AGLOMERAÇÃO DE PARTÍCULAS FINAS DE MINÉRIO DE COBRE OXIDADO
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- Felipe Câmara
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1 AGLOMERAÇÃO DE PARTÍCULAS FINAS DE MINÉRIO DE COBRE OXIDADO SANTOS, K.S. 1, PAIVA, R.S. 2, TEMBÉ, F.S.S. 3, CASSULI, A. 4, MOSSO, B.S. 5, SOUZA, A.P. 6 1 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, kssio_01@hotmail.com 2 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, regisabo@ufpa.br 3 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, tembefabiano@gmail.com 4 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, angelica_cassuli@hotmail.com 5 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, engbrunomosso@outlook.com 6 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, souza.ailton@outlook.com RESUMO Um dos problemas encontrados no processo da lixiviação em pilhas de minérios, é a percolação do agente lixiviante. O acúmulo de partículas finas nas pilhas de lixiviação, colmata o leito, diminui sua porosidade, e em consequência, causa fluxos com direções preferenciais, o que impede a passagem do agente lixiviante de modo homogêneo por toda pilha. No objetivo de mitigar o problema com a percolação do fluído lixiviante no leito, realizou-se o presente trabalho a fim de levantar parâmetros com o intuito de otimizar a permeabilidade do leito. O artigo descreve a execução de testes de aglomeração de finos de minério de cobre oxidado, oriundo da Mina do Sossego, em Canaã dos Carajás-PA. Partindo do principio de se obter aglomerados com melhor qualidade a baixo custo, foram realizados, em escala laboratorial, ensaios de aglomeração em tambores com britados e finos de minério de cobre oxidado em que foi usado, ácido sulfúrico como aglomerante. Neste estudo, foram parametrizadas a velocidade de rotação, a umidade total, a relação ácido/água e a relação britados (grossos) / finos no processo de aglomeração. Para complementar, tendo por meta o controle de qualidade, foram realizados testes de distribuição granulométrica, testes de resistência à compressão e ai avaliação do aspecto visual dos aglomerados. Ao final dos ensaios observou-se que os resultados mais apropriados para a operação foram com ácido sulfúrico entre 14% e 20%, água de umidade a 16% e que a quantidade de finos é inversamente proporcional a qualidade dos aglomerados. PALAVRAS-CHAVE: aglomeração; lixiviação; otimização; minério de cobre oxidado. ABSTRACT One of the problems encountered in the process of leaching of ores cells, is the percolation of the leaching agent. The accumulation of fine particles in heap leaching, bridged the layer, its porosity decreases, and therefore cause flows with preferential directions, preventing the passage of leaching agent homogeneously throughout the stack. In order to mitigate the problem with the percolation of leaching fluid in the pile, this study was conducted in order to identify parameters in order to optimize the permeability of the pile. The article describes the execution of fine agglomeration tests of oxidized copper ore, originated from the Sossego mine, in Canaan, PA. Starting from the beginning to obtain clusters with better quality at lower cost, they were performed in laboratory scale, agglomeration tests on drums with crushed fine
2 Santos, K.S.; Paiva, R.S.; Tembé, F.S.S.; Cassuli, A.; Mosso, B.S.; Souza A.P. and oxidized copper ore that was used, sulfuric acid as a binder. In this study, parameterized rotation speed, the total moisture, the acid / water ratio and crushed ratio (thick) / fines in the agglomeration process. To complement, with the target quality control, particle size distribution tests were performed, compressive strength tests and woe assessment of visual appearance of clusters. At the end of the test it was observed that the most appropriate results for the operation were with sulfuric acid between 14% and 20%, moisture 16% water and that the amount of fines is inversely proportional to the quality of the agglomerates. KEYWORDS: agglomeration; leaching; optimization; oxidized copper ore.
