Brasília, 29 de janeiro de 2014 NOTA JURÍDICA. Assunto: Aposentadoria Especial. Abono de permanência. Orientações Normativas n. 15 e n. 16 do MPOG.



Documentos relacionados
APOSENTADORIA ESPECIAL DO SERVIDOR PÚBLICO

1ª REGRA APOSENTADORIA POR IDADE E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

MODELO PARA SERVIDORES EM ATIVIDADE (Pedido de reconhecimento e averbação de atividade especial e pagamento de abono de permanência)

Brasília, 28 de abril de NOTA JURÍDICA

Brasília (DF), 6 de julho de 2005.

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

APOSENTADORIA ESPECIAL DO SERVIDOR PÚBLICO CICLO DE DEBATES JURÍDICOS SINDICAL DA CSPB. Brasília DF Outubro/2014 Delúbio Gomes Pereira Silva

Nº /2015 ASJCIV/SAJ/PGR

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

MPS Ministério da Previdência Social SPS Secretaria de Políticas de Previdência Social. A Regulamentação das Aposentadorias Especiais

SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 02, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2014.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ APOSENTADORIA ESPECIAL APOSENTADORIA DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. São Bernardo do Campo, setembro de 2013

MINUTA DE ANTEPROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

Supremo Tribunal Federal

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Vida Funcional. Direitos e benefícios dos Servidores Municipais. Na CF/88, Redação Original. Na EC 20/98, Regras Permanentes.

Responsável (CPF): Nelson Monteiro da Rocha ( )

CONFEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL CONDSEF

Nº DO PROCESSO OBJETO RESULTADOS Indenização pela não concessão de revisão geral de 1999 a 2001.

37º FONAI Maceió-AL. Atualização Técnica Princípio para assessorar a gestão.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA

PROVA DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO TCE-CE FCC 2015

REGRAS DE APOSENTADORIA DO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL - RPPS

CONHEÇA AS OPÇÕES DE APOSENTADORIA DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

CICLOS DE DEBATES DIREITO E GESTÃO PÚBLICA TEXTO X

EC 70/12 E MUDANÇAS NA LEI 9.717/98

: MIN. ROBERTO BARROSO

: MIN. ROBERTO BARROSO TRABALHO DA 11ª REGIÃO - AMAZONAS E RORAIMA - SITRAAM

APOSENTADORIA INTEGRAL X INTEGRALIDADE

REGRAS PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA A SERVIDORES VINCULADOS A REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 8, DE 6 DE JULHO DE 1993 I - DAS REGRAS GERAIS SOBRE A CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ.


PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ALVARO DIAS RELATOR AD HOC: Senador ANTONIO CARLOS JÚNIOR

QUADRO COMPARATIVO DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

REGRAS PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA A SERVIDORES VINCULADOS AO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE CAPIVARI - IPREM -

INSTRUÇÃO NORMATIVA SEAP Nº 5, DE 28 DE ABRIL DE 1999

As diversas opções de aposentadoria para os Servidores Públicos Federais

Com a citada modificação, o artigo 544, do CPC, passa a vigorar com a seguinte redação:

BRUNO PENA & ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S

Brasília, 4 de dezembro de NOTA JURÍDICA. Assunto: Direito constitucional de greve. Lançamento de faltas injustificadas. Impossibilidade.

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 60, DE 20 DE AGOSTO DE 2012 (DOU de 21/08/2012 Seção I Pág. 54)

marcelo ávila a d v o g a d o s

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO

NOTA TÉCNICA 04/2010

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ARMANDO MONTEIRO

Regras de aposentadoria dos servidores públicos.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

ABONO DE PERMANÊNCIA

APOSENTADORIA ESPECIAL DO SERVIDOR PÚBLICO

1 Dados do Servidor MATRÍCULA SIAPE CPF DATA DE NASCIMENTO TELEFONE RESIDÊNCIAL TELEFONE DO TRABALHO CIDADE ESTADO CEP

AULA 02 ROTEIRO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART. 5º; 37-41; ; LEI DE 13/07/1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E C A PARTE 02

Aposentadoria - Regra GERAL em vigor (Emenda Constitucional nº. 41/2003)

RPPS X RGPS. Atuário Sergio Aureliano

Regime Próprio de Previdência Social

P R O N U N C I A M E N T O M I N I S T E R I A L

EMENTA ACÓRDÃO. LUÍSA HICKEL GAMBA Relatora

REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. - Aspectos Gerais -

Senado Federal Subsecretaria de Informações

Supremo Tribunal Federal

PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMAS GABINETE DO PREFEITO

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ALAGOAS

líquido e certo dos estabelecimentos representados pelo impetrante.

