As Questões Ambientais no Contexto do Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)



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Transcrição:

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Departamento de Economia, Sociologia e Administração Rural Monografia As Questões Ambientais no Contexto do Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) Orientador: Prof. Dr. Marcos Sawaya Jank Co-Orientadora: Profa. Dra. Silvia Helena Galvão de Miranda Aluno: Ricardo de Queiroz Machado 17 de novembro de 23

2 Sumário Lista de figurase tabelas...3 1. Introdução...4 2. Objetivos...5 3. Revisão Bibliográfica...6 3.1 Meio Ambiente e Comércio Internacional...6 3.2 A OMC e o Meio Ambiente...1 3.3 O Acordo de Barreiras Técnicas TBT...13 4. Metodologia...19 5. Resultados...21 6. Conclusão...43 7. Bíbliografia...46

3 Lista de Figuras e Tabelas Figura 1 Evolução mundial de notificações para o período de 1995-22...21 Figura 2 Participação de países selecionados nas notificações mundiais (1995-22)...22 Figura 3 Evolução anual das notificações mundiais aotbt sob justificativa de proteção ambiental...24 Figura 4 Notificações ambientais por países selecionados...25 Tabela 1 Evolução anual de notificações sob justificativas ambientais por por países...26 Figura 5 Participação percentual dos objetivoslegítimos...27 Figura 6 Notificações classificadas como sendo de proteção de meio-ambiente...29 Figura 7 Total de notificações ambientais frente as notificações totais Total países selecionados...3 Figura 8 Total de notificações frente notificações ambientais EUA...31 Figura 9 Total de notificações frente as notificações ambientais Japão...32 Figura 1 Total de notificações frente as notificações ambientais Canadá...33 Figura 11 Total de notificações frente as notificações ambientais UE...34 Figura 12 Capítulos notificados para o total dos países selecionados...36 Figura 13 Capítulos notificados pelos Estados Unidos...37 Figura 14 Capítulos notificados pelo Japão...37 Figura 15 Capitulos notificados pela União Européia...38 Figura 16 Notificações por setores para os países selecionados...39 Figura 17 Notificações por setores EUA...4 Figura 18 Notificações por setores Japão...41 Figura 19 notificações por setores. União Européia...42

4 1. Introdução A Organização Mundial do Comércio (OMC) define as barreiras técnicas como barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não-transparentes, ou não-embasados em normas internacionalmente aceitas, ou, provenientes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade nãotransparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas. (INMETRO, 23) Essa barreiras visam com isso evitar ou prejudicar o livre comércio, gerando distorções no comércio mundial. Com objetivo de eliminar ou reduzir o uso dessas barreiras, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) estabeleceu o Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT), ao final da Rodada Uruguai, em 1993. Segundo Richter (1999), o acordo TBT objetiva facilitar o comércio internacional criando condições que permitam eliminar as barreiras técnicas ao comércio. O Acordo estabelece que as barreiras só podem ser criadas quando apresentam objetivos legítimos, dentre os quais se destaca a Proteção do Meio-ambiente. Outros objetivos legítimos são especificados no Acordo - imperativos de segurança nacional; a prevenção de práticas enganosas; a proteção da saúde ou segurança humana, da saúde ou vida animal ou vegetal. O TBT determina que quando não existir uma norma internacional ou quando a norma em elaboração não estiver de acordo com as normas internacionais pertinentes e a elaboração desta implicar em um efeito significativo no comercio de outro membro, o membro deve: avisar por publicação que pretende introduzir um determinado Regulamento Técnico, dando tempo devido para observações; solicitado previamente, deve providenciar o texto e definições pertinentes..

5 2. Objetivos O presente trabalho tem como objetivo analisar e comparar como alguns países selecionados (Brasil, Argentina, Estados Unidos, União Européia - como bloco - e Japão, além de, em alguns casos o Canadá), vêm adotando medidas técnicas com objetivo de proteção ambiental dentro do contexto TBT. Para isto, tendo como base as notificações ao Acordo TBT/OMC, dos países citados. Além disso, em um contexto mais geral, pretende-se discutir como a questão ambiental está sendo incorporada nessa normalização técnica internacional e quais os setores mais afetados. O interesse pelo tema justifica-se devido à escassez de estudos no Brasil relacionando as normas técnicas, o meio ambiente e o comércio. Além disso, é crescente a importância que o tema ambiental vem adquirindo na vida cotidiana, incorporando-se em novos conceitos na produção e comercialização, nas leis, nos meios acadêmicos e pelas implicações que isso pode causar ao comércio internacional.

6 3. Revisão Bibliográfica 3.1 Meio Ambiente e Comércio Internacional Há consenso no meio acadêmico de que o comércio internacional pode causar algum dano ao meio ambiente e este, através de regulamentos que visam sua proteção, gerar desvios de mercado (Braga, 22; Weinstein e Charnovitz, 1997). Por outro lado, há também a abordagem de que os recursos gerados com o comércio internacional poderiam viabilizar uma absorção mais ágil de tecnologias ambientalmente mais adequadas pelos países em desenvolvimento (Bhagwati, 1996 in Secretaria de estado do meio ambiente,1996). No trabalho coordenado por Braga (22), Almeida (22); afirma que os efeitos do comércio internacional sobre o meio ambiente podem ser divididos em diretos e indiretos; sendo que os indiretos, por sua vez, se subdividem em estáticos e dinâmicos. Os efeitos diretos, estão relacionados aos meios de transporte utilizados e ao padrão de comércio internacional, podendo-se traduzir em consumo energético, poluição atmosférica, acidentes ecológicos etc. Já os efeitos indiretos são aqueles referentes aos impactos não imediatos ao ambiente. Os efeitos indiretos estáticos dizem respeito ao impacto de curto prazo causados pelo aumento do fluxo de comércio, gerando uma maior utilização dosrecursos naturais existentes. Os efeitos dinâmicos estão relacionados ao efeito de escala o crescimento econômico gera maior pressão sobre o meio ambiente em virtude de níveis elevados de consumo e produção; efeito de composição também conhecido com efeito setorial, relaciona-se com um aumento da participação de setores com maior degradação ambiental na composição do produto final; efeito tecnológico mudança no nível de emissão de poluentes em decorrência de aumento da tecnologia (Almeida, 22)

