POESIA IV. Poesia XII

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Maria Gil di Castro
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1 POESIA IV Passo... Passo sem sentir o cheiro do vento, Casto e sem ver o a cor do momento. Passo sem me atentar ao tempo Que, enciumado, passa por mim. Simplesmente passo. Passo como passa a correnteza Que não se atém ao leito E que, fugaz, se vai e se vai... Seria possível sentir o som da brisa Que passa cumprimentando o gramado? Ou o sol, tirano, colorindo e rindo De tudo o que está abaixo de si? Seria possível desacelerar E voltar a girar junto com o mundo? Perceber o sal na água do mar Ou quiçá largar esta caneta E voltar a respirar? Filhos da Modernidade Leonardo Haddad Poesia XII Creio que cremos, creio que Crio. Creio que Criar seja um saber estar, Estar, ombro a ombro, com o vazio existencial, Com o mais chato inquilino da alma humana ficar.

Ou o sol, tirano, colorindo e rindo De tudo o que está abaixo de si? Seria possível desacelerar E voltar a girar junto com o mundo?

2 Sabe, talvez o Criar seja chamá- lo para brincar, Seja transformá- lo em solo, em terra firme, Para que do chão brote a arte em arranha- céus, Que enterram nosso fel como gigantes pisoteantes. Pois é certo que Criar é tocar o céu, É aproximar- se da arte dos céus de dentro. É encontrar o ser humano que dá, que Cria, Que em seu ardor dá Cria e que urge na dor. Criar é também pisar em solo fértil. Ou então... Quiçá, o Criar também seja vomitar! Lotar de nutrientes jarros já transbordados, Loteados com vazios estonteantes! Mas, sobretudo, Criar é um convite aos eus de dentro. É trazer pra fora o deus que o homem Cria, Que delira e que venera, mas que não reside Para além de suas certezas sagradas. E crer é também Criar; Criar como o toque da vida, Provinda das trágicas e mágicas pontas Dos onipresentes e onipotentes dedos humanos. Com suas razões, seres únicos Criadores de Ilusões. O Criador Leonardo Haddad REVELE SEU TALENTO Pediram-me para eu revelar meu talento, olhei para mim assustada: e eu lá tenho talento? Insistiram, disseram que sim. Eu que em outrora acreditava que meu talento estava para fora, estava na superfície, era um talento de saber desfilar e posar, era manequim.. algo tão fora, que olhava para dentro e só via o vazio. Mas, esse vazio era tão vazio que eu desconfiei: algo nele existia. Estava obscuro, escondido, tão profundo que descobri que de vazio não tinha nada. Virei às costas para o talento de fora e descobri um sonho bem grande lá do lado de dentro, um continente a ser descoberto. Dentro de mim, dentro do outro. Ainda mais difícil que isso dar-lhe significado. Quem

Criar é também pisar em solo fértil. Ou então... Quiçá, o Criar também seja vomitar! Lotar de nutrientes jarros já transbordados, Loteados com vazios estonteantes!

3 sabe esse poderia ser meu talento? Disseram-me ainda: você faz reflexões. Ri por dentro. Ri para minha parte narcisista que já estava vermelha é de vergonha, não queria fazer feio. Cá estou, conversando com Clarice, Cecília, Mario e todos outros grandes, eu com toda minha pequenez fazendo reflexões sobre o desafio proposto.. Mas, vamos lá... Ah, superego... A palavra TALENTO vem do Latim: TALENTUM e significa inclinação, desejo de fazer, de realizar. Originalmente pesagem, soma, quantia de dinheiro da antiga Grécia. O talento era uma espécie de ouro ou prata que era valiosa. Adquiriu o sentido de aptidão ao ser ligado com a parábola do talento em Mateus (BÍBLIA). Esta parábola mostra um senhor muito rico que entrega a três servos a mesma quantia de talento para administrarem enquanto estiver fora, depois de muito tempo, volta e resolve acertar contas com os três homens. Dois deles administraram muito bem sua riqueza, porém, aquele que recebeu menos foi duramente criticado e punido, pois não fez aquele talento que recebeu render durante todo aquele tempo. A partir desse viés podemos pensar que dentro de cada um de nós existe grande quantidade de talento, um tesouro valiosíssimo. É necessário ter olhos para ver essas riquezas internas, lhes dar significado, aprender, explorar, administrar. É preciso sair do fora, do externo, e encarar bem aqui dentro. E todos os dias encarar o medo, todos os dias conhecer um pouco mais, tarefa assustadora, porém, sendo superada conhecemos os ganhos, o sonho, a verdade, a vida. Cada dia meu talento aumenta mais, cada dia se frutifica, não existe mais o vazio e sorrisos falsos, hoje há brilhos nos olhos, hoje o riso é daqueles que você sente que seu corpo inteiro ri junto. Não existe mais maquiagem para tampar as imperfeições, hoje todos os defeitos são bem expostos, porque não há punição e sim entendimento. Hoje a fotografia não é do corpo e sim da alma. Hoje eu olho para dentro e vejo muitos tesouros e muitos a serem descobertos, mas, está cheio.. cheio de sonhos, de sentido, de amor, de esperança na vida. Talvez talento mesmo seja saber ser quem na verdade a gente é. Carla Crepaldi de M. Pádua Membro Agregado do NPMR. Auxiliar de Coordenação da Comissão Científica do NPMR.

