Avaliação do uso do solo em bacia de captação de água para abastecimento público
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- Amália Alcaide
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1 Avaliação do uso do solo em bacia de captação de água para abastecimento público Soil assessment in water catchment for public supply Alexandra Fátima Saraiva Soares 1 Alexandre Senna de Araújo (*)2 Nelson Uchôa Alonso Rodrigues (*)3 RESUMO A água constitui um elemento vital para os seres vivos; dela depende o homem de muitas maneiras. Considerando que a população do planeta continue a crescer, estabilizando-se por volta do ano 2100 com 10,5 bilhões de pessoas e que a água é um recurso limitado, é fundamental empreender esforços para sua sustentabilidade, planejamento e gestão de uso. Vive-se neste século a denominada crise hídrica. Os fatores que desencadeiam essa crise são diversos e o problema gira em torno de aspectos tanto quantitativos, quanto qualitativos. Sabe-se que o uso do solo na bacia hidrográfica onde se capta água para abastecimento público interfere em sua qualidade. Muitos poluentes utilizados em atividades agropecuárias são persistentes e resistentes ao tratamento convencional de águas para potabilização. Diante do exposto, esta pesquisa analisa uma bacia de captação de abastecimento público, situada em Campanha-MG, para determinação de uso irregular do solo.para elaboração do mapa de uso do solo na sub-baciada região de estudo, foram utilizados recursos de geoprocessamento SIG (Sistema de Informação Geográfica). Também se analisou legislação pertinente ao tema. PALAVRAS-CHAVE: Uso Irregular do Solo; abastecimento público de água, Sistema de Informação Geográfica; Legislação Ambiental. ABSTRACT Water is a vital element for living beings; man depends on it in many ways. Considering the population of the planet continues to grow, stabilizing around the year 2100 with 10.5 billion people and that water is a limited resource, it is essential to strive to sustainability, planning and use management. One lives in this century the so-called "water crisis". The factors that trigger this crisis are many and the problem revolves around both quantitative, and qualitative. It is known that the land use in the watershed capture for public supply interferes with the water quality. Many pollutants used in agricultural activities are persistent and resistant to conventional treatment of water purifiers. Given the above, this research analyzes a general supply catchment, located in Campanha-MG, for determining irregular land use. To generate the map of land use in the sub-basin of the study area, geoprocessing resources were 1 Dra.; Bacharel em Direito e Engenheira Civil; Perita do MPMG/Central de Apoio Técnico - Setor de Meio Ambiente; Professora Universitária do Instituto Metodista Izabela Hendrix e da Escola Superior Dom Helder Câmara; Endereço: Avenida Álvares Cabral, 1690, Santo Agostinho, CEP: , Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil; asaraiva.soares@gmail.com; alexandra@mpmg.mp.br (*)2 Graduando, Engenharia Ambiental; Universidade Fumec; Estagiário do MPMG/Central de Apoio Técnico Setor de Meio Ambiente. Endereço: Avenida Álvares Cabral, 1690, Santo Agostinho, CEP: , Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil; alexandresenna@hotmail.com; asaraujo.estagio@mpmg.mp.br (*)3 Autor para correspondência
2 used - GIS (Geographic Information System) for creation of land cover map sand hydrography. Also analyzed pertinent legislation. KEYWORDS: Land Use Irregular; public water supply; Geographic Information System; Environmental legislation. INTRODUÇÃO A água constitui um elemento vital para os seres vivos; dela depende o homem de muitas maneiras. Considerando que a população do planeta continue a crescer, estabilizando-se por volta do ano 2100 com 10,5 bilhões de pessoas e que a água é um recurso limitado, é fundamental empreender esforços para sua sustentabilidade, planejamento e gestão de uso. A intitulada crise hídrica refere-se tanto a fatores quantitativos, quanto