YÔGA E MATRIARCADO, por LADY BÁRBARA 1. Uma civilização muito antiga

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Transcrição:

YÔGA E MATRIARCADO, por LADY BÁRBARA 1. Uma civilização muito antiga Até o século passado, pensava-se que o Yôga teria sido uma filosofia levada para a Índia por nômades das planícies eurasianas, em torno de 1500 anos antes de Cristo. Hoje, essa visão é descartada. O berço do Yôga encontra-se em uma antiga civilização. A descoberta iniciou-se em 1873 com o arqueólogo inglês Alexander Cunningham, ao noroeste da Índia e Paquistão. Entretanto, por volta de 1920 é que a equipe do Dr. George Franklin Dales descobriu uma cidade sob 30 metros de escombros, suficiente para revelar a existência de uma cultura que passou a ser considerada como a mais moderna civilização da antiguidade: Harappa e Môhenjô-Darô, no Paquistão Lôthal, na Índia Figura 1 Alexander Cunningham Além desses núcleos, foram descobertas outras oitenta (80) cidades que coexistiram numa área geográfica muito extensa, com mais de 1,5 milhão de km 2. Esse conjunto foi denominado, inicialmente, como Civilização do Vale do Indo e, mais tarde, Civilização Harappiana. Descobriu-se que os assentamentos populacionais eram de culturas matriarcais originadas há vários milênios. Povos que cultivavam formas de comportamento onde a mulher ocupava um lugar de honra. Caraterísticas que marcavam a civilização recém-descoberta: Figura 2 Localização dos sítios de Harappa e As estruturas, no Vale do Indo, foram erguidas para a comunidade de cidadãos. Não havia templos para adoração a deuses e reis, o que denota que o regime era democrático. A economia era essencialmente agrícola. Havia indícios de grande avanço do saber científico, especialmente, da Medicina, Engenharia, Matemática e Geometria, pois o mundo teve que esperar mais de 2000 anos, até o surgimento da Civilização Romana, para chegar a um nível aproximado. Foram encontradas pequenas figuras de pedra ou bronze em Môhenjô-Darô, bem como grande variedade de esculturas em argila, que retratavam e valorizavam o sexo feminino, símbolo da fecundidade da terra, como manifestações das deusas das civilizações agrárias. A sociedade Harappiana era notadamente matriarcal e, como extensão, a sexualidade era louvada e cultuada. 1

Cultuavam as forças da natureza e não havia religião institucionalizada. Figura 3 Sítio Arqueológico de Harappa Figura 4 Sítio Arqueológico de Môhenjô-Darô Essa civilização do Vale do Indo, que vinha desde a revolução neolítica, era matriarcal e durou até o início da era dos metais, altura em que passou a adorar as mais variadas divindades e se tornou espiritualista e patriarcal. A sua extinção pode ter tido três causas mais plausíveis: As constantes inundações do Rio Saraswatí. Uma seca prolongada que, segundo historiadores, durou 300 anos (2200 a.c. a 1900 a.c.). A ocupação ariana, ocorrida na Índia, aproximadamente em 1500 a.c. Em alguns livros que tratam da história indiana, encontraremos referências a dois povos distintos que se defrontaram em um passado distante os Drávidas e os Árias. Quando se iniciaram as invasões bárbaras dos Arianos e várias migrações começaram a ocorrer em toda a região, a civilização Dravídica entrou em decadência. A teoria de Gaston Courtillier, do século XVIII, afirma que os Drávidas foram dizimados pelos Árias, por conta de uma sucessão de ataques gradativos, depois de 2000 a.c., o que provocou a migração dos povos da região para outros lugares da Ásia. 2