7 Almeida (22) argumenta que a abertura comercial implicará em efeitos de composição e tecnológicos, sendo que estes podem gerar benefícios para o ambiente. Por exemplo a necessidade, por parte dos exportadores de se atender aos requisitos de melhores padrões ambientais para viabilizar as transações comerciais; ou prejuízos a abertura comercial pode levar os países em desenvolvimento a se especializarem em indústrias sujas, que têm maior potencial poluidor. Esses resultados se dão em função das políticas associadas à liberalização comercial. Pearson (1996, Secretaria de estado do meio ambiente ) argumenta, que, por outro lado uma análise histórica da questão pode levar a conclusão de que o conflito entre meio-ambiente e comércio internacional pode estar sendo visto sobre uma perspectiva exagerada. Isso porque, basicamente os mencionados problemas desta relação se concentram em quatro questões: 1) Os efeitos no comércio internacional da regulamentação ambiental da produção (problema da competitividade); 2) Os efeitos no comércio internacional do padrão de qualidade dos produtos relacionados e o meio-ambinte; 3) Uso de medidas comerciais para assegurar o cumprimento dos objetivos ambientais internacionais; e 4) Os efeitos ambientais do comércio e da liberalização do comércio internacional. O autor também argumenta que um dos pilares do surgimento da discussão meioambiente comércio internacioal foi a Conferência sobre Meio-Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972. Nesta ocasião, era consenso a necessidade de forte proteção ambiental como fator de competitividade no mercado internacional. Porém os aspectos ambientais se concentravam na poluição industrial e não nos efeitos decorrentes do da exploração exagerada dos recursos naturais. Argumentava-se, do ponto de vista teórico, de acordo com a teoria das vantagens comparativas, ser desejável uma realocação da produção mundial e do comércio. Outro ponto que a teoria econômica sugeria era a de que, por meio da mudança das taxas de câmbio, a condição das indústrias limpas poderia melhorar.

8 No entanto, esses argumentos perde a validade a medida que os governos subsidiam os custos da poluição do setor privado e mantêm a separação entre os custos privados e sociais (custo da proteção ambiental). O que levou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a instituir o princípio do poluidor-pagador, ou seja, quem polui paga. Mas esse princípio foi mal concebido e permite que os custos sejam repassados para o consumidor (Pearson, 1996 Secretaria de estado do meio ambiente,). Outra preocupação era a de que os padrões viessem a se tornar barreiras nãotarifárias e se acrescentassem às sanitárias, de saúde e de segurança; já enfrentadas no mercado internacional. Os argumentos à harmonização internacional desses padrões visavam minimizar seu uso como barreiras veladas ao comércio internacional e reduzir os altos custos do desenho, produção, inventário e informação na venda para mercados fragmentados. No entanto, já se via claramente na década 7 a diferença na implantação de programas desse tipo, devido à diferença de estrutura para diversos países, sendo assim mais fácil e rápida a implantação destes programas para os países mais bem estruturados do que para outros países menos desenvolvidos. Essa harmonização vendo sendo discutida e diversas tentativas de implementação do programas de harmonização foram feitas, como por exemplo pelo estabelecimento de padrões, aceitos internacionalmente, como o Codex Alimentarius, o Standards Code, e o programa da CEE (Comunidade Econômica Européia). O GATT tentava regulamentar a questão ambiental através do artigo XX do acordo, onde reconhecia o direito dos países em defender o meio ambinte e procurava discipliná-lo. Mas sua interpretação e aplicação é complicada, principalmente na questão sobre incluir ou não o processo de elaboração dos produtos. Tal discussão pode ser evidênciada no caso sobre o hormônio da carne, entre Estados Unidos e Comunidade Econômica Européia. Por outro lado, segundo Pearson (in Secretaria de estado do meio ambiente,1996), a questão ambiental era muito mais debatida no âmbito da OCDE do que no GATT.

9 O ressurgimento da questão na década de 9 se deve á crescente integração das economias nacionais no que se refere ao comércio internacional e investimentos; á crescente atenção dos países às ameaças ambientais fronteiriças e globais; e a consolidação como novo guarda-chuva do desenvolvimento sustentável, após a ECO- 92, no Rio do Janeiro Bhagwati (in Secretaria de estado do meio ambiente,1996), apresenta a questão da relação meio ambiente - comércio internacional com sendo influenciada por dois argumentos enganadores: O primeiro, o de que a liberdade de comércio prejudicará o meio ambiente, devido à busca por eficiência e crescimento econômico (degradação ambiental); e o segundo, de que a liberdade comercial provoca mais degradação ambiental do que a auto-suficiência ou o protecionismo. O autor argumenta que essas justificativas são falsas, devido ao fato de que recurso advindo de uma melhor situação econômica a redução da pobreza - devido ao livre comércio, poderia gerar empregos (diretamente) e aumentar os rendimentos públicos para infra-estrutura. Além disso, poderia gerar mais recursos para projetos de controle e limpeza da poluição. Outro ponto seria o de que se a procura por melhores condições ambientais acompanhasse a elasticidade dos rendimentos, um aumento da renda per capta resultaria no aumento dos recursos para proteção ambiental. O autor também acredita que embora os países ricos tenham mais recursos para o cuidado ambiental, eles são os maiores poluidores, de forma que um "aumento da oferta da poluição mais do que compensa uma efetiva procura na sua redução Conclui-se disto que tipos específicos de poluição tenderão a cair mais com o aumento da renda. Mesmo que não se possa generalizar para todos os tipos de poluição, conclui-se que o crescimento econômico não está intrinsecamente ligado, quer à degradação, quer à melhoria das condições ambientais. Acrescenta, também, que o livre comércio pode permitir a introdução de tecnologia anti-poluentes ou ecologicamente corretas, de forma que o protecionismo pode vir a impedir potenciais melhorias ambientais.

