra e venda, de forma a reduzir riscos e custos; Centralização do comércio na contratação bilateral, em vez de numa bolsa; Mercado de desvios centralizado, por forma a manter o sistema equilibrado e estabelecer correspondência entre os custos e os actores [3]; De forma a corresponder às necessidades dos participantes no mercado, desenvolveram-se várias opções de contratação de energia: Mercados de curto prazo, em que existe a possibilidade de transaccionar contratos OTC (over the counter, contratos bilaterais entre diferentes agentes) ou apresentar propostas num dos três mercados spot existentes. Todas as negociações são realizadas online; Mercado de ajustes, que tem participação voluntária. Neste mercado podem-se ajustar as posições contratuais inicialmente previstas, de forma a não incorrer numa penalidade. No entanto, trata-se de um mercado residual, com um movimento de cerca de 3% da energia anual [7]. Na Figura 2.11, é possível observar os benefícios do NETA. Após a sua conclusão, houve pouco depois, uma descida dos preços em virtude dos benefícios esperados pela sua implementação. Com o adiamento da mesma, houve uma ligeira subida dos preços, mas após a sua implementação os preços mantiveram-se abaixo dos valores praticados antes da sua conclusão. 19

48 2 Mercados de electricidade Figura Preços no mercado e efeitos da implementação do NETA [7]. Em Abril de 25, o mercado com as regras do NETA foi alargado à Escócia, passando a denominar-se BETTA British Electricity Trading Arrangements tornando-se o mercado único da Inglaterra, Gales e Escócia. No modelo anterior ao BETTA, existiam três sistemas de transmissão separados: o sistema de Inglaterra e Gales operado pela National Grid Company, NGC, o Scottish Power que operava no sul da Escócia e o Scottish Hydro que operava no Norte da Escócia. Cada uma das referidas companhias tinha o respectivo Operador de Sistema para a sua área de influência. O modelo actual, BETTA, apresenta um único Operador de Sistema que é a NGC, e inclui três concessionários separados possuindo licenças de transmissão, nomeadamente, a National Grid, a Scottish Power e a Scottish Hydro. Dessa forma, a National Grid para além de ser um concessionário de parte da rede de transmissão, é igualmente o Operador de Sistema pelo que o Regulador terá de assegurar que não existirá discriminação em relação aos restantes concessionários. As interligações entre a Escócia e a Inglaterra e Gales fazem agora parte do sistema de transmissão da Grã-Bretanha pelo que já não são tratadas separadamente. Estas condições vieram simplificar o acesso dos produtores de energia eléctrica escoceses ao mercado de Inglaterra e Gales [3]. 2

49 Capítulo 3 Mercado Ibérico de electricidade 3.1 Caracterização Sector Eléctrico Português Aspectos Gerais Em Portugal, só nos finais do século XIX se fizeram sentir as vantagens decorrentes da utilização da electricidade. Rezam as crónicas que a primeira experiência realizada em Portugal terá ocorrido em Lisboa, no Chiado, em Depois de Lisboa, a iluminação eléctrica estendeu-se a outros municípios do país, principalmente centros urbanos, visto que era aqui que se verificavam as condições mais favoráveis para o seu aparecimento. No primeiro quartel do século XX, foram-se multiplicando por todo o País as instalações eléctricas, ainda sem qualquer política de interligação. Do ponto de vista legislativo, surgiram os primeiros regulamentos administrativos, todos no domínio da segurança das instalações. A 26 de Dezembro de 1944 é publicada a Lei nº 22, na qual o Estado chama definitivamente a si a definição da política de electrificação nacional, passando a dirigir, orientar e intervir no sector. Posteriormente, em 1975, à semelhança do que aconteceu em outros sectores da actividade económica, assistiu-se à nacionalização do sector eléctrico e, em consequência disso, à criação de empresas públicas às quais foram conferidas, em exclusivo, em regime de serviço público, por tempo indeterminado, o exercício das actividades de produção, transporte e distribuição de energia eléctrica. Assim, deu-se a criação da empresa Electricidade de Portugal, EDP [9].

