ANÁLISE COMPARATIVA DOS CUSTOS DO MANEJO FLORESTAL E DA EXPLORAÇÃO SELETIVA ILEGAL: UM ESTUDO NA FAZENDA VALÉRIO NETO EM NOVO PROGRESSO-PA



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Transcrição:

ANÁLISE COMPARATIVA DOS CUSTOS DO MANEJO FLORESTAL E DA EXPLORAÇÃO SELETIVA ILEGAL: UM ESTUDO NA FAZENDA VALÉRIO NETO EM NOVO PROGRESSO-PA Silvia Fraga de Souza (UNEMAT) silviafragasouza@hotmail.com CLECI GRZEBIELUCKAS (UNEMAT) cleci@unemat.br Este estudo tem como objetivo fazer uma análise comparativa dos custos do manejo florestal e da exploração seletiva ilegal. Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória e descritiva e utilizou como ferramentas de coletas entrevistas, rroteiros estruturados e documentos. O estudo foi realizado na Fazenda Valério Neto, de propriedade do Sr. José Leocir Finatto Valério Neto no município de Novo Progresso - PA. A propriedade possui o primeiro Projeto de Manejo Florestal aprovado no Brasil de acordo com a Lei 11.824/2006. A análise comparativa dos custos mostrou que a madeira manejada gera um custo de R$137,63 (cento e trinta e sete reais e sessenta e três centavos) por m3, enquanto que o custo da exploração ilegal foi de R$ 95,00 (noventa e cinco reais) por m3. Contudo, o valor de venda comercial da madeira manejada é de R$ 309,41(trezentos e nove reais e quarenta e um centavos) e a de origem ilegal R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais). Embora o custo do manejo florestal seja superior ao da exploração ilegal em R$42,63, o preço de venda da madeira manejada supera R$159,41 indicando que o sistema de manejo florestal é viável do ponto de vista econômico e ambiental. Palavras-chaves: Manejo Florestal Sustentável, Preservação, Sustentabilidade

1 INTRODUÇÃO A atividade madeireira tem importância crescente na economia regional da Amazônia, representando em torno de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia. Em 1998 a renda bruta do setor foi estimada em US$ 2,2 bilhões e a receita líquida em aproximadamente US$ 440 milhões gerando cerca de 500.000 empregos diretos e indiretos (VERÍSSIMO; LIMA, 1998). A Amazônia tem recursos florestais imensos abrigando um terço das florestas tropicais do mundo, produzindo 75% da madeira em tora do Brasil. As exportações ainda são modestas (em torno de 4% do comércio global de madeiras tropicais), mas devem crescer com a exaustão das florestas asiáticas (AMARAL et al, 1998). Amaral (2006) descreve que as práticas de exploração madeireira na Amazônia podem ser caracterizadas como garimpagem florestal já os madeireiros entram na floresta para retirar apenas as espécies de alto valor. Em seguida, em intervalos cada vez menores, retornam à mesma área para retirar o restante das árvores de valor econômico. E o resultado disso é uma floresta com grandes clareiras e dúzias de árvores danificadas. Tais condições facilitam a entrada e a propagação do fogo, aumentam as espécies sem valor comercial e dificultam a regeneração de espécies madeireiras. A dinâmica da exploração não manejada favorece a ocupação desordenada da região. Nas áreas de fronteira, são os madeireiros que constroem estradas sem planejamento e mantém estradas de acesso às florestas, o que geralmente conduz à colonização espontânea por pequenos agricultores e, em alguns casos, invasão de unidades de conservação e terras indígenas. Sabogal (2006) sugere que uma das alternativas para solucionar este problema, é a exploração madeireira praticada através do manejo florestal, tipo de exploração que assegura a manutenção da floresta evitando a destruição predatória e a degradação do bioma. A adoção do manejo possibilita a manutenção da estrutura e composição de espécies da floresta enquanto gera benefícios sociais e econômicos (HOLMES, et. al. 2001). A extração florestal pode ser realizada de forma menos impactante, desde que existam políticas adequadas promovendo o manejo sustentável, mecanismos e instrumentos que possibilitem o controle e monitoramento eficazes (FUNATURA/ITTO/IBAMA, 1995). Grande parte da extração madeireira é de origem não-sustentável e predatória (HUMMEL, 1997). Assim, dada a crescente pressão sobre a floresta pela demanda nacional e internacional por madeiras para uso industrial, e a ameaça que isso representa para a conservação das florestas, em 2006 foi criada a Lei 11.284 de Gestão de Florestas com intuito de fortalecer a preservação da floresta na prática. Contudo, pouco se sabe quais os custos que envolvem o sistema de manejo florestal sustentável, neste sentido, este estudo tem como objetivo fazer uma análise comparativa dos custos do manejo florestal e da exploração seletiva ilegal na Fazenda Valério Neto em Novo Progresso PA uma das primeiras a adotar o sistema de manejo florestal sustentável no país. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A Lei N 11.284, de 2 de março de 2006 dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF) e em seu artigo 2o constitui princípios da gestão de florestas públicas que segue o seguinte: I - a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores culturais associados, bem como do patrimônio público; 2

