PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL e PORNOGRAFIA INFANTIL - Breves Considerações -
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- Diogo Neiva Gameiro
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1 PAINEL II crescimento das redes sociais e violação de direitos PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL e PORNOGRAFIA INFANTIL - Breves Considerações - Flúvio Cardinelle Oliveira Garcia Delegado de Polícia Federal São Paulo/SP
2 OBJETIVOS Conceitos de Pedofilia, Abuso Sexual e Pornografia Infantil Vítima e Idade de Consentimento Aspectos Normativos Principais Operações da Polícia Federal contra o Abuso Sexual e a Pornografia Infantil Conclusões
3 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS Movimenta algo em torno de 20 bilhões de dólares por ano em todo o mundo Estima-se 2 milhões de crianças reféns da exploração sexual no mundo real e virtual Na Internet, acredita-se que há exibição de 12 milhões de crianças, entre dez e doze anos, em cenas pornográficas
4 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL A EVOLUÇÃO DO PROBLEMA Fenômeno Antigo Antigo Egito (Faraós e infantes) Grécia Antiga (Iniciação sexual pelo chefe da família) Sociedade Romana (Poder absoluto do pater familias sobre o filius) Idade Média (Sodomia)
5 Imagens de Martin Van Maele, 1905
6 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL A EVOLUÇÃO DO PROBLEMA (cont...) Era da Informação Popularização dos recursos tecnológicos Democratização da informação Internacionalização das relações humanas Relativização das fronteiras geográficas Potencialização do acesso e da troca de informações em todo o mundo Contato facilitado (dissimulações) 16,3% têm entre 12 e 17 anos 11,4% dos usuários ativos têm entre 2 e 11 anos de idade
7 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL PARAFILIAS Conceito previsto no DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4ª ed.) Características Diagnósticas fantasias, anseios sexuais ou comportamentos recorrentes, intensos e sexualmente excitantes envolvendo objetos inanimados (fetische); sofrimento ou humilhação, própria (masoquismo) ou de terceiros (sadismo); crianças (pedofilia) ou pessoas que não têm ciência que estão sendo utilizados para estimulação sexual (frouterismo, voyeurismo) ocorrendo durante um período mínimo de 6 meses, com interferência na capacidade de atividade sexual recíproca e afetiva
8 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL PEDOFILIA Conceito Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da OMS, item F65.4: preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes ou não DSM-IV a define a partir do cumprimento de três requisitos por um período de ao menos seis meses, a pessoa possui intensa atração sexual, fantasias sexuais ou outros comportamentos de caráter sexual geralmente por menores de 12 anos de idade ou que ainda não tenham entrado na puberdade a pessoa decide por realizar seus desejos, seu comportamento é afetado por seus desejos e/ou tais desejos causam estresse ou dificuldades intra e/ou interpessoais; a pessoa possui mais do que 12 anos e é ao menos 05 anos mais velha do que a vítima
9 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL PEDOFILIA (cont...) Considerações Prescinde de qualquer ato sexual Pode ser exclusiva ou preferencialmente voltada a crianças Manifesta-se homo, hetero e bissexualmente
10 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL Deve ser vista sob o ponto de vista médico (psicopatologia) Nem todo pedófilo é criminoso (freios sociais, falta de exteriorização) Nem todo abusador sexual de crianças é pedófilo (oportunistas) A psicopatologia pedofílica não faz inimputável o pedófilo
11 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL ABUSO SEXUAL INFANTIL Conceito EM SENTIDO ESTRITO: a qualquer ato sexual abusivo praticado contra uma criança ou adolescente por meio de violência, coação irresistível, chantagem, ou como resultado de alguma condição debilitante ou que prejudique razoavelmente a consciência e o discernimento, tal como o estado de sono, de excessiva sonolência ou torpeza, ou o uso bebidas alcoólicas e/ou de outras drogas, anestesia e hipnose EM SENTIDO AMPLO: qualquer forma de exploração sexual de crianças e adolescentes, incluindo o incentivo à prostituição, a escravidão sexual, a migração forçada para fins sexuais, o turismo sexual, o rufianismo, a pornografia infantil, ou ainda, a tentativa de obtenção, a partir da criança e do adolescente, de qualquer tipo de prazer sexual, tudo isso com ou sem contato físico
