PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno



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Transcrição:

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno TIPO DE AUDITORIA: ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO UNIDADE AUDITADA: SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO CÓDIGO: 170011 CIDADE: Brasília/DF RELATÓRIO Nº: 201314697 UCI 170923: SFC/DEPOG - Coordenação-Geral das Áreas de Planejamento, Orçamento e Gestão RELATÓRIO DE AUDITORIA Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201314697, apresentamos os resultados dos exames realizados sobre atos e consequentes fatos de gestão, ocorridos na Unidade referida, no período de 08/09/2005 a 31/08/2013. I Escopo do Trabalho Os trabalhos foram realizados na Sede da Unidade Gestora 170011 Secretaria do Patrimônio da União SPU/MP, em Brasília, no período de 30/07/2013 a 30/08/2013, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao serviço público federal, objetivando o acompanhamento a posteriori dos atos e fatos de gestão referentes à destinação patrimonial de imóveis da União ocorridos no período de abrangência do trabalho, qual seja, 08/09/2005 a 31/08/2013. Cabe ressaltar que houve dificuldades, por parte da Secretaria, em atender as solicitações de auditoria emitidas ao longo do trabalho, o que afetou o andamento da auditoria, conforme detalhado no item 1.1.1.10 deste relatório. Foram avaliados os controles internos mantidos pela SPU/MP no âmbito da condução da destinação patrimonial de imóveis da União para fins de provisão habitacional de interesse social, que adotam como estratégia de execução parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos, tendo como amostra os processos nº 04905.001563/2006-86 e 04991.000640/2009-00. Tais processos resultaram, respectivamente, nos contratos de Concessão de Direito Real de Uso - CDRU com a Associação Pró-Morar do Movimento Vida de Samambaia AMMVS (CNPJ 02.185.910/0001-11) e com Cooperativa Habitacional do Recanto das Emas COOHREMAS (CNPJ 03.412.091/0001-60), respectivamente, no âmbito da Superintendência do Patrimônio da União no DF SPU/DF. A escolha do processo de destinação patrimonial de imóvel da União em Riacho Fundo II 4ª Etapa, objeto do contrato de CDRU firmado entre a SPU/DF e a AMMVS, se deu em razão de variadas denúncias no âmbito de órgãos de controle, bem como na mídia, cujos conteúdos apontam para potenciais fragilidades no macroprocesso 1

de destinação, especificamente no que se refere a parcerias com entidades do terceiro setor, a exemplo de associações e cooperativas habitacionais. Adicionalmente, a escolha do processo de destinação de imóvel localizado na QNM 12 VIA NM 12-B Lote 06 Ceilândia, objeto do contrato de CDRU entre a SPU/DF e a COOHREMAS, se deu por ser um processo recente e relativo à área localizada no Distrito Federal, inserido no mesmo macroprocesso/ação objeto do presente trabalho (parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos). O trabalho realizado foi orientado no intuito de responder às seguintes questões de auditoria: I Os procedimentos de destinação são formalizados, institucionalizados e suficientes para a adequada condução dos processos de destinação? II Existem fragilidades no fluxo do macroprocesso de destinação? III A minuta padrão do contrato de CDRU utilizado é suficiente para minimizar os riscos inerentes ao processo de destinação? IV A publicidade dada ao processo é ampla o suficiente para promover efetivo controle social? V Foram adotadas ações no sentido de sanar os eventuais vícios existentes no âmbito dos processos de destinação escolhidos na amostra? II Resultado dos Exames 1 Democracia e Aperfeiçoamento da Gestão Pública 1.1 Destinação de Imóveis da União 1.1.1 Efetividade dos Resultados Operacionais 1.1.1.1 Informação Descrição da Ação 20U4 - Gestão do Patrimônio Imobiliário da União / Plano Orçamentário 0003 - Destinação de Imóveis da União Ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MP, por meio de sua Secretaria do Patrimônio da União SPU/MP, compete a administração patrimonial da União, mais especificamente seu patrimônio imobiliário, conforme disposto no art. 39 do Decreto 7.675/2012. A administração patrimonial compreende a incorporação, preservação, caracterização, cadastramento, destinação e regularização dos imóveis da União, bem como a arrecadação das receitas daí provenientes e a fiscalização de seu estado e uso. Em termos orçamentários, estas atribuições estão dispostas no Programa 2038 Democracia e Aperfeiçoamento da Gestão Pública, no qual insere-se a Ação 20U4 Gestão do Patrimônio Imobiliário da União. Esta ação abrange, a partir do exercício de 2013, vários planos orçamentários, dentre eles o 0003 Destinação de Imóveis da União. Os recursos orçamentários destinados para este fim, para o referido exercício, são os dispostos na tabela abaixo: Tabela. Recursos Orçamentários da Ação Ação.PO PLOA (R$) LOA (R$) Liquidado (R$) 20U4.0003 3.056.327,00 3.056.327,00 1.413.354,13 Fonte: dados extraídos do SIOP em 20/09/2013. 2