II - o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País; III - o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação; IV - a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de empreendedores locais e da mão-de-obra regional; V - o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de florestas públicas, nos termos da Lei no 10.650, de 16 de abril de 2003; VI - a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacionada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas; VII - o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos florestais; VIII - a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas. Com base nesta Lei foram criadas diversas reservas florestais de manejo e uso sustentável das florestas. A maior parte destas reservas estão concentradas na Floresta Amazônica representando 92% do total. As florestas públicas do Brasil inseridas no Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP) até 2009 compreendem 239 milhões de hectares, o que representa cerca de 28% do território nacional 212 milhões de hectares de florestas federais (89%) e aproximadamente 27 milhões de hectares de florestas estaduais (11%) (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2009). 2.1 O setor florestal na Amazônia Na Amazônia brasileira, o setor madeireiro consumiu 24,5milhões de metros cúbicos de madeira em tora em 2004 (LENTINI et al. 2005). A região é a segunda maior produtora mundial de madeira tropical, perdendo apenas para Indonésia (FAO, 2005). A exploração madeireira é um dos principais usos da terra na Amazônia e gera uma renda bruta anual de US$ 2,3 bilhões (LENTINI et al. 2005). Apesar dos bons indicadores econômicos, ainda persistem problemas estruturais no setor madeireiro. Do ponto de vista social, os 380 mil empregos gerados por esse são em geral de baixa qualidade, 60% da exploração da região é feita por terceiros. Essa terceirização tem gerado maior informalidade e, em muitos casos, maior ilegalidade na exploração florestal. Além disso, os conflitos agrários com as comunidades tradicionais tem sido crescente. Em grande parte, esses conflitos são provocados por fazendeiros ou madeireiros ilegais (COMISSÃO PASTORAL DA TERRA, 2005). Embora o manejo tenha avançado na Amazônia, a maioria (62%) da exploração ainda é realizada de forma predatória. Os 38% restantes da produção de madeira provêm de Planos de 3

Manejo Florestal Sustentável, contudo, tais operações demonstram um baixo nível de adoção das práticas de manejo florestal (IBAMA 2005, LENTINI et al. 2005). Atualmente, o setor madeireiro na Amazônia brasileira é caracterizado por uma situação paradoxal. De um lado, o setor sofreu a maior crise da história com o cancelamento de centenas de Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), principalmente por problemas fundiários e burocráticos e atraso na aprovação dos planos de manejo. Esta crise representa graves consequências socioeconômicas para a região. Por outro lado, a aprovação do Projeto de Lei de Gestão de Florestas Públicas oferece uma oportunidade para uma reforma ampla no setor madeireiro e um estímulo à adoção do manejo florestal. 2.2 Conceitos sobre Manejo Florestal Para a Agência de Florestas e Negócios Sustentáveis do Amazonas (2011) o manejo florestal é originário do antigo continente europeu, no século XIX, o ordenamento florestal estava ligado às práticas silviculturais aplicadas nos povoamentos florestais, incluindo os seus aspectos financeiros e organizacionais, visando à produção de madeiras. Na segunda metade do século XIX, o ordenamento foi levado pelos europeus para a Ásia numa tentativa de adaptá-lo às florestas tropicais. No início do século passado, o ordenamento foi introduzido na África, somente chegando à América na década de 40. No entanto, apenas no início dos anos 90 é que os planos de manejo florestal na Amazônia passaram a serem implementados. O desenvolvimento das técnicas de exploração e condução da floresta, sensoriamento remoto, tecnologia de produtos florestais e capacidade de armazenamento e processamento de informações possibilitaram a consolidação do Manejo Florestal em florestas tropicais. O manejo de bacias hidrográficas, o lazer, a educação ambiental e a conservação da fauna (silvestre) e da flora (madeireiro e não madeireiro) passaram a ser parte do manejo florestal, ampliando o conceito de uso múltiplo (AFNSA, 2011). O termo manejo florestal possui várias implicações. Por exemplo, manejo florestal é um tipo de exploração madeireira realizada de forma planejada. Ou seja, ao contrário da exploração convencional, o manejo aplica atividades de planejamento a fim de assegurar a manutenção da floresta para outro ciclo de corte (SABOGAL, 2006). O manejo florestal sustentável é definido como a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não-madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS, 2005). Segundo a Lei 4.776 de 2005, o manejo florestal sustentável, inclui adicionalmente atividades para assegurar a compatibilidade social do uso florestal. Além dos termos técnicos, há conceitos legais como Plano de Manejo Florestal Sustentável e certificação que dependem da aprovação de uma auditoria externa realizada por organizações governamentais no caso de Plano de Manejo Florestal Sustentável ou não governamental no caso da certificação. O IBAMA, por exemplo, aprova a legalidade do uso, inclusive o cumprimento das normas técnicas definidas, que atualmente correspondem à exploração planejada. O Conselho de Manejo Florestal aprova o cumprimento de seus próprios princípios, que estão relacionados ao conceito de manejo florestal sustentável. Muitas vezes, um objetivo principal das empresas é alcançar a certificação por meio da aplicação das técnicas de Exploração de Impacto Reduzido, contudo, a certificação também 4

