IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO DE RIO MAU

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Kevin Belém
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1 IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO DE RIO MAU A igreja de São Cristóvão de Rio Mau, localiza-se na freguesia de Rio Mau, concelho de Vila do Conde, distrito do Porto.

1 1 IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO DE RIO MAU A igreja de São Cristóvão de Rio Mau, localiza-se na freguesia de Rio Mau, concelho de Vila do Conde, distrito do Porto. É um dos monumentos mais representativo da arte românica em Portugal. A referência mais antiga à pequena igreja de São Cristóvão de Rio Mau, é de Acolhia no seu seio, uma comunidade de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Pelo traçado das esculturas, pelos motivos iconográficos que apresenta, revela relações evidentes com Braga e Rates. A actual igreja é o resultado de uma reedificação realizada a partir de 1151, como indicado por uma inscrição na abside do edifício. Esta reconstrução, em estilo românico, foi executada em várias fases, sob diferentes influências artísticas. A capela-mor foi construída primeiro e revela forte influência da arte galega contemporânea. Muito importante nesta parte da igreja, são os capitéis do interior, realizados com maestria, que representam diversos temas, entre os quais um com jograis.

2 2 O capitel do lado sul do arco triunfa é historiado. Do lado ocidental, virado para a assembleia, uma personagem, barbudo toca um instrumento de corda friccionada uma viola medieval -, certamente um jogral no papel de difusor de lendas, romances e histórias de carácter formativo. Na face voltada para o centro dois indivíduos seguram pelos braços um terceiro, que apoia as mãos no peito numa pose de cadáver. Na face voltada para o altar, um homem segura, com delicadeza, nos braços, uma figura envolta em panos. Parece mostrar, pela sobriedade da sua postura, um relato proveniente do repertório oral, divulgado com objectivos didácticos, de ajudar no conhecimento dos mistérios, das fábulas e epopeias de carácter moralizante. No capitel norte, dois leões de boca ameaçadoramente aberta, tanto podem simbolizar as forças do mal como a permanente vigilância divina (por se considerar que, mesmo a dormir, conservam os olhos abertos), parecem assumir um claro sinal de alerta para crentes. No exterior, nos modilhões, estão representadas figuras de animais e humanas. Entre estas, um músico ambulante e um personagem que parece fazer acrobacias.

As partes mais ocidentais do templo, foram construídas em finais do século XII e inícios do século XIII, incluindo os portais, que exibem influência do chamado românico Benedito português.

3 As partes mais ocidentais do templo, foram construídas em finais do século XII e inícios do século XIII, incluindo os portais, que exibem influência do chamado românico Benedito português. A nave é única com cobertura de madeira. Os portal lateral norte tem um tímpano esculpido com um dragão e um grifo enfrentados, uma provável representação da luta entre Jesus e o diabo. O portal central tem um tímpano mais 3

4 complexo: no centro há um bispo em atitude de bendição, provavelmente Santo Agostinho, uma vez que o templo pertencia aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.

4 4 complexo: no centro há um bispo em atitude de bendição, provavelmente Santo Agostinho, uma vez que o templo pertencia aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. O bispo é ladeado por dois pequenos diáconos e, mais externamente, por duas pequenas figuras, um pássaro com um sol e uma sereia segurando uma lua, símbolo também associado a Santo Agostinho. Os capitéis da portada principal seguem o estilo romântico beneditino típico do norte de Portugal. Em 1443, ao Mosteiro de São Simão da Junqueira foi-lhe anexada a igreja de São Cristóvão de Rates. Apresentava também o cura da freguesia de São Simão da Junqueira, os vigários das freguesias de São Martinho de Outeiro Maior, de São Cristóvão de Rio Mau.

5 5 Nota: Segundo Damião Peres, na sua História de Portugal, vol.ii, pg.676 e sgs.: «Nos monumentos do Norte do país, do Mondego para cima, é que encontramos o florilégio mais rico de símbolos e imagens talhadas e retalhadas no granito indócil, por vezes com pujança, cavando bem fundo

6 a pedra para avultar o motivo num claro-escuro que tem a sua intensidade máxima em contrates sob a luz límpida do nosso sol. As sombras intensas marcam uma fachada, robustecem a talha enérgica dos modilhões, das colunas ou dos tímpanos lavrados. Esquecemos o lavor imperfeito, a ingenuidade da execução de tantos motivos, para nos comovermos com o seu pitoresco e com a sua sinceridade brotada de almas bravias e simples. Esta decoração tem todos os encantos ou a beleza bárbara revelada no sermo rusticus, na linguagem que alvorece! 6

7 Percorramos esta zona arquitectónica onde os monumentos mais se condensam: em quase todos a mesma expressão vigorosa. Na cachorrada, um álbum de máscaras, de alusões cristãs, de sátiras ao pecado representadas por animais imundos, por obscenas causticantes 7

8 Acumulam-se em pequenos espaços animais bizarros, monstros de dois corpos com uma só cabeça devorando outros que rastejam, símios que se contorcem, cães que se movimentam, sereias-aves e

8 8 Acumulam-se em pequenos espaços animais bizarros, monstros de dois corpos com uma só cabeça devorando outros que rastejam, símios que se contorcem, cães que se movimentam, sereias-aves e sereias-peixes, sáurios e ofídios coleantes e pássaros de um aviário fantasista, toda uma ornamentação religiosa, diabólica, ou simples adornos como os das tapeçarias ou dos brocados. Os capitéis da capela-mor da igrejinha de Rio Mau servirão de melhor exemplo do que nós possuímos em escultura românica: num viu Kingsley Porter a imagem de S. Cristóvão levando o Menino, um Menino monstruoso, ao colo; noutros vi eu a barca de S. Pedro, uma visão diabólica de riso de Gorgona, soldados de Deus orando no arco triunfal ao som do arrabil. Recordarei também as esculturas animalistas da igreja de São Pedro de Rates, tão vigorosas e decorativas.» Fotografias antigas da Igreja de Rio Mau (Publicadas em: ARTE ROMÂNICA EM PORTUGAL, de Joaquim de Vasconcelos 1910)

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14 FOTOGRAFIAS ACTUAIS DA IGREJA DE RIO MAU (2011): 14

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