A atividade de Destinação é voltada para o apoio às políticas públicas, ao desenvolvimento local e ao funcionamento de órgãos da Administração Pública Federal. Essa atuação deve se pautar pelo disposto na Constituição Federal, a qual destaca a função social da propriedade, o direito fundamental à moradia e a concessão de áreas públicas para a reforma urbana e agrária. A Lei nº 9.636/98 dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União, destacando as competências da SPU no processo. Em 2005 foi editada a Lei nº 11.124, instituindo o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social SNHIS, que objetiva viabilizar a habitação digna e sustentável à população de menor renda, centralizando todos os programas e projetos destinados à habitação de interesse social. Além disso, tal normativo estabelece como uma de suas diretrizes a utilização prioritária de terrenos de propriedade do poder público para implantação de projetos habitacionais de interesse social. Posteriormente, em 2007, a Lei nº 11.124 foi alterada para permitir o repasse de recursos públicos diretamente a entidades privadas sem fins lucrativos cujos objetivos estejam em consonância com os do SNHIS. No mesmo ano foi publicada também a Lei nº 11.481, que prevê a possibilidade de cessão de imóveis da União para a mesma espécie de entidades, sob o regime de concessão de direito real de uso resolúvel dispensando-se a licitação para associações e cooperativas. No exercício seguinte, por meio da Portaria nº 80, de 26/03/2008, foi criado Grupo de Trabalho para discussão de critérios para destinação de imóveis da União para programas de provisão habitacional de interesse social e fortalecimento da gestão democrática desse patrimônio, posteriormente chamado de Grupo de Trabalho Nacional (GTN) por força da Portaria nº 199, de 21/10/2008. Em complemento a esta política, a SPU/MP, utilizando-se da Portaria nº 436, de 28/11/2008, orientou as Superintendências do Patrimônio da União a criarem Grupos de Trabalho Estaduais (GTEs) para discussão de critérios para destinação de imóveis da União para programas de provisão habitacional de interesse social e fortalecimento da gestão democrática desse patrimônio. Em decorrência desse papel desempenhado pela SPU, o presente trabalho concentrou-se na avaliação dos controles internos mantidos pela Secretaria no que se refere à destinação de imóveis da União para projetos de habitação de interesse social, envolvendo as citadas entidades. Com isso, a equipe de auditoria analisou o fluxo de ações adotado pela SPU/MP, bem como as seguintes destinações, objetos da amostra: Quadro. Destinações analisadas Imóvel Entidade Área Famílias a serem atendidas Data de assinatura da CDRU Riacho Fundo II 4ª Etapa AMMVS 1.265.326m² 4.889 26/05/2006 QNM 12 VIA NM 12-B Lote 06 - Ceilândia COOHREMAS 800m² 72 23/03/2011 Fonte: contratos de CDRU constantes dos processos nº 04905.001563/2006-86 e 04991.000640/2009-00. O fluxo a seguir, encaminhado pela Unidade por meio de resposta à Solicitação de Auditoria nº 201314697/004, refere-se especificamente aos processos de destinação patrimonial para fins de provisão habitacional de interesse social que adotam como estratégia de execução parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos: 3

Fonte: Anexo ao Ofício nº 867/2013-SPU/MP, de 16 de setembro de 2013. 4

De acordo com os gestores, o fluxo pode ser resumido da seguinte forma: - As Superintendências do Patrimônio da União nos estados e DF indicam imóveis em áreas urbanizadas e dotadas de infraestrutura urbana, passíveis de destinação para o desenvolvimento de projetos de empreendimentos habitacionais de interesse social. Após a apresentação desses imóveis no âmbito dos GTEs, são selecionados aqueles que, à primeira vista, são adequados à provisão habitacional. - O passo seguinte é a realização das vistorias participativas com técnicos da SPU, CAIXA e representantes do GTEs, por meio das quais são elaborados relatórios simplificados, hábeis a justificar a vocação dos imóveis para os fins sugeridos. É utilizado um roteiro mínimo e preenchida uma ficha de vistoria participativa que compreende diagnóstico prévio do imóvel, regularidade fundiária e legislação incidente. - A partir da seleção dos imóveis que apresentam aptidão para abrigar empreendimentos habitacionais de interesse social, a SPU realiza a publicação no D.O.U. de Portaria de Declaração de Interesse do Serviço Público (PDISP) do(s) imóvel(is) selecionado(s) no âmbito do GTE e, por meio deste instrumento, faz o chamamento público das entidades interessadas em empreender projeto de HIS nos imóveis reservados. - Os critérios obrigatórios para seleção das entidades são: estar a entidade habilitada no Ministério das Cidades com entidade organizadora (EO) no âmbito dos programas de habitação de interesse social direcionados ao atendimento da demanda organizada por EO e executadas com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), em conformidade com a resolução CCFDS nº 194/2012 e nº 291/2012; ter sede na unidade da federação do GTE. Esses critérios são obrigatórios e determinantes para pré-classificação das entidades que apresentarem manifestação de interesse sobre os imóveis reservados. Outros critérios classificatórios são elencados na Portaria, hábeis a auxiliar no processo seletivo das entidades e dar transparência ao formato utilizado pela Secretaria do Patrimônio da União, justificando inclusive a dispensa de licitação neste tipo de destinação. - Uma vez selecionada a entidade que apresentar melhor proposta e atender aos critérios classificatórios, a SPU/UF dá publicidade da seleção no âmbito do GTE/UF, emite Termo de Anuência autorizando a entidade a tomar todas as providências necessárias para dar andamento ao pedido de financiamento habitacional junto à CAIXA, etapa que compreende também a elaboração e aprovações dos projetos, vistorias e levantamentos de campo, se comprometendo a destinar o imóvel à entidade até a contratação do financiamento desta junto à CAIXA. - Enquanto a Entidade elabora o projeto, leva à aprovação da prefeitura e órgãos ambientais e toma as demais providências 5

necessárias para obter o financiamento aprovado junto à CAIXA, a SPU promove todas as medidas necessárias para regularização patrimonial do imóvel, tornando-o livre e desimpedido para a destinação proposta e assina o contrato de destinação com a entidade, prioritariamente, por meio de Cessão, sob o regime de Concessão de Direito Real de Uso CDRU, com cláusulas resolutivas. Cabe destacar que, apesar de não estar evidenciado no fluxo apresentado, após a assinatura do contrato de CDRU, os gestores informaram que ainda constam as seguintes etapas: a SPU/MP publica no DOU o extrato do contrato; a entidade beneficiária leva a CDRU a registro no Cartório de Registro de Imóveis; e após a conclusão das obras, também é levado a registro, pela entidade, a individualização da CDRU em nome das famílias beneficiadas. Adicionalmente, foi enviada documentação referente ao Plano de Aceleração de Áreas para Habitação, estratégia traçada para agilizar procedimentos de destinação de imóveis da União em discussão no âmbito dos Grupos de Trabalho Estaduais, bem como orientações sobre o Plano para as Superintendências, o qual altera o fluxograma conforme segue: 6

Fonte: Anexo ao Ofício nº 867/2013-SPU/MP, de 16 de setembro de 2013. A alteração mais significativa no fluxo, contudo, diz respeito ao momento em que é celebrado o contrato de CDRU, que antes era condicionado à aprovação do projeto pela CEF e da análise do processo pela Consultoria Jurídica do Ministério CONJUR/MP e agora não mais dependerá da execução destas etapas. As etapas descritas anteriormente foram objeto de análise na presente auditoria, cujo resultado foi dividido nos seguintes aspectos dispostos ao longo do relatório: - marco regulatório; - planejamento (impessoalidade, papel dos Grupos de Trabalho, fluxo de atividades); - instrumento contratual; - acompanhamento e fiscalização contratual; - publicidade; e - canais de comunicação com a sociedade e tratamento dado às denúncias. 7

