CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE COM DEMÊNCIA DE ALZHEIMER



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Transcrição:

CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE COM DEMÊNCIA DE ALZHEIMER Clariany Soares Cardoso 1 ; Gustavo Christofoletti 2 ; Eberson da Silva Rodrigues do Nascimento 3 1 Bolsista PBIC/UEG, graduada do Curso de Fisioterapia, UnU Goiânia (UEG-ESEFFEGO). 2 Orientador, doutorando pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 3 Médico do Ambulatório de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Goiás (UFG). RESUMO A doença de Alzheimer (DA) está entre as principais patologias que interferem na qualidade de vida dos idosos. Trata-se de uma patologia crônica e neurodegenerativa que acomete cerca de 6% dos idosos brasileiros. Caracteriza-se pela deterioração encefálica, sobretudo nas regiões hipocampal e para-hipocampal causando graves déficits de ordem psíquica e motora nos estágios avançados. O presente estudo objetiva analisar o nível de capacidade funcional e a qualidade de vida de sujeitos com DA, comparando os resultados com sujeitos controles saudáveis. Nesse estudo transversal foram avaliados 17 indivíduos maiores de 60 anos, divididos em 2 grupos. O Grupo Alzheimer (GA) foi composto por 7 sujeitos diagnosticados com DA e o Grupo Controle (GC) por 10 idosos da comunidade sem histórico de doença degenerativa do sistema nervoso. Os idosos estudados no GC caracterizaram-se com idade média de 69,3 anos, em sua maioria mulheres, com escolaridade média de 9,6 anos, demonstrando ausência de distúrbio cognitivo, independência funcional e regular qualidade de vida. Já o GA apresentou uma idade média de 74,57 anos, com predominância do gênero feminino e com escolaridade média de 5,14 anos, importante déficit cognitivo, dependência modificada e regular qualidade de vida. Embora o número de sujeitos estudados seja pequeno, as alterações patológicas decorrentes da DA tem forte influência na capacidade funcional dos indivíduos, tornando-os dependentes. Diante do exposto percebe-se que a fisioterapia pode ser uma grande aliada do idoso com DA, uma vez que os déficits nas variáveis afetadas pela patologia podem ser prevenidos e combatidos pelo tratamento fisioterapêutico. Enfatizamos então a necessidade de novos estudos sobre a DA e a divulgação dos benefícios da fisioterapia na DA. Palavras-chave: Demência de Alzheimer; Capacidade funcional; Qualidade de vida.

Introdução Nas últimas quatro décadas está sendo observado um acelerado envelhecimento da população mundial. Especificamente no Brasil, os idosos já somam cerca de 17,6 milhões de pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Diante disso, é extremamente relevante investigar as condições que interferem no bem-estar na senescência, objetivando desenvolver alternativas e intervenções eficazes que visem atender às necessidades dessa população. A doença de Alzheimer (DA) representa uma das principais causas de demência em nosso meio e já acomete cerca de 6% dos idosos brasileiros. Trata-se de uma doença neurodegenerativa, crônica, que afeta as funções social e ocupacional do indivíduo. É marcada por uma intensa perda neuronal, degeneração sináptica e redução da função colinérgica sobretudo nas áreas límbicas e temporoparietais (OLIVEIRA et al., 2008; PETERSEN et al., 2000; WHITTLE, 2003). Atualmente são encontrados poucos estudos que abordem a capacidade funcional e a qualidade de vida nos idosos com DA. Por conseguinte, apesar de escassos, há indicação de que o tratamento deva ser adequado a cada paciente, conforme a gravidade do estágio em que se encontra a condição clínica. Portanto é necessária a investigação dos déficits oriundos dessa patologia a fim de desenvolver intervenções cada vez mais eficazes. Diante do exposto, objetivou-se analisar o nível de capacidade funcional, bem como a qualidade de vida de sujeitos com DA, quando comparado a sujeitos controles saudáveis. Material e Métodos O estudo seguiu um design transversal, com a amostra formada por 17 indivíduos com mais de 60 anos, divididos em dois grupos: Grupo Alzheimer (GA) e Grupo Controle (GC). O GA foi constituído por 7 sujeitos portadores de DA diagnosticada por neurologistas e psiquiatras do Ambulatório de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Goiás. O GC foi composto por 10 sujeitos da comunidade sedentários e sem histórico de doenças neurodegenerativas (CDR 0). Foram excluídos os participantes que apresentavam outros distúrbios patológicos não associados à DA e que pudessem interferir na fidedignidade dos resultados. O procedimento inicial para a coleta de dados consistiu em: 1) entrar em contato com os sujeitos da pesquisa (e seus familiares, no GA); e 2) após a concordância de participação, foram realizadas visitas domiciliares para aplicação dos instrumentos avaliativos.