1 3.2 A OMC e o Meio Ambiente. Desde 1947, o GATT buscava ser um instrumento contra as barreiras tarifárias que prejudicavam o comércio internacional. Assim, as oito primeiras rodadas de negociações acabaram por diminuir sensivelmente o nível tarifário mundial, especialmente dos países signatários do GATT - (Ritcher, 2) Gonçalves et. all (1996), descrevem a evolução do GATT e sua oito rodadas. A primeira delas em 1947, em Genebra, quando se inicia a negociação do acordo GATT. Já em 1948, em Annecy, França; em 195/51 em Torquay e 1955/56,em Genebra, tratou-se de ampliar o numero de membros, que passou de 23 para 33 em 1956 com a entrada do Japão, além da negociação da redução tarifária, quando foram concedidas 45 mil concessões tarifárias, o que representava aproximadamente 5% do comércio internacional na época. O Brasil foi signatário do GATT desde seu início, em 1947. A rodada seguinte, que ficou conhecida com o Rodada Dilon, (Dilon - Secretário de Comércio dos Estados Unidos na época) foi caracterizada por ser a primeira após a criação da CEE e concentrou-se na discussão da tarifa externa comum da Comunidade Econômica. Essa rodada também criou o Acordo sobre Têxteis e Algodão; que, segundo Gonçalves (1996), representava a tentativa dos países ricos se defenderem da ameaça da competitividade potencial de países em desenvolvimento produtos intensivos em mãode-obra e pouco intensivos em tecnologia. Durante os anos de 1964-67, ocorreu a Rodada Kennedy, marcada pela ampliação de 46 para 74 países membros, devido a entrada de diversos países africanos; após da descolonização, e por consideráveis quedas nos níveis tarifários para produtos manufaturados, reduzindo-se a 35% para os países da OCDE.

11 Na Rodada Tóquio (1974/79), chegou-se ao número de 99 países-membros que representavam 9% do comércio mundial e atongiu-se níveis tarifários médios de 6% para produtos industrializados nos países desenvolvidos. No entanto, a redução dessas barreiras tarifárias foi acompanhada pelo aumento nas barreiras não-tarifárias ao comércio, o que levou o GATT a se voltar também para o tratamento desse tipo de restrição comercial. Assim sendo, na Rodada Tóquio (1974-1979) já se negociaram as barreiras nãotarifárias juntamente com as tarifárias; além de negociação de códigos para produtos especiais, o que levou a objeções dos países em desenvolvimento à ampliação das disciplinas do GATT, o que impediram maiores mudanças. Na Rodada Uruguai (1986-1993) que, segundo Ferreira (2) citado por Miranda (21), acordou-se a eliminação total de BNTs, com exceção daquelas vinculadas a problemas de equilíbrio em balanças de pagamento, foi criada a Organização Mundial do Comércio (OMC), que substitui o GATT como fórum de negociações multilaterais. Embora diversas medidas com efeitos de restringir comércio possam ser consideradas barreiras não-tarifárias, e essa diversidade das definições é discutida por Miranda (21), destacam-se como tais as barreiras sanitárias/fitossanitárias e as técnicas. Na Rodada Uruguai, o Standards Code que na Rodada anterior já estabelecia instruções gerais para a normalização, foi dividido em dois outros acordos denominados SPS (Acordo para Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias) e o TBT (Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio). Este último será abordado mais adiante com detalhamento. A questão ambiental, por sua vez, desde 1948, já preocupava o GATT. Embora tenha permanecido em desuso até o caso da disputa atum golfinho, entre os EUA e o México, o EMIT Group (Grupo em Medidas Ambientais e Comércio Internacional) era responsável pelo tratamento das questões ambientais no âmbito do Acordo. Esse grupo se transforma no Comitê em Comércio e Meio Ambiente (Committee on Environment and Trade CTE) na Rodada Uruguai.

12 Segundo Jha (2), esse comitê visa examinar a relação entre medidas comerciais e medidas ambientais, a fim de promover o desenvolvimento sustentável e recomendar modificações apropriadas das provisões do sistema multilateral de comércio, identificando e discutindo ligações entre a agenda de negociação e políticas econômicas. Contudo, a abordagem dessa temática na OMC só se evidenciou significativamente após o encontro de Seattle, em 1999, no qual se esperava lançar a Rodada do Milênio. Weinstein e Charnovitz (21) argumentam que, nos últimos anos, a OMC criou uma consciência ambiental. No entanto, esta consciência já existia fato comprovado pela criação, desde seu principio de mecanismos de análise da relação entre comércio e meio ambiente. A intensificação no tratamento dessas questões só vem reafirmar a importância crescente desse tema. Recentes discussões no painel de solução de controvérsias apontam para o princípio de que as regras comerciais não podem se colocar no caminho da legítima defesa do meio ambiente (Weisner e Charnovitz, 21). Este posicionamento, segundo Jha (2), reflete a posição norteamericana. Essa afirmativa acima evidencia o risco de que as questões ambientais venham a ser utilizadas como desculpa para a imposição de barreiras não-tarifárias. Mahé (1997) afirma que os países não resistem à tentação de usar barreiras não-tarifária para proteger suas indústrias. A legimidade do uso de medidas técnicas com objetivos ambientais já se mostrou uma preocupação, o que fica evidente pela sua inserção como um dos objetivos legítimos expresso no acordo TBT. E é nesse contexto que o TBT, se insere.