qualitativos. Atualmente,os fatores que desencadeiam essa crise são diversos. As causas possuem origem social, econômica e ambiental e têm dimensões em âmbito local, regional, continental e até global. Dentre esses fatores destacam-se: a) intensa urbanização, com parcelamento de solo realizado de forma inadequada, trazendo consideráveis demandas de água, impermeabilização do solo, disposição irregular de resíduos sólidos urbanos, lançamento de esgotos sanitários nas coleções hídricas, bem como assoreamento e aterramento de nascentes; b) remoção de cobertura vegetal, especialmente em áreas de preservação; c) introdução crescente de poluentes nas águas por atividades agrícolas, minerárias e industriais das mais diversas tipologias; d) baixo nível de conscientização dos usuários, culminando em desperdício do recurso natural; e) infraestrutura de saneamento deficiente e sistema de distribuição de água com perdas superiores a 30 % na rede de distribuição; f) ineficientes ações políticas em relação aos recursos hídricos; g) inobservância das diretrizes estabelecidas na legislação pertinente; h) problemas decorrentes de mudanças globais com eventos hidrológicos extremos (chuvas intensas e longos períodos de estiagem). Em outros países que enfrentam situação semelhante, como Austrália, há uma aceitação para o racionamento de água. A bacia de Murray Darling converteu-se em um mercado de água que opera há uma década e meia e apresenta-se como trabalho exemplar de distribuição do recurso a maior parte da água é hidrometrada e há incentivo aos agricultores para seu uso eficiente, por meio de
3 técnicas melhoradas de irrigação agrícola. Essa experiência pode ser aproveitada no cenário brasileiro.no entanto, em nosso país as pessoas ainda são resistentes a mudanças de hábitos. Sabe-se que a introdução de substâncias tóxicas nos ecossistemas aquáticos é uma das causas mais complexas de deterioração da qualidade das águas destinadas ao abastecimento público, especialmente no que tange aos agrotóxicos e fármacos (uso humano e veterinário), muitos deles persistentes e resistentes ao tratamento convencional de águas para potabilização (SOARES, 2011). Para solucionar esse conjunto de problemas e apresentar estratégias de planejamento e gestão, medidas a curto, médio e longo prazos deverão ser adotadas pelo Poder Público e pela coletividade, de forma a preservar esse recurso natural para as atuais e futuras gerações. A Lei Federal 9.433/1997 apresenta fundamentos, objetivos, diretrizes de ações para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos PNRH e instrumentos de gestão da água. No entanto, muitas vezes, esses dispositivos legais não são considerados em termos práticos. Em Minas Gerais, há, ainda, as Leis Estaduais /1997 e10.793/1992 (Proteção dos mananciais). Essas leis consideram a bacia hidrográfica como unidade de planejamento do uso do solo. Isso porque a qualidade da água, especialmente a superficial, tem interferência desses usos. A aplicação de geotecnologias, que possibilitam a realização de estudos e análises espaciais, apresentase como boa alternativa para auxiliar os trabalhos em gestão ambiental. Isso devido, principalmente, ao relativo baixo custo envolvido no processo e a eficiência dos resultados obtidos. O uso do SIG (Sistema de Informação Geográfica), para o estudo de situações complexas, tem produzido resultados de grande utilidade e com boa qualidade. Dessa forma, o emprego de tecnologias de geoprocessamento é bastante viável na análise do cumprimento da legislação ambiental, especialmente quando se faz necessário mapear e monitorar o uso e ocupação do solo em áreas consideradas especiais e que necessitam ser preservadas. Essas áreas, denominadas áreas de preservação permanente (APP), muitas vezes, podem sofrer alterações ambientais graves advindas da interferência humana, com reflexos negativos na qualidade da água. Diante do exposto, esta pesquisa analisa uma bacia de captação de água para abastecimento público, situada em Campanha-MG, para determinação de uso do solo.