Para avaliação dos sujeitos foram aplicados os seguintes questionários: o Mini- Exame do Estado Mental (MEEM) (FOLSTEIN, et al. 1975; BERTOLUCI et al., 1994) a Medida da Independência Funcional (MIF) (RIBERTO et al., 2004) e a Escala de Avaliação da Qualidade de Vida na Doença de Alzheimer (QdV-DA) (NOVELLI, 2006). O software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 12.0 foi utilizado para o agrupamento dos dados. Pelo fato dos dados não terem contemplado os parâmetros de normalidade, foram aplicados o teste U-Mann Whitney e o Índice de Correlação de Spearman. Para as análises, foi considerado um nível de significância de 5%. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa Dr. Henrique Santillo, protocolo N CAAE - 0003.0.177.00-07. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido baseado nas normas estabelecidas pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde às pesquisas envolvendo seres humanos. Resultados e Discussão Participaram deste estudo 17 sujeitos, sendo 7 diagnosticados com DA e 10 controles saudáveis. Os sujeitos do GA estavam em estágios moderados e graves de demência, evidenciando grave comprometimento cognitivo-psíquico (escore 3 e 4 no CDR). A tabela 1 representa a caracterização dos grupos em relação aos dados sócio demográficos. Tabela 1. Caracterização dos grupos em relação aos dados sócio demográficos. Variável Idade Gênero Estado Civil Escolaridade (anos) predominante predominante (anos) Grupo Alzheimer 74,57±7,87 Feminino Viúvo 5,14±4,41 Grupo Controle 69,3±6,23 Feminino Casado 9,6±5,39 A amostra de nosso estudo concorda com dados da literatura, ao constatar que os sujeitos possuem idade média classificada como idosos jovens, e predominantemente d gênero feminino, evidenciando a maior proporção de mulheres na terceira idade e à maior incidência da DA nesta população. (OLIVEIRA, 2008, CHRISTOFOLETTI, 2007). Houve diferença significativa entre os grupos em relação às variáveis cognitivas, funcionais e comportamentais conforme visto no gráfico 1. O índice de correlação de Spearman apontou uma correlação de moderada magnitude entre o MIF e o MEEM (r s =0,64) e entre o MIF e a QV (r s =0,38).

Gráfico 1. Análise das variáveis nos grupos Alzheimer (GA) e controle (GC). 140 120 100 80 60 40 20 0 IDADE MEEM MIF QV QV-FAM GA GC A pontuação dos sujeitos do GC no MEEM demonstrou um declínio funcional e cognitivo discreto, característico da senescência, e que não interfere nas atividades cotidianas. Já os participantes do GA obtiveram pontuação significativamente menor no MEEM confirmando o diagnóstico clínico e importante déficit cognitivo. Na análise da medida da independência funcional (MIF), percebe-se uma diferença significativa entre os grupos estudados (p<0,02). Os dados com relação aos aspectos motores e nos a cognitivos da MIF revelam um quadro de independência funcional do GC e dependência modificada no GA. Tais dados corroboram com a literatura evidenciando a forte influência dos aspectos cognitivos na capacidade funcional do sujeito com DA (PAULA, 2007; PERRONI, 2008). Segundo a escala QdV-DA, os dois grupos obtiveram uma classificação regular, não havendo diferença significativa entre os grupos, em relação à QV dos sujeitos (p = 0,29). O resultado concorda com o trabalho de Novelli et al. (2005), que também não verificou diferença entre a pontuação do QdV-DA. Dentre as causas que podem ter influenciado a pequena diferença na QV entre os grupos está o fato de que o paciente com DA, já sob declínio psíquico importante, tem dificuldade em identificar seu grau de satisfação pessoal. Mesmo sem diferença significativa acredita-se que o marcante declínio na capacidade funcional dos indivíduos com DA seja, fator de impacto na qualidade de vida em idosos, principalmente aqueles acometidos por patologias debilitantes, como a DA. Conclusões

