A Declaração recomenda prudência na gestão de todas as espécies e recursos naturais e apela a uma nova ética de conservação e salvaguarda.

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Transcrição:

Programa do XI Governo Regional dos Açores Política Ambiental Senhora Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Senhor Presidente, Senhora e Senhores Membros do Governo, Na Resolução que adotou a histórica Declaração do Milénio da Organização das Nações Unidas, o princípio do respeito pela natureza e o objetivo de proteger o meio ambiente são assumidos como sustentáculos do desenvolvimento humano e da construção de um mundo mais pacífico, mais próspero e mais justo. A Declaração recomenda prudência na gestão de todas as espécies e recursos naturais e apela a uma nova ética de conservação e salvaguarda. Antes desta Declaração, em 1993, a Convenção sobre a Diversidade Biológica afirmava como objetivo dos Estados signatários, a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios que advém da utilização dos recursos genéticos. Os princípios do desenvolvimento sustentável devem, assim, guiar-nos na configuração e na implementação de todas as políticas e programas públicos e no desenvolvimento das diversas atividades económicas. Isabel Almeida Rodrigues Página 1

A prosperidade económica sustentável depende de uma abordagem que garanta a manutenção da base de recursos naturais e de reconhecermos, não apenas o papel da biodiversidade para a sustentabilidade da vida humana mas, também, o dever de preservar, para as gerações futuras, o extraordinário legado de bens e serviços ambientais que recebemos. A emergência da questão ambiental criou, e continuará a criar, inúmeras oportunidades económicas, que devemos aproveitar e potenciar, mas sem colocar em crise o necessário equilíbrio entre desenvolvimento económico e sustentabilidade ambiental. No passado dia 14 de outubro, ao darem a vitória ao Partido Socialista, as açorianas e os açorianos rejeitaram a desregulação e o facilitismo, disfarçados de abordagem contemporânea ao ambiente e reconheceram a assertividade da nossa atuação nesta matéria. O reconhecimento externo que a nossa Região obteve por via da política ambiental do Partido Socialista é um importante ativo que devemos preservar e potenciar. Nesta Assembleia, aprovámos, ao longo da última legislatura, importantes instrumentos que dotaram a Região de um edifício jurídico indispensável a uma gestão responsável dos nossos recursos e do nosso território, ao mesmo tempo que potenciaram o surgimento de oportunidades económicas e a diversificação de muitos agentes, como é o caso da política regional de resíduos. É inquestionável a aposta que fizemos numa política energética centrada nos recursos naturais renováveis e na eficiência energética, assumida como um pilar fundamental para a sustentabilidade económica e ambiental da nossa Região. A posição ocupada pelos Açores em matéria de produção de energia elétrica de origem renovável é mais um motivo de orgulho. Isabel Almeida Rodrigues Página 2

Senhora Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Senhor Presidente, Senhora e Senhores Membros do Governo, O Programa de Governo que hoje debatemos assume claramente a prioridade da sustentabilidade ambiental e o seu caráter transversal, nomeadamente através da implementação de projetos de desenvolvimento sustentável, alargados às unidades territoriais e abrangendo todos os setores produtivos e áreas da sociedade. Em matéria energética, assume as bases de uma economia verde, reforçando a aposta nas fontes de energia renovável e na racionalização do seu uso. O Plano de Ação para o Ambiente e Mar dos Açores, instrumento de orientação estratégica para todos os intervenientes, desempenhará um papel de grande relevância na conformação da atuação dos poderes públicos e dos agentes económicos e sociais. No plano do ordenamento do território, dotada que está a Região de um regime próprio, adequado à nossa realidade geográfica e atento às vulnerabilidades daí decorrentes, o compromisso de elaboração do documento Açores 2030 e do Plano Estratégico para a Investigação Científica no Domínio Ambiental corresponde à exigência de uma visão de longo prazo para o sucesso da política ambiental, que tem em conta que os impactes acontecem, muitas vezes, a escalas temporais dilatadas. Demos um passo muito importante com a aprovação da Estratégia Regional para as Alterações Climáticas, cujas consequências não conhecemos na sua plenitude. Nesta matéria, ao dever de dar o nosso contributo para a resolução global do problema, pela implementação de medidas de mitigação, acresce a Isabel Almeida Rodrigues Página 3

imperiosa necessidade de adaptação da nossa Região a esta nova realidade e de execução de ações adequadas à minimização das suas consequências. A aposta num melhor conhecimento da nossa biodiversidade, associada à salvaguarda de habitats e espécies permitir-nos-á o reforço da resiliência dos nossos ecossistemas e continuar a recuperação das perdas ao nível da taxa de biodiversidade. A gestão cuidada da nossa rede de áreas protegidas e o combate às espécies invasoras são dois pilares da intervenção do Governo com vista à conservação da natureza e à valorização dos nossos recursos naturais, sustentada em meios de monitorização e acompanhamento. No âmbito da gestão de resíduos, prosseguiremos o esforço de prevenção da sua produção e recuperação do seu valor, ao mesmo tempo que se reforçarão as medidas de proteção do ambiente. Esta é uma área de responsabilidades partilhadas, sendo essencial o acompanhamento do investimento realizado pelo Governo Regional por parte dos municípios, que deverão generalizar a recolha seletiva e orientar a sua ação para o cumprimento das metas de gestão. Registámos importantes avanços no planeamento e monitorização do domínio hídrico e devemos prosseguir com a proteção das origens da água e conservação e valorização da rede hidrográfica. Os princípios da gestão sustentável enformam, também, o Programa do Governo na área dos recursos hídricos, onde se destaca, pela sua importância, a recuperação e restauro de turfeiras. Isabel Almeida Rodrigues Página 4

Senhora Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhor Presidente do Governo Senhora e Senhores membros do Governo, Enfrentamos desafios ambientais que exigirão firmeza e o envolvimento empenhado de todos. O que fizermos em matéria de sustentabilidade ambiental não importará apenas para efeitos da reputação que meritoriamente alcançámos mas, sobretudo, para que possamos prosseguir o caminho do desenvolvimento deixando às gerações futuras uma Região viável e próspera. Disse. Horta, Sala das Sessões, Novembro de 2012 Isabel Almeida Rodrigues Deputada Regional pelo Partido Socialista Isabel Almeida Rodrigues Página 5