Como as palavras de uma língua.../ Eduardo Guimarães. Caro Aluno:
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- Marisa Sacramento Vasques
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1 1 Caro Aluno: Essa atividade pós-exibição é a segunda, de um conjunto de 7 propostas, que têm por base o segundo episódio do programa de vídeo Vozes da Cidade. As atividades pós-exibição são compostas por textos que retomam os programas e encaminham sugestões de atividades a serem realizadas por vocês. Recomendamos que elas sejam feitas após a exibição em sala de aula desse episódio. No Portal do Professor você encontrará um jogo interativo correspondente a esse mesmo episódio e que trata dos mesmos temas das atividades.
2 2 Atividade Como as palavras de uma língua são formadas: composição, derivação e empréstimo. Episódio Conhecendo a cidade Programa Vozes da Cidade Cada língua tem o seu léxico, ou seja, conjuntos de palavras que lhe são próprias. Estas palavras têm uma estrutura, são formadas de elementos menores. Então podemos nos perguntar: como são formadas as palavras? Em língua portuguesa, temos dois processos gerais para a formação de palavras: a derivação e a composição. A derivação, basicamente, consiste em formar uma palavra nova de outra que já existe. E isso se dá através do acréscimo de afixos, formas que não são palavras sozinhas, às palavras existentes. Este acréscimo pode ser por prefixação, que é o acréscimo de um prefixo (afixo acrescido no início da palavra) a um radical, tal como ocorre em descobrir: des-cobrir; descarregar: des-carregar. Uma outra forma que temos é a sufixação, que é o acréscimo de um sufixo (afixo acrescido no final da palavra) a um radical, por exemplo, sozinho: so-zinho; dentista: dent-ista. E em alguns casos, podemos observar uma derivação parassintética, que é o acréscimo, ao mesmo tempo, de um sufixo e de um prefixo, o que observamos em palavras como: empalidecer: em-pálido-ecer; amanhecer: a-manhã-ecer; desalmado: des-alma-ado. Um outro modo de formação de palavras é a composição, que é a união de duas ou mais palavras ou radicais, formando uma nova palavra. E ela pode se dar por justaposição, quando se unem as palavras sem alteração da estrutura: passatempo, para-choque, etc.. Outro processo é a aglutinação, quando há a supressão de um ou mais elementos fonéticos na união de duas ou mais palavras: aguardente (água ardente); planalto (plano alto). E, além desses dois processos gerais para a formação de palavras, ainda temos um caso bem interessante, que é o empréstimo. Ele se dá quando, para significar algo, os usuários de determinada língua tomam por empréstimo uma palavra de outra língua. Em
3 3 muitos casos em que isso ocorre, a palavra passa a fazer parte do vocabulário da língua, obscurecendo a percepção de que é uma palavra estrangeira. Percebemos isso em nossa língua principalmente nos tempos de hoje, em que termos em inglês vindos da informática são rapidamente incorporados pela população. Tomemos, por exemplo, o caso de link. Em português até temos um possível equivalente, que é ligação, elo ou articulação. Mas, para especificar que é uma ligação na internet, tomou-se de empréstimo a palavra link, que é amplamente usada pelos usuários de internet. Autores: Eduardo R. J. Guimarães (coordenador) Adilson Ventura da Silva Claudia Freitas Reis Marcela de Souza Scatolin Nathália Alves Naliatti Exercício 1 Em 2001 a Câmara dos deputados aprova um projeto de lei apresentado pelo deputado Aldo Rebelo em relação à língua portuguesa. Seu projeto de lei foi bastante discutido por profissionais de várias áreas (como linguistas, historiadores, professores, antropólogos) assim como meios de comunicação, estudantes. Um dos pontos mais discutidos do seu projeto é a radicalização do uso de termos estrangeiros na língua portuguesa. Abaixo um trecho do PROJETO DE LEI N 1676, DE 1999 (Do Sr. ALDO REBELO) Art. 4º Todo e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamentação, será considerado lesivo ao patrimônio cultural brasileiro, punível na forma da lei. Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, considerar-se-á: I- prática abusiva, se a palavra ou expressão em língua estrangeira tiver equivalente em língua portuguesa; II- prática enganosa, se a palavra ou expressão em língua estrangeira puder induzir qualquer pessoa, física ou jurídica, a erro ou ilusão de qualquer espécie; III- prática danosa ao patrimônio cultural, se a palavra ou expressão em língua estrangeira puder, de algum modo, descaracterizar qualquer elemento da cultura brasileira. Art. 5º Toda e qualquer palavra ou expressão em língua estrangeira posta em uso no território nacional ou em repartição brasileira no exterior a partir da data da publicação desta lei, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamentação, terá que ser substituída por palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data de registro da ocorrência. Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, na inexistência de palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa, admitir-se-á o aportuguesamento da palavra ou expressão em língua estrangeira ou o neologismo próprio que venha a ser criado.