No âmbito do RPPS Regime Próprio de Previdência Social de Camaçari, não há exigência de cumprimento de carência para percepção deste beneficio.

marcelo ávila a d v o g a d o s

APOSENTADORIA E O PCCTAE

PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

ORIENTAÇÃO DE SERVIÇO SCAP N.º 010/2014

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 391-A, DE 2014

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A

Supremo Tribunal Federal

NOTA TÉCNICA Nº 318/2013/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP

MPS Ministério da Previdência Social SPS Secretaria de Políticas de Previdência Social. Aposentadoria Especial Servidor PúblicoP Impacto decisões STF

RELATÓRIO DAS AÇÕES ANPAF

NOTA JURÍDICA N.º 001/2006 Cuiabá/MT, 04 de abril de 2006.

TERMO DE AUDIÊNCIA SENTENÇA

NOTA TÉCNICA Nº276/2011/CGNOR/DENOP/SRH/MP. ASSUNTO: Exercícios anteriores - revisão de aposentadoria SUMÁRIO EXECUTIVO

APOSENTADORIAS. Aposentadoria por invalidez permanente;

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Secretaria do Planejamento e Gestão - SEPLAG Coordenadoria de Gestão Previdenciária I SEMINÁRIO DE GESTÃO DE PESSOAS

TABELAS EXPLICATIVAS DAS DIFERENTES NORMAS ELABORAÇÃO: LIZEU MAZZIONI VERIFICAÇÃO JURÍDICA E REDAÇÃO FINAL: DR. MARCOS ROGÉRIO PALMEIRA

RESOLUÇÃO Nº. 260/2008 TCE 2ª CÂMARA

ABONO DE PERMANÊNCIA E APOSENTADORIA DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL, DO ENSINO FUNDAMENTAL E DO ENSINO MÉDIO

ã ã Maria do Rosário B. Leite Recife, PE

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BRUNO PENA & ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S

APOSENTADORIA ESPECIAL PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE E RECONHECIMENTO DO DIREITO AOS SERVIDORES PÚBLICOS

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Recursos Humanos Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais

CARTILHA SOBRE APOSENTADORIA ESPECIAL PARA SERVIDORES PÚBLICOS

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO

Moacir Ap. M. Pereira OAB SP

Supremo Tribunal Federal

O REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA

Manual da conversão do tempo especial em comum

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL E REFORMA DO ESTADO SECRETARIA DE RECURSOS HUMANOS PORTARIA NORMATIVA SRH Nº 2, DE 14 DE OUTUBRO DE 1998

Faço uma síntese da legislação previdenciária e das ações que dela decorreram. 1. A LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

GRUPO DE TRABALHO QUE PROMOVE A CÂMARA DE NEGOCIAÇÃO DEDESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Transcrição:

Brasília, 29 de janeiro de 2014 NOTA JURÍDICA Assunto: Aposentadoria Especial. Abono de permanência. Orientações Normativas n. 15 e n. 16 do MPOG. Com o objetivo de assessorar juridicamente a ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA CARREIRA DE ESPECIALISTA EM MEIO AMBIENTE E DO PLANO ESPECIAL DE CARGOS DO MMA E DO IBAMA PECMA -, NO DISTRITO FEDERAL, ASIBAMA-DF, segue nota a respeito das Orientações Normativas n. 15 e n. 16, publicadas pela Secretaria de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão no dia 24 de dezembro de 2013. PV