3 1. INTRODUÇÃO Os minerais de cobre são divididos em dois grupos: sulfetados, ocorrentes em zonas mais profundas da crosta terrestre, com mais alto teor em cobre e os oxidados, de origem mais superficial, de menor teor em cobre (DNPM, 2001). Considerando as vantagens dos processos hidrometalúrgicos e o desafio de pesquisar condições favoráveis para a recuperação do cobre oxidado via lixiviação, e tendo em vista a grande utilidade deste mineral e a esgotabilidade das jazidas de minérios sulfetados, torna-se fundamental o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias mais competitivas, a fim de utilizá-lo como matéria-prima no mercado nacional e internacional de metais (PAIVA et al, 2011). Segundo Nosrati et al (2011), para conseguir um processo de lixiviação eficiente, é essencial a criação de uma pilha de minério porosa com alta permeabilidade. Partículas finas de minério afetam sua permeabilidade, pois quando não aglomeradas, podem migrar para o interior da pilha, causar o entupimento dos canais de fluxo e produzir grandes áreas sem acesso para a solução lixiviante. A distribuição ineficiente da solução diminui a recuperação do metal e aumenta os custos operacionais. A aglomeração dos finos do minério, antes da construção da pilha, oferece vários benefícios, tais como: maior permeabilidade, fluxo rápido e uniforme da solução lixiviante no interior da pilha, aumento da recuperação de metal, menor tempo de ciclo de lixiviação e, por consequência, aumento na produtividade e menor custo por tonelada (KODALI, 2011). Para determinar as condições em que se obtêm os aglomerados com melhor qualidade ao menor custo, foram realizados, neste trabalho, em escala laboratorial, ensaios de aglomeração em tambores com os particulados grossos e finos de cobre oxidado, usando ácido sulfúrico como agente aglomerante. Nos ensaios foi analisada a influência da relação ácido/água e da relação britado/fino no processo de aglomeração. Para avaliar a qualidade dos aglomerados formados, além do aspecto visual, foram feitos testes de distribuição granulométrica e resistência à compressão. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O desenvolvimento deste estudo foi realizado junto a Mini Usina de Beneficiamento de Minérios e ao Laboratório de Hidro e Eletrometalurgia (LHE), ambos pertencentes à Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente (FEMMA) de Marabá-PA Preparações das amostras A amostra de minério de cobre oxidado foi submetida a um processo de cominuição no britador de mandíbulas, modelo BM , GAP de 5 e APF de 6 mm. Após a etapa de britagem, foi realizada uma separação granulométrica, usando 4 peneiras da serie da Tyler (mesh): 4; 8; 12; e 28; com abertura em milímetros, igual a 4,8; 2,4; 1,42 e 0,6; respectivamente. Separou-se para a aglomeração o material passante na
4 Santos, K.S.; Paiva, R.S.; Tembé, F.S.S.; Cassuli, A.; Mosso, B.S.; Souza A.P. abertura de 28 mesh (0,6 mm), classificado como finos. O material retido entre as malhas foi classificado como grosso Aglomeração Para a realização dos testes de aglomeração, o minério foi homogeneizado e quarteado. Foram separadas alíquotas de 3 kg de minério, cuja densidade e umidade (base úmida) foram 2,573 g/cm³ e 7,5%, respectivamente. Para homogeneização, utilizou-se um tambor de plástico de escala laboratorial (28 cm de diâmetro e 27 cm de altura), o mesmo foi adaptado em sua superfície interior 3 trilhos em linhas retas distribuídos em espaçamentos iguais de 29 cm, com altura de 1 cm, postos na direção transversal ao movimento do tambor, ilustrado na Figura 1. Figura 1. Tambor de Aglomeração: a) Vista Frontal; b) Trilhos no Interior do Tambor. Em Paiva 2013, a velocidade de rotação foi parametrizada no equipamento de rotação do moinho de jarros, adaptado com um inversor de frequência. Utilizou-se ácido sulfúrico concentrado a 98% e densidade de 1,84 g/ml como agente aglomerante e foi adicionado água aos testes, para ajuste da umidade. Para a melhor distribuição dos reagentes foi utilizado um sistema de tubulação com furos na parte inferior da tubulação, no comprimento que tange ao interior do tambor. Na Figura 2 está ilustrado o conjunto de equipamentos de aglomeração. Figura 2. Equipamentos para a Aglomeração: a) Inversor de Frequência; b) Controlador de Rotação do Moinho de Jarros; c) Tambor de Aglomeração; d) Sistema de Tubulação. Definidos por PAIVA et al (2013), manteve-se constante a alimentação de minério de 3 kg, sendo adicionados 8,5% de água, por um tempo de aglomeração de 2 minutos e velocidade de rotação de 17 rpm. Após a adição do minério no tambor e o equipamento em movimento, foi adicionado o ácido sulfúrico e água, respectivamente. A umidade total (porcentagem de