engloba aspectos sociais. Segundo Barreto (1998), existe certa superioridade técnica e melhor rentabilidade das práticas de manejo florestal em comparação à exploração sem planejamento. As boas práticas de manejo florestal requerem um planejamento detalhado da exploração, o que resulta em maiores investimentos em mão-de-obra. Porém, estes custos adicionais são compensados pela diminuição de desperdícios e menores danos ambientais (recuperação mais rápida das florestas) (BARRETO et al. 1998, AMARAL et al. 1998, HOLMES et al. 2000). 2.3 A exploração madeireira legal na Amazônia A madeira em tora explorada na Amazônia pode ser adquirida legalmente pelas empresas madeireiras por meio de Planos de Manejo Florestal Sustentável ou Autorizações de Desmatamento. Segundo o Código Florestal a Lei 4771/1965, modificada pela Lei 7.803/1989, complementado pela Medida Provisória 2.166-65/2001, o desmatamento está restrito a 20% da área das propriedades rurais localizadas na Amazônia Legal (exceto para as áreas de cerrado situadas nessa região). Em 2004 o IBAMA autorizou a exploração de cerca de 9,4 milhões de metros cúbicos de madeira em tora (38% do consumo total da região) por meio de Planos de Manejo Florestais Sustentáveis, o que corresponde a 3,2 milhões de hectares de florestas manejadas aprovadas, dos quais 40% eram certificados pelo Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council) (BRASIL 2005). O restante da madeira em tora produzida na região (10,4 milhões de metros cúbicos) grande parte está sendo explorada ilegalmente principalmente nas terras devolutas,unidades de Conservação ou mesmo de áreas privadas para o posterior estabelecimento de atividades agropecuárias (LENTINI, 2005). A maioria dos PMFS existentes na Amazônia surgiu devido às exigências legais e normativas e o restante por causa da pressão de mercado quanto às exigências da certificação florestal. Entretanto, a qualidade das operações manejadas na região era baixa. Em 1995, um levantamento conduzido por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental (SILVA et al. 1997) já alertava para a implantação pouco efetiva de técnicas adequadas nas operações aprovadas pelo IBAMA. A Instrução Normativa do IBAMA n 4 2002 é o principal instrumento regulador do manejo florestal na Amazônia. Até o final de 2005, novas regras estavam sendo discutidas pelo Ministério do Meio Ambiente, IBAMA e diversos setores da área florestal. A instrução procura diminuir o tempo de transação do manejo regulado em até 60 dias para a aprovação do Plano de Manejo Florestal Sustentável, no entanto, na prática, esse prazo não tem sido aplicado, uma vez que este período pode chegar até a oito (08) meses, (Pesquisa de campo). De acordo com esse instrumento, as práticas obrigatórias de manejo são: (i) inventário 100%; (ii) delimitação da Área de Manejo Florestal(AMF) e das Unidades de Proteção Anual; (iii) planejamento de estradas e ramais de arraste; (iv) corte planejado; (v) arraste controlado; (vi) monitoramento do crescimento da floresta; e (vii) manutenção da infra estrutura. Regras complementares mais recentes transferem grande parte da responsabilidade da condução dos Planos de Manejo Florestais Sustentáveis aos engenheiros florestais. Esses engenheiros, responsáveis pela elaboração dos planos, devem apresentar ao IBAMA uma declaração do seu acompanhamento e avaliação (IBAMA, 2002). 2.4 Benefícios de manejar florestas Amaral (1998) descreve que principal razão do manejo florestal está na continuidade da produção, uma vez que este garante produção de madeira na área indefinidamente, e requer a metade do tempo necessário na exploração não manejada. A Agência de Florestas e Negócios Sustentáveis do Amazonas (2011), afirma que o desenvolvimento de técnicas de manejo florestal garante a manutenção da exploração e produção de madeira nas áreas e proporciona maior vida útil à terra processada, cerca da metade do tempo demandado pela exploração não manejada. Amaral (1998) cita que a rentabilidade também faz parte destes aspectos, pois os 5