50 22 Mercado Ibérico de electricidade Com o pacote legislativo de 1995 sobre a organização do sector eléctrico e a aplicação dos princípios da Directiva 96/92/CE, de 19 de Dezembro, que estabeleceu as regras comuns com vista à criação do Mercado Interno de Electricidade, dá-se início à liberalização do sector, marcado pela reestruturação vertical e horizontal da EDP e pela afirmação do princípio de liberdade de acesso às actividades de produção e de comercialização de energia eléctrica. Simultaneamente, consagrou-se a regulação do sector eléctrico através da criação de uma entidade administrativa independente, a ERSE. A publicação dos Decretos-Lei nº 184/23 e 185/23, ambos de 2 de Agosto, representa o início do processo de liberalização global do sector eléctrico, liberalização que tem os seus princípios expressos na Directiva 54/CE/23, de 26 de Junho, e na qual se inspira a criação do Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL), suportado pelos acordos celebrados entre Portugal e Espanha. O enquadramento do funcionamento do sector eléctrico no âmbito dos princípios de abertura e concorrência estabelecidos na Directiva 23/54/CE de 26 de Junho, passou a estar consagrado no Decreto-lei n.º 29/26 de 15 de Fevereiro e consequente regulamentação. Este diploma estabelece os princípios gerais relativos à organização e funcionamento do sistema eléctrico nacional, bem como ao exercício das actividades de produção, transporte, distribuição e comercialização de electricidade e à organização dos mercados de electricidade, transpondo para a ordem jurídica interna os princípios estabelecidos na Directiva n.º 23/54/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Junho, que determina as regras comuns para o mercado interno da electricidade, e revoga a Directiva n.º 96/92/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Dezembro [9] Organização do Sector Eléctrico Nacional Baseado no pacote legislativo de 1995, a reorganização do Sistema Eléctrico Nacional contemplava dois subsistemas: o Sistema Eléctrico de Serviço Público, SEP, e o Sistema Eléctrico Independente, SEI. Este sistema assentava portanto na coexistência de um mercado regulado organizado de acordo com a lógica de serviço público, o SEP, com um mercado liberalizado, o SEI. No SEP, que se encontrava regulado pela ERSE, estavam integrados os produtores vinculados, a entidade concessionária da RNT, a REN, e os distribuidores vinculados. O SEI, por sua vez, englobava o Sistema Eléctrico Não Vinculado, SENV, e os produtores em Regime Especial, PRE. Na figura seguinte é apresentado um diagrama com a organização do SEN. 22

51 3.1 Caracterização Sector Eléctrico Português 23 Figura Organização do Sistema Eléctrico Nacional em 1995 [9]. No ano 2, para completar o processo de desverticalização e privatização da EDP, a maioria do capital social da EDP, SA, tornou-se privado. Antecedendo esta nova fase de privatização, em Junho de 2 o Governo entendeu autonomizar a empresa REN, SA, à qual está concessionada a Rede Nacional de Transporte de Energia Eléctrica. De forma a reforçar as condições de isenção e transparência de actuação do Operador do Sistema, 7% do capital da REN, SA, foi adquirido pelo Estado [1]. A 15 de Fevereiro de 26, entrou em vigor o Decreto-lei nº 29/26, no qual se baseia a organização a funcionamento do Sistema Eléctrico Nacional na actualidade. Nesse decreto estão estabelecidos os princípios gerais relativos à organização e funcionamento do Sistema Eléctrico Nacional, à organização dos mercados de electricidade e ao exercício das actividades de produção, transporte, distribuição e comercialização. A produção de electricidade divide-se em dois regimes, nomeadamente, Produção em Regime Ordinário, relativa à produção de electricidade com base em fontes tradicionais não renováveis e em grandes centros electroprodutores hídricos, e a Produção em Regime Especial, relativa à cogeração e à produção eléctrica a partir da utilização de fontes de energia renováveis. Ao exercício desta actividade está subjacente a garantia do abastecimento, no âmbito do funcionamento de um mercado liberalizado. O acesso à actividade é livre, cabendo aos interessados a respectiva iniciativa. Abandona-se, assim, a lógica do planeamento centralizado dos centros electroprodutores, assente numa optimização 23

52 24 Mercado Ibérico de electricidade baseada nos custos variáveis de produção de cada centro electroprodutor, e introduz-se uma optimização que resultará de uma lógica de mercado [29]. A actividade de transporte de electricidade é desenvolvida através da Rede Nacional de Transporte, ao abrigo de uma concessão exclusiva concedida pelo estado Português. Actualmente a concessão está atribuída à REN, que exerce também a função de Operador de Sistema com todas as responsabilidades inerentes a esta função. Além disso, a REN pode relacionar-se comercialmente com os utilizadores das redes, tendo direito a receber, pela utilização destas e pela prestação dos serviços inerentes, uma retribuição por aplicação de tarifas reguladas [29]. A distribuição de electricidade tem por base a Rede Nacional de Distribuição que consiste na rede de média e alta tensão, e ainda as redes de distribuição de baixa tensão. A concessão desta actividade está atribuída à EDP Distribuição. As suas principais competências consistem em assegurar a exploração e a manutenção da rede de distribuição em condições de segurança, fiabilidade e qualidade de serviço, bem como gerir os fluxos de electricidade na rede, assegurando a sua interoperacionalidade com as redes a que esteja ligada e com as instalações dos clientes, no quadro da gestão técnica global do sistema. A EDP Distribuição também se relaciona comercialmente com os utilizadores das respectivas redes, tendo direito a receber uma retribuição por aplicação de tarifas reguladas. No entanto, não pode adquirir electricidade para comercialização [29]. A actividade de comercialização de electricidade é livre, ficando, contudo, sujeita a atribuição de licença onde se define o elenco dos direitos e dos deveres na perspectiva de um exercício transparente da actividade. Os comercializadores podem livremente comprar e vender electricidade. Para o efeito, têm o direito de acesso às redes de transporte e de distribuição, mediante o pagamento de tarifas reguladas. Os consumidores podem, nas condições do mercado escolher livremente o seu comercializador, sem qualquer encargo adicional para essa mudança. Desde 1 de Janeiro de 27 está em funcionamento o Comercializador de Último Recurso, que tem o objectivo de assegurar a todos os consumidores o fornecimento de electricidade. O CUR deve adquirir obrigatoriamente a electricidade produzida pelos produtores em regime especial e pode adquirir electricidade para abastecer os seus clientes em mercados organizados, designadamente o MIBEL [29]. A organização actual do Sistema Eléctrico Nacional, está assente na coexistência de um mercado liberalizado e de um mercado regulado. Na figura seguinte está representada a sua estrutura. 24