1.1.1.2 Constatação Fragilidades dos controles primários da Unidade na destinação de imóveis da União para fins de Provisão Habitacional de Interesse Social que adote como estratégia de execução parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos. Por meio da Solicitação de Auditoria nº 201314697/002, foi requisitado que a SPU listasse todos os normativos legais e infralegais utilizados para balizar os processos de destinação de imóveis da União ora tratados, cuja resposta segue abaixo na íntegra: Quadro. Normativos Destinação de imóveis Normativo Data Assunto Decreto Lei 9.760 5 de setembro de 1946 Dispõe sobre os bens imóveis da União e dá outras providências. Lei 9.636 15 de maio de 1998 Dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis da União. Lei 11.481 31 de maio de 2007 Dá nova redação à dispositivos das Leis 9.636/98, 8.666/93, etc. Lei 11.952 25 de junho de 2009 Dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal; altera as Leis 8.666/93 e 6.015/73; e dá outras providências. Decreto 3.725 10 de janeiro de 2001 Regulamenta a Lei 9.636/98 e dá outras providências. Memorando SPU nº 90 29 de outubro de 2009 Orientações para a Destinação do Patrimônio da União. Decreto 980 11 de novembro de 1993 Dispõe sobre a cessão de uso e a administração de imóveis residenciais de propriedade da União a agentes públicos federais, e dá outras providências. Portaria Interministerial 596 Portaria Interministerial 436 22 de dezembro de 2011 Fica delegada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário MDA a função de promover a Concessão de Direito Real de Uso CDRU, no âmbito da Amazônia Legal, de imóveis rurais situados em glebas públicas arrecadadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA em seu próprio nome ou em nome da União. 2 de dezembro de 2009 O ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão MP, através da Secretaria do Patrimônio da União SPU, efetuará a entrega ao Ministério do Meio Ambiente MMA, nos termos do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, das áreas de domínio da União, ainda não incorporadas ao seu patrimônio, localizadas em Unidades de Conservação Federais de posse e domínio públicos integrantes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC, conforme Lei nº 9.985, de 2000. Portaria 200 29 de junho de 2010 Delegação de competência aos Superintendentes do Patrimônio da União. Portaria 211 28 de abril de 2010 Subdelegação de competência do Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão para a Secretária do Patrimônio da União. Portaria SPU 404 28 de dezembro de 2012 Estabelece normas e procedimentos para a instrução de processos visando à cessão de espaços físicos em águas públicas e fixa parâmetros para o cálculo do preço público devido, a título de retribuição à União. Orientação Normativa 25 de janeiro de 2002 Aforamento Oneroso de Imóveis Dominiais da União. GEANE 01 Orientação Normativa 25 de setembro de 2002 Aforamento Gratuito de Imóveis Dominiais da União. GEANE 02 Orientação Normativa 24 de janeiro de 2001 Entrega de Imóvel da União Próprio Nacional. GEAPN 01 Orientação Normativa 24 de janeiro de 2001 Cessão de Uso Gratuito de Imóvel da União Próprio GEAPN 02 Nacional. Fonte: Ofício nº 784/2013-SPU/MP, de 26 de agosto de 2013. Obs.: foram grifados, pela equipe de auditoria, aquelas normativos mais relevantes para o escopo estabelecido no presente trabalho. 8

A partir da análise dos instrumentos citados, observa-se que não há, até o momento, normativo institucional publicado, de cunho tático-operacional, que estabeleça os procedimentos a serem seguidos pelas Superintendências do Patrimônio da União nos Estados e no Distrito Federal, no que se refere à destinação patrimonial de imóveis da União para fins de provisão habitacional de interesse social que adote como estratégia de execução parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos. Ressalta-se, inclusive, que o Memorando SPU nº 90, de 29/10/2009, intitulado Orientações para a Destinação do Patrimônio da União, basicamente concentrou-se em informar os diversos instrumentos jurídicos de destinação, a exemplo da Concessão de Direito Real de Uso CDRU, associando-os às situações aplicáveis a cada caso. De forma geral, o ordenamento jurídico relativo à espécie de destinação ora analisada se restringe ao disposto na Lei nº 9.636/98, regulamentada pelo Decreto nº 3.725/01, e suplementada pela Lei nº 11.481/07, não havendo dispositivos infralegais de natureza tático-operacional formalmente publicados, a exemplo de instruções e/ou orientações normativas, o que fragiliza os controles primários da Unidade. Causa: Ausência de normativo tático-operacional que discipline a destinação de imóveis da União para fins de Provisão Habitacional de Interesse Social que adote como estratégia de execução parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos. Manifestação do Auditado: Questionada acerca da institucionalização de procedimentos, a Unidade apresentou fluxograma relacionado aos processos de destinação patrimonial de imóveis da União para fins de provisão habitacional de interesse social envolvendo entidades do terceiro setor, já apresentado no item 1.1.1.1 do presente relatório. Posteriormente, quando da análise do Relatório Preliminar, a SPU confirmou a inexistência de normativos infralegais, ressaltando a elaboração e disseminação junto às Superintendências do Patrimônio da União nos Estados por meio de uma série de orientações e memorandos circulares. Informou ainda a intenção de elaborar norma interna que unifique os procedimentos de destinação de áreas da União para Habitação de Interesse Social, nos próximos três meses, a contar do início de janeiro de 2014. Análise do Controle Interno: A Lei 11.124/05 estabelece os objetivos, princípios, diretrizes e principais atores envolvidos na política pública de habitação de interesse social. Entretanto, não obstante tais definições, o papel tático-operacional da SPU/MP, no que tange a essa política pública, carece de normatização. Apesar de a Unidade ter apresentado fluxograma e haver informado sua utilização por parte das Superintendências, tal instrumento está, por si só, aquém do necessário para suprir as necessidades de normatização do processo de destinação patrimonial de imóveis da União para fins de provisão habitacional de interesse social que adote como estratégia de execução parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos. Tal fato é confirmado, por exemplo, ao verificar-se que o instrumento não apresenta nenhuma etapa de acompanhamento/ fiscalização. 9

