CRESCIMENTO DE PLANTAS DE FEIJOEIRO COMUM CULTIVADO SOB ESTRESSE HÍDRICO E SALINO GROWTH OF COMMON BEAN PLANTS CULTIVATED UNDER WATER AND SALT STRESS

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1 CRESCIMENTO DE PLANTAS DE FEIJOEIRO COMUM CULTIVADO SOB ESTRESSE HÍDRICO E SALINO Fernando Rodrigues Cabral Filho 1, José Weselli de Sá Andrade 2, Daniely Karen Matias Alves 3, Rannaiany Teixeira Manso 3, Frederico Antonio Loureiro Soares 4 RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar a resposta do feijoeiro comum cultivado em diferentes regimes hídricos associados a utilizando diferentes níveis de sal na água de irrigação. O experimento foi conduzido em vasos sob ambiente protegido localizado em área experimental do Instituto Federal Goiano/Campus Rio Verde, Goiás. O delineamento utilizado foi com blocos ao acaso em esquema fatorial 4x2 com três repetições, sendo quatro níveis de reposição hídrica iguais a 25, 50, 75 e 100% da evapotranspiração da cultura e, dois tipos de condutividade elétrica da água de irrigação iguais a 0,6 e 3,0 ds m -1. O feijão-comum mostrou-se sensível a irrigações com água salina, apresentando reduções no diâmetro do caule, na altura de planta e no número de folhas verdes. O estresse hídrico também provocou redução no número de folhas verdes no feijoeiro comum. PALAVRAS-CHAVE: Phaseolus vulagris, salinidade, biometria. GROWTH OF COMMON BEAN PLANTS CULTIVATED UNDER WATER AND SALT STRESS ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the response of common bean grown in different water regimes associated with different salt levels in irrigation water. The experiment was conducted in pots under protected environment located in an experimental area of the Goiano Federal Institute/Rio Verde Campus, Goiás. The experimental design was a randomized complete block design in a 4x2 factorial scheme with three replicates, with four water replacement levels equal to 25, 50, 75 and 100% of the evapotranspiration of the crop, and two types of electrical conductivity of irrigation water equal to 0.6 and 3.0 ds m -1. The common bean was sensitive to saline irrigations, showing reductions in stem diameter, plant height and number of green leaves. Water stress also reduced the number of green leaves in common bean. KEYWORDS: Phaseolus vulagris, salinity, biometrics. INTRODUÇÃO O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma planta leguminosa fonte de calorias, proteínas, carboidratos, ferro e cálcio (Guilhen et al., 2016). O manejo incorreto do solo e da água durante o processo de produção acarretam em alterações na qualidade fisiológica (vigor e matéria seca produzida) e na produtividade da cultura (Dalchiavon et al., 2016). 1 Mestrando em Ciências Agrárias Agronomia, Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde, Rodovia Sul Goiana, Km 01, CEP: , Rio Verde GO, fernandorcfilho@hotmail.com. 2 Prof. Doutor, IFGoiano Campus Rio Verde, GO. 3 Graduanda em Engenharia Ambiental, IFGoiano Campus Rio Verde GO. 4 Prof. Doutor, Depto de Hidráulica e Irrigação, IFGoiano Campus Rio Verde, GO.

2 Um grande problema nos países mediterrâneos é a salinidade da água de irrigação, que é maior aos níveis limitantes para a produção máxima (Kontopoulou et al., 2015). Segundo Scholberg & Locascio (1999), a planta de feijoeiro é altamente sensível a salinidade. Segundo Silva Sá (2016), os sais podem afetar o crescimento das plantas. A concentração de sais na solução do solo eleva a pressão osmótica e reduz a disponibilidade de água para os vegetais, ocorrendo também o efeito tóxico de íons, como sódio e cloreto, que provocam injúrias associadas à acumulação excessiva desses sais na planta (Flowers, 2004). A análise de crescimento, através da biometria das plantas, é uma importante ferramenta para melhor conhecimento do vegetal, permitir assim o adequado manejo, visando a total expressão do seu potencial produtivo (Figueiredo et al., 2012). O objetivo deste estudo foi avaliar a resposta do feijoeiro comum cultivado sob a influência de diferentes regimes hídricos associados a diferentes níveis de sais na água de irrigação. MATERIAL E MÉTODOS As plantas de feijoeiro foram cultivadas em vasos sob ambiente protegido, na área experimental do Instituto Federal Goiano/Campus Rio Verde, no município de Rio Verde. O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao acaso (DBC), em esquema fatorial 4x2 com três repetições, sendo quatro níveis de reposição hídrica (RH): 25, 50, 75 e 100% da evapotranspiração da cultura; e dois tipos de condutividade elétrica da água de irrigação (CE): 0,6 e 3,0 ds m -1. Os níveis de RH foram manejados através de 4 lisímetros de pesagem eletrônica. Os níveis de CEa foram obtidos a partir da adição de cloreto de sódio (NaCl) à água de irrigação até alcançar a CE esperada, utilizando a equação (1) proposta por (RICHARDS, 1954). QNaCL = 640*(CEad CEai) (1) em que: QNaCL - quantidade de NaCl exigida para elevar a CEa, em mg L -1 ; CEad - condutividade almejada nos tratamentos, em ds m -1 ; Ceai - condutividade inicial da água antes da adição de NaCl, em ds m -1. Um condutivímetro digital portátil foi utilizado nas medições da condutividade elétrica atual e desejada. Foram analisadas à altura de planta (AP), diâmetro de caule (DC), número de folhas verdes (NFV), número de folhas (NF), área foliar (AF) e número de entrenós (NE) aos 35 e 70 DAS. A AF foi calculada através da equação (2) sugerida por Figueiredo et al. (2012).