53 3.2 Caracterização Sector Eléctrico Espanhol 25 Sistema Eléctrico Nacional Mercado Regulado (MR) Mercado Liberalizado(ML) Produtores com CAE em vigor PRE Produção em Regime Especial Outros Produtores (inclui CMECs) Operador da Rede de Transporte Mercado Organizado Operador da Rede de Distribuição Comercializadores do ML Comercializador de Último Recurso Clientes do CUR (MR) Clientes do ML Figura Estrutura actual do Sistema Eléctrico Português [3]. 3.2 Caracterização Sector Eléctrico Espanhol Aspectos Gerais A primeira referência de uma aplicação prática de electricidade em Espanha, data de 1852 quando o farmacêutico Domenech foi capaz de iluminar a sua casa usando uma invenção feita por ele. A partir de 1876, tem início a electrificação industrial em Espanha, sendo a empresa La Maquinista Terrestre y Marítima a primeira a subscrever um contrato de fornecimento de electricidade [1]. No final da década de 7 e início da de 8 do século xx era patente uma grave crise financeira na indústria eléctrica espanhola, fruto de um sobre-investimento fundado em estimativas demasiado optimistas acerca do crescimento da procura, que resultou em elevadas dívidas ao exterior. Para impedir a falência das empresas do sector, o estado 25

54 26 Mercado Ibérico de electricidade interviu e decidiu consolidar as empresas municipais em dez empresas regionais verticalmente integradas, e a Endesa passou a uma empresa de produção pura. Este novo sistema consolidou-se no Marco Legal Estable, MLE, através da publicação do Real Decreto 1538/1987 de 11 de Dezembro de Foi formalmente aplicada uma tarifa nacional uniforme, diferenciada por volume e tipo de utilização, e o sistema caracterizou-se por um planeamento centralizado dos investimentos a realizar a longo prazo [5]. O começo da transição para um regime liberalizado ficou marcado pela primeira reforma legislativa de Dezembro de 1994, com a Ley Orgánica del Sector Eléctrico Nacional (LOSEN). No entanto, esta nova lei era algo ambígua, porque apontava para a introdução faseada de reformas, com a coexistência de um mercado regulado a operar segundo as regras do MLE, contemplando também um segmento competitivo apoiado num mercado spot. Apesar desta disposição nunca ter sido implementada, o espírito de uma reestruturação gradual nela implícito permaneceu na lei actualmente em vigor, adoptada em Da Ley LOSEN resultou a criação de uma instituição reguladora independente, a Comisión Nacional del Sistema Eléctrico, CNSE, actualmente Comisión Nacional de Energia, CNE, que tinha como principal função garantir a transparência do processo regulatório e a protecção dos interesses dos consumidores. As características principais da reestruturação centravam-se em três vertentes: Completa liberalização da entrada na produção; Introdução de um mercado spot concorrencial para o comércio grossista; Progressiva liberalização da comercialização [5]; Com a aprovação da nova legislação, a Ley del Sector Eléctrico, em Novembro de 1997, o processo de reestruturação sofreu uma significativa aceleração. A partir de Janeiro de 1998 a nova lei foi implementada, sendo eliminada a noção tradicional de serviço público que foi substituída por uma nova estrutura que assegurava a garantia de abastecimento. Por outro lado, deixaram de existir dois sistemas distintos, para passar a haver um único, liberalizado, sendo ainda criadas duas novas entidades definidas no artigo 33 desta lei, mais concretamente o Operador del Sistema e o Operador del Mercado. As actividades de regulação e supervisão do sector continuam a ser exercidas pela CSEN [1]. O Operador del Sistema foi criado com o objectivo de garantir a continuidade e segurança do abastecimento de energia eléctrica e a correcta coordenação dos sistemas de produção e de transporte. O Operador del Mercado é a entidade responsável pela gestão económica do sistema, assumindo a gestão do sistema de ofertas de compra e de venda de energia nos termos legais. Este operador deverá exercer as suas funções de forma transparente, objectiva e independente [1]. No que respeita à elegibilidade, desde 1 Janeiro de 23 que o mercado liberalizado está aberto a todos os consumidores. Em Dezembro de 2, foi publicado um decreto pelo Ministério da Economia clarificando alguns aspectos relativos a diversas actividades. É indicado que as actividades de transporte e 26