Atualmente, os Drávidas correspondem a uma pequena etnia que vive, principalmente, no Sul da Índia e no Sri Lanka. São descendentes diretos da civilização Harappiana e conhecidos como o povo do vale do Indo. Os Árias, por sua vez, correspondem aos povos das planícies eurasianas, que ocuparam a Índia a partir de 1500 a.c. Os Arianos trouxeram consigo uma escrita e língua que se impuseram à existente, para escrever e documentar uma cultura que era mais antiga e avançada e que, por consequência, passou a adaptar-se ao seu domínio patriarcal. Embora adulterada e mascarada, a cultura Dravídica deu origem à cultura Védica, resultante da junção da ariana com a dravídica; mescla do poder e da cultura bárbara, de sacrifícios e culto às divindades, patriarcal, com a cultura dos símbolos e técnicas de um sistema matriarcal, adorador do princípio criador feminino. É nesse momento que a então sociedade matriarcal, onde a mulher era a coordenadora das mais diversas atividades, dá lugar a uma sociedade patriarcal, na qual ela passa a ser mero objeto de uso e ao serviço do homem, sem quaisquer direitos reconhecidos. Ou seja, de uma sociedade sensorial e adoradora da natureza, para uma sociedade bárbara, bruta, guerreira e adoradora de Deuses e Reis, sempre com a predominância do homem sobre a mulher. Na época Dravídica e Pré-Dravídica a mulher ocupava um lugar de honra, sendo considerada a própria encarnação das divindades femininas, uma vez que a elas cabia o milagre da vida. Com mais ou menos controvérsia, não ficam dúvidas de que é aqui que nasce o Yôga Antigo de linha Tântrica (matriarcal, sensorial e desrepressora) e de tendência Sámkhya. 2. O Yôga e suas linhas O Yôga surgiu, na Índia, há 5500 anos. A palavra Yôga possui inúmeras traduções: união, junção, veículo, meio, maneira, método, dentre outras. No sentido mais amplo, o Yôga visa a integração do ser humano consigo mesmo, com os outros seres e com a natureza. Nas escrituras antigas, o Yôga aparece sempre associado à força e poder, jamais com relaxamento e terapia. O verdadeiro Yôga serve para energizar, e não acalmar. Tem, assim, como essência, um embasamento prático, baseado em exercícios; nos comos e não nos porquês. Independente da civilização Harappiana ter sido dizimada, o Yôga, propriamente dito, foi preservado, pois já era uma prática adotada à época. O Yôga possui algumas linhas, também conhecidas como estirpe, linhagem ou tronco, ilustradas na Tabela 1, abaixo: Tabela 1 As linhas do Yôga SÁMKHYA Naturalista TANTRA Matriarcal YÔGA VÊDANTA Espiritualista BRAHMACHÁRIA Patriarcal 3

Essas linhas correspondem a distintos períodos da história, conforme ilustrado na Tabela 2: Tabela 2 As linhas do Yôga segundo os períodos da história Yôga Antigo Yôga Moderno Pré-Clássico Tantra & Sámkhya Anterior a 1500 a.c. Clássico (Patãnjali) Brahmachárya & Sámkhya Após o séc. III a.c. Medieval Brahmachárya & Vêdanta Após o séc. VIII d.c. Contemporâneo ( Ramakrishna, Aurobindo) Tantra & Vêdanta Após o séc. XIX d.c. Sendo assim, o YÔGA, em suas origens, possuía tendência Sámkhya e Tantra, contrária à tendência espiritualista (Vêdanta), intensificada na Idade Média e preservada até os dias atuais. Associados ao Yôga existem dois grupos comportamentais opostos entre si: o de linha Tântrica e o Brahmachárya. A linha Tântrica é considerada uma alavanca de evolução, explorando a sensualidade. A Brahmachárya é praticada pela maioria, hoje, na Índia e adota o celibato, feito especialmente pelos monges (Swámis). O Sámkhya se baseia no raciocínio e nas leis naturais, sendo, portanto, de tendência naturalista e relacionando-se com o Yôga Antigo. O Yôga e o Sámkhya são as duas tradições mais antigas da Índia. O Vêdánta que significa final dos Vedas - influenciou apenas o Yôga Moderno. Modificou-se ao longo do tempo, tendo sido associado ao misticismo popular da Idade Média. Por isso, possui um caráter doutrinário semelhante à linguagem das religiões, de tendência espiritualista. Logo, Yôga e Vêdanta não possuem afinidade de origem. A maioria dos ramos de Yôga moderno é influenciada pelo Vêdánta (Brahmachárya / Vêdánta) e não tem praticamente relação alguma com a proposta do Yôga antigo (Tantra / Sámkhya), mais autêntico. O Yoga foi aceito como um sistema filosófico hindu, a partir da sistematização feita no período clássico do Hinduísmo, sendo a de Patañjali a mais conhecida. Patañjali foi o codificador do Yôga clássico, que foi influenciado pelo Sámkhya, assemelhando-se ao Yôga pré-ariano, porém com padrão comportamental Brahmachárya, oposto ao préclássico, que era tântrico. O que mais caracterizava os povos antigos, Dravídicos e Pré-Dravídicos, na Índia era: A relevância da mulher no contexto social; A presença das divindades femininas do hinduísmo, as Shaktís, que representavam a forma mitológica e simbólica daquela sociedade matriarcal primitiva. A palavra Shaktí significa energia ou força e pode ser interpretada sob três aspectos: A imagem e devoção às divindades femininas do panteão hindu. Shaktí, neste caso, é a mãe divina, aquela que nutre e protege. 4