4 4 Mostrando alguns pontos de vista, traremos aqui algumas opiniões contra o projeto de lei do deputado e sua justificativa do projeto. da mesma forma que os povos dominados recebem empréstimos linguísticos de nações dominantes, estas, de uma maneira mais amena, também apresentam, em seu vocabulário, estrangeirismo. (...)Percebe-se também que o deputado não conhece a história da própria língua portuguesa no Brasil (repleta de palavras oriundas de línguas indígenas e africanas), já que acredita que é possível coibir o fenômeno do empréstimo linguístico, simplesmente proibindo o uso de certas expressões por meio de uma lei. (O estrangeirismo no português do Brasil. Fator descaracterizante?, Gil Roberto Costa Negreiros.) O gramático Evanildo Bechara julga o processo desnecessário: "Ele é bem-intencionado mas terá pouco resultado prático". A língua é um fenômeno histórico-social, e acrescenta: "Ela acompanha a história do homem que fala e, por isso, está sujeita a todas as influências." O mestre professor insiste: "O fato mais importante é o descaso que se faz das coisas nossas"; língua, cultura, tradições. O mais importante é criar uma mentalidade de valorização de nossa nacionalidade: língua, tradição, cultura, religião. (Elvo Clemente é presidente da Academia Rio-grandense de Letras. Artigo publicado na coluna Opinião do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em 6 de junho de 2000.) Afinal, a proposta do ilustre Deputado ALDO REBELO, agora consubstanciada nos termos do Substitutivo do Senado Federal, enseja que a língua continue viva, em evolução, como é de desejar em resposta às mudanças sociais e culturais do nosso tempo, mas enseja também que se tenha no País uma relação mais inteligente, sobretudo crítica, em relação aos estrangeirismos. (COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA; PROJETO DE LEI N 1676-D, DE 1999 Dispõe sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa e dá outras providências. AUTOR: Deputado ALDO REBELO RELATOR: Deputado ÁTILA LIRA, 2003) Gazeta Como e por que surgiu a ideia de formular um projeto contra o estrangeirismo? Rebelo A defesa da língua portuguesa tem uma tradição histórica. Já no século XVI, o escritor Francisco Rodrigues Lobo ( ), discípulo de Camões, no livro Corte na Aldeia, reclamava que seus falantes trazem mais remendada que capa de pedinte. No século XIX houve a reação à invasão francesa, a militar e a linguística, assim como no período da belle époque, que compreende os anos finais do século XIX e os iniciais do século XX. Nos anos 40, 50 e 60 havia preocupação com o excesso de estrangeirismos, e as palavras novas eram aportuguesadas. Creio que foi nos anos 80 e 90 que o problema chegou a níveis intoleráveis. Bastava, como ainda basta, sair às ruas, abrir um jornal, entrar num centro comercial, para ter a sensação de que não estávamos no Brasil, mas no estrangeiro. (Entrevista de Aldo Rebelo ao Gazeta de Alagoas, 23 de dezembro de 2007) Após ler o trecho da lei proposta pelo deputado e algumas opiniões sobre a mesma, agora é sua vez. O que você acha da referida lei? Você é a favor ou contra? Por quê?
5 5 Exercício 2 No nosso dia a dia usamos algumas expressões estrangeiras como mouse, internet, performance, piercing, cowboy, entre outras e se traduzimos ao usar as palavras em português a sentença fica estranha (O mouse do meu computador quebrou O rato do meu computador quebrou). Será que isso acontece com todas as expressões estrangeiras que usamos? Faça uma lista de algumas dessas palavras e depois tente substituir estas por palavras que as possam traduzir para o português. Você acha que esta substituição dá certo? Justifique.
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