O CINEMA COMO INOVAÇÃO NA APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA



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Transcrição:

O CINEMA COMO INOVAÇÃO NA APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA *José Eugenberg de Oliveira Silva Universidade Estadual da Paraíba. Neste artigo estudaremos a relação entre cinema e historia, através da analise de Marc ferro e as implicações no uso dessa linguagem para o saber histórico, observando suas problemáticas no que diz respeito à produção, a produtora os tipos de abordagens, as ideologias e os interesses na realização dessa obra fílmica. A critica externa e interna; o surgimento do cinema e o estreitamento dos seus laços com o saber historiográfico. E como filme pode ser utilizado didaticamente nas escolas como meio para aprendizagem de um conhecimento que antes se fundamentava apenas em documento escrito. Bem como algumas observações para um bom uso do recurso do cinema como método de aquisição de conhecimento, com a finalidade de apresentar o filme como um documento histórico, que esta além de uma mera produção cinematográfica, na escola e no trabalho realizado juntamente com o Pibid.. Palavras chaves: Cinema; filme; ideologia; Pibid, história.

Introdução A origem do cinema data do final do século XIX teria aparecido na França com os irmãos Louis e Auguste Lumiere. Na primeira metade deste século já havia sido criada a fotografia por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce possibilitando que em seguida surgisse o cinema. Atualmente o cinema é considerado uma das sete grandes artes. As primeiras produções de cinema se baseavam em sequenciamento de imagens fotográficas que ganhavam movimento, porém a história mostra que orientais já projetavam sombras de diferentes figuras recortadas e manipuladas sobre a parede, um jogo de sombras, próprio do seu teatro de marionetes. Dando uma ideia também de movimento de produção cinematografia. Deste seu inicio o cinema usa de informações historiográfica para confecção do seu enredo, porem é somente a partir da década de 1970, que o cinema é encarado como meio de se estudar a historia graças a escola dos Annales da França. E os estudos de Marc Ferro. Marc Ferro aparece na literatura como grande figura no estudo da relação história e cinema. Analisando sua obra podemos perceber alguns pontos entre a produção do cinema a historiográfica. Conforme a analise de Ferro, as lentes das câmeras capturam algo determinado pelo produtor, ou se for o caso pelo estado que encomenda o filme. Mas mesmo o filme encomendado pelo estado não foge aos lapsos e as lacunas deixados por um determinado produtor. Esses lapsos deixados pelos filmes em relação a acontecimentos históricos é que abrem a possibilidade para a critica. Critica especializada que aponta os anacronismos, as falhas no enredo a ambientação e outros pontos da produção cinematográfica, principalmente o filme que se propõe a resgatar acontecimentos históricos. O uso do cinema para o estudo de história nos revela uma face obscura, porque são usados alguns textos de origem positivista na confecção do enredo. O enredo cinematográfico é produzido conforme o estudo de livros históricos, trabalho feito por pesquisadores especializados em história. No entanto alguns desses estudiosos são formados numa base metódica dita positivista da história, dessa forma os filmes reafirmam velhos clichês históricos, e também negligenciam personagens que foram importantes para aquela história em detrimento aos grandes personagens que aparecem nitidamente em algumas produções.