A própria mulher, como esposa e/ou companheira. A energia adormecida em cada ser humano, chama kundalini. Por força do Matriarcalismo Tântrico, se evidenciam outras duas características: a sensorialidade e a desrepressão. No Tantra, a mulher ocupa um papel preponderante. É ela quem tomará a iniciativa. Para esta filosofia matriarcal, existem três tipos de mulher: Mudrá Shaktí (esposa ou companheira) Dêvi (deusa), na qual a mulher domina as relações afetivas, profissionais, etc. Tem o poder de despertar no homem potencialidades até então desconhecidas e de torná-lo, muitas vezes, submisso. Inicialmente, Yôga, Sámkhya e Tantra eram sistemas inseparáveis. 3. Sociedades Matriarcais atuais Embora sejam casos isolados pelo mundo, as sociedades matriarcais aquelas que são comandadas por mulheres têm muito a ensinar: na maioria delas, a criminalidade é zero, a distinção de gênero é baixa e o senso de coletividade é surpreendente. Em muitas não existem cadeias. As crianças são educadas por pais e mães, igualmente. As palavras guerra e estupro nunca estiveram nos dicionários. Em algumas pode até haver divisão de papéis, como conhecemos por aqui (homens na política e mulheres no lar), mas ambos são igualmente prestigiosos diante da sociedade. Alguns exemplos de sociedades matriarcais ainda existentes: Minangkabau, Indonésia É a maior sociedade matriarcal do mundo, formada por aproximadamente 4 milhões de pessoas. Em Minangkabau, as mulheres são donas de todas as propriedades, que são passadas de mãe para filha. Para eles, a mãe é a figura central. Embora as mulheres cuidem do lar e os homens da política, ambos os aspectos são tratados como igualmente importantes. Normalmente, os líderes são homens escolhidos por mulheres (que podem ser depostos, dependendo da atuação). 5

Mosuo, China A comunidade situada no oeste da China, na divisa com o Tibete, é chefiada por mulheres há milênios. São elas quem tomam as principais decisões, cuidam das finanças e das questões sociais. É uma das últimas sociedades matriarcais tradicionais do mundo. Os Mosuo são extremamente comunitários: as crianças são criadas coletivamente e algumas delas sequer sabem quem são seus pais (não existe uma palavra para pai na comunidade). As mulheres são livres para amar quem quiser, quando quiser, sem julgamentos ou estigmas. Nenhuma delas se liga completamente ao parceiro não há casamento entre eles. Outra curiosidade: no idioma deles não existem palavras como guerra, assassinato ou estupro. Também não há cadeias. Infelizmente, as tradições dos Mosuo têm sido ameaçadas pela curiosidade das pessoas de fora e o avanço da urbanidade. Garo, Meghalaya, Índia esposa na casa da sogra. No estado de Meghalaya, na Índia, vive uma das poucas tribos matriarcais do mundo. Entre os Garo, as mulheres são donas de propriedades que são passadas às filhas mais novas. Elas também cuidam de todos os aspectos da vida em sociedade. Quando se casam, é o marido quem adota o nome da mulher. Ele vai viver com a Aka, República Democrática do Congo Os Aka, da RDC, têm os melhores pais do mundo. Aqui a criação dos filhos é dividida igualitariamente ou quase: enquanto os homens cozinham, as mulheres caçam. Elas são responsáveis por toda a gestão da tribo. Os homens Aka passam cinco vezes mais tempo com seus bebês do que em qualquer outra sociedade. Em alguns casos chegam a oferecer os próprios mamilos para acalmar os pequenos. 6

Referências CARAMELLA, Edgardo. Bienvenido Yôga: todo sobre La filosofía que conquistó a Occidente. 1ª ed. Buenos Aires: Grijalbo, 2009. CORDEIRO, Tiago. Um panteão com milhares de divindades. Disponível em: < https://super.abril.com.br/historia/um-panteao-com-milhares-de-divindades/>. Acesso em 21 jun 2018. SANTOS, Sérgio. Yôga, Sámkhya e Tantra. 5 ed. São Paulo: Editora União Nacional de Yôga, 1996. SANTOS, Sérgio. Tantra: A Estrutura Comportamental do Yôga Pré-clássico. Disponível em: <http://www.mestresergiosantos.com.br/index.php/etica-35/tantra-eyoga>. Acesso em 20 jun 2018. SARASWATI, Aghorananda. Mitologia Hindu. São Paulo: Madras, 2007. SEU HISTORY. Sim, elas existem: 4 sociedades onde a criminalidade é quase zero. Disponível em: <https://seuhistory.com/noticias/sim-elas-existem-4-sociedades-ondecriminalidade-e-quase-zero>. Acesso em 19 jun 2018. SILVA, Júlio. A Civilização do Vale do Indo. Disponível em <http://www.cao.pt/surya/js_29_1.htm#_toc135302492>. Acesso em: 21 Dez 2009. 7