XVIII Congresso Mundial de Epidemiologia VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia Porto Alegre 20-24 de setembro/2008. A emergência da obesidade entre indígenas Teréna moradores de área urbana e rural, Mato Grosso do Sul, Brasil. Thatiana Regina Fávaro - ENSP/FIOCRUZ Dulce Lopes Barbosa Ribas - UFMS Juliano Cezar Melo Barão - UFMS Vânia Paula Stolte - Hospital Universitário de Dourados (MS)
Cenário Epidemiológico em Saúde Indígena - Obesidade Mudanças socioeconômicas/modos de subsistência - diminuição de atividades como caça, coleta, pesca ou agricultura - menor dispêndio de energia; modificação de praticas alimentares p.e inclusão de produtos industrializados/processados, com alta concentração de açúcares simples, gorduras e carentes em fibras alimentares.
Prevalência de sobrepeso e obesidade em indivíduos com idade 18 anos, em estudos cujos dados foram coletados entre 1990 e 2004. 60 50 40 30 20 10 0 6.8 50 12.5 42.8 41.9 4.8 31.2 49.2 41.3 1.8 0 Sobrepeso Obesidade 28 5 18.9 9.2 32.7 22.4 39.2 12.7 Enawenê-Nawê(MT-1990) Parkatêjê (PA-1994) Xavante/Etinetepa (MT-1994) Xavante/São José (MT-1997) Xavante/São José (MT-1998) Wari (RO-2002) Bare (AM-2003) Terena (MS-1999) Terena (MS-2004) Brasil % 60 50 40 30 20 10 0 23.8 23.7 1.7 2.5 47.5 48.5 Fonte: Weiss, 2001; Capeli e Koifman, 2001; Gugelmim e Santos, 2007; Leite, 2006; Leite, 2007; Lima, 2004; Ribas e Philippi, 2001; Fávaro, 2006. 19.5 41.6 24.6 Sobrepeso Obesidade 12.5 2 48 41.4 9 8.9 Enawenê-Nawê(MT-1990) Parkatêjê (PA-1994) Xavante/Etinetepa (MT-1994) Xavante/São José (MT-1997) Xavante/São José (MT-1998) Wari (RO-2002) Bare (AM-2003) Brasil
Adultos (IMC 30 Kg/m²) Três grupos étnicos do Alto Xingu (20-39 anos) - 18,2% para homens e 12,5%, para mulheres (Gimeno et al, 2007) Suruí (RO) (20-39 anos) 11,9% para homens e 24,5 % para mulheres (Lourenço, 2006).
Povo Teréna Família lingüística Aruak. Longo contato com a sociedade nacional. MS: > 60.000 indígenas Teréna: 22.000 (8 municípios) Vivem, na grande maioria, aldeados em pequenas terras.
Migração rural-urbano indígena Estudos realizados desde a década de 70 com populações nativas que migraram para ambientes urbanos (Panama - Kuma ; Africa - Luo, Oyo Yoruba, Zulu; Ilhas Samoa, Ilhas pacífico; Groelândia - Inuit) mostram o aumento da prevalência de DCNT entre migrantes; Brasil - migração cada vez mais freqüente no Brasil - conflitos de terra; busca de saúde, educação e trabalho remunerado. Estudos sobre o processo da migração: Roberto Cardoso de Oliveira (Teréna); outros no Alto Rio Negro e recentemente entre Sataré-nawe.
Objetivo Descrever a prevalência de obesidade entre adultos indígenas Teréna e verificar possíveis diferenças em relação ao local de moradia dos indivíduos, se urbana ou rural. Metodologia Amplo projeto sobre saúde e nutrição do povo Teréna Coleta: 2004-2005 Entre outros, dados antropométricos Adultos Teréna( 20 anos) TI Buriti Aldeia Buriti (n=202; 57,50%) TI Buritizinho Aldeia Tereré (n=149; 42,50%) Aspectos Éticos CONEP-CEP Análises Software R versão 2.5.1
Área Indígena Buriti e Buritizinho Mato Grosso do Sul - BR
Migração Teréna Algumas famílias Teréna residentes na Área Indígena Buriti migraram para o espaço urbano, quando receberam uma área de 10 hectares na periferia do município de Sidrolândia, constituindo a Área Indígena Buritizinho. A área de origem dista 40 quilômetros por via terrestre não pavimentada da área urbana.