No dia 23 de dezembro de 2013, a Secretaria de Gestão Pública (SEGEP) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) editou duas Orientações Normativas (n. 15 e n. 16), que estabelecem orientações aos órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal (SIPEC) acerca do tema aposentadoria especial dos servidores públicos federais. Tais Orientações Normativas revogaram as ON's n. 07/2007 e n. 10/2010, respectivamente. A aplicação destas últimas estava suspensa desde o dia 24 de julho de 2013 devido à edição do Ofício-Circular n. 5/2013/SEGEP-MP. Como já fora anunciado neste ofício, a Administração Pública Federal suspendeu a aplicação das ON's n. 07/2007 e n. 10/2010 para traçar procedimentos mais rigorosos e precisos no tocante à concessão de aposentadoria e abono de permanência e, consequentemente, à conversão de tempo especial em tempo comum. Para expor de forma mais elucidativa as alterações que cada Orientação Normativa promoveu, faz-se necessária a análise individualizada dos atos, que a seguir se expõe. I DA ORIENTAÇÃO NORMATIVA N. 15 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2013 A ON n. 15/2013 dispõe sobre as orientações aos órgãos e entidades do SIPEC quanto aos procedimentos a serem adotados para a comprovação e posterior conversão em tempo comum do tempo de serviço especial prestado pelos servidores públicos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em período anterior à publicação da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. A grande mudança promovida por esta Orientação Normativa deu-se no aspecto formal, representada pela exigência de documentos 2/9

específicos que comprovem o exercício das funções públicas sob condições especiais. No que se refere à conversão do tempo especial em tempo comum para os servidores anteriormente regidos pela CLT, a ON reconhece o direito e mantém incólumes os fatores de conversão, nos mesmos termos da ON n. 07/2007, de 1,4 para homens e 1,2 para mulheres. Apesar de a ON n. 15/2013, em comparação com a ON anterior, ter tornado o processo de comprovação e conversão do tempo de serviço público especial em tempo comum mais rigoroso e burocrático, não se vislumbra nenhuma ilegalidade em sua redação. II DA ORIENTAÇÃO NORMATIVA N. 16, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2013 A ON n. 16/2013 dispõe sobre os procedimentos necessários à análise dos processos de aposentadoria especial dos servidores públicos amparados por decisão judicial em Mandados de Injunção julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Esta Orientação Normativa, além de tornar mais rigoroso o procedimento para a caracterização e comprovação do tempo de atividade sob condições especiais, trazendo exigências quase idênticas às da ON n. 15, inovou em relação à Orientação Normativa n. 10/2010, por ela revogada, no aspecto da conversão de tempo especial em tempo comum. 10: A ON n. 10/2010 trazia a seguinte redação em seus arts. 9º e Art. 9º. O tempo de serviço exercido em condições especiais será convertido em tempo comum, utilizandose os fatores de conversão de 1,2 para a mulher e de 1,4 para o homem. 3/9

Parágrafo único. O tempo convertido na forma do caput poderá ser utilizado para a aposentadoria prevista no art. 40 da Constituição Federal, na Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003, e na Emenda Constitucional n. 47 de 5 de junho de 2005, exceto nos casos da aposentadoria especial de professor de que trata o 5º do art. 40 da Constituição Federal. Art. 10. O tempo de serviço especial convertido em tempo comum poderá ser utilizado para revisão de abono de permanência e de aposentadoria, quando for o caso. Ao contrário do que dispunha a ON n. 10/2010, que autorizava a conversão, a ON n. 16/2013 a proíbe, conforme disposto em seu artigo 24, nos seguintes termos: Art. 24. É terminantemente vedada a conversão do tempo de serviço exercido em condições especiais em tempo comum para a obtenção de aposentadoria e abono de permanência, salvo expressa disposição em contrário da decisão judicial no caso concreto e respectivo parecer de força executória. Esse novo posicionamento da Administração Pública diante do tema resulta do também novo entendimento, inaugurado pelo Ministro TEORI ZAVASCKI, que vem sendo adotado pelo Supremo Tribunal Federal nos julgamentos dos Mandados de Injunção sobre aposentadoria especial de servidores públicos (MI 1.596; MI 4.643; MI 1.644; MI 2.590; MI 1.929; 1.320; MI 2.806; MI 1.517; MI 899; MI 855; MI 1.718; MI 1.897; MI 2.738; MI 3.081; MI 2.407; MI 3.328; MI 3.876; MI 5.637; MI 5.700), conforme se evidencia na seguinte ementa: MANDADO DE INJUNÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL DE SERVIDOR PÚBLICO. ART. 40, 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, APLICAÇÃO DAS NORMAS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Segundo a jurisprudência do STF, a omissão legislativa na regulamentação do art. 40, 4º, da 4/9