13 3.3- O Acordo sobre Barreiras Técnicas TBT O Acordo TBT teve sua versão preliminar elaborada em 1979, na Rodada Tóquio, e já esboçava alguns traços do atual acordo. No então, denominado, Standards Code, vários princípios do TBT já se evidenciavam. Apesar dessa versão do acordo ter apenas orientações gerais para a fixação de padrões e limitar-se à padrões referentes ao produto final e não mencionar o processo produtivo (Almeida 1997), o Standars Code apresentava provisões que proibiam a discriminação e proteção da produção doméstica em detrimento dos produtos importados quanto a especificações, regulamentos técnicos e padrões. Estabelecia ainda que estes não deveriam ser mais restritivos do que o necessário. Além disso, o Standards Code estabelecia que os signatários deveriam basear os seus regulamentos em padrões internacionais e a colaborar e cooperar com a harmonização das nomas nacionais. Já nesta versão, estabelecia que o código não poderia interferir com as responsabilidades dos governantes quanto á segurança, saúde e bem-estar da sua população, além da proteção do meio-ambiente. Contudo, o Standards Code falhou ao impulsionar o rompimento do comércio agrícola em virtude da proliferação de restrições técnicas (Marceu e Trachtman, 22). Aliado ao surgimento de novas formas de protecionismo agrícola, como cotas e suportes de preços domésticos, foi o que levou, na Rodada do Uruguai, ao desmembramento das questões sanitárias e fitossanitárias das técnicas, própriamente ditas, e o surgimento dos SPS e TBT

14 Já o TBT firmado ao final de 1994 (Rodada Uruguai) apresentou maior força uma vez que desde sua instituição foi de caráter obrigatório para todos os membros da OMC, além de ser um pouco mais abrangente. O TBT, por meio da harmonização dos padrões internacionais, visa eliminar as barreiras técnicas, uma vez que por barreira técnica, no âmbito da OMC, entendem-se barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamento técnico não transparentes ou não embasados em normas internacionalmente aceitas ou, provenientes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não-transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas. (INMETRO, 23) Contudo, nessa busca pela harmonização, o acordo condiciona a implementação de regulamentações dos países aos seu parceiros comerciais à justificativa por meio da alegação de um objetivo legitimo. Richter (1999) afirma que para se garantir que estes regulamentos não sejam aplicados de forma a restringir desnecessariamente o comércio, esses regulamentos técnicos não serão mais restritivos ao comércio do que o necessário para realizar um objetivo legítimo. O acordo em seu artigo 2º, parágrafo 2º, apresenta os objetivos legítimos como sendo entre outros: imperativos de segurança nacional; a prevenção de práticas enganosas; a proteção da saúde ou segurança humana, da saúde ou vida animal ou vegetal, ou do meio ambiente. Alguns princípios podem ser encontrados nas linhas do acordo. Entre eles, garantir igualdade quanto ao tratamento relativo aos regulamentos (não discriminação), principio da equivalência e o do tratamento diferenciado aos países em desenvolvimentos são alguns dos que podem ser ressaltados. Pode-se verificar a preocupação com esse princípio da igualdade em alguns parágrafos do acordo, como por exemplo no artigo 2 o, parágrafo 1 o, mesmo tratamento para produtos importados e nacionais quanto à aplicação de regulamentos técnicos, no artigo 5º, parágrafo 2º, subparagrafo 1º - que trata dos procedimentos de avaliação de conformidade, etc. (Anexo 1) Pelo princípio da equivalência, entende-se o incentivo a que os países aceitem, na medida do possível, regulamentos e procedimentos de avaliação de conformidade

15 anteriormente criados por outros países e que se possam aceitos como equivalentes. Princípio que fica evidenciado, por exemplo no item H do Código de Boa Conduta - que voltara a ser discutido. Pelo principio da não discriminação, um país que venha a adotar um determinado regulamento, deve submeter os produtores internos às mesmas regras que produtores externos; além de estender aos demais parceiros comerciais as mesmas vantagens apresentadas a alguma nação em especial (Princípio da Nação Mais Favorecida). O acordo consiste de 15 artigos e 3 anexos. O artigo 1 o trata das disposições gerais, incluindo os termos utilizados seus significados estão no Anexo 1, identificação de produtos para os quais é válido o acordo, e por fim, identifica os produtos sobre os quais não se aplica o acordo. Este acordo abrange produtos industriais e agropecuários e estimula a que países adotem tende a aplicar normas internacionais já existentes. Artigos de compras governamentais serão regidos pelo acordo de Contratação Pública e não pelo TBT. O presente acordo também não se refere às medidas sanitárias e fitossanitárias, que, como foi dito, estão sob o escopo do SPS também apresentam acordo próprio. Nos artigos 2 o ao 4 o são tratados os Regulamentos Técnicos e Normas e trazem os dispositivos referentes à preparação, adoção e aplicação de regulamentos técnicos por instituições do governo central - Artigo 2 o ; elaboração, adoção e aplicação de regulamentos técnicos por instituições públicas locais e instituições não governamentais Artigo 3 o ; e elaboração, adoção e aplicação de normas Artigo 4 o que especificamente faz menção ao Código de Boa Conduta que se encontra no anexo 3 do acordo. Richter (1999) enfatiza a impotância dos princípios do tratamento não menos favorável aos produtos importados do que aos produtos de origem nacional e o de se buscar aceitar uma norma já existente em outro país ao invés de criar uma nova, propostos no artigos mencionados acima. No artigo 2, também é onde encontra-se a relação dos objetivos legítimos, entre outros: imperativos de segurança nacional, prevenção de praticas que possam induzir ao erro, proteção da saúde ou segurança humana, da saúde ou vida animal ou vegetal, ou do meio ambiente.