55 3.2 Caracterização Sector Eléctrico Espanhol 27 de distribuição são exercidas por sociedades cujo objectivo social exclusivo é o transporte e distribuição de energia eléctrica. A actividade de transporte de energia eléctrica é exercida pela Red Electrica de España SA, REE, à qual estão também atribuídas as funções de operador de sistema e de gestor da rede de transporte [1]. Posteriormente em 27, com a publicação de La Ley 17/27 de 4 de Julho, a legislação anterior foi modificada de forma a adaptar-se à Directiva Europeia 25/54/CE que estabeleceu as normas comuns para o mercado interno de electricidade. Com esta lei foi definitivamente estabelecido o modelo Transmission System Operator, TSO. Nesse sentido, a Red Eléctrica na sua condição de Operador de Sistema tem de garantir a continuidade e a segurança no abastecimento de energia eléctrica, assim como a correcta coordenação dos sistemas de produção e de transporte, exercendo as suas funções de uma forma objectiva e transparente [11] Organização do Sector Eléctrico Espanhol O sector eléctrico Espanhol está organizado num modelo que compreende a existência de dois sistemas: sistema regulado e sistema liberalizado. No sistema regulado os consumidores adquirem electricidade aos distribuidores sob o regime de tarifas reguladas. As empresas de distribuição adquirem electricidade no mercado grossista, conhecido como Mercado Atacadista, sendo posteriormente entregue na rede de distribuição através da rede de transporte. As actividades de transporte e de distribuição encontram-se sob regulação [1]. No sistema liberalizado, os consumidores elegíveis e os comercializadores estabelecem entre si, através de contratos bilaterais, as condições para a transacção de electricidade, ou como alternativa apresentam as suas propostas ao Operador de Mercado. A Figura seguinte apresenta a organização do sector eléctrico Espanhol. 27

56 28 Mercado Ibérico de electricidade Figura Organização do sector eléctrico Espanhol [12]. O mercado de electricidade é constituído pelo conjunto de transacções devidas à participação dos agentes de mercado nas sessões dos mercados Diário e Intradiário que são efectuadas por intermédio do mercado spot, pool. No Mercado Diário fazem-se propostas de compra e venda de energia eléctrica, simples ou incorporando condições complexas, por parte das entidades produtoras, consumidores elegíveis, distribuidores, comercializadores e agentes externos. Após obter o respectivo despacho económico, esta informação é transmitida ao Operador do Sistema que, em conjunto com as informações provenientes dos contratos bilaterais, realizam diversos estudos de validação técnica destas produções/cargas. Uma vez ultrapassados eventuais problemas de congestionamento, são definidos os níveis de serviços auxiliares e procede-se à sua alocação ou contratação. No próprio dia a que estes valores de produção/carga dizem respeito, são activadas diversas sessões do Mercado Intradiário para proceder a ajustes, de modo a manter o equilíbrio entre a produção e a carga [1]. Tradicionalmente, grande parte da procura de electricidade em Espanha é satisfeita pelo regime ordinário. Todas as centrais que não são regidas pelo regime especial Espanhol são regidas pelo regime ordinário. De acordo com este regime existem quatro formas de contratar a venda de electricidade e determinar o seu preço. Uma das possibilidades é através do mercado pool, outra opção é a partir de contratos bilaterais estabelecidos directamente entre os agentes de mercado. Outra forma é através de leilões VPP em que os principais participantes de mercado, a Endesa e Iberdrola, são obrigados por lei a oferecer opções de compra para uma quantidade pré-estabelecida de energia. Alguns dos restantes participantes podem comprar essas opções durante um certo período de tempo. Os leilões VPP consistem em leilões de emissão primária de energia eléctrica sendo que ao contrário dos leilões VPP realizados em Portugal, em Espanha não está contemplada a possibilidade de instituir um mecanismo de reconhecimento dos custos incorridos pelos vendedores nesses leilões [17]. Por fim, existe também a possibilidade dos leilões CESUR, em que os distribuidores de último 28

57 3.3 Mercado Ibérico de Electricidade MIBEL 29 recurso na Península Ibérica podem adquirir electricidade no Mercado à vista ou a prazo para satisfazer a procura. Contudo, a partir de Junho de 27, estes comercializadores de último recurso estão autorizados a realizar leilões de electricidade com vista a comprar a electricidade a menor preço. Com a criação do Comercializador de Último Recurso, Suministro de Último Recurso, em 1 de Julho de 29, o sistema de tarifa integral foi substituído pelo sistema de tarifa de último recurso. As Tarifas de Último Recurso são definidas pelo governo espanhol numa base aditiva e podem apenas ser aplicadas aos consumidores de baixa tensão com potência contratada igual ou inferior a 1 kw. Os consumidores de último recurso podem escolher entre ser fornecidos à tarifa de último recurso ou serem fornecidos no Mercado liberalizado [13]. No que respeita ao Regime Especial Espanhol, apenas são elegíveis as centrais que tenham uma capacidade instalada igual ou inferior a 5 MW e que utilizem como fonte de energia primária a cogeração ou qualquer outra fonte de energia renovável. O Real Decreto 661/27 de 25 de Maio, estabeleceu a actual regulação do regime especial espanhol. Este decreto introduziu um quadro estável e definiu a base do desenvolvimento futuro das energias renováveis em termos de concorrência e rentabilidade. Conforme esta regulação, as centrais sob o regime especial espanhol podem escolher entre receber uma tarifa fixa ou participar no Mercado. Se o produtor em regime especial escolher operar no mercado receberá o preço de mercado e um prémio, sujeito a um valor máximo, cap, e a um valor mínimo, floor, em termos de preço final, para cada central, dependendo da tecnologia utilizada [13]. 3.3 Mercado Ibérico de Electricidade MIBEL Aspectos gerais Com a crescente internacionalização dos mercados e com o aumento da competitividade da economia Europeia, tornou-se cada vez mais necessário a criação de mercados regionais de electricidade. Nesse sentido, e com o objectivo de criação de um mercado interno de energia a nível Europeu, o MIBEL foi mais um passo importante dado para a concretização desse objectivo. Em 19 de Dezembro de 1996, a Comissão Europeia publicou a directiva 96/92/CE que estabelecia regras comuns para a criação do mercado interno de electricidade. Esta directiva estabelecia normas relativas à organização e funcionamento do sector da electricidade e do acesso ao mercado, bem como critérios e mecanismos aplicáveis aos concursos, à concessão de autorizações e à exploração das redes. Mais tarde, em Junho de 23, a Comissão Europeia apresentou a Directiva 23/54/CE que revogou a anterior, e foi criada com o objectivo de 29