Em virtude da complexidade e relevância da Ação, ressalta-se que o fluxograma deveria ser encarado como uma ferramenta acessória, dado sua natureza sintética, e não como o objeto principal, papel este que caberia à norma propriamente dita. Ainda, entende-se que a existência de normativos oficiais que padronizem os procedimentos utilizados pelas Superintendências é crucial para o desempenho da missão institucional da Secretaria, qual seja Conhecer, zelar e garantir que cada imóvel da União cumpra sua função socioambiental, em harmonia com a função arrecadadora, em apoio aos programas estratégicos para a Nação. Além disso, a falta de normativo institucionalizado e publicado compromete a disseminação do conhecimento, pois esta pode ficar condicionada a iniciativas pontuais e individualizadas de seus detentores, e realizadas caso a caso. Igualmente, quando ocorrem mudanças em normativos correlatos ou no próprio procedimento, a difusão dessas alterações resta fragilizada, uma vez que não se encontra institucionalizado. Adicionalmente, a ausência de procedimentos padronizados e oficializados potencializa os riscos de impropriedades e/ou irregularidades nos processos correlatos visto que, sem a norma, a delimitação do arbítrio do gestor fica fragilizada, podendo comprometer, em especial, a impessoalidade dos atos. Visto que não há que se falar em obrigatoriedade de cumprimento de dispositivos não publicados, a supervisão, pelo Órgão Central, das ações executadas pelas Superintendências, pode restar enfraquecida, além de ter sua efetividade reduzida, em virtude da dificuldade de responsabilização por eventuais falhas. Em que pese a equipe de auditoria ter observado a disseminação do fluxograma e dos modelos de atos administrativos necessários (portarias de declaração de interesse do serviço público e de autorização de cessão, modelo de contrato de CDRU, etc.) por meio de memorando às Superintendências, no que se refere ao Plano de Aceleração de Áreas para Habitação, ressalta-se que tal iniciativa resta insuficiente para sanar as questões apontadas anteriormente, pois não garante a institucionalização dos procedimentos. Cabe destacar que o Decreto nº 7.675, de 20/01/2012, que define a estrutura da Secretaria destaca, dentre outros, o Departamento de Destinação Patrimonial, ao qual compete coordenar, controlar e orientar as atividades relacionadas com o desenvolvimento de ações e projetos voltados à destinação, à regularização fundiária, à normatização de uso e à análise vocacional dos imóveis da União. Além disso, de acordo com o Relatório de Gestão de 2012, tal Departamento engloba a Coordenação- Geral de Habitação e Regularização Fundiária, a qual compete o estabelecimento de critérios para destinação de imóveis à habitação de interesse social nos Estados e Distrito Federal, observando-se, assim, a existência de áreas que poderiam assumir esse papel normatizador. Diante do exposto e conforme corroborado pela Unidade em resposta ao relatório preliminar, fica evidente a necessidade de que os procedimentos de destinação patrimonial de imóveis para fins de habitação de interesse social executadas em parceria com o terceiro setor sejam normatizados, especialmente pelo fato de que tal silêncio normativo perdura há mais de 6 anos e que, neste interim, foram promovidas, até o momento, 104 destinações, conforme planilha de controle dos processos de destinação de imóveis da União para HIS GTs, fornecida pela Unidade. 10

Recomendação 001: Recomendamos à SPU/MP que elabore normativos infralegais, de caráter tático/operacional, capazes de disciplinar suficientemente os procedimentos a serem adotados pela própria Secretaria e pelas Superintendências, no que se refere à destinação patrimonial de imóveis para fins de habitação de interesse social executadas em parceria com o terceiro setor, dando ampla publicidade a estes normativos. 1.1.1.3 Constatação Possibilidade de melhorias na atuação do Grupo de Trabalho Nacional GTN e dos Grupos de Trabalho Estaduais GTEs. Em decorrência do disposto na Lei nº 11.124/05, que determina a utilização prioritária de terrenos de propriedade do poder público para implantação de projetos habitacionais de interesse social, a SPU/MP, em trabalho conjunto com as suas Superintendências, selecionou, no período de abril/07 a março/08, 31 áreas passíveis de disponibilização para projetos de tal natureza. Objetivando debater os critérios para a destinação dos imóveis da União e fomentar o fortalecimento da gestão democrática, foi instituído Grupo de Trabalho GT no âmbito da SPU/MP, por meio da Portaria nº 80, de 27/03/2008. Em seu art. 1º, este instrumento definiu os seguintes objetivos do Grupo de Trabalho: I. Propor critérios para a transferência de áreas da União com vocação habitacional para associações e cooperativas de interesse social, nos termos do art. 18, 1º, da Lei nº 9.636/1998. II. Propor estratégias para identificação e avaliação do potencial construtivo de áreas da União com vocação para a provisão habitacional de interesse social, em apoio às Gerências Regionais do Patrimônio da União. III. Propor estratégias e formular ações para o fortalecimento da gestão democrática nas ações de regularização fundiária e provisão de habitação de interesse social em áreas da União. Como resultado dos esforços do GT, foram utilizados como critérios eliminatórios, a serem aplicados sobre os 31 imóveis já selecionados, os que seguem: vigência de cessão a outros órgãos; impedimentos legais considerando a legislação de uso e ocupação do solo municipal ou a existência de sentença judicial sobre o imóvel; e áreas rurais extensas e sem infraestrutura. Em função destes critérios, definiu-se 21 áreas para seleção pública conjunta no âmbito da Ação de Apoio à Produção Social da Moradia, do Programa de Habitação de Interesse Social, operada com recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), disponibilizadas por meio da Portaria nº 388, de 21/10/2008. Outro importante resultado do Grupo de Trabalho foi uma maior articulação institucional com os diversos atores envolvidos, neste caso o Ministério das Cidades - MCidades e a Caixa Econômica Federal CEF, em decorrência da participação destes no GT. Como resultado desta maior integração, inseriu-se menção à SPU, no item 4.5 do Capítulo XII da Instrução Normativa nº 47/2008 do Ministério das Cidades, e restringiu-se os casos em que as áreas da União poderiam ser contempladas pelo programa habitacional. Assim, as propostas a serem desenvolvidas em imóveis de 11