Como no filme coração valente, onde os personagens Wiliam Wallace teria um relacionamento amoroso com a princesa Isabelle. No entanto a princesa não estava presente nesse contesto, já que ela só entraria para a corte 1308, por isso ela e Wallace provavelmente nem teria se conhecido. Outra falha que ficou visível nas produções cinematográficas, foi no filme Pearl Harbor, esse filme retrata o ataque japonês a uma base americana na segunda guerra mundial. Esse ataque foi decisivo para entrada dos estados Unidos na guerra. Neste longa, o autor mostra uma cena em que o presidente dos E.U.A, se levanta de sua cadeira de rodas, algo impossível, além disso outro erro na indumentária da personagem Evelyn que traja um biquíni de duas partes. Nessa época o biquíni ainda não havia sido criado. Por isso o filme deve ser trabalhado através de uma leitura histórica do filme e não por uma leitura cinematográfica da história. Marc Ferro trabalha dois conceitos de produção cinematográfica: a leitura histórica do filme e a leitura cinematográfica da historia, ou seja, na primeira forma de leitura sobre a produção, o filme se desenvolve a luz do período em que foi produzido, ou seja, o filme através da história, já a leitura cinematográfica leva muito mais em consideração um discurso sobre o passado sem que haja um aprofundamento nas discursões sobre a sociedade da época e suas influencias no desenrolar das tramas que tem que ser concernente com a periodização estabelecida cronologicamente e todos os outros elementos que corroboram para a criação de uma imagem coerente com a história. As observações destas questões fazem com que os produtores realizem uma obra mais condizente com historiografia escrita e formal. Pois mesmo nas abordagens de filmes ditos históricos há lapsos como no filme Pearl Harbor e outros que não foram citados. Pois para Marc ferro todos os filmes retratam a historia, porem nem todos podem ser analisados cientificamente, por isso requer-se cuidados na analise dessas obras fílmicas no que diz respeito a sociedade a qual foi criada, visto que estes não conseguirão de maneira completa circuitos lógicos que retratem fatos ou movimentos que resgatem totalmente a história de uma sociedade, pois nem mesmo documentos escritos não farão tal retratação sem que haja contestação. O filme classificado histórico carrega em sim um caráter mais passível a contestação, pois estes se propõem a remontar algum fato com maior teor de historicidade, por isso sua produção tem uma maior responsabilidade na confecção de uma história coerente com outros tipos de documentos, e dos tipos de filmes que tem um proposito maior na dialética com

historiografia. Conforme o texto de Cristiane Nova baseado principalmente na obra de Marc Ferro. O método de investigação consiste simplificadamente, em buscar os elementos da realidade através da ficção. (FERRO, Marc) A realidade histórica através da ficção cinematográfica O cinema se utiliza de recursos típicos de sua arte para melhorar a estética e atrair mais expectadores, como os romances em meio ao contexto histórico, como no filme Pearl Harbor, isso acaba desviado a atenção do espectador para questões menos importantes no que diz respeito à apreensão do conhecimento historiográfico que é a proposta principal dos chamados filmes históricos, assim há o enfoque exagerado a essas questões fazem do filme histórico. Porem mesmo um filme ficcional pode ser analisado pelo historiador observando questões pertinentes a época como os filmes que tratam da mitologia grega. Hercules por exemplo retrata o universo grego em torno de um herói e semideus filho de Zeus que possuem força e poderes extraordinários, e mesmo observado que grande parte do enredo e das cenas fazem parte do universo mental grego, outras observações podem ser observadas com relação a essa sociedade; como a sua religiosidade politeísta e a ligação dos fenômenos naturais com a vontade dos deuses. Dessa forma um filme mesmo pautado no universo ficcional traz em si elementos importantes de uma determinada sociedade. Segundo outro estudioso da relação cinema história Siegfried Kracauer, este diz que se a sociedade exerce influencia sobre a produção cinematográfica, também ocorre o inverso o filme também reflete e exerce influencia sobre a sociedade que o assiste de forma que a ação entre espectador e filme é reciproca numa ação dialética. Principalmente no que diz respeito ao cinema comercial que visa atender a uma demande de expectadores ansiosos com o final do filme. Porém um filme em concernência com a história nem sempre vai atender a expectativa do publico, uma vez que por retratarem fatos históricos o seu desfecho em alguns casos será trágico, algo que desagrada a uma parcela do publico que não tem um conhecimento historiográfico que os possa fazer perceber que nem todos os filmes históricos acabaram com um final feliz ; e também filmes que criam uma dicotomia, como os filmes americanos de guerras, nos quais os americanos sempre aparecem como os mocinhos e os seus adversários como vilões terroristas e criminosos filmes como a serie de filmes Rambo, estrelados por Silvester Stallone.

