Palavras-chave: Aloe vera. Vitis vitinífera. Anti-inflamatório. Antioxidante.

Transcrição

1 DESENVOLVIMENTO DE UM GEL CREME ESFOLIANTE A BASE DE BABOSA E SEMENTES DE UVA COM AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA E ANTIOXIDANTE Maria Camila Leal de Moura 1 Fábio Vinicius Ferreira Silva José Virgulino de Oliveira Lima Luanna Duarte Benvindo Neiva Verônica Lorranny Lima Araújo Manoel Pinheiro Lucio Neto 3 RESUMO Introdução: A pesquisa no campo da Cosmetologia tem contribuído significativamente para desvendar e entender melhor o efeito das substâncias ativas incorporadas em produtos de uso tópico. As formas farmacêuticas semi-sólidas caracterizam-se como uma forma aceitável, com boa estabilidade, de fácil aplicação e aspecto atraente. Dentre as bases mais utilizadas está o creme polawax, que é uma emulsão O/A não-iônica com excelente estabilidade à temperatura ambiente. O estudo teve como objetivo o desenvolvimento de um produto cosmético com obtenção de uma formulação gel-creme com atividades esfoliante, antiinflamatória, antioxidante e hidratante intrínsecas da Vitis vinifera L. e Aloe vera. Metodologia: O desenvolvimento deste cosmético deu-se a partir da realização de experimentos no Centro Universitário Santo Agostinho juntamente com a Farmácia-Escola, onde após todo o processo de manipulação foi verificado se o produto obtinha características ideais de acordo com os parâmetros especificados na literatura. Resultados e discussão: Obtendo-se um esfoliante com as seguintes características á nível visual: ausência da separação de fases sob condições normais, nem tampouco escurecimento bem como turvação e precipitação que seriam indicativos de instabilidade físico-química, consistência adequada para o tipo de formulação, boa viscosidade, além de apresentar uma aparência atraente e essência agradável. Conclusão: Diante disso, foi possível a formulação cosmética gel-creme com atividade anti-inflamatória, antioxidante e hidratante a partira das propriedades intrínsecas da Vitis vinífera L. (sementes de uva) e gel da Aloe vera, popularmente denominada de babosa, assim pode-se obter a maximização da ação antioxidante pelo acréscimo da vitamina E no processo de formulação. Palavras-chave: Aloe vera. Vitis vitinífera. Anti-inflamatório. Antioxidante. INTRODUÇÃO: Cada vez mais a pesquisa no campo da Cosmetologia tem contribuído significativamente para desvendar e entender melhor o efeito das substâncias ativas incorporadas em produtos de uso tópico. As formas farmacêuticas semi-sólidas caracterizamse como uma forma aceitável, com boa estabilidade, de fácil aplicação e aspecto atraente ao ponto de vista comercial, que é extremamente importante, por se tratar de um produto de uso

