VARIAÇÃO LONGITUDINAL E PONDERAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA DE Carapa guianensis Aubl.
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1 VARIAÇÃO LONGITUDINAL E PONDERAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA DE Carapa guianensis Aubl. Maria Beatriz dos Santos CRUZ ¹, Lucas Geovane de Medeiros SANTANA¹, Raiana Augusta Grandal Savino BARBOSA¹, Victor Hugo Pereira MOUTINHO¹ ¹ Laboratório de Tecnologia da Madeira, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará. mbeatrizcruz1@gmail.com Resumo: Diferente de outras espécies que são usadas para o manejo florestal madeireiro e não madeireiro, C. guianensis ocorre geralmente com alta densidade florestal. A densidade da madeira é influenciada por vários fatores que podem variar em função da idade, da procedência, local de origem, espaçamento e função da taxa de crescimento entre gêneros, espécies e entre árvores da mesma espécie, sendo influenciada por tipos diferentes de vegetação, local, competição, dentre outros. Levando em consideração as características físicas da madeira e a variabilidade natural da espécie, o trabalho tem por objetivo caracterizar a variabilidade da densidade no sentido longitudinal da espécie Carapa guianensis. A coleta do material ocorreu na estação experimental de Curuá-Una, onde foram colhidas 5 árvores da espécie, retirando de cada uma 5 discos em diferentes alturas, a citar: base 0, 25, 50, 75 e 100%, tendo como referencia a altura comercial, as mesmas foram condicionadas em uma sala de aclimatação com 12% de umidade. A analise estatística foi realizada pelo teste de Scott-Knott e por ponderação das médias. Os resultados demonstram que Carapa guianensis apresentou significativa variação de densidade entre elas, com valores de 0,566 a 0,690 g/cm -3 com 5% de significância e a posição ao longo do fuste que melhor representa a densidade média ponderada de indivíduos de C. guianensis está entre a base e 25%. Pode-se conclui-se de que a madeira da C. guianensis possui alta variabilidade e densidade. Palavras-chaves: Andiroba; madeira; variabilidade intraespecífica; Região Amazônica. THE DENSITY VARIABILITY OF Carapa guianensis Abstract: Different to other species that are used for the timber and non-timber forest management, C. guianensis usually occurs with low forest density. The wood density is influenced by many factors that vary according to age, origin, place of origin, spacing and function of the growth rate between genera, species and between trees of the same species. The density varies between regions and between different types of vegetation. While considering of the characteristics and natural variability, for through this study, this paper has the objective to characterize the variability of density variability in lengthwise of Carapa guianensis. The collection of the material occurred in the experimental station Curuá- Una, were slaughtered 5 trees of the species, removing each of 5 disks at different heights, quote: base 0, 25, 50, 75 and 100%, having as reference the height commercial, they were conditioned in a acclimatization room with 12% humidity. The statistic analysis was performed by the Scott-Knott test and weighting of averages. This study show that sample of
2 Carapa guianensis presented significant variation in density variation between them with values from to g / cm 3 with 5% significance level and position along the shank that best represents the weighted average density of individuals C. guianensis It was 100% of the commercial height. This conclusion that the wood of the C. guianensis has variability and low density. Keywords: Andiroba, wood, intraespecific variability, Amazon region. 1. INTRODUÇÃO A madeira foi um dos primeiros materiais a ser usado pelo homem devido a sua abundância e às suas características usuais. Mesmo com tantos outros recursos disponíveis, devido aos atributos ecológicos, econômicos e tecnológicos, a madeira continua sendo a matéria-prima mais requisitada pela humanidade e sendo usada em diversas situações como na geração de energia, fabricação de papel, uso estrutural e fabricação de mobiliários (NASSUR, 2010). Segundo Oliveira e Silva (2003), a madeira é originária de um sistema biológico complexo, tornando-se um material de extrema variabilidade onde sua ultraestrutura, composição química, propriedades físicas e mecânicas variam significativamente entre espécies, entre arvores de mesma espécie e até mesmo entre diferentes partes de uma árvore. Oliveira et al. (2005) caracteriza a madeira devido a sua determinação de densidade e principalmente a sua variação dentro de uma árvore, tanto na direção