58 3 Mercado Ibérico de electricidade aumentar o grau de abertura do mercado, de forma a acelerar o processo de criação do mercado interno de energia a nível Europeu [14]. De forma a dar um passo para o objectivo final de criação do Mercado de Energia Europeu, em 1998 as administrações Portuguesa e Espanhola começaram conversações para a criação do Mercado Ibérico de Electricidade, MIBEL. Como resultado destas conversações, a 14 de Novembro de 21 foi estabelecido o acordo entre as duas administrações que previa a criação do MIBEL. Nesse acordo foi estabelecido inicialmente que o MIBEL entraria em funcionamento a 1 de Janeiro de 23. De seguida. a Figura 3.4 apresenta um sumário das datas e eventos mais relevantes para a formação do MIBEL. Novembr o de 21 Celebração do acordo entre as Administrações espanhola e portuguesa para a criação do Mercado Ibérico de Electricidade Outubro de 22 Acordo para criar o Operador do Mercado Ibérico (OMI), com dois "pólos": spot Market -OMEL; Mercado de derivados -OMIP 2 Janeiro de de 24 1 de Outubro de Novembr o de 25 1º Convénio Internacional para criar o MIBEL Cimeira Ibérica de Santiago de Compostela - 2º Convénio Cimeira de Évora Arranque do OMIP definido para 1.Julho.26 3 Julho de 26 Lançamento do MIBEL - Arranque do OMIP/OMIClear 25 Novembr o de 26 Cimeira de Badajoz -Novo ímpeto para o MIBEL 1 Julho de 27 Preço spot para Portugal - separação de mercados Janeiro de 28 Cimeira Luso-Espanhola, realizada em Braga para revisão do acordo estabelecido anteriormente 22 Janeiro de 29 Cimeira realizada em Zamora - constituição definitiva do Operador do Mercado Ibérico Figura Sequência cronológica de eventos relevantes para a formação do MIBEL. O MIBEL estabeleceu como principais objectivos: Beneficiar os consumidores de electricidade dos dois países através da integração dos respectivos sistemas eléctricos; Estruturar o funcionamento do mercado com base nos princípios da transparência, livre concorrência, objectividade, liquidez, auto-financiamento e auto-organização; Favorecer o desenvolvimento do mercado de electricidade de ambos países, com a existência de uma metodologia única e integrada, para toda a Península Ibérica, de definição dos preços de referência; Permitir a todos os participantes o livre acesso ao mercado, em condições de igualdade de direitos e de obrigações, de transparência e de objectividade; Favorecer a eficiência económica das empresas do sector eléctrico, promovendo a livre concorrência entre as mesmas [15]. 3