É nesse contexto que entra o professor de história, que deve fazer um relato prévio baseado na historiografia escrita, para que os seus expectadores, no caso alunos, percebam que o filme é uma produção coletiva que atende uma serie de interesses que estão por trás de sua produção. No entanto esse estudo prévio se restringe ao âmbito da escola ou universidade. Para uma escala mais geral cabe ao produtor perceber onde a sua obra esta coerente ou não com a historiografia. É ao publico que assiste ao filme que é um produto que não deve ser consumido passivamente. Como defendia o estudioso Michel Certeau em seu livro: A Invenção do Cotidiano: Na realidade, diante de uma produção racionalizada, expansionista, centralizada, espetacular e barulhenta, se posta uma produção de tipo totalmente diverso, qualificada como consumo, que tem como característica suas astucias, seu esfarelamento em conformidade com as ocasiões, suas piratarias, suas clandestinidade, seu murmúrio incansável, em suma, uma quase invisibilidade, pois ela quase não se faz notar por produtos próprios (onde teria o seu lugar?), mas por uma arte de utilizar daquele que lhe são impostos (CERTEAU, 1997) A produção cinematográfica como outro produto é consumida de forma que o resultado que o autor, diretor nem sempre espera. Isso abre um leque muito interessante para se construir uma critica a respeito do produto, porque o expectador faz outras interpretações daquele tipo de historia que se quis passar, interpretação nem sempre correta visto que a cerne do filme que se pretendeu mostrar foi outra. No entanto essa diversidade de interpretação é assertiva quando observa lacunas e até mesmo erros de produção que passaram despercebidos pelos idealizadores do filme. A critica externa e critica interna Na analise da obra fílmica, diversos textos especializados apontam para observação de determinados pontos: resgatar a cronologia da produção do filme para se evitar anacronismos; verificar as alterações realizadas pela censura, como produções realizadas durante regimes totalitários e ditaduras militares; quem são os financiadores do filme e sua interferência na produção; a equipe técnica; a biografia dos produtores, levantando a sua classe social. Após a critica externa, faz-se necessário a critica interna, nessa analise observa-se os seguintes pontos: a escolha do produtor ou produtores; depois deve-se buscar no conteúdo

filme tudo aquilo que coloca de forma explicita, seja nos gestos nas indumentárias, nos gestos no enredo e no sentido mais geral. Posteriormente deve-se atentar para o que está esta posto de maneira implícita, ou seja, todo conteúdo que esta nas entrelinhas, tudo aquilo que o autor queria que passasse para o publico mas que não foi possível, devido a censura, classificação ou outros entraves. No entanto um bom observador perceberá a ideia que ficou oculta, mas que é de grande valia para o desenrolar da trama. Existe ainda uma terceira etapa na analise do filme, que é a descoberta dos elementos inconscientes, ou seja, tudo aquilo que escapou a atenção ou ultrapassou as intensões do seu produtor. É nessa etapa que a ideologia deve ser percebida, visto que nessa etapa que ultrapassa as intensões percebidas na critica externa e interna, e busca-se a formação de uma ideologia que só se cristaliza quando começa a fazer parte daquele universo que costuma chamar de normal. A quarta etapa apontada pelo texto de Cristiane Nova, é comparação do conteúdo aprendido no filme com os conhecimentos histórico-sociológicos no que se refere à sociedade que o produziu, além de compará-los com outros filmes de cunho historiográfico. Os documentários Um tipo de filme muito usado para reproduzir recortes de historia é o documentário, esse tipo de filme é muito usado por profissionais da educação como recurso para o estudo, principalmente da historiografia, no entanto existem documentários sobre os mais diversos ramos da ciência seja ela humana exatas biológicas, em fim sobre todas as áreas do conhecimento. O documentário carrega um caráter de objetividade e neutralidade bem acima de outros filmes. Isso cria a ideia de que o documentário é mais fidedigno com a realidade histórica que se pretende criar em relação a determinado contexto histórico, como se o documentário não tivesse influencia de quem o produz e que esse não pudesse ser passível a falsificação e manipulação. A falsificação das imagens nos documentários, durante o século XX, foi um instrumento de manipulação bastante utilizado, sobretudo nos contextos bélicos. Durante as duas Grandes Guerras, por exemplo, muitas imagens falsas de vitórias dos aliados e derrotas dos adversários foram apresentadas