4 MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste trabalho selecionou-se a sub-bacia do manancial superficial do município de Campanha. Visando a determinar a área compreendida pela bacia hidrográfica do Córrego Santo Antônio no município de Campanha, procedeu-se com a técnica de delimitação automática de bacia hidrográfica por uso de Modelo Digital de Elevação (MDE) no software ArcMap 10.3 utilizando imagens (SRTM), essas disponibilizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Após a delimitação do perímetro da bacia, foi realizada a verificação da área em Carta Topográfica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Utilizou-se a folha de Lambari (SE 23 V-D-VI- 3) de 1971, com escala de 1: para a validação dos interflúvios, ajustes foram realizados de forma a otimizar o traçado da área da bacia com o relevo da região. Ainda utilizou-se a base de drenagens do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) para uma nova validação da área da Bacia Hidrográfica. O ponto de captação foi utilizado como limite para determinar o alto da bacia, região de estudo desse trabalho e assim proceder com a análise espacial da área. Utilizou-se de imagens de satélites para identificar os tipos de uso desenvolvidos no alto da bacia. As imagens do satélite Landsat 8 com composição R(5) G(4) B(3) para melhor identificar as áreas cultivadas, e a imagem do satélite RapidEye em cores reais, para identificar as áreas de vegetação remanescente por técnica de análise da granulométria da imagem. Área de Preservação Permanente (APPs) foram delimitadas de acordo com a legislação vigente. Foram consideradas duas categorias vegetação e atividade agropecuária (lavoura e pastagem/pousio). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Lei Estadual n /1997 instituiu o Programa Estadual de Conservação da Água. Essa lei estabelece que as concessionárias de água e energia devem investir pelo menos 0,5% (meio por cento) da arrecadação na bacia ocorre exploração dos seus recursos naturais, sendo que 1/3 (um terço) do total investido, tem que ser reservado para reconstituir as matas ciliares dos trechos onde a degradação, advinda de ações do homem, é mais significativa.
5 Já a Lei Estadual n /1992 tem o objetivo de proteger os mananciais do Estado de Minas Gerais. A lei proíbe a instalação vários tipos de estabelecimentos e empreendimentos, nas bacias dos mananciais, que possam afetar os padrões mínimos da qualidade das águas. Onde os empreendimentos já implantados ou em implantação tem a obrigação de apresentar ao órgão ambiental vigente projeto de adequação, sob penas cabíveis. Dentre essas atividades vedadas a montante do ponto de captação de águas (das bacias de Classe Especial e Classe 1) está o desenvolvimento de atividade agropecuária intensiva, que envolva a necessidade de aplicação intensiva de agrotóxicos. Na área de estudo deste trabalho, constatou-se que a montante do ponto de captação de água há lavouras e áreas de pastagens/pousio. Esse fato demonstra a vulnerabilidade dos mananciais de abastecimento público. Figura 1 Mapa de uso do solo no alto do córrego Santo Antônio Fonte: Autores do trabalho (2015)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A crise da água deste século resulta de um conjunto de fatores ambientais que se somam a outros relacionados à economia e ao desenvolvimento social. O agravamento da escassez de água decorre de problemas reais de disponibilidade, aumento da demanda e da poluição, associados a processos de gestão ineficientes, com a inobservância dos dispositivos legais. As políticas instituídas, especialmente a nacional de Recursos Hídricos, que estabelece, dentre outros, diretrizes gerais de ação e instrumentos para se efetivar os objetivos devem ser considerados pelo Poder Público e Coletividade. A água é bem de uso comum do povo, competindo a todos o dever de preservála para as presentes e futuras gerações. Neste trabalho, pode-se constatar a ocupação do uso do solo (por atividade agropecuária) da bacia de captação de água para abastecimento público, tornando o manancial vulnerável. A era que se vive era da escassez requer mudanças culturais e políticas. Ajustar as condutas costumeiras à nova realidade não é tarefa fácil para políticos, administradores e sociedade como um todo. No entanto, momentos de crises podem conduzir ao desenvolvimento e é nessa direção que se deve seguir. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 9.433/1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em: < >. Acesso em: 10 set BRASIL. Lei nº /2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e dá outras providências. Disponível em: < Acesso em: 10 set SOARES, A. F. S. Uso de agrotóxicos, contaminação de mananciais e análise da legislação pertinente: um estudo na região de Manhuaçu-MG. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos Tese de Doutorado.
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