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Em busca do fôlego perdido Distante dos tempos áureos de crescimento Em 2012, o etanol enfrentou safra ruim e preços elevados, em meio a uma crise que se arrasta desde 2008. Por causa disso, motoristas que rodam maior quilometragem tornaram a utilizar o GNV acentuado, o GNV segue amargando dados negativos, após o aumento dos preços e as reversões nas conversões registrados nos últimos anos. Segundo números da Abegás, as vendas do insumo apresentaram retração de 1,5% (caindo de 5.403 mil m3/ dia para 5.320 mil m3/dia). A boa notícia é que o ritmo de retração desacelerou. Desde 2009, o segmento acumula índices negativos: em 2008, por exemplo, as vendas diárias do combustível batiam 6.633 mil m 3, e caíram para 5.770 mil m 3 no ano seguinte. Em 2010, o volume encolheu para 5.499 mil m 3 e, em 2011, chegou a 5.403 mil m 3. Ou seja, apesar de o setor ainda registrar números negativos, aos poucos, o ritmo de queda vem se reduzindo. Uma das razões para isso é o fato de que este também não foi um ano favorável ao principal concorrente do GNV, o etanol, que enfrentou ma melhoria sendo registrada somente de setembro a novembro. O Rio de Janeiro segue ostentando a maior frota do país, com mais de 817 mil veículos. No estado fluminense, além dos incentivos do governo para utilização de veículos movidos a GNV (redução de 75% do em 2012 uma safra ruim e preços IPVA), foram realizadas campanhas de 7.1 conversões estímulo para promover as vendas do elevados, em meio a uma crise que se Em unidades combustível, o que resultou em preços arrasta desde 2008. Por causa disso, 41.484 mais interessantes. Vale destacar que motoristas que rodam maior quilometragem (caso de frotas de táxis, por o Rio de Janeiro dispõe das maiores 33.345 reservas conhecidas de gás natural do exemplo) tornaram a utilizar o GNV. Na verdade, quem já tem veículo pronto para usar gás natural voltou a flertar com o combustível. O mau desempenho do etanol, entretanto, ainda não foi suficiente para trazer fôlego extra às conversões de novos automóveis. Em 2012, o número de conversões 2011 2012 Brasil, e o governo do estado recebe royalties pela venda do gás. Sendo assim, é natural que as políticas públicas estimulem o consumo. São Paulo tem a segunda maior frota, com mais de 387 mil unidades. Em todo o Brasil, há quase 1,8 milhão de veículos rodando no país diminuiu 20%, com algu- com GNV, de acordo com dados do IBP. Fonte: IBP Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2013 53
gnv Postos revendedores fechados As concessionárias de gás, de modo geral, adotaram medidas para estimular a venda do produto, lançando campanhas de marketing com o intuito de conquistar novos clientes. As ações, entretanto, não foram suficientes para trazer novo ânimo ao mercado, como comprova a redução no número de postos revendedores de gás veicular. Em dezembro de 2011, o país contabilizava 1.725 revendas que comercializavam GNV; em 2012, houve queda para 1.701. Várias razões estão por trás desse número: há casos em que o empresário desistiu de trabalhar com o produto, por causa do alto custo e baixo consumo; em outro, ocorre o fim de contrato por inadimplência da empresa; e existem, também, postos que recebiam o gás por meio dos chamados gasodutos virtuais (quando o gás é comprimido, entregue por carretas, e não pela rede de dutos), cujo custo elevado inviabilizava a operação. 7.2 postos GNV por estado RR AP 2011 = 85 2012 = 67 AC AM 2011 = 2 2012 = 2 RO PA TO MA PI 2011 = 1 2012 = 2 CE RN PB PE AL SE 2011 = 63 2012 = 64 2011 = 45 2012 = 45 2011 = 75 2012 = 73 2011 = 09 2012 = 10 MT 2011 = 8 2012 = 6 2011 = 38 2012 = 39 MS RS GO 2011 = 3 2012 = 4 PR SC SP DF MG 2011 = 78 2012 = 75 RJ 2011 = 400 2012 = 369 2011 = 132 2012 = 136 BA ES 2011 = 70 2012 = 72 2011 = 537 2012 = 545 2011 = 29 2012 = 38 2011 = 36 2012 = 36 2011 = 34 2012 = 35 TOTAL: 2011 = 1.725 2012 = 1.701 2011 = 80 2012 = 83 Nota: Os dados de 2012 são referentes ao mês de outubro. Fonte: IBP 54 Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2013