radial, da medula para a casca, quanto no sentido base-topo, explanando da importância deste subsidio para a compreensão da melhor utilização deste material. De acordo com Ribeiro e Filho (1993), a densidade da madeira é uma das características que melhor expressa sua qualidade para o uso na produção de campo e sua utilização industrial. Nisto, considerando sua importância e facilidade de determinação, a densidade se tornou a características mais difundida e estudada da madeira. A densidade da madeira é influenciada por vários fatores que variam significativamente em função da idade, da procedência, local de origem, espaçamento e também em função da taxa de crescimento entre gêneros e espécies e até mesmo entre árvores da mesma espécie (FERREIRA e KAGEYAMA, 1978; TOMAZELLO FILHO, 1985; SOUZA et al., 1988). Segundo Foelkel (1985) o ambiente é um dos fatores que influenciam a variabilidade da madeira, tais como o solo, fornecimento de água, disponibilidade de nutrientes, exposição solar, entre outros. Entre as propriedades da madeira, a densidade da massa se destaca como a melhor maneira de qualificar a madeira (HELLMEISTER, 1983) e pode se limitar a escolha genética de acordo com a sua finalidade. Como exemplo, as madeiras de densidade alta são utilizadas na produção de carvão vegetal para o uso em siderúrgicas ou em dormentes para estradas de ferro, assim como as de densidade baixa à média são usadas nas fábricas de celulose de fibra curta (RIBEIRO E FILHO, 1993). Souza et al. (2006) relata que a espécie Carapa guianenesis é uma espécie que tem sua distribuição geográfica desde a bacia Amazônica até a Bahia (LORENZI, 2002), ocorrendo também em outros países da América do Sul e Central, a exemplo da Colômbia, Venezuela,
3 Suriname, Guiana Francesa, Peru, Paraguai e nas Ilhas do Caribe (FERRAZ e CAMARGO, 2003). Pertencente à família Meliaceae Juss, C. guianensis pode chegar a uma altura de 55 m e possui um fuste cilíndrico e reto, podendo apresentar sapopemas com casca grossa e sabor amargo, quais se desprendem facilmente em placas (FERRAZ et al., 2003). Segundo Ferraz et al., (2003) a densidade da C. guianensis pode variar dentro da mesma região e entre os tipos de vegetação dependendo do tipo de habitat. Diferente de outras espécies que são usadas para o manejo florestal madeireiro e não madeireiro, quais ocorrem em baixas densidades na floresta amazônica, C. guianensis ocorre geralmente com altas densidades (KLIMAS et al., 2007). Levando em consideração a importância dos fatores de característica e variabilidade natural da madeira, este estudo teve por objetivo caracterizar a variação da densidade no sentido longitudinal da espécie Carapa guianensis. 2. MATERIAL E MÉTODOS A coleta da espécie C. guianensis Aubl. ocorreu na estação experimental de Curuá- Una, situada na comunidade de Barreirinha na cidade de Prainha PA, localizada entre as coordenadas 02º32 40 S e W, na qual se encontra um plantio datado desde a década de Foram abatidas 5 árvores da espécie, retirando de cada uma 5 discos em diferentes alturas, a citar: base 0, 25, 50, 75 e 100%, tendo como referência a altura comercial. Os discos foram numerados de acordo com a sua posição relativa ao tronco e, logo após, as amostras foram condicionadas em sacos plásticos para minimizar a perda de umidade. Posteriormente, o material foi levado para o Laboratório de Tecnologia da Madeira LTM, situado na Universidade Federal do Oeste do Pará UFOPA e tiveram por objetivo o estudo tecnológico da espécie em questão. As amostras foram condicionadas em uma sala de aclimatação, com temperatura de 20º ± 2 e umidade relativa de 65% ± 3 até que atingissem estado de equilíbrio com o ambiente. Para a determinação da massa das amostragens realizouse a pesagem das mesmas em balança com precisão de 0,02 kg, na qual se obteve valor da massa a 12% de umidade, enquanto que, para a determinação do volume tanto em massa seca como em massa emergida em água seguiu-se as normas propostas pela Norma Brasileira (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2003), considerando que o valor do volume foi obtido sem a casca. Para a ponderação da densidade básica foi utilizada a metodologia apresenta por Vital (1984). Para as análises de dados realizou-se o teste de Scott-Knott a 5% de significância e o programa utilizado para a obtenção das analises estatísticas foi o software Sisvar versão RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da média ponderada, pode-se verificar que a árvore 1 apresentou o menor valor de densidade, com 0,57 g/cm³, enquanto que a árvore 3 apresentou o maior valor de densidade, com 0,70g/cm³ (Tabela 1).