propriedade da União só poderiam ser selecionadas quando contemplassem áreas para as quais tivesse processo de cessão iniciado junto à SPU, ou em áreas disponibilizadas para esta seleção em portaria daquela Secretaria. Vale ressaltar que a Portaria nº 199, de 08/10/2009, prorrogou a vigência do Grupo de Trabalho por prazo indeterminado, tornando-o de caráter permanente, e alterou sua nomenclatura para Grupo de Trabalho Nacional GTN, aparentemente no intuito de definir sua posição com relação aos Grupos de Trabalho Estaduais criados em 2008. Quanto a estes, na introdução elaborada pela Unidade para subsidiar a resposta à Solicitação de Auditoria nº 201314697/004, foi informado que sua criação baseou-se no êxito da experiência com o GTN e da estrutura descentralizada da SPU, tendo as Superintendências sido orientadas nesse sentido por meio da Portaria nº 436, de 28/11/2008. A portaria também sugere a composição dos mesmos no que se refere aos representantes dos atores externos à União (poderes públicos estadual/municipal e sociedade civil) e seus objetivos, quais sejam: I - Propor critérios para a transferência de áreas da União com vocação habitacional para associações e cooperativas de interesse social, nos termos do art. 18, 1º, da Lei nº 9.636/1998. II - Promover a avaliação da aptidão de imóveis da União e da extinta Rede Ferroviária Federal S.A.- RFFSA para destinação a programas de provisão habitacional de interesse social mediante levantamento da situação dominial e a realização de vistorias participativas; III - Promover e fortalecer a gestão democrática nas ações de regularização fundiária e provisão de habitação de interesse social em áreas da União. Não obstante os resultados obtidos pela ação de replicar a iniciativa para o âmbito estadual, foram observadas possibilidades de melhoria na atuação dos citados Grupos de Trabalho quanto aos seguintes aspectos: Objetivos; Competências; Composição dos GTEs; e Publicidade. Primeiramente, no que se refere aos objetivos definidos para o Grupo de Trabalho Nacional, verificou-se que a Portaria nº 199, de 08/10/2009, alterou o disposto originalmente, assim redefinindo-os: I - Apoiar a implementação e desenvolvimento das ações dos Grupos de Trabalho Estaduais de apoio à destinação de imóveis da União para projetos de habitação de interesse social das Superintendências do Patrimônio da União nos 27 Estados e Distrito Federal, fortalecendo a gestão democrática na Secretaria do Patrimônio da União; II - Discutir fluxos e procedimentos para a integração da destinação de imóveis da União às Políticas de Habitação de Interesse Social; 12

III - Propor critérios para a identificação e destinação de imóveis da União com vocação para a provisão habitacional de interesse social em apoio às Superintendências do Patrimônio da União; IV - Fomentar o diálogo e elaborar informes ao Conselho Nacional das Cidades - CONCIDADES sobre a destinação de imóveis da União para habitação de interesse social e integração das políticas fundiária e de provisão habitacional. Porém, ao analisar o disposto na Portaria nº 296, de 04/10/2011, que novamente regulamentou o GTN, observou-se que os objetivos inicialmente propostos foram retomados, ignorando as alterações descritas acima e, consequentemente, sobrepondo-se com os objetivos definidos para os Grupos de Trabalho Estaduais. Nota-se que as alterações iniciais, promovidas em função da Portaria 199/2009, conferiam um caráter estratégico ao GTN, não só ao determinar que este estabelecesse um diálogo permanente com o Ministério das Cidades (Órgão Central da política de habitação de interesse social) e o CONCIDADES, mas ao colocá-lo como instância de apoio aos GTEs. A sobreposição causada pelo retorno aos objetivos originais do GTN agrava o risco de não uniformização dos critérios para destinação de imóveis pelas diversas Superintendências, visto que estas passam a analisar e/ou implementar as propostas de seus respectivos GTEs de forma autônoma, ao invés de adotar, via GTN, uma abordagem sistêmica e padronizada. Esse problema é agravado porque nem o Órgão Central nem as Superintendências publicizam quais os critérios propostos pelos GTs foram efetivamente aceitos e utilizados, culminando em possíveis consequências a exemplo das já abordadas no item 1.1.1.2 deste relatório. Quanto às competências dos Grupos de Trabalho (GTEs e GTN), não há definição formal nos atos de criação ou em qualquer outro instrumento normativo. Porém, em que pese as respectivas portarias serem silentes, verificou-se, por meio das respostas às Solicitações de Auditoria constantes do Ofício nº 867/2013-SPU/MP, que no caso dos GTEs estão sendo desenvolvidas diversas atividades, a saber: realização de vistorias nos imóveis públicos juntamente com a SPU e a CEF; participação na seleção dos imóveis a serem destinados à habitação de interesse social; seleção das propostas e projetos a serem contemplados com a cessão do imóvel esta última a cargo de uma comissão julgadora formada por membros do GTE. As atividades relatadas pela SPU e descritas no parágrafo anterior não condizem com os objetivos definidos nas Portarias de criação dos GTEs, uma vez que estes estão exercendo ações de caráter operacional, em contraponto à natureza propositiva sugerida pelos referidos normativos. A não definição expressa de competências abre espaço para problemas em um amplo espectro, passando desde a inoperância resultante do desconhecimento das funções que se espera das duas instâncias de Grupos de Trabalhos, até a usurpação de atribuições indelegáveis da Secretaria do Patrimônio da União. Além disso, resta prejudicado o controle social sobre suas atividades, visto que a sociedade desconhece as atribuições e atividades dos mesmos. Outra questão, verificada tanto na minuta padrão de contrato de CDRU proposta pela SPU/MP e objeto do Plano de Aceleração de Áreas para Habitação PAAH, 13

quanto em Portarias de Declaração de Interesse do Serviço Público - PDISP recentemente publicadas pelas Superintendências, diz respeito à competência para promover o desempate quando houver a manifestação de interesse de mais de uma entidade pelo imóvel, que recai sobre comissão composta por membros do GTE. No tocante à composição dos Grupos de Trabalho Estaduais, constatou-se, em primeiro lugar, que quando da orientação para criação destes, não houve a definição de um quantitativo mínimo de representantes da Superintendência. Como resultado, verificou-se uma disparidade na representatividade da SPU no âmbito dos diversos GTEs, variando de 01 (SPU/PR) a 06 (SPU/GO) membros titulares. Adicionalmente, cumpre destacar que não houve normatização de suplência, ficando a cargo de cada Superintendência decidir a respeito. Entretanto, o art. 6º da minuta de PDISP, disponibilizada pelos gestores, define que a comissão julgadora que realiza a seleção das propostas e projetos deve ter no mínimo 02 representantes da Superintendência. Observa-se assim que não há como garantir a composição da comissão julgadora, uma vez que aquela definida para o Grupo de Trabalho não prevê um quantitativo mínimo de 02 servidores da Unidade Regional, problema verificado, por exemplo, na SPU/PR, conforme visto anteriormente. Além disso, considera-se que seria uma boa prática que os 02 representantes da Superintendência na comissão julgadora fossem servidores do quadro permanente, em consonância com o art. 51 da Lei 8.666/93, que define a composição da comissão permanente ou especial responsável por processar e julgar as propostas dos licitantes. Destaca-se ainda que a não definição do número mínimo de representantes das Superintendências na composição dos GTEs compromete a paridade da representação do poder público com relação aos demais atores, a qual é observada na composição do GTN. Dada a assunção de atividades deliberativas e operacionais pelos GTEs, tal fator torna-se mais crítico se comparado a uma instância meramente propositiva. Ainda quanto à composição dos Grupos de Trabalho (GTN e GTEs), verifica-se que, quando da decisão pelo caráter permanente do mesmo, não se estabeleceu mandato com prazo definido para os membros e tampouco limites para recondução, comprometendo a legitimidade da representação da sociedade civil e potencializando o risco de captura do agente público. Por fim, no que se refere à publicidade, além do problema quanto à normatização e publicização das competências dos Grupos de Trabalho (GTN e GTEs), já tratados nesse ponto, foram verificadas fragilidades quanto à divulgação das decisões e dos resultados dos trabalhos realizados. Nesse sentido, de acordo com a Nota Técnica nº 17/SPU/OC, de 27/11/2008, que dispõe sobre a criação dos Grupos de Trabalho Estaduais, O registro das reuniões em ata e sua disponibilização para todos os membros do Grupo são de suma importância para que as decisões do GTE possam embasar decisões da Gerência, integrando processos administrativos de destinação de imóveis e resoluções do GTE, sempre que necessário. A postura de limitar-se a divulgar os registros documentais apenas no âmbito dos membros do Grupo de Trabalho, não lhes dando ampla divulgação, não é suficiente em termos de acesso à informação e transparência, comprometendo a legitimidade dessa instância perante a população em geral, situação potencializada inclusive pelo modo 14