benefícios econômicos do manejo superam os custos através do aumento da produtividade do trabalho e da redução dos desperdícios de madeira. Ao encontro disso a Agência de Florestas e Negócios Sustentáveis do Amazonas (2011) ressalta que os benefícios econômicos do manejo superam os custos devido o aumento da produtividade e da redução dos desperdícios de madeira. A segurança no trabalho também aumenta através da utilização das técnicas de manejo, diminuindo os riscos de acidentes. No Projeto Piloto de Manejo Florestal (Imazon/WWF), os riscos de acidentes durante o corte na operação manejada foram 17 vezes menores se comparado às situações de perigo na exploração predatória (AMARAL, 1998). Apesar de ainda ser praticada em pequena escala, o manejo florestal é obrigatório. As empresas que não o fazem estão sujeitas a diversas penas. Embora, a ação fiscalizatória tenha sido pouca efetiva até o momento, é certo que essa situação vai mudar. Recentemente, tem aumentado as pressões da sociedade para que as leis ambientais e florestais sejam cumpridas (AMARAL, 1998). Com a adoção dos planos de manejo, as empresas e produtores podem obter um certificado com "selo verde" cada vez mais exigido pelos grandes compradores de madeira, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. As empresas que provam a autenticidade da origem manejada de sua madeira podem ter maiores facilidades de comercialização no mercado internacional (AGÊNCIA DE FLORESTAS E NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS DO AMAZONAS, 2011). Além dos benefícios comerciais, a prática do manejo sustentável garante a conservação de espécies animais e vegetais prolongando a vida útil das áreas exploradas, contribuindo assim para o equilíbrio do clima regional e global, especialmente pela manutenção do ciclo hidrológico e retenção de carbono (AGÊNCIA DE FLORESTAS E NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS DO AMAZONAS, 2011). O manejo da floresta garante ainda a cobertura florestal da área, retém a maior parte da diversidade vegetal original e pode ter impactos pequenos sobre a fauna, se comparado à exploração não manejada (AMARAL, 1998). 3 METODOLOGIA Esta pesquisa é de natureza exploratória e descritiva e utilizou como ferramentas de coletas entrevistas, roteiros estruturados e documentos. O estudo foi realizado na Fazenda Valério Neto, de propriedade do Sr. José Leocir Finatto Valério Neto no município de Novo Progresso - PA. A propriedade possui o primeiro Projeto de Manejo Florestal aprovado no Brasil de acordo com a Lei 11.824/2006. As entrevistas foram realizadas diretamente como o proprietário da Fazenda. Através de informações contidas no projeto, como também por questionamentos realizados ao proprietário, Sr. José Leocir Finatto Valério Neto, pode-se levantar elementos que demonstram um comparativo entre os custos envolvidos para exploração manejada e extração ilegal e também apresentar os benefícios do manejo florestal, bem como as penalidades para os que não o executam. A abordagem do problema foi classificada como qualitativa e objetivou entender as possíveis causas da exploração das florestas de maneira insustentável e ilegal, bem como a exploração florestal pelo sistema de manejo sustentável. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Em de 2 de março de 2006 foi aprovada a Lei N 11.284, do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) que criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal 6