5 aglomerante + água adicionado + umidade natural da amostra) foi determinada por uma relação massa/massa. A Tabela 1 ilustra a faixa de percentual de ácido sulfúrico, grossos e finos estudado. Tabela 1. Ensaios de Aglomeração. Grossos (%) Finos (%) Massa (kg) % Ácido %(Água+Umidade) 75% 25% Resistência do aglomerado Para a realização dos testes de resistência do aglomerado, foram escolhidos, aleatoriamente, 3 (três) corpos de prova com diâmetro aproximado de 2 centímetros, para cada teste realizado. Os ensaios de resistência à compressão foram realizados após 48 horas, na máquina universal de Ensaios, marca EMIC, modelo DL Os ensaios consistem na aplicação de uma carga compressiva uniaxial sobre o aglomerado, aferindo a sua resistência. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Análise visual A qualidade do aglomerado pode ser descrita por meio de vários aspectos, como a granulometria, permeabilidade, resistência e integridade. No entanto, na indústria, o teste mais amplamente utilizado é o de inspeção visual, indicando empiricamente a qualidade do produto aglomerado. A Figura 3 ilustra os aglomerados formados em cada ensaio.
6 Santos, K.S.; Paiva, R.S.; Tembé, F.S.S.; Cassuli, A.; Mosso, B.S.; Souza A.P. Figura 3. Produto aglomerado nos testes com diferentes Percentagens de Ácido Sulfúrico: a) 14%; b) 16%; c) 18% e d) 20%. A Figura 3a apresenta os aglomerados dos ensaios com 14% de ácido sulfúrico. Observa-se que houve a formação de aglomerados de granulometrias uniformes, porém, apresentou uma expressiva quantidade de finos. A Figura 3b ilustra os aglomerados formados no ensaio com 16% de ácido sulfúrico, nota-se que houve a formação com tamanhos acima da granulometria media, estes, em escala industrial, não são descartados, simplesmente retornam para a britagem. A Figura 3c ilustra os aglomerados do ensaio com 18% de ácido sulfúrico, os quais apresentaram distribuição granulométrica homogênea, porém havendo a formação de blocos maiores com consistência porosa. A Figura 3d ilustra o resultado do teste com 20% de ácido sulfúrico. Neste ensaio houve uma acentuada formação de blocos porosos maiores que os blocos formados no ensaio com 18% de ácido sulfúrico Análise granulométrica A Figura 4 ilustra o resultado da análise granulométrica do material considerado fino (passante da abertura de 0,6 mm). Figura 4. Distribuição Granulométrica do Material Fino. A Figura 5 ilustra o resultado da análise granulométrica do material grossos (retido na abertura de 0,6 milímetros e passante na abertura de 4,8 mm).
7 Figura 5. Distribuição Granulométrica do Material Britado. Para um bom desempenho da operação de aglomeração, quanto menor quantidade de finos sobrarem no final do processo de aglomeração, melhor a eficiência, logo se toma como parâmetro quantidade de finos abaixo de 10%. A Figura 6 ilustra o resultado da análise granulométrica dos testes com 75% de britado e 25% de finos. Houve destaque para os testes com percentagem de ácido sulfúrico de 16%, 18% e 20%, apresentando percentual de fino abaixo de 10% na abertura de 0,6 milímetros, com menores quantidades de finos. Os perfis dos resultados mostram que o percentual de aglomerados formados aumentou com o aumento da quantidade de ácido sulfúrico adicionado. Figura 6. Distribuição Granulométrica dos Aglomerados. O ensaio com 16% de ácido sulfúrico apresentou distribuição granulométrica dos aglomerados com partículas finas, abaixo de 1mm, menor que 10%, portanto aceitável. O coeficiente angular da linha do ensaio com 18% de ácido sulfúrico denota aglomerados com granulometria de tamanhos aproximados, com formação de pequenos blocos porosos e com formação de pouco material fino. No ensaio com 20% de ácido sulfúrico mostrou a formação de aglomerado e bloco poroso. O bloco representou a maior parte da massa utilizada no teste.