Resultados
Grafico 1 Prevalência de obesidade (IMC>30 Kg/m²) em adultos Teréna, segundo sexo e local de moradia. Área Indígena Buriti e Buritizinho, Mato Grosso do Sul. 2008. (n=351) 35.0% 30.0% 25.0% 20.0% 15.0% 10.0% 5.0% 0.0% 18.20% Rural 28.90% Homens Mulheres 17.20% Urbano 32.90% p=0,006 entre sexos; p>0,05 entre local.
Grafico 2 Prevalência de obesidade (IMC>30 Kg/m²) em adultos Teréna, segundo grupo etário e local de moradia. Área Indígena Buriti e Buritizinho, Mato Grosso do Sul. 2008. (n=351) 50.0% 45.0% 40.0% 35.0% 30.0% 25.0% 20.0% 15.0% 10.0% 5.0% 0.0% 46.2% 39.4% 34.6% 36.4% 36.4% 26.2% 20.4% 21.2% 12.5% 13.6% 20-29 30-39 39-49 49-59 > 60 Rural Urbana p>0,05 entre local para cada grupo etário; p<0,05 entre os grupos etários.
Grafico 3 Índice de Massa Corporal (IMC) médio de adultos Teréna, segundo sexo e local de moradia. Área Indígena Buriti e Buritizinho, Mato Grosso do Sul. 2008. (n=351) 27.99 28 27.5 27.02 IMC (Kg/m²) 27 26.5 26 25.5 25.84 26.36 25 24.5 Rural Urbano Homens Mulheres p= 0,05 entre sexos - rural; p=0,02 entre sexos - urbano; p=0,06 entre local (26,4 vs 27,3)
Conclusão Resultam mostram que a obesidade no grupo estudado não relaciona-se diretamente com o local de moradia;
Conclusão O aumento da prevalência de obesidade em adultos indígenas é acompanhado de mudanças na dieta, com diminuição da diversidade alimentar e aumento do consumo de produtos industrializados, com alto teor de gorduras e açúcares, além da modificação nos padrões de atividade física desencadeado por mudanças socioeconômicas.
Desafios... Dinâmica de migração de povos indígenas e possíveis impactos sobre o perfil epidemiológico dos indivíduos; Estudos sobre padrão de consumo alimentar entre povos indígenas migrantes ou não; Estudos sobre déficits nutricionais infantil X obesidade adulta; Estudos SES X obesidade;
Referências CAPELLI, J. C. S.; KOIFMAN, S. Avaliação do estado nutricional da comunidade indígena Parkatêjê, Bom Jesus do Tocantins, Pará, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n.2, p.433-437, mar./abr. 2001 FÁVARO, T. Segurança alimentar e nutricional em famílias indígenas Teréna, Mato Grosso do Sul, Brasil. 2006. 161 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande. 2006. GIMENO, S. G. A. et al. Perfil metabólico e antropométrico de índios Aruák: Mehináku, Waurá e Yawalapití, Alto Xingu, Brasil Central, 2000/2002. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 8, 2007. GUGELMIN, S.A.& SANTOS, R.V. Ecologia humana e antropometria nutricional de adultos Xavánte, Mato Grosso, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 313-322. 2007. LEITE, M. S. et al. Crescimento físico e perfil nutricional da população indígena Xavante de Sangradouro- Volta Grande. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 265-276, 2006. LEITE, M. S. Iri Karawa, Iri Wari : um estudo sobre práticas alimentares e nutrição entre os índios Wari (Pakaanova) do sudoeste Amazônico. 2004. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, 2004 LIMA, R. V. Avaliação do estado nutricional da população indígena da comunidade Terra Preta, Novo Airão, Amazonas. 2004. 104 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Nacional de Saúde, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2004. LOURENÇO, A. E. P. Avaliação do estado nutricional em relação a aspectos sócio-econômicos de adultos indígenas Suruí, Rondônia, Brasil. 2006. 77 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Nacional de Saúde, Rio de Janeiro, 2006. RIBAS, D. L. B.; PHILIPPI, S. T. Aspectos alimentares e nutricionais de mães e crianças indígenas Teréna. In:.COIMBRA JR., SANTOS, R. V., ESCOBAR, A. L Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. p. 73-88. SAAD, M. N. B. L. Saúde e Nutrição Teréna: sobrepeso e obesidade. 2005. 118 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande. 2005. WEISS, M. C. V. Contato interétnico, perfil saúde-doença e modelos de intervenção em saúde indígena: o caso Enawenê-Nawê, Mato Grosso. In:.COIMBRA JR., SANTOS, R. V., ESCOBAR, A. L Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. p. 187-196.
thatifavaro@ensp.fiocruz.br Obrigada!