.. A palavra TALENTO vem do Latim: TALENTUM e significa inclinação, desejo de fazer, de realizar. Originalmente pesagem, soma, quantia de dinheiro da antiga Grécia.

4 SOE Serviço de Orientação e Encaminhamento 01/07/ SARAU: Revele o seu Talento Mateus Gatto Spinardi Recriação de música, e acréscimo de trechos musicais que associei: Música original O Pulso, compositor Arnaldo Antunes (Titãs). O Pulso O pulso ainda pulsa O pulso ainda pulsa... Peste bubônica Câncer, pneumonia Raiva, rubéola Tuberculose e anemia Rancor, cisticercose Caxumba, difteria Encefalite, faringite Gripe e leucemia... E o pulso ainda pulsa E o pulso ainda pulsa Hepatite, escarlatina Estupidez, paralisia Toxoplasmose, sarampo Esquizofrenia Úlcera, trombose Coqueluche, hipocondria Sífilis, ciúmes Asma, cleptomania... E o corpo ainda é pouco E o corpo ainda é pouco Reumatismo, raquitismo Cistite, disritmia Hérnia, pediculose Tétano, hipocrisia Brucelose, febre tifóide Arteriosclerose, miopia Catapora, culpa, cárie Câimba, lepra, afasia...

.. Peste bubônica Câncer, pneumonia Raiva, rubéola Tuberculose e anemia Rancor, cisticercose Caxumba, difteria Encefalite, faringite Gripe e leucemia.

5 O pulso ainda pulsa E o corpo ainda é pouco Ainda pulsa Ainda é pouco O Ego ( A Patologia Os Recursos A Vida) O ego sobrevive O ego sobrevive... Transtorno Bipolar Raiva, melancolia frustração, impotência Ódio e hipomania Ansiedade, insônia Isolamento, hipocondria Compulsão, aflição Alcoolismo e anedonia. E o ego sobrevive E o ego sobrevive Obsessão, medo, terror, Desamparo, afasia Embotamento, negação Esquizofrenia Paranoia, delírio Regressão, cleptomania Exibicionismo, dissociação Fobia e desarmonia E a mente ainda é pouco E a mente ainda é pouco Insônia, suicídio Fuga, catatonia, Temor, separação Culpa e sociopatia Estupor, amnésia Pré conceito, racismo Estereotipia, apatia Mutismo e ciclotimia E assim... O Ego sobrevive

E o ego sobrevive E o ego sobrevive Obsessão, medo, terror, Desamparo, afasia Embotamento, negação Esquizofrenia Paranoia, delírio Regressão, cleptomania Exibicionismo, dissociação

6 E a mente ainda é pouco Sobre-vive Ainda é pouco... Mas os recursos... Arte, sonho Excitação, alegria Esperança, amparo Transformação e poesia Integração, reparação Desejo, gratidão Amor, harmonia Afeto e sintonia..somos quem podemos ser Sonhos que podemos ter......quem duvida da vida tem culpa Quem evita a dúvida também tem... (Engenheiros do Hawaí Somos quem podemos ser) O que será que será Que dá dentro da gente e que não devia Que desacata a gente, que é revelia Que é feito uma aguardente que não sacia Que é feito estar doente de uma folia Que nem dez mandamentos vão conciliar Nem todos os ungüentos vão aliviar Nem todos os quebrantos, toda alquimia Que nem todos os santos, será que será O que não tem descanso, nem nunca terá O que não tem cansaço, nem nunca terá O que não tem limite O que será que me dá Que me queima por dentro, será que me dá Que me perturba o sono, será que me dá Que todos os tremores me vêm agitar Que todos os ardores me vêm atiçar Que todos os suores me vêm encharcar

.....quem duvida da vida tem culpa Quem evita a dúvida também tem.

7 Que todos os meus nervos estão a rogar Que todos os meus órgãos estão a clamar E uma aflição medonha me faz implorar O que não tem vergonha, nem nunca terá O que não tem governo, nem nunca terá O que não tem juízo (O que será. À flor da pela. Chico Buarque 1976)

tem vergonha, nem nunca terá O que não tem governo, nem nunca

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