16 Os artigos 5 o ao 9 o tratam da avaliação de conformidade com regulamentos técnicos e normas. Segundo INMETRO (23) avaliação de conformidade é todo procedimento utilizado, direta ou indiretamente, para determinar que se cumpram as prescrições pertinentes dos regulamentos técnicos ou normas. Os procedimentos para a avaliação da conformidade compreendem, entre outros, os de amostragem, prova e inspeção; avaliação, verificação e garantia da conformidade; registro, acreditação e aprovação, separadamente ou em distintas combinações. Estes artigos trazem dispositivos que regulam o procedimento de avaliação de conformidade pelo governo central (Artigo 5 o ), e seu reconhecimento (artigo 6 o ); o procedimento de avaliação de conformidade por instituições públicas locais (Artigo 7 o ), o procedimento de avaliação de conformidade por instituições não governamentais (Artigo 8 o ); e por fim o um artigo sobre os sistemas internacionais e regionais e suas implicações para o acordo (Artigo 9 o ) Uma das preocupações mais evidentes nesses artigos é a aceitação, sempre que possível, dos resultados dos procedimentos de avaliação de conformidade de outros países-membros, mesmo que estes difiram dos seus, condicionado ao fato de que tal procedimento de avaliação seja equivalente ao que se pretende instituir (Richter, 1999). Os Artigos 1, 11 e 12 tratam a questão da informação e da assistência técnica. No Artigo 1 encontra-se a requisição de um centro de informação para responder aos possíveis questionamentos referentes: aos regulamentos técnicos que são ou serão adotados em seu território, a procedimentos de avaliação, á condição de integrante ou participante em instituições internacionais e regionais de normalização e em sistemas de avaliação da conformidade, bem como em acordos bilaterais e multilaterais dentro do presente acordo, prevê e à informação sobre onde se encontrem publicados os avisos conforme o presente acordo, e onde se encontram os serviços a que se refere o parágrafo 3 o - as normas adotadas ou que se pretende adotar, os procedimentos de avaliação, a participação em instituições internacionais em acordos bilaterais. Também pondera sobre a eqüidade no tratamento entre os países. O Artigo 11 trata sobre a assistência técnica que os países devem prestar quando solicitados. Em todos os seus parágrafos ressalta a importância em se prestar uma

17 atenção especial aos países em desenvolvimento. Entre outros, são passíveis de assistência técnica: a preparação de regulamentos técnicos, criação de instituições de normalização nacionais, a participação destas instituições no processo de normalização interncaional, criação de instituição de avaliação de conformidade. Além do artigo 11,o 12 também trata justamente dessa questão. Estabelece dispositivos quanto ao tratamento especial e diferenciado para os países em desenvolvimento. Richter (1999), ressalta a importância desse artigo classificando-o como o mais importante do acordo. ELa reconhece que os países em desenvolvimento podem enfrentar problemas institucionais e estruturais na aplicação do TBT. Devido a problemas especiais dos países em desenvolvimento, com o objetivo de que estes possam cumprir o acordo, faculta-se ao Comitê de Barreiras Técnicas ao Comércio (artigo 13), que conceda exceções especificas e limitadas no tempo, total ou parcial, ao cumprimento de obrigações contidas no presente acordo. Nos Artigos 13 e 14 encontram-se definidos dispositivos referentes ás instituições, consultas e soluções de controvérsias. O Comitê de Solução de Controvérsias (Artigo 13), se reunirá pelo menos uma vez por ano, para dar aos membros a oportunidade de consultar sobre qualquer questão relativa ao funcionamento do Acordo. É composto por representantes de cada um dos membros do Acordo, examina as declarações sobre a implementação do Acordo, discute medidas tomadas por alguns membros trazidas ao comitê devido á controvérsia entre as partes, e examina as notificações sobre legislação e regulamentos criados para cumprir o acordo (Richter, 1999). Já o Artigo 14 trata da consulta e solução de controvérsia, que são de responsabilidade do Órgão de Solução de Controvérsias. O último dos Artigos, o 15º, apresenta as disposições finais do acordo, em que se afirma que não existe a possibilidade de se fazer ressalvas ao mesmo e que os Anexos são suas partes integrantes. Estabelece também um exame a ser realizado anualmente pelo comitê analisando seus objetivos e funcionamento, bem como também uma revisão trienal.

18 O Anexo 2 trata dos procedimentos que o Grupo de Especialistas Técnicos que os países podem enviar caso desejem um exame mais minucioso de eventuais regulamentos. O terceiro Anexo, é o que trata do Código de Boa Conduta, que pode ser entendido com sendo a aplicação das regras e princípios presentes no Acordo TBT na atividade das instituições normalizadoras intencionais. Destaca-se uma outra questão discutida no âmbito do TBT, com implicações ambientais, é a do Eco-labelling. Além do CTE, o Comitê de Barreiras Técnicas ao Comércio (CTBT) é o local a certificação ambiental na OMC. Por ser um processo de padronização, a certificação ecológica deveria ser instituída no âmbito do acordo TBT. Devido as grande importância para o comércio internacional, essa certificação é extremamente controversa. As recentes discussões sobre o tema revelam dois pontos controvertidos: a) Se o abrangência do TBT incluiria o Eco-labelling e; b) Se o TBT é consistente com o Eco-labelling. Essa discussão se deve ao caráter voluntário que o Eco-labelling foi instituído. Desta forma, sua inserção no acordo TBT se daria na forma de padrão. Porém, o Ecolabelling foi constituido sob a tutela da análise circulo-vital do produto (LCA), que é uma ferramenta que examina os efeitos impactantes no meio-ambiente durante a obtenção dos recursos naturais, a produção do bem, o seu consumo e eliminação dos resíduos (lixo) (Motaal,1999, in Sampson e Chambers,1999); e está relacionada com os métodos e processos de produção (PPM s). Como o acordo determina que padrões não regulam produtos ou processos e métodos de produção relacionados, alguns membros interpretam que o Eco-labelling não é englobado nem compatível com o Acordo TBT. Embora a OMC não tenha tomado posição sobre o assunto, essa discussão evidência a importância das questões ambientais nas negociações comerciais, além da relevância do TBT como vetor de disso da questão ecológica no âmbito da OMC