12 PEDOFILIA, ABUSO SEXUAL E PORNOGRAFIA INFANTIL PORNOGRAFIA INFANTIL Conceito O art. 2º, c, do Protocolo Opcional à Convenção dos Direitos da Criança sobre o Tráfico de Crianças, a Prostituição Infantil e a Pornografia Infantil, de 2002, ratificado no Brasil em , define pornografia infantil como: qualquer representação, por quaisquer meios, de uma criança em atividades sexuais reais ou simuladas, ou qualquer representação das partes sexuais de uma criança para propósitos principalmente sexuais Engloba, geralmente, filmes e fotografias com cenas de sexo explícito e, dependendo do caso, formas de nudez com conotação erótica Está diretamente relacionada ao abuso sexual infantil, uma vez que a pornografia infantil é uma conseqüência da exploração ou abuso sexual cometido contra uma criança
13 sobre a vítima ALGUMAS DEFINIÇÕES LEGAIS Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade (art. 2º, ECA) Prevê o Código Penal, em seu artigo 217-A, que é crime manter conjunção carnal ou praticar qualquer outro ato libidinoso com menor de 14 anos. Definiu-se, aí, a chamada idade de consentimento, a qual varia conforme o país, sua cultura e critérios adotados (biológicos, sociais, econômicos)
14 sobre a vítima ALGUMAS DEFINIÇÕES LEGAIS (cont...) Decidiu o STF que o menor de 14 anos é incapaz de consentir, ou seja, juridicamente seu consentimento não tem valor, pois não possui desenvolvimento psicológico suficiente para compreender as conseqüências de seus atos (RT 741/566) Presunção absoluta (juris et de jure) de violência em relação sexual mantida com menores de 14 anos
15 aspectos normativos CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA A pedofilia era tolerada ou ignorada em muitos países CIDC foi aprovada em 1989, pela ONU Determinou que os países membros tomassem medidas para impedir a exploração do uso de crianças em espetáculos ou materiais pornográficos (artigo 34, c, d) Ratificada pelo governo brasileiro em (Decreto nº /90)
16 aspectos normativos CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (...) A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente (art. 227, caput e 4º)
17 aspectos normativos Inexiste, na legislação brasileira, tipificação específica de um delito com o nomen iuris PEDOFILIA ou PORNOGRAFIA INFANTIL Os criminosos vêm sendo punidos, no Brasil, em face das previsões legais existentes no CÓDIGO PENAL e no ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
18 lei nº 8.069/90 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18) É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente (art. 70)
19 lei nº 8.069/90 Várias foram as alterações legislativas sofridas pelo ECA desde sua promulgação, dentre as quais, destacam-se, por sua importância, as modificações (novatio legis in pejus) e acréscimos (novatio legis incriminadora) trazidos pela recente Lei nº /2008, em vigor desde , a qual reformulou o art. 240 e segmentou o art. 241 do ECA em diversas condutas típicas, algumas até então inexistentes no ordenamento jurídico brasileiro
20 lei nº 8.069/90 São condutas tipificadas como crime Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente, ou ainda quem, nestas circunstâncias, agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente, ou com este contracena (art. 240, ECA) Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, ou ainda, nestas circunstâncias, agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo, intermedeia a participação de criança ou adolescente, ou assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede mundial de computadores ou internet, das fotografias, cenas ou imagens produzidas (art. 241, ECA)
21 lei nº 8.069/90 São condutas tipificadas como crime (cont...) Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, ou ainda, nestas circunstâncias, assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens, ou assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens (art. 241-A, ECA) Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente (art. 241-B, ECA)
