O MULTICULTURALISMO E OS DIREITOS DE COTAS NA EDUCAÇÃO.
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- Amélia Santarém Alcântara
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1 O MULTICULTURALISMO E OS DIREITOS DE COTAS NA EDUCAÇÃO. SANTOS, Gustavo Abrahão Dos 1 A diversidade cultural entre os discentes nas escolas brasileiras é repleta de características sócio econômicas, aos quais levam a esta reflexão referente ao multiculturalismo e os direitos de cotas na educação, ora previsto na Lei Federal nº de 29 de agosto de 2012, regulamentada no Decreto nº de 11 de outubro de 2012, e que possui regras específicas estabelecidas na Portaria nº 18 do Ministério da Educação MEC, fixadas também em 11 de outubro de Elucida-se que o nosso país por conter um extenso território, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e culturais as suas regiões, sendo registradas tais diferenças em pesquisas pelo Instituto Brasileiro de Geografia Econômica - IBGE. Neste compasso, a diversidade cultural existe nos diferentes níveis de escolaridade, religião, passando pela culinária e pratos típicos, bem como vestimentas e festas regionais, chegando as inúmeras etnias e faixas de renda per capita familiar que compõe a população brasileira. A problemática que a sociedade passa nos dias atuais, deve-se ao contexto da globalização ao qual por um lado afirma uma sociedade de exclusão, e por outro lado movimentos pela igualdade. É nessa luta pelo bem comum da sociedade que educadores as tomam como desafio, para construir métodos que proporcionem oportunidade para a compreensão e aceitação da diversidade cultural, e nas diferentes realidades sociais, onde de forma parceira com a comunidade possam junto superar o conflito que paira entorno da escola. O fazer construir e o repensar o espaço sociocultural que está ao redor é um meio para que o educador enfatize na escola uma reflexão crítica sobre a realidade em que a mesma se encontra. Nesse sentido, quando a escola reconhece que as diferenças culturais existem, e aborda temas para repensar a cidadania em sala de aula, faz nascer a reflexão do direito de 1 Advogado, professor universitário, pós graduado em Direito Empresarial e pós graduando em Ética, Cidadania e Valores. 1
2 igualdade entre as mais diversas etnias, bem como passa a existir um ensejo de várias comunidades em diminuir a desvantagens, desigualdades, a discriminação social de gênero, raça, opção sexual e de origem regional e econômica. Verifica-se que é a escola ao tomar a diversidade e a singularidade como objeto de estudo e conscientização na busca da aceitação do diferente, a mesma estará assumindo uma ação de multiculturalismo. Neste diapasão, dentro da diversidade cultural brasileira temos corrente literária de doutrinadores na educação que se convencionou a chamar de multicultural, as várias características sociais e os problemas de governabilidade, apresentados na sociedade em diferentes comunidades culturais que convivem e tentam construir uma vida em comum. No multiculturalismo existe uma crítica à exclusão social e política diante dos privilégios de algumas hierarquias existentes na nossa sociedade. Dessa forma, necessário se torna pelo Estado brasileiro, a realização de estratégias e políticas adotadas para governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais. Evidentemente que na educação o multiculturalismo está presente e faz pensar uma sociedade mais justa e igual, pois são nas salas de aulas que estão jovens de inúmeras comunidades com diversas culturas e etnias, que almejam um lugar no mercado de trabalho, e para tanto, necessitam de formação técnica ou superior, mas não possuem condições sociais e econômicas de continuar a estudar em escolas privadas de ensino técnico e superior. Nessa perspectiva, o governo brasileiro absorveu a inclusão do multiculturalismo na educação pública, e materializou mais um direito fundamental de igualdade entre os cidadãos presente em nossa Carta Magna de 1988, ora a Lei Federal nº de 29 de agosto de 2012, regulamentada no Decreto nº de 11 de outubro de 2012, e que possui regras específicas estabelecidas na Portaria nº 18 do Ministério da Educação MEC, editada na mesma data do Decreto, denominada Lei de Cotas da Educação. Em que pese os inúmeros diplomas legais de direitos difusos e coletivos brasileiros que proclamam os direitos fundamentais e sociais, esta é a grande novidade da legislação social brasileira em Deve se ressaltar na legislação de cotas na educação acima declinada, que o direito se aplica as instituições federais de educação superior e de nível técnico vinculada ao Ministério da Educação, que ora reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação ou de nível técnico federal, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio, e respectivamente, o ensino fundamental em escolas públicas. 2
3 Para ter este direito a cotas na educação no ensino superior e médio técnico federal, os estudantes de escolas públicas no ensino médio e respectivamente, no ensino fundamental, devem se autodeclarar pretos, pardos e indígenas em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E ainda, é necessário que os estudantes sejam oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita. Dentro das regras da legislação de cotas na educação temos algo fundamental e que elimina os estudantes condicionados a legislação de cotas na educação, ora a questão das condições para concorrer às vagas reservadas de egresso de escola pública. O artigo 5º da Portaria 18 do Ministério da educação condiciona que, tão somente, poderão concorrer às vagas reservadas para os cursos de graduação, os estudantes que: a) tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, em cursos regulares ou no âmbito da modalidade de Educação de Jovens e Adultos; ou b) tenham obtido certificado de conclusão com base no resultado do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos - ENCCEJA ou de