8 % de Ácido Súlfuico Santos, K.S.; Paiva, R.S.; Tembé, F.S.S.; Cassuli, A.; Mosso, B.S.; Souza A.P Testes de resistência O teste de resistência à compressão é importante para antever o comportamento do aglomerado na pilha de lixiviação. Por meio desse teste pode-se determinar a pressão a qual o aglomerado poderá suportar em uma pilha de lixiviação. A Figura 7 ilustra os resultados dos ensaios de resistência, onde é possível verificar uma relação direta da resistência com a quantidade de ácido sulfúrico adicionado. Os resultados dos ensaios com 18% e 20% de ácido sulfúrico apresentaram os melhores resultados, pois geraram aglomerados de tamanhos mais homogêneos e com menor quantidade de finos. 22% 20% 18% 16% Teste de Resistência 14% 12% 10% Pressão á Compressão (N) Figura 7. Resistência à Compressão. 75% / 25% 50% / 50% 25% / 75% De acordo com o comportamento da resistência dos aglomerados pode-se observar que o percentual de ácido influencia numa relação diretamente proporcional a resistência dos aglomerados. Outra observação é que segundo os resultados das distribuições granulométricas na Figura 7, a quantidade de finos influenciou tanto na formação dos aglomerados quanto na resistência dos mesmos. 4. CONCLUSÕES As mais adequadas porcentagens de ácido sulfúrico para a realização deste trabalho se encontravam entre 14% e 20%, pois os ensaios realizados com porcentagens abaixo de 14% não formaram aglomerados e acima de 20% apresentavam grandes blocos. O aumento da quantidade de finos provoca uma redução na qualidade do aglomerado, formando menos aglomerados, com baixa resistência. Portando a quantidade de finos é inversamente proporcional a qualidade dos aglomerados. Há o aumento da resistência e da quantidade de aglomerados formados, com o aumento da quantidade de ácido sulfúrico adicionado. É possível obter aglomerados com menor quantidade de ácido sulfúrico, reduzindo a quantidade de finos, pois a
9 reação ocorre na superfície das partículas, ou seja, quanto mais finos, maior a área de contato, logo maiores são os gastos com ácido. 5. REFERÊNCIAS DNPM - Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (Brasil) Cobre, Balanço Mineral Brasileiro Disponível em: < Acesso em: 23 set KODALI P., DEPCI T., DHWAN N., WANG X., LIN C.L., MILLER J.D., Evaluation of stucco binder for agglomeration in the heap leaching of copper ore, Minerals Engineering, Vol. 24, No. 8, jun NOSRATI A., ADDAI-MENSAH, J., ROBINSON, D.J., & FARROW, J. (2011, September). INVESTIGATION OF THE FUNDAMENTALS OF NICKEL LATERITE ORE AGGLOMERATION PROCESS. In Proc., 39 th Australasian Chemical Engineering Conference, Chemical, Engineers Australia, Engineering a better world, pg. 2. PAIVA, R.S., RESPLANDES J.P., LIMA, A.R.R., SATLER M.C. Estudo do Comportamento do Minério de Médio Teor de Cobre Oxidado de Canaã dos Carajás Submetido à Lixiviação com H2SO4 In: XXIV ENTMME Salvador/Bahia, 2011, Salvador. XXVI ENTM M E Salvador/Bahia, pg 2. PAIVA, R.S., SANTOS, K.S., MOSSO, B.S., COSTA, D.S., TEMBÉ, F.S.S. ESTUDO PRELIMINAR DE AGLOMERAÇÃO DE PARTÍCULAS FINAS DE COBRE OXIDADO EM ESCALA LABORATORIAL, ENTMME Encontro de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa, 2013, Anais de Goiás, pg. 6.
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