59 3.3 Mercado Ibérico de Electricidade MIBEL 31 Em Outubro de 22, na XVIII Cimeira Luso-Espanhola, realizada em Valência, ficou decidido o modelo de organização do MIBEL. Este modelo baseava-se na existência do Operador de Mercado Ibérico (OMI) e foram estabelecidas as principais metas de concretização do MIBEL. Estas metas tinham como principal objectivo uma harmonização ao nível do funcionamento dos dois sistemas. As conclusões dessa cimeira permitiam prefigurar a construção do MIBEL como uma abordagem intermédia regional do processo de integração dos mercados nacionais num mercado único europeu, segundo um modelo de construção faseada, assente em três eixos principais: Estabelecimento de uma plataforma física de suporte do mercado regional ibérico, apoiada no desenvolvimento das infra-estruturas de transporte e na articulação da planificação energética e das redes de transporte; Harmonização dos enquadramentos legais e regulatórios das condições económicas de participação no MIBEL e dos procedimentos de operação dos sistemas; Harmonização das condições económicas de participação no mercado, através da convergência das metodologias de definição das tarifas, dos custos de transição para a concorrência, das condições de acesso às interligações, do grau de abertura dos mercados e da criação de um Operador de Mercado Ibérico (OMI) [15]. Antes do MIBEL entrar em funcionamento em 23, Espanha e Portugal tinham mercados distintos. Portugal tinha um mercado com 6 milhões de consumidores e uma procura de 5,1 TWh, enquanto Espanha tinha um mercado com 24 milhões de consumidores e uma procura de cerca de 26,8 TWh. Com a entrada em funcionamento do MIBEL, como um mercado único integrado, passou-se para um mercado com cerca de 3 milhões de consumidores e uma procura de 311 TWh [16]. Ao nível do mercado Português, a forma de relacionamento com os produtores de energia eléctrica baseava-se quase exclusivamente nos contratos de aquisição de longo prazo, CAE. Estes contratos eram estabelecidos entre cada centro electroprodutor e um comprador único representado pelo Operador do Sistema que assegurava o aprovisionamento de energia para fornecimento à generalidade dos consumidores finais. Com a liberalização do mercado e a reestruturação do sector eléctrico Português, tornou-se necessário a introdução das centrais eléctricas com CAE nos mecanismos de oferta em mercados organizados. Nesse sentido, foi criado um mecanismo que, tendo presente o respeito pelas condições contratualmente estabelecidas e que não poderiam ser ignoradas, permite efectuar a cessação dos CAE mantendo o equilíbrio contratual subjacente a estes contratos. Em 27, com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 5/27, foi introduzido o mecanismo de manutenção do equilíbrio contratual, CMEC, que permitiu a cessação voluntária de parte dos CAE existentes. Desta 31

60 32 Mercado Ibérico de electricidade forma, foram criadas as condições para que uma parcela maioritária da potência instalada em Portugal passasse a participar nos mercados organizados [17] Organização e Funcionamento do MIBEL A contratação de energia eléctrica no MIBEL pode processar-se através dos seguintes mercados: Um mercado de contratação a prazo, gerido pelo Operador do Mercado Ibérico Pólo Português, OMIP, em que se estabelecem compromissos relativos à produção e compra de energia eléctrica; Um mercado spot de contratação à vista, gerido pelo Operador do Mercado Ibérico Pólo Espanhol, OMEL, que engloba os mercados diários e os mercados intradiários, em que se estabelecem programas de venda e de compra de electricidade para o dia seguinte ao da negociação; Um mercado específico para a contratação de diversos serviços (nomeadamente, reservas secundária e terciária), de modo a contribuir, juntamente com a reserva primária, para o equilíbrio em tempo real entre a produção e o consumo; Um mercado de contratação bilateral, em que os agentes contratam para os diversos horizontes temporais a compra e venda de energia eléctrica [17]. O MIBEL tem como base do seu funcionamento um modelo misto, uma vez que existem duas formas de relacionamento entre a produção e o consumo. Uma das formas é através do pool do tipo simétrico e voluntário, que engloba o mercado diário e intradiário. A outra possibilidade é através da realização de acordos de contratos bilaterais físicos e financeiros. O Mercado de Contratação Bilateral surgiu da necessidade das transacções de energia eléctrica não se restringirem exclusivamente às efectuadas no pool. Os contratos bilaterais caracterizam-se pela possibilidade de estabelecer acordos directos entre os agentes intervenientes no mercado. As partes envolvidas estabelecem as especificações do contrato, nomeadamente a duração, quantidade a produzir/consumir, qualidade e preço. Além dos contratos bilaterais físicos, que originam fluxos energéticos no sistema, também existem os contratos bilaterais de natureza financeira, que se destinam a lidar com o risco associado à volatilidade dos preços do mercado diário. Depois de assegurar que os contratos bilaterais são viáveis tecnicamente, os seus resultados devem ser comunicados ao Operador de Sistema, que em comunicação com o Operador de Mercado, organiza e verifica as transacções de forma a evitar situações de congestionamento [4]. 32

61 3.3 Mercado Ibérico de Electricidade MIBEL 33 O Mercado a Prazo de electricidade é um mercado organizado que oferece instrumentos de gestão de risco sob a forma de derivados. No âmbito do MIBEL e dos acordos estabelecidos para este mercado, a entidade responsável pela gestão do mercado a prazo é o OMIP. O OMIP disponibiliza três formas de contrato: Contratos de futuros: contrato padronizado de compra ou venda de energia para um determinado horizonte temporal, em que o comprador se compromete a adquirir electricidade no período de entrega e o vendedor se compromete a colocar essa mesma electricidade, a um preço determinado no momento da transacção. Este contrato tem liquidações diárias (margens) entre o preço de transacção e a cotação de mercado de cada dia. Os agentes compradores e vendedores não se relacionam directamente entre si, cabendo à câmara de compensação a responsabilidade de liquidar as margens diárias e o contrato na data ou período de entrega. Estes são os tipos de contrato mais comuns neste mercado; Contratos Forward: contrato padronizado de compra ou venda de energia para um determinado horizonte temporal, em que o comprador se compromete a adquirir electricidade no período de entrega e o vendedor se compromete a colocar essa mesma electricidade, a um preço determinado no momento da transacção. Este contrato não tem liquidações diárias das margens durante o período de negociação, sendo a margem liquidada integralmente nos dias de entrega física ou financeira. Os agentes compradores e vendedores não se relacionam directamente entre si, cabendo à câmara de compensação a responsabilidade de liquidar as margens diárias e o contrato na data ou período de entrega. Contratos SWAP: contrato padronizado, em que se troca uma posição em preço variável por uma posição de preço fixo, ou vice-versa, dependendo do sentido da troca. Este tipo de contratos destina-se a gerir ou tomar risco financeiro, não existindo, por isso, entrega do produto subjacente mas apenas a liquidação das margens correspondentes [18]. 33