aos exércitos de ambos os lados como instrumento de manipulação. (NOVA Cristiane) Assim podemos afirmar que apesar da aparente objetividade do documentário em relação ao trato com os fatos históricos, este tipo de filme merece passar por uma analise detalhada, em busca de lacunas, lapsos e alterações propositais. Essa analise será de fundamental importância para utilização dos filmes como meios de estudar história. O uso dos filmes na escola Durante a escrita do texto já foram levantado alguns elementos no que diz respeito à relação história e cinema e alguns questionamentos sobre a utilização dos filmes como recurso pedagógico, a fim de se trabalhar com os recursos fílmicos de maneira o mais coerente possível com a história. O filme é algo muito presente na vida do alunado atual, e fazer com que o discente veja a historicidade embutida nos filmes, são a grande tarefa do professor que pretende trabalhar com esse tipo de recurso. O trabalho com filme deve se iniciar por algumas observações a respeito do assunto que será a cerne da produção cinematográfica, pois ao contrário o aluno atentará para questões alheias que estão expostas na trama, visto que os autores muito mais preocupados na estética do filme focalizam outras questões em sua produção, e suas superproduções acabam desvinculando o sentido histórico do filme em detrimento a beleza estética dos recursos tecnológicos empregado nessas produções. Depois de um estudo prévio do assunto histórico, deve-se observar outras questões como a produção: o diretor, o responsável pelo enredo, os responsáveis pela indumentária se esta indumentária esta coerente com a época tratada, a locação se o ambiente remonta a localização do lugar que se pretende reproduzir. A observação de elementos propicia uma avaliação pertinente sobre a obra cinematográfica e aguça a criticidade dos alunos que olharam esses filmes com outro ponto de vista e sob outra perspectiva. A grande necessidade que surgiu em se trabalhar com novas linguagens no aprendizado de história, provocou uma dialética com outros meios de conhecimentos como, a música, a literatura, os HQ s, a filosofia, a geografia e o próprio cinema. Numa aquisição de conhecimento baseada na interdisciplinaridade. E o conhecimento interdisciplinar por sua vez com o surgimento da escola dos Annales, escola teórica que surge na França, inicio do século XX.

Na atualidade não se trabalha mais com uma disciplina isoladamente, os conhecimento estão diretamente entrelaçados na elaboração dos conhecimentos que expandem a suas fronteiras em busca de completarem, com conhecimentos que outrora se restringiam à determinadas matérias escolares. Nesse contexto a relação cinema-história entra no universo da sala de aula como uma forma muito interessante de se aprender historia, e boom da tecnologia facilitou o acesso ao filme que hoje pode ser baixado sem nenhuma dificuldade, além de vídeo aulas documentários e outros afins que podem ser utilizados como meio de aprendizado. Após a analise de algumas problemáticas acerca da relação cinema e história podemos perceber como a história se aproxima do cinema e vice-versa para poderem construir retratos sobre sociedades através do olhar das câmeras. Suas lacunas e seus lapsos que são completados pelo olhar do historiador muito mais atento, que o ajudará na confecção de uma trama cada vez mais coerente com a produção historiográfica. Dessa forma o cinema e produção de filmes se tornaram uma ferramenta muito útil para o professor no âmbito escolar como recurso didático-pedagógico na construção do cinema. Além de fazer das aulas muito mais atrativas e interessantes para os alunos, que na atualidade tem uma relação muito mais próxima com o cinema. Conforme a proposta do Programa Instituição de bolsas de Iniciação a docência em trabalhar com o auxilio da tecnologia o cinema se mostrou como uma forma de estudar história que se soma a demais na construção do conhecimento.

Referencias bibliográficas BURKE, Peter. A Escola dos Annales. 2ª ed. São Paulo. UNESP. 1992. CERTEAU, Michel. A Invenção do Cotidiano: As artes de Fazer. 3ª ed. Petrópolis- RJ. Vozes. 1998. FERRO, Marc. Historia e cinema. 1ª ed. São Paulo. Paz e terra 2010. NOVA, Cristiane. O cinema e o conhecimento da história IN: _ O Olho da Historia. Disponível em: http://www.oolhodahistoria.ufba.br/o3cris.html. Acesso em 20 de setembro. 2013.