Conclui-se que embora o número de sujeitos estudados seja pequeno, as alterações patológicas decorrentes da DA tem forte influência na capacidade funcional dos indivíduos, tornando-os dependentes, enquanto indivíduos controles gozam de independência funcional. Não se observou expressiva repercussão da DA na qualidade de vida dos indivíduos estudados, uma vez que, não houve diferença significativa entre os grupos. Percebe-se que os principais déficits nas variáveis afetadas pela patologia são trabalhados através da fisioterapia e prevenidos/combatidos pelo tratamento fisioterapêutico. Tendo em vista as informações na literatura, sugere-se que a fisioterapia pode ser uma grande aliada do idoso com DA. Enfatiza-se então a necessidade de novos estudos a respeito da DA e a divulgação dos benefícios da fisioterapia nessa patologia. Referências Bibliográficas BERTOLUCCI, P. H. F.; BRUCKI, S. M. D.; CAMPACCI, S. R.; JULIANO,Y. O Mini Exame do Estado Mental em uma população geral:impacto da escolaridade. Arquivos de Neuropsiquiatria, v.52, p. 1-7, 1994. CHRISTOFOLETTI, G. Efeito da abordagem motora em idosos com demência. 2007. Dissertação - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/UNESP. Rio Claro: São Paulo, 2007. FOLSTEIN, M.F.; FOLSTEIN, S.E.; MCHUGH, P.R.- Mini Mental State: a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of Psychiatric Research, v.12, p.189-98, 1975. MINISTÉRIO DE SAUDE. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde, ed.19. p.8-10, 2006. NOVELLI, M. M. P. C.; ROVERE, H. H. D.; NITRINI, R.; CARAMELLI, P. Cross-cultural adaptation of the quality of life assessment scale on Alzheimer disease. Arquivos de Neuro- Psiquiatria. [online],v. 63, n. 2, p. 201-206, 2005.

NOVELLI, M. M. P. C. Validação da escala de avaliação de qualidade de vida (QdV-DA) para pacientes com doença de Alzheimer e seus respectivos cuidadores/familiares. 2006. Tese - USP/Programa de Pós-Graduação em Ciências. São Paulo, 2006. OLIVEIRA, K. C. V.; BARROS, A. L. S.; SOUZA, G. F. M. Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e Clinical Dementia Rating (CDR) em idosos com Doença de Alzheimer. Revista Neurociências, v.16, n.2, p.101-106, 2008. PAULA, J. A. M. Avaliação do idoso: capacidade funcional, independência e sua relação com outros indicadores de saúde. 2007.157f. Tese - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. Campinas: São Paulo, 2007 disponível em: <http://libdigi.unicamp.br>acessado em agosto de 2008. PERRONI, G. G. G. Capacidade funcional de indivíduos idosos portadores de doença de Alzheimer.2007. Dissertação Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Ribeirão Preto: São Paulo, 2007 disponível em: <www.teses.usp.br/teses> Acessado em agosto de 2008. PETERSEN, R.C.: JACK, C. R.: XU, Y- C.;WARING, S. C.; O BRIEN, P. C.; SMITH, G. E.; IVNIK, R.J.;TANGALOS, E.G.;BOEVE, B.F.;KOKMEN, E.. Memory and MRI-based hipocampal volumes in aging and AD. Neurology, v.54, n.3, p. 581-7, 2000. RIBERTO, M.; MIYAZAKI, M. H.; JUCÁ, S. S. H.; SAKAMOTO H.; PINTO, P. P. N. BA- TTISTELLA, L. R. Validação da Versão Brasileira da Medida de Independência Funcional. Acta Fisiátrica, v.11, n.2, p. 72-76, 2004. WITTLE, M.R. Propensão à doença de Alzheimer. In: Genomic Biologia Molecular 2003. Disponível em <http://www.genomic.com.br/marca-alzheimer.htm> Acesso em agosto de 2008.