indireto de escolha dos representantes da sociedade civil que compõem os GTs. Tal fragilidade é agravada pela implementação informal, por parte da Secretaria, das deliberações do GTs, em detrimento à utilização de atos administrativos, a exemplo de Instruções e Orientações Normativas. Cumpre informar que, segundo o Relatório de Gestão de 2012, foram retomadas as atividades do GTN e foi incentivada a recomposição dos GTEs, visando agilizar procedimentos internos e fomentar a ação de destinação de áreas da União para Habitação de Interesse Social. Essas medidas demonstram, mais uma vez, o importante papel desempenhado por tais grupos no processo e, consequentemente, reforça a necessidade de se garantir uma maior legitimidade dos resultados obtidos pelos mesmos. Finalmente, registra-se que uma ampla divulgação das composições e deliberações dos GTEs mostra-se essencial também para inibir eventuais situações de conflito de interesse dos seus membros, por meio de um efetivo controle social, o que vai ao encontro, inclusive, da Lei de Acesso à Informação, nº 12.527/2011, regulamentada pelo Decreto 7.724/2012, o qual define que é dever dos órgãos e entidades promover, independente de requerimento, a divulgação em seus sítios na Internet de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. Causa: Deficiências na regulamentação dos Grupos de Trabalho Nacional e Estaduais, ocasionando fragilidades quanto a definição dos objetivos e das competências do GTN e dos GTEs, da representatividade das Superintendências na composição dos GTEs, e da publicidade dos resultados de seus trabalhos. Manifestação do Auditado: A Unidade informou, quando da manifestação ao Relatório Preliminar, a necessidade de realizar uma revisão das atribuições tanto do GTN quanto dos GTEs, à luz do acúmulo das atividades desenvolvidas ao longo desses anos em que eles foram instituídos, bem como do que foi destacado na orientação desta CGU, definindo o papel mais estratégico do GTN, e deixando mais claro o papel dos GTEs, que em momento nenhum devem assumir a função pública da gestão do patrimônio público. Além da revisão das atribuições, a qual resultará na alteração das Portarias de instituição do GTN e dos GTEs, minutas de regimento interno serão discutidas em reunião do Grupo de Trabalho Nacional prevista para o final de janeiro de 2014. De acordo com a Unidade, a previsão é de que em 90 dias, a partir de 01/01/2014, seja finalizada a revisão das citadas Portarias, bem como publicado o regimento interno do GTN, sendo este último utilizado para iniciar a contagem do prazo, também de 90 dias, para publicação dos regimentos internos dos GTEs. No que se refere à composição do GTN e dos GTEs, foi informado que a revisão ou alteração será definida a partir da nova composição do Conselho Nacional das Cidades, e dos Conselhos Estaduais das Cidades pois, tanto o GTN quanto os GTEs foram instituídos a partir de demanda dos segmentos do Conselho Nacional das Cidades, e que a indicação dos membros ocorre pelos segmentos que compõem tais Conselhos. 15

Quanto à duração dos mandatos, foi definido que o mesmo corresponde ao dos conselheiros das Cidades, nas duas esferas, e que a definição das suplências segue o mesmo rito da indicação dos membros titulares. Por fim, referente à divulgação das deliberações e atos praticados pelo GTN e GTEs a Unidade informou que tais informações serão inseridas no sítio eletrônico da SPU no prazo de 06 (seis) meses, a partir de 01/01/2014, e que após transcorrido esse prazo passará a ser feita sistematicamente, a partir das aprovações das atas dos encontros. Análise do Controle Interno: Quanto às competências, responsabilidades e composição do GTN e dos GTEs, as informações apresentadas pela Unidade confirmam as fragilidades verificadas pela equipe de auditoria no que se refere à ausência de uma definição formal. Mais ainda, especificamente no que se refere às competências, a necessidade de normatização fica latente ao verificar-se que, conforme os gestores, esses grupos teriam acumulado atividades diversas ao longo de seus anos de criação. Visto que as Portarias de criação tanto do GTN quanto dos GTEs apenas definem seus objetivos, a sinalização da SPU no sentido alterar tais instrumentos e publicar os regimentos internos aponta uma possível solução para as citadas fragilidades, uma vez que a Unidade já dispõe de diversos critérios e regras definidos, conforme relatado pelos gestores, porém carente de normatização. Vale ressaltar que os mecanismos a serem utilizados devem ser adequados, não se resumindo ao disposto, por exemplo, em Notas Técnicas, devendo buscar o esgotamento da matéria, inclusive regulamentando critérios tais como formas de indicação dos membros, duração dos mandatos, limites de recondução dos membros da sociedade civil e suplência, além de produzidos e publicados de forma tempestiva. Ainda, no que se refere à divulgação das deliberações e atos praticados pelos Grupos de Trabalho Nacional e Estaduais, as informações apresentadas pela SPU corroboram com o já relatado pela equipe de auditoria, apresentando prazos e soluções que, caso implementadas, podem sanar as fragilidades verificadas, motivo pelo qual serão acompanhadas por meio do Plano de Providências Permanente. Cabe ressaltar, entretanto, que, ao analisar a manifestação da Unidade no que se refere à sobreposição dos objetivos do GTN em relação aos definidos para os GTEs, verificou-se que a SPU ateve-se a informar a necessidade de revisão das atribuições dos citados Grupos de Trabalho, não mencionando, em sua resposta, o problema decorrente da publicação na Portaria nº 296, de 04/10/2011, conforme citado no decorrer deste item do relatório. Com isso, entende-se que a Secretaria deve buscar a edição e publicação de um novo instrumento capaz de dirimir a incoerência relatada, no que se refere à sobreposição dos objetivos dos Grupos de Trabalho, dando uma caráter mais estratégico ao GTN. Recomendação 001: Recomendamos à SPU/MP que redefina, formalmente, os objetivos do GTN, de modo a evitar a sobreposição em relação aos definidos para os GTEs e a garantir o caráter estratégico do Grupo de Trabalho Nacional. 16