3 AF = 0,575*(C*L) (2) em que: AF - área foliar de todas as folhas vivas, em cm²; C - comprimento da folha, em cm; L - largura da folha, em cm. Todas as variáveis foram analisadas utilizando o software Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F (P<0,05) e as médias dos tratamentos de CEa foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e a RH por análise de regressão, quando significativos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O fator CE influenciou de forma significativa no DC aos 35 e 70 DAS e, a AP e NFV aos 35 DAS (Tabela 1). Para o fator RH ocorreu influência significativa apenas no NFV aos 35 DAS (Tabela 2). Tabela 1. Resumo da análise de variância para as variáveis altura de planta e diâmetro do caule aos 35 e 70 DAS e, número de entrenós aos 35 DAS do feijão comum em função de níveis de irrigação e condutividade elétrica da água de irrigação. Quadrado Médio Fonte de Variação GL Altura de planta Diâmetro do caule Número de entrenós 35 DAS 70 DAS 1 35 DAS 70 DAS 35 DAS Bloco 2 13,83 ns 0,53 ns 0,25 ns 0,21 ns 0,51 ns Reposição hídrica (RH) 3 36,77 ns 2,05 ns 0,46 ns 0,20 ns 0,98 ns Condutividade elétrica (CE) ,50** 2,48 ns 5,00** 3,35* 7,31 ns Interação RH x CE 3 39,12 ns 0,29 ns 0,10 ns 0,37 ns 0,02 ns Resíduo 14 51,64 ns 2,05 ns 0,23 ns 0,27 ns 1,92 ns CV (%) 18,19 18,89 9,90 9,56 21,15 ** - significativo a 0,01 de probabilidade; * - significativo a 0,05 de probabilidade; NS não significativo, pelo teste F. GL Grau de liberdade, CV Coeficiente de variação. 1 Dados transformados em Raiz de X. Nota-se que não apenas o número de folhas é importante para a definição da área foliar, mas também o tamanho destas folhas, pois, apesar da diferença no NFV, a AF não sofreu interferência dos níveis de CE da água de irrigação. Figueiredo et al. (2012) observaram em estudo da área foliar do feijão comum, que as medidas de comprimento e largura das folhas são adequadas para estimar a área foliar do feijão Cv Pérola.

4 Tabela 2. Resumo da análise de variância para as variáveis Número de folhas aos 35 e 70 DAS e, número de folhas verdes e área foliar aos 35 DAS do feijão comum em função de níveis de irrigação e condutividade elétrica da água de irrigação. Fonte de Variação GL Quadrado Médio Número de folhas verdes Número de folhas Área foliar 35 DAS 70 DAS 1 70 DAS 1 35 DAS 1 Bloco 2 2,84 ns 1,15 ns 0,87 ns 0,01 ns Reposição hídrica (RH) 3 642,39** 1,69 ns 0,56 ns 0,00 ns Condutividade elétrica (CE) ,01** 3,13 ns 4,45 ns 0,00 ns Interação RH x CE 3 252,03 ns 0,54 ns 1,24 ns 0,01 ns Resíduo ,51 ns 1,51 ns 1,45 ns 0,00 ns CV (%) 24,42 19,86 22,27 17,16 ** - significativo a 0,01 de probabilidade; * - significativo a 0,05 de probabilidade; NS não significativo, pelo teste F. GL Grau de liberdade, CV Coeficiente de variação. 1 Dados transformados em Raiz de X. A salinização da água de irrigação reduziu em 0,91 e 0,75 mm o DC aos 35 e 70 DAS, resultando em decréscimos de 17 e 13%, respectivamente (Tabela 3). Já para a AP e NFV aos 35 DAS observou-se reduções de 16,9 cm e 15,96, resultando em decréscimos de 35 e 33%, respectivamente (Tabela 3). Tabela 3. Diâmetro do caule aos 35 e 70 DAS e, altura de planta e número de folhas verdes aos 35 DAS, em função da condutividade elétrica da água de irrigação. CE (ds.m -1 ) Diâmetro do caule (mm) Altura de planta (cm) Número de folhas verdes 35 DAS 70 DAS 35 DAS 0,60 5,34 a 5,81 a 47,95 a 49,04 a 3,00 4,43 b 5,06 b 31,05 b 33,08 b Obs - Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de probabilidade. Oliveira et al. (2016) constataram reduções no diâmetro do caule e da altura da planta, do milho pipoca, quando irrigado com água salina (4,5 ds m -1 ). De acordo com Andrade Júnior et al. (2011) citado por Prazeres et al. (2015), a salinidade afeta a absorção de água e crescimento das plantas devido à redução no potencial hídrico da solução, por meio do efeito osmótico dos sais Na + e Cl - introduzidos no solo, neste caso, via água de irrigação. A cada acréscimo de 25% na RH, ocorreu um aumento médio de 19,83% no NFV, o que correspondeu a 7,41 folhas a mais (Figura 1). A menor e a maior quantidade de folhas verdes foram encontradas na RH de 25 e 100%, sendo elas, 30 e 52 NFV, respectivamente. Reduções no número de folhas verdes em plantas sob estresse hídrico são esperadas devido ao ajustamento fisiológico, onde, o fluxo transpiratório destas folhas é maior que a capacidade de retirada de água da planta do solo e/ou, neste caso, a baixa disponibilidade hídrica.