A dieta das margens Na média nacional, os preços do GNV se mantiveram estáveis, com pequena elevação a partir de abril, em função do reajuste dos valores do gás. O preço do combustível é baseado nos valores do dólar norte- -americano e em uma cesta de óleos combustíveis derivados do barril de petróleo. Quando o câmbio se desvaloriza, ou quando o petróleo sobe, o preço final do mix de suprimento sofre reajuste, determinado pelas agências reguladoras do setor. A variação média do preço das distribuidoras ficou em 8%, e a da revenda, em 7%, ou seja, os postos reduziram suas margens para tentar atrair o consumidor. E não se trata de uma ação isolada. Com exceção da comparação 2010/2011, quando não houve oscilação nos dois segmentos, desde 2006, a revenda tem absorvido parte da alta repassada pelas distribuidoras. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2010, a margem média da revenda no GNV era de R$ 0,426 por metro cúbico e em dezembro de 2012, de R$ 0,407. A elevação de preços em abril de 2012, no entanto, não chegou a desestimular o consumo, já que os combustíveis líquidos (especialmente o etanol) também não se mostravam tão vantajosos no período. Em abril, quando houve a elevação, o preço médio nacional do GNV no posto revendedor era de R$ 1,694, enquanto o etanol custava R$ 1,986 por litro e a gasolina, R$ 2,742. No mês seguinte, o GNV passou a R$ 1,711, o etanol ficou em R$ 1,967 e a gasolina, em R$ 2,737. O preço do etanol só voltou a cair em agosto e o da gasolina se manteve estável até dezembro. No início do segundo semestre, algumas concessionárias de gás e postos 7.3 PREÇOS MÉDIOS NO DOWNSTREAM PREÇOS MÉDIOS NO DOWNSTREAM 2,5 2,0 2,5 1,5 2,0 1,0 1,5 1,0 Distribuidoras Postos Fonte: ANP Em R$/m3 7.4 0,6 margem média MARGEM da MÉDIA revenda DA REVENDA Em R$/m3 0,6 0,4 0,3 0,4 0,2 0,3 0,1 0,2 0,1 Fonte: ANP PREÇOS MÉDIOS NO DOWNSTREAM revendedores do produto perceberam, inclusive, um aumento da demanda. As margens dos revendedores acompanharam este movimento e alcançaram seus maiores picos entre os meses de maio e julho de 2012, voltando a cair a partir de setembro. A maior margem do ano foi observada em junho, com média de R$ 0,432/m 3 que, aliás, foi a melhor margem do setor desde fevereiro de 2010, quando ficou em R$ 0,443. Distribuidoras Postos MARGEM MÉDIA DA REVENDA Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2013 55
gnv Gás industrial Quase 50% do gás natural consumido no Brasil tem como destino a indústria. O GNV responde por menos de 10% do consumo total, mas é o terceiro maior destino do insumo. A vice- liderança fica por conta da geração de eletricidade, cuja demanda está atrelada ao volume de chuvas nos reservatórios das hidrelétricas. Em 2012, o GNV consumiu 5.320 mil m 3 /dia, quantidade 1,5% menor do que a registrada em 2011 (de 5.403 mil m 3 /dia). O mercado com maior incremento do uso de gás natural foi o de geração de eletricidade, com um crescimento da ordem de 101,20% em relação ao ano anterior. 7.5 COMERCIALIZAÇÃO DE GÁS NATURAL PELAS CONCESSIONÁRIAS ESTADUAIS (Em 1.000 m 3 / dia) 2011 2012 Automotivo 5.403 5.320 Industrial 28.853 28.415 Residencial 870 919 Comercial 682 718 Geração de Eletricidade 7.945 15.984 Cogeração 2.994 2.924 Outros 908 2.738 Total 47.656 57.018 Fonte: Abegás RR AP AM PA MA CE RN AC RO TO PI PB PE AL SE MT BA 7.6 ALÍQUOTAS DE ICMS GO DF 25% 18% 17% 12% MS PR SP MG RJ ES Fonte: Fecombustíveis SC RS 56 Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2013