Recomendação 002: Recomendamos à SPU/MP que defina, formalmente, quais as competências, as responsabilidades e a composição, tanto do Grupo de Trabalho Nacional quanto dos Grupos de Trabalho Estaduais, em consonância com os objetivos estabelecidos para ambos e levando-se em consideração as competências indelegáveis da SPU. Recomendação 003: Recomendamos à SPU/MP que regulamente o funcionamento dos Grupos de Trabalho, tanto Nacional quanto Estaduais, prevendo a composição, forma de indicação, duração dos mandatos e eventuais limites de recondução dos membros da sociedade civil, suplência e prazo para elaboração do regimento interno. Recomendação 004: Recomendamos à SPU/MP que promova a ampla divulgação das deliberações e atos praticados pelos Grupos de Trabalho Nacional e Estaduais. 1.1.1.4 Constatação Possibilidade de adoção de procedimentos que garantam maior impessoalidade na escolha das entidades privadas sem fins lucrativos beneficiadas com a destinação patrimonial de imóveis da União. Neste tópico, a análise concentra-se no fluxo das ações da SPU no que se refere à definição da entidade a ser beneficiada pela destinação patrimonial de imóveis para fins de habitação de interesse social executadas em parceria com o terceiro setor. Quanto ao primeiro caso concreto analisado, referente à destinação de imóvel em Riacho Fundo II, verificou-se que em setembro de 2005 foi celebrado Convênio de Cooperação Técnica entre os Ministérios das Cidades, do Meio Ambiente, da Cultura e do Planejamento e o Governo do Distrito Federal GDF, com a finalidade de desenvolver ações conjuntas para regularização fundiária e implantação de políticas habitacionais. Em decorrência, foi instituído um Comitê Gestor paritário composto por 10 membros indicados pelas partes envolvidas. Em sua primeira reunião, o Comitê Gestor definiu 4 áreas prioritárias para sua atuação, constituindo Grupos de Trabalho específicos para cada uma delas, com participação paritária da União, do GDF e da comunidade local. Dentre essas, destacava-se a área de 1.265.327m² de propriedade da União em Riacho Fundo II 4ª Etapa, localizada no Distrito Federal/DF, que estava desocupada à época, e para a qual o Comitê Gestor definiu como representante da comunidade local a Coalizão de Luta Pela Moradia, que representava diversas entidades relacionadas ao pleito habitacional. O Grupo de Trabalho específico de Riacho Fundo II 4ª Etapa propôs arranjo definindo as seguintes atribuições de cada ator: Secretaria do Patrimônio da União: ceder sem ônus ao GDF toda área de uso institucional e comercial e, ao movimento organizado, a área habitacional; MCidades: liberação dos recursos do Crédito Solidário; GDF: promover o licenciamento do empreendimento, detalhar e aprovar o projeto urbanístico e dotar a área de infraestrutura; e 17

Coalizão: indicar as famílias a serem atendidas junto à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação SEDUH e à Caixa Econômica Federal CEF. Essa proposta foi aprovada pelo Comitê Gestor e, posteriormente, a Coalizão indicou a Associação Pró-Morar do Movimento Vida de Samambaia AMMVS como representante de 207 entidades a serem beneficiadas pelo projeto habitacional a ser desenvolvido na área, já definindo, inclusive, a quantidade de unidades habitacionais a serem concedidas a cada uma delas, necessárias ao atendimento de cerca de 5.000 famílias. Assim, em maio de 2006, foi publicada portaria ministerial autorizativa de CDRU, delimitando a área a ser cedida, e aviso de dispensa de licitação, além de firmado contrato de CDRU entre a União, representada pelo Procurador-Chefe da Fazenda Nacional no Distrito Federal, e a AMMVS. Ressalta-se que esse processo foi iniciado no ano de 2005, ou seja, anteriormente à criação dos Grupos de Trabalho Nacional e Estaduais citados nos fluxogramas. Importante citar, nesse momento, que o Comitê Gestor restringiu, desde o início, suas tratativas com o movimento Coalizão de Luta Pela Moraria que participou inclusive da definição da política habitacional a ser desenvolvida na área em questão, culminando na decisão de destinar o terreno a uma entidade por ela indicada, qual seja a AMMVS, que representaria as demais 207 entidades participantes. Sobre esse assunto, a CONJUR/MP manifestou-se condicionando a possibilidade de dispensa de licitação com a AMMVS à verificação por parte da SPU/DF de que a referida entidade representasse todas as demais associações e/ou cooperativas habitacionais do Distrito Federal. Como providência à manifestação da CONJUR/MP, a SPU/DF publicou aviso de dispensa de licitação com a citada associação e solicitou reexame por aquele órgão consultivo em função das alterações promovidas pela Medida Provisória nº 292/06. Este instrumento alterou o art. 17, inciso I, alínea f da Lei nº 8.666/93, o qual dispõe sobre a dispensa de licitação para os casos de destinação de imóveis no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da Administração Pública especificamente criados para esse fim. Porém, apesar do embasamento legal utilizado pela Unidade, entende-se que, como forma de melhor atender ao interesse público, é possível adotar procedimentos que garantam maior impessoalidade na escolha das entidades, em contraponto ao verificado nos autos, nos quais não há qualquer indício de oportunidade de manifestação de interesse por parte de outras entidades, assim como não há, também, qualquer comprovação de que a citada entidade representasse todas as associações e/ou cooperativas habitacionais do Distrito Federal, conforme inicialmente solicitado pela CONJUR/MP. O outro processo analisado se refere à destinação realizada em favor da Cooperativa Habitacional do Recanto das Emas COOHREMAS. Em maio de 2009, a entidade solicitou à SPU/DF parceria para implementação do projeto, por meio da disponibilização por aquela Superintendência de um terreno de 800m 2, até então de propriedade da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil NOVACAP, empresa pública de propriedade do GDF e da União. 18