4 Tabela 1. Médias ponderadas dos indivíduos Árvore Médias Ponderadas (g.m -3 ) 1 0,57 2 0,64 3 0,70 4 0,58 5 0,63 Média 0,624 Souza et al. (2006) comentam que a densidade madeira de Carapa guianensis é alta variando entre 0,70 g/m 3 e 0,75g/m 3 a 12% de umidade e de 1,03 g/cm 3 na condição verde e afirma ainda que é de ótima qualidade por sua madeira ser dura. Referente variação encontrada Silva et al (2013), explana que a mesma pode ocorrer devido a diferentes idades, diversidade genética e diferentes locais de crescimento e tratos silviculturais. Considerando que as árvores foram cultivadas em uma estação experimental, tem a mesma idade e foi cultivada no mesmo solo, sua variação se deu pela diversidade genética. Conforme Mendes et al., (1999) espécie que apresentam uma grande dispersão entre indivíduos possuem uma alta potencialidade em programas de melhoramento genético. Quanto à variação longitudinal, verificou-se a existência de três comportamentos distintos para as cinco árvores estudadas, onde as árvores 1 e 3 apresentam semelhança de densidade entre a base e 25%, seguida de uma queda em 50%, com posterior aumento entre 75% e topo. As árvores 4 e 5, por sua vez, queda inicial, seguido de aumento em 50%, com posterior declínio até o topo. A árvore 2 apresentou um declínio até 50%, seguido de um aumento até o topo. FIGURA 1: Variação da densidade entre os indivíduos de Carapa guianensis
5 Moutinho (2013), ao trabalhar e estudar clones do gênero Eucalyptus e Corymbia relatou com base em literatura a variação da densidade da madeira no sentido base-topo do fuste que pode ser caracterizada por três modelos. O primeiro modelo é caracterizado pelo decréscimo da densidade da madeira desde a região da base até o DAP e apresentando o aumento do seu valor até o topo (PANSHIN e DEZEEW, 1970). O segundo há um decréscimo da densidade da madeira desde a região da base até o DAP, seguindo-se de uma tendência de aumento no valor em até 75% e decréscimo até o topo (HASELEIN, 2004). O terceiro modelo de variação é caracterizado pela diminuição do valor da densidade da madeira entre a base e o DAP com o aumento de 50% e redução até o topo do tronco (STURION et al., 1987). Nisto, as arvores 4 e 5 foram as únicas que apresentaram comportamento semelhante ao modelo 3. Os dados apresentados na tabela 2 indicam que ouve uma variação entre os indivíduos de C. guianensis, apresentando uma diferença significativa nas posições 0% e 75% e entre as posições de 25%, 50% e 100%, com o erro padrão de 0,6140 e o CV% de 10,21. Tabela 2. Valores médios de densidade aparente ao longo do tronco da espécie Carapa guianensis Posição da amostra Médias da densidade (g.m -3 ) 0% b 25% a 50% a 75% b 100% a CV (%) Erro Padrão Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de significância 4. CONCLUSÃO Com estudo, pode-se conclui-se de que a madeira da C. guianensis apresenta uma variação significativa da densidade entre indivíduos e posições. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUDER, E. M. Métodos de determinação da densidade básica e aparente da madeira de Eucalyptus sp CORADIN, V. TR. Madeiras similares ao mogno (Swietenia macrophylla King.): chave ilustrada para identificação anatômica em campo. Serviço Florestal Brasileiro, DE ASSIS RIBEIRO, F.; ZANI FILHO, J. Variação da densidade básica da madeira em espécies/procedência de Eucalyptus spp.