Campanhas tentam alavancar consumo Desde 2011, várias campanhas foram promovidas pelas concessionárias de gás com o intuito de divulgar os benefícios e o rendimento do GNV, além de abordar as vantagens ambientais do produto, sua segurança e o fato de ser um combustível que não pode ser adulterado. Em algumas regiões, parcerias com oficinas convertedoras trouxeram também a redução dos valores dos kits de conversão. Tudo para tentar recuperar o fôlego do setor. Confira, a seguir, algumas ações: Em São Paulo, a Comgás promoveu, em outubro, a redução do preço do kit de conversão, em parceria com as oficinas instaladoras que integram o Projeto 10 e os fabricantes de sistemas de GNV. Além da diminuição do valor do kit, a concessionária ofereceu um bônus aos taxistas de R$ 500 (a validade da campanha foi até 8 de dezembro). No Rio de Janeiro, que lidera os índices de conversão de veículos, a CEG e a CEG-Rio diminuíram em 5% o valor cobrado pelo GNV aos postos de todo o estado, nos meses de março e abril. A redução no preço foi de R$ 5 por metro cúbico. A Copergás, de Pernambuco, retomou em 2012 a campanha Pit Stop, em parceria com o Sindicombustíveis e a Associação dos Instaladores, oferecendo um bônus para os motoristas que instalassem o kit de conversão em seu veículo. No Rio Grande do Sul, a Sulgás firmou parcerias com redes de financiamento (como o Banrisul), para conceder linhas de crédito destinadas à conversão de veículos. Mais gás em São Paulo No final de agosto, o BNDES liberou R$ 1,135 bilhão para a Comgás, principal concessionária que atua no estado paulista e maior distribuidora de gás natural canalizado do país. Os recursos representam 56% do valor total dos investimentos previstos para o período e serão usados na expansão da rede de distribuição de gás natural, entre 2012 e 2014. O projeto inclui a construção de mais 27 quilômetros de gasodutos para fechar o anel metropolitano de São Paulo. Segundo a Comgás, o foco principal da expansão são os clientes residenciais e industriais. Porém, uma vez construída a rede de distribuição, é mais fácil fazer a capilarização para eventuais clientes interessados, ou mesmo para outros mercados (caso dos postos de combustíveis). Cerca de um mês antes, em julho, outra concessionária que atua no estado, a Gás Natural Fenosa, também se comprometeu junto à Arsesp a promover investimentos para expansão de sua rede. Como a empresa não cumpriu a totalidade dos investimentos previstos para o ciclo anterior (de 2005 a 2010) em relação à expansão da infraestrutura, a Arsesp rebaixou sua margem média de lucro para o ciclo atual (2010 a 2015) e determinou que o grupo invista R$ 175,5 milhões para ampliação da rede. A empresa assinou, inclusive, um TAC, reafirmando a data prevista de distribuição do gás natural canalizado, via tubulação, para a região sudoeste do estado de São Paulo (cidade de Itapetininga), até dezembro de 2013. Fique de olho a Com a elevação de preços da gasolina e do etanol, o GNV tende a se manter competitivo. Os especialistas do setor acreditam em um crescimento lento, da ordem de 3% a 4% ao ano, dependendo dos estímulos e das campanhas de incentivo voltadas ao consumidor; a De acordo com dados da ANP, o Brasil tem reservas em áreas terrestres suficientes para elevar a oferta do combustível em 360% na próxima década. A oferta nacional de gás natural pode saltar dos atuais 65 milhões de m 3 por dia para cerca de 300 milhões de m 3 por dia, entre 2025 e 2027. Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2013 57