62 34 Mercado Ibérico de electricidade O Mercado Diário O Mercado Diário caracteriza-se por ser um mercado de curto prazo, onde se transacciona electricidade para entrega no dia seguinte ao da negociação, sob a gestão da OMEL. O seu funcionamento tem como objectivo a definição de um preço para cada uma das 24 horas de cada dia e para cada um dos 365 ou 366 dias de cada ano, sendo a hora de negociação determinada pela hora legal espanhola. Este mercado funciona através do cruzamento de ofertas - de compra e de venda comunicadas pelos diversos agentes registados para actuar naquele mercado, indicando cada oferta o dia e a hora a que se reporta, o preço e a quantidade de energia correspondentes. O funcionamento do mercado diário em que participam os agentes portugueses implica que todos os compradores paguem um mesmo preço e todos os vendedores recebam esse mesmo preço de mercado, pelo que corresponde a um mercado de Preço Uniforme [19]. O preço de mercado é obtido através do cruzamento da curva da oferta com a curva da procura para cada hora. Na Figura 3.4, está ilustrado o processo utilizado para obter o preço para a hora 15 do dia 2 de Dezembro de 21. Como se pode observar, o cruzamento da curva da procura (linha azul-claro) com a curva da oferta (linha laranja) corresponde ao preço marginal único para a hora 1. No caso de aplicação de propostas complexas, o preço marginal resulta do cruzamento da linha azul com a linha vermelha. Figura Preço do mercado diário na hora 15 do dia 2/12/21 [2]. Adicionalmente, como o mercado diário compreende simultaneamente Portugal e Espanha, torna-se necessário prever a circunstância de as capacidades de interligação comercialmente disponíveis entre os dois países não comportarem os fluxos transfronteiriços de energia que o cruzamento de ofertas em mercado determinaria. Sempre que tal ocorre, as regras actuais de mercado determinam que se separem as duas áreas de mercado correspondentes a Portugal e a Espanha e que se encontrem preços específicos para cada uma das áreas mencionadas. Este mecanismo, designado como market splitting foi detalhado na 34

63 3.3 Mercado Ibérico de Electricidade MIBEL 35 secção e será novamente abordado na secção 3.4 a propósito da utilização das interligações [19] Mercados Intradiários O mercado Intradiário, gerido pela OMEL, foi concebido como um mercado de ajustes com o objectivo de oferecer uma adequação entre a oferta e a procura mais precisa e próxima do tempo real do que a permitida pelo mercado diário, resolvendo, desse modo, possíveis desajustes em sucessivas etapas da programação. No mercado intradiário, e com o objectivo de rectificar as suas posições anteriores, os agentes com uma posição natural vendedora (produtores) também podem comprar energia, e os agentes com uma posição natural compradora (comercializadores) também podem vender energia [17]. Este mercado estrutura-se em seis sessões, realizando-se em cada uma delas um cruzamento de cariz marginal entre as curvas de oferta e de procura. A primeira sessão abrange 28 horas as últimas 4 no dia D-1 e as 24 do dia D e a sexta abrange as últimas 9 horas do dia D. Na figura seguinte estão ilustradas as sessões do mercado intradiário correspondendo o dia D aquele em que as decisões do despacho serão implementadas. Figura Estrutura por sessões do mercado intradiário [19] Cronologia do planeamento da Operação no MIBEL Os serviços auxiliares, incluem serviços obrigatórios e complementares e as suas formas de contratação. O objectivo destes serviços é assegurar o cumprimento das condições necessárias à manutenção da qualidade de serviço e da segurança de exploração, de forma a garantir o fornecimento de energia eléctrica. Os serviços de sistema serão objecto de análise mais detalhada no Capítulo 4. 35

64 36 Mercado Ibérico de electricidade Tendo em conta os aspectos referidos nos pontos anteriores, a Figura 3.7 apresenta um diagrama com a sequência cronológica relativa à comunicação de propostas, até ao fornecimento final de energia. MO (11h) Day ahead Market (propostas complexas) TSO + MO (14h) Despachos horários + Contratos Bilaterais + Restrições Técnicas TSO (16h) Contratação de Serviços Auxiliares MO (6 mercados) Mercados Intradiários TSO Gestão de desvios em tempo real Figura Sequência cronológica do funcionamento do MIBEL [7] Tipos de Propostas e Condições de Complexidade As propostas de venda de energia eléctrica podem ser classificadas como simples ou complexas, dependendo do seu conteúdo. São consideradas propostas simples, as propostas apresentadas para qualquer período horário sem nenhuma condição inicial de restrição. As propostas complexas cumprem os requisitos exigidos nas propostas simples e incorporam também condições complexas. As condições que podem incorporar as propostas complexas são as seguintes: Indivisibilidade; Ingresso mínimos; Paragem programada; Variação da capacidade de produção ou gradiente de carga [31] A condição de indivisibilidade permite ao agentes incorporar na primeira unidade de cada hora um valor mínimo de funcionamento. Se a condição de gradiente de carga for aplicada pelo mesmo agente, o valor da condição de indivisibilidade pode ser fraccionado [31]. 36