exames de certificação de competência ou de avaliação de jovens e adultos realizados pelos sistemas estaduais de ensino. Já quanto aos estudantes para as vagas reservadas aos cursos técnicos de nível médio, podem concorrer os estudantes que: a) tenham cursado integralmente o ensino fundamental em escolas públicas, em cursos regulares ou no âmbito da modalidade de Educação de Jovens e Adultos; ou b) tenham obtido certificado de conclusão com base no resultado do ENCCEJA ou de exames de certificação de competência ou de avaliação de jovens e adultos realizados pelos sistemas estaduais de ensino. Outra condição importante de egresso nas cotas do ensino superior e técnico federal, utilizada quanto ao preenchimento de vagas reservadas as cotas de estudantes oriundos de escolas públicas é a renda per capita familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita, ora disposta no artigo 7º da Portaria 18 do Ministério da Educação, quanto a forma de apuração da renda familiar bruta mensal per capita. A apuração ocorre da seguinte forma: primeiramente, calcula-se a soma dos rendimentos brutos auferidos por todas as pessoas da família a que pertence o estudante, levando-se em conta, no mínimo, os três meses anteriores à data de inscrição do estudante no concurso seletivo da instituição federal de ensino; posteriormente, calcula-se a média mensal dos rendimentos brutos apurados e divide-se o valor apurado após a aplicação do cálculo da média mensal dos rendimentos brutos apurados pelo número de pessoas da família do estudante. 3
4 Observa-se que no cálculo da soma dos rendimentos brutos auferidos por todas as pessoas da família a que pertence o estudante, serão computados os rendimentos de qualquer natureza percebidos pelas pessoas da família, a título regular ou eventual, inclusive aqueles provenientes de locação ou de arrendamento de bens móveis e imóveis, excluídos os valores percebidos a título de auxílios para alimentação e transporte, diárias e reembolsos de despesas, adiantamentos e antecipações, estornos e compensações referentes a períodos anteriores, indenizações decorrentes de contratos de seguros, indenizações por danos materiais e morais por força de decisão judicial, bem como excluídos estão os rendimentos percebidos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, do Programa Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano, do Programa Bolsa Família e os programas remanescentes nele unificados, do Programa Nacional de Inclusão do Jovem - Pró-Jovem, do Auxílio Emergencial Financeiro e outros programas de transferência de renda destinados à população atingida por desastres, residente em Municípios em estado de calamidade pública ou situação de emergência, e do) demais programas de transferência condicionada de renda implementados por Estados, Distrito Federal ou Municípios. A seriedade desta legislação federal de cotas na educação é tamanha para igualar os direitos dos estudantes de escolas públicas e os demais estudantes, que a apuração e a comprovação da renda familiar bruta mensal per capita tomarão por base as informações prestadas e os documentos fornecidos pelo estudante, em procedimento de avaliação sociais e econômicas a ser disciplinado em edital próprio de cada instituição federal de ensino, bem como a prestação de informação falsa pelo estudante, apurada posteriormente à matrícula, em procedimento que lhe assegure o contraditório e a ampla defesa, ensejará o cancelamento de sua matrícula na instituição federal de ensino, sem prejuízo das sanções penais eventualmente cabíveis. Quanto ao preenchimento das vagas reservadas, a Portaria nº 18 do Ministério da Educação MEC inovou quanto ao preenchimento dos 50% (cinquenta por cento) das cotas reservadas a estudantes egressos de escolas públicas, ao permitir que estudantes advindos de escolas públicas e com renda familiar superior a renda per capita de 1,5 salário mínimo (um salário mínimo e meio) ficassem na frente dos demais estudantes de escola privada quanto a ordem de preenchimento das vagas destinadas a cota dos egressos da escola pública, fato que levou os demais estudantes das escolas privadas a protestarem recentemente nas ruas, avenidas e praças de nosso país. È neste sentido que preceitua o artigo 14 da Portaria nº 18 do MEC, sendo as vagas preenchidas segundo a ordem de classificação, de acordo com as notas obtidas pelos estudantes dentro de cada um dos seguintes grupos de inscritos: primeiro os 4
5 estudantes egressos de escola pública, com renda familiar bruta igual ou inferior a 1,5 (um vírgula cinco) salário-mínimo per capita: a) que se autodeclararam pretos, pardos e indígenas; b) que não se autodeclararam pretos, pardos e indígenas; E depois, os estudantes egressos de escolas públicas, com renda familiar bruta superior a 1,5 (um vírgula cinco) salário mínimo per capita: a) que se autodeclararam pretos, pardos e indígenas; b) que não se autodeclararam pretos, pardos e indígenas. E por último, os demais estudantes em havendo vagas destinadas aos 50% das cotas reservadas para a sócio etnia dos estudantes de escolas públicas. Concluindo, particularmente, acredito que a legislação de cotas na educação é justa, pois se a cota é 50% (cinquenta por cento) para estudantes ingressos de escolas públicas, as regras de etnia e de renda per capita familiar são utilizadas como critérios de ordem na classificação do percentual dos 50% (cinquenta por cento) da cota destinada a estudantes de escola pública, fato é que não sendo por motivos de etnia ou sócio econômicos, temos o direito de igualdade de acesso ao ensino público federal para os estudantes de escolas públicas e os demais estudantes, fazendo valer a questão social e o multiculturalismo existente na nossa sociedade. Fonte: Lei Federal nº de 29 de agosto de Decreto nº de 11 de outubro de 2012 Portaria nº 18 do Ministério da Educação MEC, de 11 de outubro de
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