19 4. Metodologia Para analisar a forma como vem se dando a definição e adoção das normas técnicas relacionadas a meio ambiente, no âmbito do TBT, nos países selecionados Estados Unidos, Canadá, Brasil, Argentina, União Européia e Japão serão utilizadas as informações contidas nas notificações desses países ao Acordo TBT da OMC, obtidas no site da OMC (www.wto.org), para o período entre Janeiro de 1995 e Dezembro de 22. Um banco de dados para armazenar as informações contidas nas notificações ao TBT foi construído; em programa access, no qual itens como setores afetados, objetivos das medidas, instituições responsáveis, entre outros, podem ser isolados e analisados por país e ao longo do tempo e realizando cruzamento entre as categorias, como por exemplo, análise dos casos notificados por setor afetado e objetivo da medida. No caso, o objetivo de proteção ambiental será destacado dos demais para a análise mais detalhada, conforme é a proposta deste trabalho. Cabe aqui informar que para alguns itens se analisará o Canadá juntamente com os demais países, tendo se em vista a disponibilidade de dados deste país embora ainda não tenha sido cadastrado no banco de dados. Neste estudo, nas notificações referentes a União Européia contabilizam-se apenas as notificações realizadas pelo Bloco, não se considerando aquelas notificados individualmente por seus países membros. A partir de uma avaliação desses dados e das informações obtidas na revisão bibliográfica, pretende-se fazer uma discussão critica sobre as relações entre o meio ambiente e comércio internacional, particularmente no tocante às exigências técnicas, bem como a evolução desse tema no âmbito do acordo TBT.

2 Os dados das notificações foram agregados por setores do Sistema Harmonizado (a dois dígitos), sendo discriminados por capítulos agrícolas (com base no critério adotado pela OMC) e capítulos não-agrícolas, tendo surgido algumas notificações que abrangiam produtos tanto de capítulos agrícolas como não-agrícolas, e formaram uma terceira categoria. Para este trabalho estaremos analisando as notificações cuja a alegação tenha sido relacionada com a proteção do meio ambiente, analisando a sua participação no total de notificações mundiais, quais o produtos mais notificados, os setores e o comportamento dos países na utilização desta justificativa.

21 5. Resultados Durante o ano de 23, foi construído um banco de dados com as notificações ao Acordo TBT da OMC, no qual foram discriminadasas informações constantes nas notificações conforme explicado na Metodologia deste trabalho. Estas notificações são emitidas pelos 146 1 países membros da OMC e visam apresentar aos outros países, regulamentações técnicas que porventura, sejam criados por domésticas e não estejam de acordo com padrões já internacionalmente estabelecidos e reconhecidos. Os dados da Figura 1, apresentam a evolução mundial de notificações emitidas no périodo de janeiro de 1995 a dezembro de 22, correspondente à instituição do acordo e o início de contrução do banco de dados, respectivamente. 4 35 366 337 3 Número de notificações 25 2 15 261 258 261 277 278 268 1 5 1995 1996 1997 1998 1999 2 21 22 Anos Fig. 1 Evolução mundial de notificações para o período de 1995-22 Elaboração do autor a partir de dados da OMC.

22 Nesse período analisado, encontrou-se uma méda de 288,5 notificações anuais referentes à criação de regulamentos ou normas técnicas, totalizando-se 236 notificações no período. Apenas os anos de 1995 e 21 apontam uma quantidade maior do que a média de notificações, com 366 e 337 respectivamente, mostrando que a tendência, apesar de ser crescente, é de uma elevação discreta, quase nula. Percebe-se também o fato natural de que após um impulso inicial, essas notificações tenham diminuído devido à adaptação dos países mais atrasados ao novo sistema de notificações, implantado a partir da Rodada Uruguai e do estabelecimento do TBT. Essas notificações podem indicar como um país vem participando no processo normalizador, além de intensidade em que isso ocorre, tendo em vista que esses países criam ou modificam as normas técnicas de acordo com a necessidade e a evolução técnica. Na figura 2, observa-se a participação de alguns paises selecionados no total de notificações emitidos para o período. Total = 236 Outros 23% Chile 5% Japão 13% Austrália 5% Comunidade Européia 9% Brasil 8% França 3% Canadá 8% Reino Unido 1% México 1% Estados Unidos 1% Argentina 5% Fig. 2 Participação de países selecionados nas notifcações mundiais (1995-22) Elaborado pelo autor a partir de dados da OMC.

23 Os países selecionados para esta análise são: Brasil, Argentina, Chile, México, Estados Unidos, Canadá, União Européia (como bloco), França, Reino Unido, Austrália e Japão.Todos eles, países importantes no comércio internacional Observa-se que, individualmente, o Japão é o país que mais notificou no período, com 298 notificações, representando 13% do total mundial. Em seguida tem-se os Estados Unidos e o México, com 229 e 235 notificações respectivamente, representando aproximadamente 1% das notificações cada um. Depois da União Européia, que como bloco econômico representa 9% das notificações mundiais, segue-se o Brasil e o Canadá, cada qual com 8% das notificações no total mundial. Nota-se que os países parceiros do Brasil no Mercosul, tem uma participação ínfima no processo normativo analisado. Apesar da Argentina aparecer com 5% das notificações, Uruguai e Paraguai foram acrescentados à categoria outros por apresentarem percentagem inferior a 1% cada um. O Brasil mostra-se como um país ativo nas notificações mundiais, tendo a participação semelhante a de seus maiores parceiros comerciais e superior a de outros países em desenvolvimento (Argentina, Chile) e até de alguns países desenvolvidos (Austrália). Nesse sentido, é importante ressaltar o papel decisivo e ativo exercido pelo INMETRO, como órgão técnico responsável pela elaboração dessas normas e padrões e como Enquiry Point no Brasil. A participação dos países europeus, individualmente, mostra-se pouco expressiva França apresenta apenas 3% das notificações quando se analisam as suas notificações individuais e o Reino Unido apenas 1%. Isso indica que a participação dos países se dá muito mais através da Comunidade que individualmente. Isto era de se esperar, uma vez que a criação de regulamentos individualmente implica em possíveis desequilíbrios na comercialização intra-bloco. Contudo, essas notificações referem-se ao conjunto de todos os objetivos alegados, e para fins de análise no presente trabalho, estão desagregados os objetivos cuja alegação é ambiental na figura3.