(FNDF). O primeiro projeto de manejo florestal aprovado através desta lei foi na fazenda Valério Neto do município de Novo Progresso/PA. De posse dos documentos apresentados ao Ministério de Meio Ambiente e Serviço Florestal Brasileiro foi celebrado o Contrato de Transição para continuidade de atividades de Manejo Florestal. A área manejada foi de 459 hectares e o proprietário teve três anos para executar o projeto de manejo. O corte da madeira foi feita por talhões onde a área foi dividida em três partes, a cada ano um talhão foi explorado, o detentor poderia extrair de 25 a 30 m³ por hectares, onde as árvores foram inventariadas, contadas e plaqueteadas identificando a localização das árvores que seriam extraídas, essas informações foram comunicadas ao Ministério de Meio Ambiente/Serviço Florestal Brasileiro, somente após a autorização desses órgãos é que se iniciaram os cortes da madeira. Na cláusula segunda do contrato de transição para continuidade de atividades de manejo florestal na Fazenda Valério Neto foi estipulado algumas obrigatoriedades ao Detentor do Plano de Manejo, Sr. José Leocir Finatto Valério Neto, dentre elas estão: recolher ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF) o valor estipulado no contrato de acordo com a tabela 2 por m³ extraído da floresta, declarar o volume de produto explorado, recolher os tributos federal (Funrural), estadual e municipal quando for o caso, neste específico não há recolhimento uma vez que a produção não saíra do estado e o documento fiscal emitido é nota fiscal do produtor rural. Apresentar as certidões, atos de registros, autorizações, prova de inscrição em cadastros de contribuintes, provas de regularidade fiscal, provas de situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei, inscrições em entidades ou associações profissionais, e quaisquer outros documentos ou atestados semelhantes, inclusive certidões de litígios relativos a possíveis débitos registrados solicitados pelo Ministério do Meio Ambiente, contratar todos os serviços necessários para o cumprimento do Plano de Manejo Florestal, entre outros. Estes custos estão apresentados na tabela 1. Tabela 1 Custos de implantação do Projeto de Manejo Florestal Sustentável na Fazenda Valério Neto em Novo Progresso/PA, dezembro de 2006 (Limite para liberação por hectares - 25 a 30 m³) Documentação necessária Preços por Hectare Documentos fundiários (títulos, CCIR, ITR, Certidões e Mapas) R$ 112,50 Levantamento de Campo - Inventário (I.F. 100%) R$ 50,00 Responsável técnico (Engenheiro) R$ 75,00 Infraestrutura (sede, alojamentos, estradas, pátio de estocagem) R$ 125,00 Sub Total R$ 362,50 Extração (corte, arraste, carregamento, transporte até a indústria) Corte R$ 250,00 Arraste R$ 875,00 Carregamento R$ 250,00 Transporte R$ 1.000,00 Matéria prima in natura de acordo com o contrato média R$ 703,25 Sub total R$ 3.078,25 Total R$ 3.440,75 De acordo com a tabela 1, os custos de implantação do projeto do manejo florestal sustentável atinge R$3.440,75/ha. Juntamente com estes custos, existe a obrigatoriedade de pagamento dos produtos florestais efetivamente explorados na Área de Manejo Florestal. As instruções e 7

