RELATÓRIO AUDIÇÃO SR. COMANDANTE REGIONAL DA POLICIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Transcrição

1 RELATÓRIO AUDIÇÃO SR. COMANDANTE REGIONAL DA POLICIA DE SEGURANÇA PÚBLICA Ponta Delgada, 06 de Outubro de 2006

2 A Comissão reuniu, no dia 06 de Outubro de 2006, na Delegação da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores em Ponta Delgada, onde, no âmbito das suas competências, ouviu o Sr. Comandante regional da Polícia de Segurança Pública, Superintendente Furtado Dias. O Presidente da Comissão começou por agradecer a presença do Sr. Superintendente, tendo depois explicado que esta audição se devia ao facto de a Comissão de Politica Geral ter competências nas áreas da Ordem Pública e da Protecção Civil. Explicou ainda que esta audição visava, principalmente, reflectir sobre o futuro das polícias nos Açores, a hipótese de criar uma polícia regional ou de existir uma coordenação regional sobre as polícias e sobre a deterioração da segurança interna (criminalidade subiu cerca de 2,5%). O Sr. Superintendente começou por dizer que o Relatório Anual de Segurança Interna, realmente aponta para uma subida da criminalidade na região, mas que é necessário fazer uma leitura atenta dos dados nele contidos, uma vez que esta subida pode, por hipótese, apenas se dever a um aumento da denúncia. Deu como exemplo a violência doméstica, uma vez que os Açores surgem em 3º lugar a nível nacional, situação, que tendo em conta o n.º de habitantes, só se pode explicar pelo facto de a percentagem de denuncias ser mais elevada que no Continente. Este facto é explicado pela política de aproximação da polícia aos cidadãos, o que faz com que as pessoas vão ficando mais sensíveis à necessidade de denunciar. Em termos de dados do Relatório, salientou o facto de em 2003/2004 ter havido mais casos graves que em 2005 e que grande percentagem dos crimes denunciados estão ligados à injuria, coacção e violência física (33%). 2

3 Informou também que houve um aumento dos crimes contra as pessoas, mais 9,1% e contra o património, mais 6%, salientando, no entanto, que enquanto os crimes contra o património no continente representam 56% da criminalidade, nos Açores esta percentagem situa-se nos 48%. Segundo o Sr. Superintendente, o aumento da criminalidade está directamente ligado ao aumento do número de estabelecimentos de diversão nocturna e da toxicodependência. Falando sobre a organização das forças de segurança nos Açores, começou por dizer que se evoluiu de uma situação onde existiam três comandos nos Açores para a actual situação de um Comando Regional e três Comandos Equiparados, salientando, que, no entanto, existe a necessidade de reestruturar a polícia nos Açores, uma vez que os quadros orgânicos estão desactualizados. Um estudo realizado propõe o aumento de efectivos, no sentido de garantir a ordem pública e o serviço nos aeroportos, que no caso da região são nove. Além disso, explicou que os rácios utilizados a nível nacional não deveriam ser os mesmos para os Açores, devido à nossa dispersão geográfica. Ainda relativamente ao n.º de efectivos existente, informou que o quadro para os Açores é de 1107 polícias, existindo neste momento, apenas 981. Ainda sobre a necessidade de haver um reforço de efectivos na região, lembrou que a P.S.P. é a única força da ordem na região, que estes efectivos têm de garantir cerca de diligências anuais e ainda fazer vigilância em 385 escolas. Terminou, realçando a necessidade de se construírem mais esquadras (Ponta Delgada, Capelas), de se reforçar o n.º de efectivos e os meios existentes. O Deputado Alberto Costa disse que relativamente aos Conselhos Municipais de Segurança, estruturas importantes, se considerarmos a especificidade de cada Concelho, se ficava com a impressão de a sua actuação ser inconsequente, lembrando ainda que 3

4 também no Caso das Comissões de Protecção de Menores a sua actuação não era a mais eficaz. O Sr. Superintendente disse que em sua opinião os C.M.S. eram importantes porque davam alguma responsabilidade às autarquias, mas que depois devido à rotina e à pequenez dos meios postos ao seu dispor, acabavam por realmente ter pouca eficiência. Segundo ele os 19 C.M.S. deveriam ser coordenados por uma entidade que faria a gestão do fluxo de informação definindo depois políticas de actuação. Lembrou, também, que os Açores são pioneiros na formação de redes de interacção entre diversas entidades, dando como exemplo o protocolo entre a P.S.P. e o Instituto de Acção Social. Ainda respondendo a várias questões postas pelos Srs. Deputados, disse que dados de um estudo recente revelam que nos Açores existem fumadores, alcoólicos toxicodependentes. Relativamente às dependências é preocupante o facto de se continuar a violar a lei, vendendo álcool a menores e a proliferação de recintos nocturnos, sendo que, os horários de fecho destes estabelecimentos, as suas licenças e o cumprimento da Lei do Ruído, são da responsabilidade das autarquias. Falou ainda das campanhas de prevenção e de informação que a P.S.P. tem promovido em todas as escolas da Região, campanhas estas, que são fundamentais no sentido de prevenir comportamentos de risco. 4

5 Vila do Porto, 30 de Janeiro de 2007 O Relator, Sérgio Emanuel Bettencourt Ferreira O presente relatório foi aprovado por unanimidade. O Presidente, (José Manuel Bolieiro) 5