24 Fig. 3 - Evolução anual das notificações sob alegação ambiental 25 2 21 21 15 18 16 17 14 1 1 9 5 1995a 1996a 1997a 1998a 1999a 2a 21a 22a Fig. 3 Evolução anual das notifiações mundiais ao TBT sob justificativa de proteção ambiental Elaboração do autor a partir de dados da OMC A evolução destas notificações cujo objetivo é a proteção ambiental fica clara na figura 3, na qual se percebe a tendência de seu crescimento. Após tendência de queda observada no primeiro período, até 1998, quando possivelmente os países apresentavam suas normas e padrões em reação ao estabelecimento do TBT e ao sistema de notificações, o segundo período seguiu-se com uma nítida tendência crescente indicando que a justificativa ambiental vem sendo cada vez mais utilizada para a proposição e implementação de normas e padrões técnicos. Certamente os países vem vivenciando e incorporação de aspectos ambientais na produção e comercialização, não só da atividade industrial, mas da agropecuária, à medida que avançam os estudos e a percepção dos problemas ambientais que o planeta já vivencia.

25 Fig.4 - Notificações Ambintais por Países 4 35 38 38 3 25 25 2 2 15 1 5 1 3 Argentina Brasil EUA Japão EU Canadá* Fig. 4 Notificações Ambientais por países selecionados Elaboração do autor a partir de dados da OMC Na figura 4, observa-se o total de notificações sob a justificativa de proteção ambiental para os países selecionados, nota-se que os países desenvolvidos vêem criando muito mais regulamentos/ padrões do que os países em desenvolvimento. União Européia e Canadá aparecem como os países que mais buscaram defender o ambiente através dos mecanismos do TBT, com 38 notificações cada, sendo que para o mesmo período, o Brasil usou desta justificativa apenas três vezes e a Argentina, apenas uma. Através destes dados, nota-se que, relativamente, o Brasil vem notificando pouco sob essa justificativa, uma vez que tendo a mesma participação no total de notificações que o Canadá, este utilizou-se desta justificativa muito mais que o Brasil. Isto pode refletir, de uma maneira geral, o grau em que as questões ambientais já estão sendo incorporadas.

26 Esperava-se encontrar muito mais notificações do Brasil com esse objetivo, principalmente pelo fato de sua legislação ambiental ser, reconhecidamente, uma das mais avançadas do mundo. Outra característica interessante é notar a evolução das notificações anualmente, por países, conforme é apresentado na Tabela 1.. Tab. 1 - Evolução anual de notificações sob justificativas ambientais por países Ano Argentina Brasil EUA Japão EU Canadá 1995 4 3 4 7 1996 1 2 4 4 3 1997 5 1 2 2 1998 1 3 5 1999 2 3 7 4 2 4 5 7 5 21 1 1 4 5 6 22 1 1 1 3 9 6 Elaboração do autor a partir de dados da OMC. Através da tabela 1, pode-se notar que para os países em desenvolvimento, a utilização de regulamentos técnicos visando a defender as questões ambientais é uma prática, além de pouco utilizada, recente. A única notificação argentina foi emitida somente em 22, e o Brasil, apesar de ter notificado sob essa justificativa em 1996 uma única vez volta a utilizá-la somente nos dois últimos anos do período. Já os EUA concentram suas notificações que se baseiam na defesa do meio ambiente nos anos anteriores a 21, tendo uma redução significativa nos anos de 21 e 22. Por sua vez, a Uniao Européia, apresentou uma intensificação na utilização desta justificativa nos últimos anos. O Canadá e o Japão mantiveram a sua utilização apróximadamente constante para todo o período. É importante considerar que as exigências de cunho ambiental acabam tendo que ser incorporadas pelo setor produtivo, acarretando custos adicionais e muitas vezes levando a que empresas percam a competitividade no setor. Por isso, é importante que essas medidas sejam propostas com embasamento científico. Sobretudo, é importante que países como o Brasil participem ativamente da discussão e proposição dessas normas que incorporam os padrões ambientais aos técnicos, sob risco de que o ônus da

27 adequação seja maior do que o necessário. Isso poderia ocorrer pela imposiçào de normas internacionais com níveis de exigências Mas esses números são pequenos se comparados aos dos outros objetivos legítimos. Na figura 5 observa-se esse diferencial de participação. Fig. 5 - Objetivos Legítimos Imperativos de segurança nacional 5% 39% Prevenção de práticas enganosas Proteção da saúde ou segurança humana Proteção da saúde animal e vegetal Proteção do meio-ambiente % 4% 7% % Outros Fig 5 Participação percentual dos objetivos legítimo Elboração do autor a partir de dados da OMC. Vale ressaltar que apesar de existirem expressamente no acordo apenas cinco objetivos legítimos que respaldem a criação de regulamentação, no referido banco de dados montado registraram-se mais de 7 enquadramentos diferentes, que foram agrupados nas cinco categorias Segurança Nacional, Prevenção de Práticas enganosas, Proteção da Saúde e Segurança Humana, Proteção da Saúde Vegetal e Animal, e Proteção do Meio Ambiente descritas no TBT, além da categoria Outros. Nota-se que 5% das notificações alegaram motivos de prevenção de práticas enganosas. Dentro desta categoria estão incluídas as notificações para regulamentação