22 lei nº 8.069/90 São condutas tipificadas como crime (cont...) Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual, ou ainda, vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido (art. 241-C, ECA) Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso, ou ainda, facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso, ou pratica tais condutas com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita (art. 241-D)
23 lei nº 8.069/90 O artigo 241-E apresenta o conceito de cena de sexo explícito ou pornográfica como qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais É preciso pontuar que a Lei nº /2008 fez com que o Brasil figurasse no rol dos pouquíssimos países no mundo cuja legislação é considerada como significativamente relevante para o enfrentamento à pornografia infantojuvenil pela rede mundial de computadores
24 lei nº 8.069/90 Em 2007, dos 186 países que integravam a INTERPOL, somente 05 (Austrália, Bélgica, França, África do Sul e EUA) possuíam legislação que especificava a pornografia infantil e não apenas a pornografia em geral apresentava uma definição de pornografia infantil expressamente criminalizava os delitos de pornografia infantil cometidos por computador criminalizava a posse de pornografia infantil, independentemente da intenção ou não de distribuir determinava aos provedores de acesso que reportassem às autoridades casos de pornografia infantil eventualmente identificados
25 lei nº 8.069/90 Hoje, com 188 países membros, esse cenário já se modificou. Além dos países acima citados, o Brasil, Argentina, Costa Rica, República Tcheca, Moldávia e Portugal promulgaram leis específicas para atualizar seu ordenamento jurídico É de se observar, contudo, que as condutas referentes ao simples acesso e download de material de conteúdo pornográfico infantil não são consideradas crimes no Brasil. Além disso, o grooming se restrigiu às condutas com crianças, não abarcando os adolescentes
26 código penal A Lei , de 7 de agosto de 2009, alterou, substancialmente, o Título VI do CP, intitulando-o Dos crimes contra a dignidade sexual, introduzindo novos tipos penais incriminadores, promovendo a unificação de tipos antigos e modificando normas em geral Também alterou o ECA, inserindo em seu contexto o delito de Corrupção de Menores (art. 244-B, ECA)
27 código penal Corrupção de menores art. 218 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável art. 218-A art. 218-B Mediação para servir a lascívia de outrem art. 227, 1º Rufianismo art. 230, 1º Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual art. 231, 2º, I art. 231-A, 2º, I
28 código penal No que se refere a alterações processuais, a Lei nº /09, definiu expressamente que a ação penal, nos Crimes contra a Dignidade Sexual praticados contra menor de 18 anos, será pública incondicionada
29 PRINCIPAIS OPERAÇÕES DA PF CONTRA O ABUSO SEXUAL E A PORNOGRAFIA INFANTIL Jul/05 ANJO DA GUARDA I 08 Estados, 01 Prisão Ago/05 ANJO DA GUARDA II 03 Estados, 05 Prisões Fev/06 AZAHAR 11 Estados + 20 Países Dez/07 CARROSSEL I 14 Estados+DF, 03 Prisões (70 Países) Jun/08 ARCANJO RR, 08 Prisões (PM, Procurador, TRE) Set/08 CARROSSEL II 17 Estados+DF (100 Países) Mai/09 TURKO 20 Estados+DF, 10 Prisões Set/09 LAIO 04 Estados, 08 Presos (23 Países) Out/09 GHOST I PR, 1 Preso (abusador) Nov/09 GHOST II 02 Estados, 03 Presos (abusadores) (15 Países) Jul/10 TAPETE PERSA 09 Estados + DF / 20 Presos
30 CONCLUSÕES Não existe crime de pedofilia! Pedofilia não é um termo jurídico, mas médico, que se refere a um distúrbio de comportamento a ser diagnosticado em cada caso concreto. Nem todo pedófilo é criminoso e nem todo abusador sexual de crianças/adolescentes é pedófilo! A legislação brasileira no que se refere ao enfrentamento ao abuso sexual e à pornografia infantil, inclusive aquela praticada pela Internet, não é perfeita, porém figura entre as mais avançadas do mundo.
31 OBRIGADO! FLÚVIO CARDINELLE OLIVEIRA GARCIA Delegado de Polícia Federal SUPERINTENDÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL NO PARANÁ Rua Profª. Sandália Manzon, 210 Santa Cândida - Curitiba/PR Tels e
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