2 externo. A forma cosmética gel é um sistema semi-sólido, possui característica coloidal, aspecto gelatinoso, e é formada por uma dispersão de partículas pequenas em um veículo líquido, sendo que estas partículas coloidais não se sedimentam (ficam dispersas). Logo, a forma gel apresenta-se como uma suspensão estável, sendo bastante adequada para formulações de uso tópico (LEONARDI, 008). Dentre as bases mais utilizadas está o creme polawax, que é uma emulsão O/A não-iônica com excelente estabilidade à temperatura ambiente e a alta temperatura, bem tolerante a eletrólitos, além de ser um sistema estável de liberação de muitos ativos em vários phs., mantendo a viscosidade do produto final, sendo assim um creme hidrófilo, umectante, facilmente removível pela água. Géis cremes são emulsões contendo alta porcentagem de fase aquosa e baixíssimo conteúdo oleoso, estabilizadas por colóide hidrofílico, não contendo material graxo como agente de consistência e sim um gel hidrofílico (LEONARDI, 008). Após a eliminação dos tecidos mais externos da folha da Aloe vera, obtêm-se um gel mucilaginoso com aparência viscosa e incolor que recebe o nome de gel de A. vera muito utilizado como matéria prima na indústria cosmética, alimentícia e farmacêutica que constitui-se principalmente por água e polissacarídeos, além de 70 outros componentes, tais como, vitamina A, B, C e E, cálcio, potássio, magnésio e zinco, diversos aminoácidos, enzimas e carboidratos (FREITAS; RODRIGUES & GASPI, 014). As principais atividades biológicas atribuídas ao gel são: antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória, imunomoduladora, cicatrizante, hidratante, dentre outras. Seu uso em cosméticos justifica-se devido a algumas atividades biológicas evidenciadas, com destaque para as propriedades hidratantes, antioxidante, anti-inflamatória, cicatrizante e antimicrobiana (PARENTE, et. al., 013). Estudos feitos em animais ou por meio de testes in vitro identificaram algumas substâncias como sendo parcialmente responsáveis pela atividade anti-inflamatória e cicatrizante da A. vera. Onde, a acemanana, polissacarídeo encontrado em grande quantidade no gel de Aloe vera, foi capaz de estimular in vitro macrófagos, proteínas e glicoproteínas isoladas do gel de A. vera também exibiram atividade anti-inflamatória in vitro ao reduzirem de maneira significativa as enzimas COX - e lipoxigenase de maneira comparável a anti-inflamatórios não esteroidáis como diclofenaco e nimesulida (FREITAS; RODRIGUES & GASPI, 014). A Vitis vinifera L. é um antioxidante natural extraído das sementes de uva, seus componentes ativos constituem flavonóides e proantocianidinas, que além de atuarem como seqüestradores de radical livre, promovem a vasodilatação, inibem enzimas como fosfolipase, ciclooxigenase e lipooxogenase, além de reduzir a peroxidação lipídica (MARTIM, et. al., 007). O presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento de uma formulação gel-creme esfoliante, com atividades anti-inflamatória, antioxidante e hidratante intrínsecas da Vitis vinifera L. e Aloe vera. METODOLOGIA: O desenvolvimento deste cosmético deu-se a partir da realização de experimentos no Laboratório de Ciências Farmacêuticas juntamente com a Farmácia-Escola do Centro Universitário Santo Agostinho UNIFSA. Desse modo, realizou-se amplo levantamento bibliográfico aliado a estudos de bancada chegando à uma formulação adequada e satisfatória para o desenvolvimento do gel-creme esfoliante. Posteriormente, produziu-se a reprodução de um gel-creme esfoliante com as especificidades a secagem das sementes da uva na estufa por 4h antes da manipulação e obtenção do gel por meio da eliminação dos tecidos mais externos da babosa. Em seguida, realizou-se o processo de manipulação onde consistiuse inicialmente foi aquecido a fase aquosa a 85º C e a fase oleosa a 80º até que seus componentes fossem dissolvidos. Prontamente, verteu-se a fase aquosa sobre a oleosa sob intensa agitação aguardando o resfriamento até temperatura ambiente. Logo, homogeneizou-

3 se no misturador o extrato de Aloe vera adicionando a trietanolamina de forma lenta e sob agitação com finalidade de gelificação. Por fim, incorporou-se a formulação as sementes de uva trituradas, a essência de bambu e a vitamina E obtendo-se o produto gel creme esfoliante. Também, foram feitos a verificação do ph e análise visual da amostra. Quadro 1. Formulação do gel-creme à base de Vitis vinifera L. e Aloe Vera Fases Componentes Quantidade Oleosa Cera Auto-emulsificante 300g Vaselina líquida 100g Aquosa Carbopol 9g Metilparabeno 1,5g Glicerina Trietanolamina Água Destilada 45mL q.s.p 1500ml Fonte: Dados da pesquisa, 017. *Sementes de uva 9g *Gel de Aloe vera em q.s.p *Vitamina E em q.s.p RESULTADOS E DISCUSSÃO: Inicialmente, planejou-se com base em estudos de literatura uma formulação adequada para a formulação do gel-creme, após o planejamento deu-se o processo de manipulação do mesmo obtendo-se um esfoliante com as seguintes características á nível visual: ausência da separação de fases sob condições normais, nem tampouco escurecimento bem como turvação e precipitação que seriam indicativos de instabilidade físico-química, consistência adequada para o tipo de formulação, boa viscosidade, boa incorporação na pele, além de apresentar uma aparência atraente e essência agradável contribuindo para aceitação da mesma no mercado consumidor. Figura 1. Gel creme esfoliante a base de Vitis vinifera L. e Aloe vera obtido Fonte: Laboratório de Ciências Farmacêuticas do Centro Universitário Santo Agostinho, 017