65 3.4 Interligações 37 A condição de ingressos mínimos permite a realização de ofertas em todas as horas, mas respeitando que a unidade de produção não participe no resultado de cassação do dia, se não obtiver para o conjunto da sua produção no dia um ingresso superior a uma quantidade fixa, que corresponde à condição de ingresso mínimo [32]. A condição de paragem programada permite que, se a unidade de produção tiver sido retirada do despacho por não preencher a condição ingressos mínimos exigida, realize uma paragem programada, com um tempo mínimo de três horas. Dessa forma evita-se a paragem desde o seu programa no final de dia anterior até à primeira hora do dia seguinte, mediante a aceitação da primeira unidade das três primeiras horas da sua oferta como oferta simples, com a única condição de que a energia oferecida seja decrescente em cada hora [32]. A condição de gradiente de carga ou variação da capacidade de produção permite estabelecer a diferença máxima entre a potência de início de hora e de fim de hora da unidade de produção, evitando assim mudanças abruptas nas unidades de produção, que podem não ser tecnicamente possíveis de ser realizadas pelas centrais [32]. 3.4 Interligações A capacidade disponível para o trânsito de energia entre os sistemas português e espanhol nem sempre permite concretizar totalmente o encontro de ofertas agregadas de compra e de venda dos sistemas português e espanhol. De forma a fazer uma gestão dessa restrição no curto prazo, os acordos de criação e desenvolvimento do MIBEL instituíram a regra da separação de mercados, market splitting, sempre que o trânsito nas interligações que decorra do encontro das procuras e ofertas agregadas ibéricas exceda a capacidade disponível para fins comerciais para esse horizonte temporal. Nessas circunstâncias, formam-se preços diferenciados para cada uma das áreas do MIBEL, sendo mais elevado o preço que se forma na área importadora [21]. Em 21 entraram em serviço importantes projectos de reforço da RNT que proporcionam a integração de nova produção, a melhoria do abastecimento dos consumos e a flexibilidade de adaptação da rede a novos comportamentos da produção em ambiente de mercado através da alteração da ordem de mérito das centrais. Os reforços efectuados na rede de transporte representam também um impacto positivo na estrutura e segurança global do sistema e na manutenção e/ou melhoria da capacidade de interligação [22]. Os valores dos trânsitos de potência observados no sentido de Espanha para Portugal indiciam uma clara tendência de aumento no ano de 21 os quais, mais recentemente, resultaram da contribuição positiva da conclusão das primeiras fases do projecto da nova 37

66 38 Mercado Ibérico de electricidade subestação da Lagoaça, em particular, da entrada em serviço dos painéis a 22 kv. É possível verificar que na maioria das horas do ano de 21, os valores de capacidade de interligação disponível foram iguais ou superiores a 14 MW. Na Figura 3.8 é possível observar a evolução da capacidade de interligação de 24 a 21 [22]. Figura 3.8 Evolução da capacidade comercial de importação [22]. No sentido de Portugal para Espanha os valores de capacidade foram, em termos gerais, apenas marginalmente superiores aos verificados no ano de 29. No entanto, é expectável que, com a conclusão das novas linhas de interligação a 4 kv Lagoaça-Aldeadávila e Tavira- P. Guzman, aliados ao desenvolvimento de alguns reforços internos em cada um dos sistemas ibéricos, permita que os valores de capacidade de interligação disponível nos próximos anos possam seguir uma nítida trajectória de subida. Na Figura 3.9 é possível observar a evolução da capacidade disponível de interligação para exportação de 24 a 21. Figura Evolução da capacidade comercial de exportação [22]. Para 211, os valores de capacidade de interligação disponível no sentido de Espanha para Portugal, situam-se na gama dos 16/2 MW, para as horas de ponta registando-se os 38

67 3.4 Interligações 39 valores mais restritivos nos meses de Verão. Nos períodos de vazio a capacidade de importação encontra-se aproximadamente entre 135 e 2 MW. No sentido de Portugal para Espanha, foram estimados valores na gama de 125 a 185 MW [22]. As linhas de interligação actualmente disponíveis estão representadas na Figura 3.1. Figura Linhas de interligação entre Portugal e Espanha [33]. O objectivo dos Operadores de Sistema é que exista uma evolução nas interligações entre Portugal e Espanha, de forma que a capacidade de interligação disponível nos dois sentidos tenha o mesmo valor. Prevê-se que para 215, a capacidade total de interligação nos dois sentidos seja de 3 MW. 39

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