o método de cálculo do valor a ser pago estão pré-definidos no projeto de manejo da propriedade. Estes custos estão listados na tabela 2. Tabela 2 Preços pagos por espécies florestais em m3 exploradas através do Plano de Manejo da Fazenda Valério Neto em Novo Progresso/PA, dezembro de 2006 Espécies da categoria A (madeira especial - Ex.: Cedro Rosa) R$ 60,00 Espécies da categoria B (madeiras nobres - Ex.: Ipê) R$ 30,00 Espécies da categoria C (madeiras vermelhas - Ex.: Angelim) R$ 15,00 Espécies da categoria D (madeiras brancas - Ex.: Amescla) R$ 7,50 Total R$ 112,00 O volume das espécies será equivalente ao volume explorado e transportado e será calculado em metros cúbicos de toras, com base no volume geométrico expresso nos Documentos de Origem Florestal (DOF). Para o cálculo do preço, considera-se o volume explorado e transportado no intervalo entre o primeiro e o último dia útil do mês anterior ao mês do pagamento. Assim o pagamento a ser efetuado até o 10 dia útil do mês de abril será calculado em função do volume explorado e transportado entre os dias 1 e 31 de março. Portanto, pode-se observar que o valor total a ser pago por m³ para exploração de madeira por meio do Projeto de Manejo Florestal Sustentável é a somatória dos custos com elaboração/implantação e os preços pagos de acordo com as espécies florestais exploradas e estes totalizaram R$3.572,75/ha. Por mais que a execução de um projeto de manejo sustentável envolva custos relevantes, a extração ilegal está susceptível a riscos que podem gerar consequências agudas a curto e longo prazo. Além disso, ao se avaliar as perspectivas do manejo florestal, é possível reduzir os danos da exploração de madeira. Veríssimo et al (1992) destaca que o planejamento da exploração permite evitar danos a 73/ha árvores com diâmetro acima de 10 centímetros, enquanto que com a exploração sem manejo são evitados danos apenas 16 árvores. As árvores salvas dos danos representam um aumento do estoque de árvores que poderão ser exploradas no futuro. Outro fator a ser levado em consideração são as sanções que podem ser aplicadas pelos órgãos fiscalizadores em propriedades onde ocorre a extração madeireira ilegal. O Decreto N 6.514, de 22 de julho de 2008, dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações (Tabela 3). Tabela 3 Simulação dos custos para extração seletiva ilegal na Fazenda Valério Neto em Novo Progresso/PA, dezembro de 2006. (Limite para liberação por hectares - 25 a 30 m³) Preços por Hectares Custos Infraestrutura (sede, alojamentos, estradas, pátio de estocagem) R$ 125,00 Corte R$ 250,00 Arraste R$ 875,00 Carregamento R$ 250,00 Transporte R$ 1.000,00 Multas pelo desmatamento da floresta R$ 5.000,00 Multa pela comercialização da madeira R$ 7.500,00 Total R$ 15.000,00 De acordo com a tabela 3 os custos da exploração madeireira se manejo e que incorrem em infrações são três vezes maiores do que pelo sistema de manejo sem contar a perda de 8

espécies. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções: advertência, multa simples, multa diária, apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração, destruição ou inutilização do produto, suspensão de venda e fabricação do produto, embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas, demolição de obra, suspensão parcial ou total das atividades; e restritiva de direitos. O valor da multa que trata o decreto N 6.514 é corrigido, periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). Os valores estabelecidos, quando não disposto de forma diferente, referem-se à multa simples e não impedem a aplicação cumulativa das demais sanções previstas. O Decreto N 1.182, de 6 de julho de 1994, define a técnica de manejo florestal como a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo. Assim, as informações contidas no decreto citado afirmam a vantagem custo/benefício obtida pela execução de um Projeto de Manejo Florestal Sustentável. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O manejo florestal sustentável é uma ação válida e necessária para continuidade econômica de pessoas dependentes desta atividade, como também preservação e recuperação dos biomas naturais. Alguns fatores limitantes para prática do manejo florestal como, demora na aprovação dos PMFS, competição desleal com madeira de origem predatória, altos investimentos necessários em equipamentos, falta de segurança fundiária, entre outros, devem ser discutidos, aperfeiçoados e principalmente colocados em prática. Mesmo diante deste cenário, a informação extraída neste estudo demonstra que a execução de forma correta de um bom Plano de Manejo Florestal Sustentável pode apresentar benefícios financeiros e ambientais a curto e longo prazo. É importante salientar que a adoção destas técnicas pode oferecer benefícios econômicos que superam os custos, através do aumento da produtividade do trabalho e da redução dos desperdícios de madeira. Em comparativo com os custos levantado da madeira manejada com a exploração seletiva ilegal pôde-se observar que o custo por m3 da madeira manejada totaliza R$137,63 (cento e trinta e sete reais e sessenta e três centavos) e a exploração ilegal R$ 95,00 (noventa e cinco reais). O valor de venda comercial de acordo com o detentor do projeto para a madeira manejada é de R$ 309,41(trezentos e nove reais e quarenta e um centavos) e a de origem ilegal R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais). Podemos assim concluir que a lucratividade da madeira manejada supera o da extração ilegal, e ainda garante matéria prima ao longo dos anos Este estudo possibilitou identificar os custos e benefícios na execução do projeto de manejo florestal sustentável, o qual serviu para ampliar a visão sobre a importância do manejo florestal sustentável. Contudo, sugere-se que outros estudos sejam realizados com outros projetos de manejo a fim de fazer uma analise comparativa e uma nova avaliação. REFERÊNCIAS AMARAL, P.; VERÍSSIMO, A.; BARRETO, P.; VIDAL, E. Floresta para Sempre: um Manual para Produção de Madeira na Amazônia. Belém: Imazon, 1998. pp 130. AFNSA - AGÊNCIA DE FLORESTAS E NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS DO AMAZONAS. Temas Florestais. 2001. 9

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