Em julho de 2010, após solicitação da Superintendente da SPU/DF, a TERRACAP adquiriu e doou o imóvel à União, que, em dezembro daquele ano, procedeu à avaliação por parte da equipe técnica da Superintendência, determinando seu valor em R$ 1.600.000,00. Em janeiro de 2011, a COOHREMAS reitera sua solicitação à SPU/DF, mas acrescentando que o projeto seria financiado com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida a ser habilitado e contratado junto à CEF. No mês seguinte (fevereiro de 2011), a SPU/DF elabora a Nota Técnica nº 02-2011/SIRDE/SPU/DF, na qual se posiciona favoravelmente à Cessão à entidade e encaminha os autos ao Órgão Central da SPU para manifestação da Coordenação-Geral de Habitação e Regularização Fundiária/SPU/MP, com posterior encaminhamento para a CONJUR/MP e, enfim, submetendo-o à consideração da Sra. Secretária do Patrimônio da União. Em 09/02/2011 a SPU/MP publica no Diário Oficial da União a PDISP do imóvel, datada do dia anterior, e o extrato da dispensa de licitação, concedendo o imóvel à COOHREMAS. Simultaneamente, foi publicada pela SPU/DF a autorização da CDRU àquela entidade, datada de 02/02/2011. Apenas posteriormente os autos foram encaminhados à Consultoria Jurídica do Ministério CONJUR/MP, que constatou não haver no processo manifestação do Órgão Central da SPU sobre o assunto, apesar de imprescindível, recomendando o envio do feito àquela Secretaria, a qual se manifestou pela legalidade e conveniência da cessão em tela. Assim, após a devolução dos autos à CONJUR/MP, a análise ressaltou que a manifestação daquela Pasta antes da publicação da Portaria autorizativa de cessão, e não posteriormente como foi realizado, revela-se mais seguro e eficaz aos interesses da União. Por fim, após tal análise, a cessão da área foi concretizada por meio de contrato de CDRU, firmado em 23/03/2011. Nesse processo, assim como no caso de Riacho Fundo II 4ª Etapa, já analisado anteriormente, verificou-se que, apesar da Lei 8.666/93 possibilitar a dispensa de licitação, a Unidade poderia valer-se de procedimentos que garantissem uma maior impessoalidade na escolha da entidade a ser beneficiada. Entretanto, na destinação realizada em Ceilândia, verificou-se que a Superintendente do Patrimônio da União no Distrito Federal atendeu diretamente ao pleito da Cooperativa, sem permitir que outras entidades manifestassem interesse em desenvolver projeto habitacional na respectiva área. Mais ainda, constatou-se que a União sequer detinha posse de terreno que satisfizesse as características demandadas pela COOHREMAS e que, por isso, passou a articular com o Governo local no intuito de adquirir, por doação, o terreno futuramente concedido à entidade por meio de contrato de CDRU. Agrava a questão o fato de a manifestação do Órgão Central ter ocorrido posteriormente à publicação da portaria autorizativa, conforme identificado pela própria CONJUR/MP. 19

Causa: Utilização de modelo para destinação dos processos selecionados na amostra que não garantiu a possibilidade de manifestação de interesse de outras entidades, comprometendo a impessoalidade dos processos de escolha das cessionárias. Manifestação do Auditado: Questionada sobre o diagnóstico referente à destinação de Riacho Fundo II e sobre as eventuais medidas que teriam sido adotadas para assegurar a legitimidade no processo de escolha da entidade beneficiária do imóvel em Ceilândia, a SPU/MP, inicialmente, manifestou-se apenas quanto ao primeiro caso até a conclusão do relatório preliminar, conforme citado no item 1.1.1.10. Dentre as informações prestadas, a Unidade não se pronunciou sobre o procedimento utilizado para escolha da cessionária. Entretanto, relatou fragilidades no modelo no que se refere à representação das demais entidades beneficiárias pela AMMVS, bem como as medidas estruturantes adotadas. Conforme informado pelos gestores e descrito no passo a passo constante do item 1.1.1.1 deste relatório, o fluxo de ações atualmente sugerido pelo Órgão Central, para ser utilizado nas destinações ora em comento, prevê chamamento público para que as entidades habilitadas pelo MCidades manifestem interesse pelo imóvel para desenvolvimento de projeto habitacional. Tal convocação, atualmente, é realizada por meio de publicação de Portaria de Declaração de Interesse do Serviço Público PDISP no Diário Oficial da União. Adicionalmente, quando da análise do relatório preliminar, a SPU informou um aprimoramento e uma padronização, por meio da Portaria nº 292, de 14/10/2013, dos procedimentos que as Superintendências devem passar a adotar quando realizarem chamamento público. Este instrumento definiu regras relativas ao conteúdo da cartaproposta a ser entregue pelas entidades, vinculação da seleção ao Programa Minha Casa, Minha Vida Entidades, critérios de desempate para os casos em que houver mais de uma entidade interessada, prazo para manifestação de interesse, dentre outros. No tocante à escolha das entidades nos casos concretos abordados pela equipe de auditoria, a Unidade informou que os processos seguiram as regras vigentes à época das destinações. Especificamente no que se refere à destinação de área da União em Riacho Fundo II 4ª Etapa, relatou que foi adotado o processo de seleção promovido pelo Ministério das Cidades e que, apesar de a destinação ter sido feita diretamente à AMMVS, esta representava a Coalizão Pela Moradia Popular, instituto criado pelas próprias entidades. Adicionalmente, a Unidade citou entidades ligadas à Coalizão que representavam os interesses da população organizada no tema moradia, tanto no âmbito nacional quanto no Distrito Federal. Por fim, quanto ao caso específico de destinação da área em Ceilândia à COOHREMAS a Secretaria se restringiu a acrescentar a informação de que a entidade solicitou a área à SPU em período anterior à instituição de GTE/DF que ocorreu em 25/08/2009. Análise do Controle Interno: No que se refere à manifestação dos gestores quanto aos casos concretos analisados, em relação a destinação de Riacho Fundo II 4ª Etapa realizada diretamente à AMMVS, a SPU afirmou que as entidades ligadas a Coalizão representavam a 20