6 DE PAULA LOURENÇO, J. N. et al Distribuição espacial de uma população de Carapa guianensis em parcela permanente na floresta primária da região de Parintins, Amazonas. Cadernos de Agroecologia, v. 8, n. 2, DOS SANTOS VIEIRA, D. et al. Estrutura, distribuição espacial e volumetria de Carapa guianensis Aubl. na Floresta Nacional do Tapajós.Nature and Conservation, v. 6, n. 2, p , ELOY, E. et al. Variação longitudinal e efeito do espaçamento na massa específica básica da madeira de Mimosa scabrella e Ateleia glazioveana.floresta, v. 43, n. 2, p , FERRAZ, I. D. K. Andiroba Carapa guianensis Aubl. Manaus: INPA, não paginado. (Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 1). Biblioteca(s): Embrapa Amapá; Embrapa Amazônia Ocidental; Embrapa Meio-Norte; Embrapa Rondônia. FERRAZ, I. D. K; SAMPAIO, P. de T. B. Métodos simples de armazenamento das sementes de andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa procera DC Meliaceae). Acta amazonica, v. 26, n. 3, p , FERREIRA, M. Variação da densidade básica da madeira de povoamentos comerciais de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden nas idades de 11, 12, 13, 14 e 16 anos. Revista do IPEF, n. 4, p , FOELKEL, C. E. B. Celulose kraft de Pinus spp. O Papel. ABCP, São Paulo, p , KLIMAS, C. A. et al. Viability of combined timber and non-timber harvests for one species: A Carapa guianensis case study. Ecological Modelling, v. 246, p , KLIMAS, C. A.; KAINER, K. A.; WADT, L. HO. Population structure of Carapa guianensis in two forest types in the southwestern Brazilian Amazon. Forest Ecology and Management, v. 250, n. 3, p , MOUTINHO, V. H. P. Influência da variabilidade dimensional e da densidade da madeira de Eucalyptus sp. e Corymbia sp. na qualidade do carvão Tese de Doutorado. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. NASSUR, O. A. C. Variabilidade das propriedades tecnológicas da madeira de Toona ciliata M. Roem. com dezoito anos de idade p. Dissertação ( Pós-graduação em Ciências e Tecnologia da Madeira) Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. OLIVEIRA, J. T. da S.; HELLMEISTER, J. C.; TOMAZELLO FILHO, M. Variação do teor de umidade e da densidade básica na madeira de sete espécies de eucalipto. Revista Árvore, v. 29, n. 1, p , PANSHIN, A. J. et al. Textbook of wood technology. McGraw-Hill Book Co., TOMAZELLO FILHO, M. Variação radial da densidade básica e da estrutura anatômica da madeira do Eucalyptus globulus, E. pellita e E. acmenioides. IPEF, v. 36, 1987.
7 VITAL, B. R. Métodos de determinação da densidade da madeira. Viçosa, MG: SIF, DA SILVA, P.C; BARROS, S.P.A; DE ALMEIDA, R.A.A. Diferenças de densidade básica (kg/m3) da madeira de eucalyptus em relação ao ambiente de plantio e ao tipo de material genético. REVISTA CONEXÃO, v.10, n 1,p , Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 11941/2003: Determinação de densidade básica da madeira. Rio de Janeiro, 2003.
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