4 A pele apresenta ph levemente ácido (4,6-6), que contribui para que ocorra proteção bactericida e fungicida em sua superfície. Além disso, as secreções cutâneas apresentam relativa capacidade tamponante, que é uma importante propriedade, sendo que o ph da pele é frequentemente alterado com a utilização de produtos tópicos inadequados, expondo a pele a agentes agressores (PINTO; GALEGO & SILVA, 1997). Quanto o ph do gel-creme esfoliante, o mesmo apresentou-se dentro da faixa adequada para o produto que fica entre (5,5-6,0), estabelecendo-se dentro dos parâmetros de ph da pele o que gera uma maior estabilidade e segurança ao produto final diminuindo riscos de comprometimento da integridade da camada dérmica. A atividade anti-inflamatória do gel de A. vera está relacionada à indução da síntese de prostaglandinas e infiltração de leucócitos. O efeito antimicrobiano sobre bactérias Gram-positivas e Gram-negativas foi evidenciado por diferentes métodos, bem como sobre o fungo Candida albicans. A ação cicatrizante do gel ocorre pela manutenção da umidade da ferida, estímulo da migração celular e proliferação de fibroblastos, maturação mais rápida do colágeno e redução do processo inflamatório. Sobre a atividade hidratante do gel de A. vera, um estudo sobre formulação de cosméticos mostrou que altas concentrações do gel liofilizado (0,5% e 0,5%) aumentou a hidratação do estrato córneo da pele com apenas uma aplicação, indicando que o gel apresenta compostos que melhoram a hidratação da pele, por meio de atividade umectante (PARENTE, et. al., 013). Em decorrência dessas atividades evidenciadas no gel de A. vera, torna-se possível considerar que o gel-creme apresenta atividade anti-inflamatória e hidratante. De acordo com estudo publicado por Dal Belo et al. (006) o poder hidratante do gel de A. vera sobre a pele se deve provavelmente a um mecanismo umectante. A aplicação da formulação contendo o gel aumentou de maneira significativa o teor de água do estrato córneo, sem provocar oclusão ou alterações nas barreiras da pele (FREITAS; RODRIGUES & GASPI, 014). De todos os componentes presentes na Vitis vinifera, os compostos fenólicos, especialmente as proantocianidinas, têm despertado interesse em estudos clínicos e experimentais. As proantocianidinas são antioxidantes naturais encontradas no extrato da semente da uva. Estudos confirmaram a ação antioxidante da Vitis vinífera na lesão renal aguda induzida por glicerol. Em síntese, a Vitis vinifera confirmou de forma inquestionável o efeito renoprotetor provavelmente relacionado ao seu efeito antioxidante (MARTIM, et. al., 007). Diante desses estudos presentes na literatura, têm-se propriedade em considerar o efeito antioxidante presentes no gel-creme além da maximização desse efeito pelo acréscimo da vitamina E na formulação. CONCLUSÃO: Conclui-se que foi possível obter um gel-creme esfoliante com boa espalhabilidade, ph ideal permitindo segurança em sua utilização, boa estabilidade, fácil aplicação, bom aspecto visual e propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e hidratante a partir das sementes da Vitis vinífera L. e do gel da Aloe vera. REFERÊNCIAS: FREITAS, VS; RODRIGUES, RAF; GASPI, FOG. Propriedades farmacológicas da Aloe vera (L.) Burm. f. Revista brasileira de plantas medicinais, Botucatu, v. 16, n., p , junho de 014. MARTIN, E.C.O. et. al. Lesão Renal Aguda por Glicerol: Efeito Antioxidante da Vitis Vinifera L. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 19, nº 3, p. 9-96, julho de 007.

5 LEONARDI, G. R. Cosmetologia Aplicada..ed. São Paulo: Livraria e Editora Santa Isabel Ltda, 008. PARENTE, L.M.L. et al. Aloe vera: características botânicas, fitoquímicas e terapêuticas. Revista Arte Medicina Aplicada; vol. 33, n. 4, p , 013. PINTO, P.; GALEGO, N.; SILVA. N. Definição de critérios de avaliação dos efeitos sobre a superfície cutânea de cremes hidratantes. Revista Portuguesa de Farmácia. 47 (1): 3-34, 1997.