Constituição, deve ser suprida mediante a aplicação das normas do Regime Geral de Previdência Social previstas na Lei 8.213/91 e no Decreto 3.048/99. Não se admite a conversão de períodos especiais em comuns, mas apenas a concessão da aposentadoria especial mediante a prova do exercício de atividades exercidas em condições nocivas. Ainda, o mandado de injunção não é o meio processual adequado para assegurar o direito à aposentadoria especial de servidor público já aposentado, diante da falta de impedimento ao exercício do direito. Precedentes do Plenário (MI 4771 AgR, MI 3428 AgR e MI 2924 ED). Fundamentos observados pela decisão agravada. 2. Agravo regimental desprovido. (STF - MI: 5700 DF, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Data de Julgamento: 19/06/2013, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-157 DIVULG 12-08-2013 PUBLIC 13-08- 2013)(grifos aditados) Além de proibir a conversão de tempo especial em tempo comum, a ON n. 16/2013, em seu artigo 28, impõe a revisão de todos os atos praticados com base na ON n. 10/2010 que deferiram tal conversão para a concessão de aposentadoria e abono de permanência. Confira-se: Art. 28. Os órgãos e entidades integrantes do SIPEC deverão rever todos os atos praticados com base na Orientação Normativa SRH n. 10, de 05 de novembro de 2010, publicada em 08 de novembro de 2010, que deferiram a conversão do tempo de serviço exercido em condições especiais em tempo comum para obtenção de aposentadoria e abono de permanência, respeitando o direito ao contraditório e à ampla defesa, observando o rito estabelecido na Orientação Normativa SEGEP n. 4, de 21 de fevereiro de 2013, que dispõe sobre os procedimentos para regularização cadastral no SIAPE. A ON n. 16/2013, por si só, não pode afrontar a decisão proferida nos autos do MI n. 976/DF, que garante aos filiados da ASIBAMA-DF a 5/9

aplicação do artigo 57 da Lei n. 8.213/91 ante a omissão legislativa. Porém, como mencionado, ela está respaldada na nova orientação jurisprudencial do STF. Diante da ordem constante na ON n. 16/2013, no que tange à revisão dos atos de conversão de tempo para concessão de aposentadoria e abono de permanência fundamentados na ON n. 10/2010, existe a possibilidade de que os filiados da ASIBAMA-DF sejam compelidos a retornar ao trabalho, caso a aposentadoria não tenha sido homologada pelo TCU ou não tenha decorrido de determinação judicial expressa. Para garantir o direito à conversão do tempo especial em tempo comum no período posterior a 1990 e, assim, evitar que os associados da ASIBAMA-DF já aposentados tenham que voltar à ativa, novas medidas judiciais teriam que ser propostas. Entre outras questões, seria discutida a extensão dos efeitos da decisão exarada nos autos do Mandado de Injunção n. 976/DF. II.a Do direito à integralidade, à paridade e à desaverbação do tempo de licença prêmio contada em dobro A ON n. 16/2013 dispõe de forma expressa sobre os direitos à integralidade, à paridade e à desaverbação de tempo de licença prêmio contada em dobro para fins de aposentadoria. É o que se observa dos seus artigos 3º, 4º e 6º, abaixo transcritos: Art. 3º Os proventos da aposentadoria especial não poderão ser superiores à remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentação, e serão calculados pela média aritmética simples das maiores remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desde a competência de julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência, até o 6/9