5 Número de folhas verdes aos 35 DAS NFV = 22, ,296**X R² = 0, Reposição hídrica (%) Figura 1. Número de folhas verdes de plantas de feijoeiro comum aos 35 DAS, cultivadas em diferentes regimes de reposição hídrica (%). Conforme os resultados apresentados, o planejamento de cultivo do feijoeiro comum em regiões de déficit hídrico ou de distribuição hídrica desuniforme é de extrema importância, sendo que, em Goiás, culturas predominantes como a soja e o milho, apresentam-se menos sensíveis ao déficit hídrico em relação ao feijoeiro comum (Viçosi et al., 2017). Gomes et al. (2000) observaram, estudando a resposta de diversas cultivares de feijão comum sob estresse hídrico, que, a biomassa da parte aérea bem como seus componentes e a taxa de crescimento são reduzidas, quando sob o efeito do estresse hídrico. CONCLUSÕES O feijão-comum mostrou-se sensível a irrigações com água salina (3 ds m -1 ), tendo, reduções do seu diâmetro de caule, altura de planta e número de folhas verdes iguais a 15, 35 e 33%, respectivamente. Sob estresse hídrico, o feijão-comum apresentou redução no número de folhas verdes na ordem de 7,41 folhas a cada redução de 25% no conteúdo de água do solo. REFERÊNCIAS ANDRADE JÚNIOR, W. P.; PEREIRA, F. H. F.; FERNANDES, O. B.; QUEIROGA, R. C. F.; QUEIROGA, F. M. Efeito do nitrato de potássio na redução do estresse salino no meloeiro. Revista Caatinga, v. 24, n. 3, p , DALCHIAVON, F.C.; NEVES, G.; HAGA, K.I. Efeito de stresse salino em sementes de Phaseolus vulgaris. Revista de Ciências Agrárias, v. 39, n. 3, p , FLOWERS, T. J. Improving crop salt tolerance. Journal of Experimental Botany, v. 55, n. 396, p , FIGUEIREDO, E.S.; SANTOS, M.E.; GARCIA, A. Modelos de determinação não destrutivo da área foliar do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.). Nucleus, v. 9, n. 1, p , 2012.

6 GOMES, A.A.; ARAÚJO, A.P.; ROSSIELLO, R.O.P.; PIMENTEL, C. Acumulação de biomassa, características fisiológicas e rendimento de grãos em cultivares de feijoeiro irrigado e sob sequeiro. Pesq. Agropec. Bras., v. 35, n. 10, p , GUILHEN, J.H.S.; MARÇAL, T.S.; ZANOTTI, R.F.; LOPES, J.C.; FERREIRA, A. Physiological characteristics in seeds of the common bean under multicollinearity and conditions of salinity. Revista Ciência Agronômica, v. 47, n.1, p , KONTOPOULOU, C.K.; BILALIS, D.; PAPPA, V.A.; REES, R.M.; SAVVAS, D. Effects of organic farming practices and salinity on yield and greenhouse gas emissions from a common bean crop. Scientia Horticulturae, v. 183, p , OLIVEIRA, F.A.; MEDEIROS, J.F.; CUNHA, R.C.; SOUZA, M.W.L.; LIMA, L.A. Uso de bioestimulante como agente amenizador do estresse salino na cultura do milho pipoca. Revista Ciência Agronômica, v. 47, n. 2, p , RICHARDS, L. A. (ed). Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington D.C.: U.S. Salinity Laboratory, 1954, 160p. (USDA. Agriculture Handbook, 60). SILVA SÁ, F.V. Morfofisiologia de plantas de feijão-caupi sob estresse salino e adubação fosfatada. Mossoró, p. Dissertação (Mestrado em Solo e Água) Universidade Federal Rural do Semi-Árido. SCHOLBERG, J.M.S.; LOCASCIO, S.J. Growth response of snap bean and tomato as affected by salinity and irrigation method. Scientia Horticulturae, v. 34, p , SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E. Cerrado: Correção do solo e adubação. 2.ed. Brasília, Embrapa Informação Tecnológica, p. VIÇOSI, K. A.; FERREIRA, A. A. S.; OLIVEIRA, L. A. B.; RODRIGUES, F. Estresse hídrico simulado em genótipos de feijão, milho e soja. Revista de Agricultura Neotropical, v. 4, Supl. 1, p , dez