mês da concessão da aposentadoria, a rigor do que estabelece a Lei n. 10.887, de 18 de junho de 2004. Art. 4º Os proventos de aposentadoria especial dos servidores públicos da União, das autarquias e das fundações públicas federais, concedidos com amparo em decisão judicial em mandado de injunção, serão reajustados na mesma data e índice em que se der o reajuste dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), observando-se igual critério de revisão às pensões derivadas dos proventos de que trata este artigo, não lhes sendo assegurada a aplicação das regras constitucionais de transição acerca de reajustamento paritário em face da modificação da remuneração dos servidores em atividade. Art. 6º O tempo de serviço decorrente da contagem em dobro de licença-prêmio e da desaverbação utilizada para a concessão do benefício de aposentadoria não serão considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata esta Orientação Normativa. Parágrafo único. É vedada a desaverbação do tempo de licença prêmio contada em dobro para fins de aposentadoria pelo art. 40, da Constituição Federal, arts. 2º, 3º e 6º da Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003, e art. 3º da Emenda Constitucional n. 47, de 5 de julho de 2005, que tenha gerado efeito tanto para gozo quanto para a concessão de abono de permanência. Da análise dos dispositivos transcritos, verifica-se que a Orientação Normativa n. 16/2013 manteve a violação anteriormente perpetrada pela Orientação Normativa n. 10/2010 aos direitos à integralidade e à paridade de proventos dos servidores que se enquadrassem nas regras de transição das Emendas Constitucionais n. 41/2003 e n. 47/2005. Além disso, manteve a vedação da desaverbação do tempo de licença-prêmio contada em dobro para fins de aposentadoria que já tenha sido utilizada anteriormente tanto para gozo quanto para concessão de abono de permanência. 7/9

Em 03 de março de 2011, a ASIBAMA-DF impetrou Mandado de Segurança Coletivo com o objetivo de anular os dispositivos da ON n. 10/2010 e do Boletim de Serviço MMA nº 12/2010 que violavam os direitos de seus filiados à integralidade, à paridade e à desaverbação do tempo de licença-prêmio. Ao analisar a ação, o Juiz da 7ª Vara Federal do Distrito Federal extinguiu o processo sem resolução de mérito, por entender que a Associação teria pleiteado a impugnação de lei em tese pela via estreita do Mandado de Segurança, hipótese vedada pela Súmula n. 266 do STF. A ASIBAMA-DF interpôs apelação contra a referida sentença. O recurso atualmente tramita no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, onde aguarda julgamento. É possível que o TRF da 1ª Região negue provimento ao recurso em decorrência da perda de objeto da ação, representada pela revogação da Orientação Normativa n. 10/2010, ato coator a que se reportava o Mandado de Segurança Coletivo. BOA-FÉ III DA DEVOLUÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS DE Importante ressaltar, por fim, que as ON's n. 15/2013, art. 22, e n. 16/2013, art. 29, trazem o seguinte comando normativo: Os valores percebidos de boa-fé pelo servidor público a título de proventos de aposentadoria ou abono de permanência, decorrentes dos atos revistos [ ], não serão objeto de reposição ao erário, nos termos do disposto na Súmula n. 34, de 16 de setembro de 2008, da Advocacia-Geral da União. 8/9

Dessa forma, mesmo que o servidor seja obrigado a retornar ao exercício de suas funções públicas, é terminantemente vedada a reposição das parcelas recebidas de boa-fé. IV CONCLUSÃO Com o objetivo de garantir a proteção dos filiados à ASIBAMA-DF, é possível, a critério da Associação, peticionar nos autos do Mandado de Injunção n. 976/DF e preparar atuação junto ao Supremo Tribunal Federal para tentar modificar o entendimento desta Corte sobre a conversão de tempo especial em tempo comum. Ademais, também é possível, caso seja interesse da ASIBAMA-DF, a impetração de dois Mandados de Segurança na Justiça Federal do Distrito Federal. O primeiro com o objetivo de restabelecer o comando normativo presente na ON n. 10/2010 que autorizava a conversão, e de impedir a revisão dos atos de concessão de aposentadoria e abono de permanência nela fundamentados. O segundo visa impugnar os dispositivos da ON n. 16/2013 que violam os direitos constitucionais à paridade e à integralidade de proventos, e o direito à desaverbação do tempo de licença-prêmio. É a opinião de quem subscreve. Liliana Mascarenhas Coutinho Bruno Fischgold OAB/DF 38.781 OAB/DF 24.133 9/9