28 sobre harmonização, procedimentos de avaliação de conformidade, adaptações metodológicas, rotulagem, entre outras. A segunda maior justificativa foi a de proteção da saúde e segurança humana. As notificações sob alegação ambiental representam apenas 7% das notificações mundiais para o período de 1995 22. Contudo, essa percentagem reflete a alegação expressa na notificação, ou seja, aquelas onde no campo referente ao registro dos objetivos da medida aparecem classificações passíveis de serem classificadas como proteção ambiental. Contudo, por vezes, notificações podem estar sendo classificadas na elaboração do banco de dados, em outras categorias, como proteção da saúde humana por exemplo, devido ao caráter subjetivo que algumas notificações apresentam.ainda, há outras medidas, que mesmo sendo expedidas por órgãos ambientais, não estão incluídas neste cálculo por notificarem outros objetivos legítimos como justificativa. Porém, mesmo nas classificadas como sendo vinculadas à proteção do meio ambiente, algumas não expressam claramente seus objetivos explicitamente, como aqueles definidos no acordo. A figura 6 evidencia esse fato.

29 Fig.6 - Notificações classificada com sendo de proteção de meio-mmbiente 67% proteção do meio-ambiente conservação da energia redução de poluição uso efetivo de recursos uso racional de energia redução de perdas reduzir ruido de veículos promover conservação de energia 1% 2% 1% 22% 1%1% 5% Fig. 6 Notificações classificadas como sendo de proteção ambiental participação percentual Elaborado pelo autor com base em dados da OMC Na figura 6, observa-se a composição do que, para este trabalho, foi interpretado como sendo justificativa relacionada com a proteção ambiental. Além da proteção do meio-ambiente propriamente, verificaram-se também notificações referindo se ao objetivo de redução de poluição, conservação de energia, uso efetivo de recursos, redução de perdas, redução de ruídos de veículos, promoção da conservação de energia. Todas estas notificações assim justificadas, responderam por menos de 5% na composição das notificações ambientais e o uso racional de energia, com 22%. Essa figura também mostra que as justificativas não estão claramente enquadradas nos objetivos legítimos e podem se camuflar nas notificações sob o escopo dos demais objetivos alegados. Parece raozável aceitar que dificilmente o Acordo conseguiria contemplar explicitamente todos os argumentos aceitáveis como legitimadores das

3 medidas técnicas. Contudo, este fato é um dos motivos pelos quais é tão complexa a análise e interpretação do Acordo e o julgamento sobre a pertinência ou não das medidas propostas pelos países. O item Outros pode contemplar uma quantidade ilimitada de justificativas que, para alguns, e conforme a cirscunstância, poderão parecer legítimos e, para outros, não. A ciência vem em auxílio da legitimação dessas medidas, embora, nem mesmo ela possa dirimir as divergências de forma ágil e eficaz. Essas notificações, apesar de refletirem uma discreta a variação no total de notificações, se mostra constante e pouco variável no período, como pode-se observar na figura 7. 2 Fig. 7 - Notificações X Notificações ambientais - Total Países l i d 18 16 14 12 1 Notificações Ambientais 8 6 4 2 1995. 1996. 1997. 1998. 1999. 2. 21. 22. Fig. 7 Total de notificações ambienais frente as notificações totais Total países selecionados Elaborado pelo autor a partir de dados da OMC Neste gráfico pode-se verificar que, proporcionalmente, as quedas nos anos de 1997 e 21 nas notificações ambientais desses países não foram proporcionais as

31 quedas no total de notificaçoes, principalmente para o ano de 21, onde a participação relativa das notificações ambientais foi maior. Analisando-se os país individualmente, nota-se que essa tendência se mantem para a maioria destes. Nesta analise, excluiu-se o Brasil e a Argentina pelo numero muito baixo de notificações, impossibilitando traçar o paralelo ano-a-ano para esses dos países. Fig. 8 - Notificações X Notificações ambientais - EUA 5 45 4 35 3 25 Notificações Ambientais 2 15 1 5 1995. 1996. 1997. 1998. 1999. 2. 21. 22. Fig. 8 Total de notificações frente notificações ambientais - EUA Elaboração do autor a partir de dados da OMC A Fig. 8 referente as notificações dos Estados Unidos. Nota-se que a queda acentuada nas notificações totais deste país nos últimos anos do período refletiram-se nos regulamentos visando à proteção ambiental, diminuindo o numero destas notificações, contudo, elas não deixam de seguir a tendência observada para o total dos demais países selecionados. As notificações ambientais japonesas também apresentam padrão parecido, como observa-se na Fig. 9.

32 Fig. 9 - Notificações X Notificações ambientais - Japão 6 5 4 3 Notificações Ambientais 2 1 1995. 1996. 1997. 1998. 1999. 2. 21. 22. Fig. 9 Total de notificações frente as notificações ambientais - Japão Elaborado pelo autor a partir de dados da OMC As notificações ambientais japonesas também se mostram independentes das demais, variando muito pouco no período, enquanto as demais tiveram uma explosão no ano de 2, em meio uma tendência de queda para o período analisado. Nota-se também que a notificação com alegação ambiental no Japão não teve nenhum boom de notificações e sua terceira posição na notificação ambiental, se deve, portanto, à pratica constante de notificação ambiental dos japoneses. Já para os maiores notificadores ambientais, Canadá e União Européia, esse paralelo mostra importantes pontos na relação entre notificações ambientais e o total de notificação. Na Fig. 1 observamos essa evolução para o Canadá.

33 Fig. 1 - Notificação X Notificações ambientais - Canadá 35 3 25 2 Notificações Ambientais 15 1 5 1995. 1996. 1997. 1998. 1999. 2. 21. 22. Fig. 1 Total de notificações frente as notificações ambientais Canadá Elaborado pelo autor com base em dados da OMC Já no caso do Canadá, observa-se a estreita relação entre as notificações relacionada ao meio ambiente e as demais. Nota-se nitidamente que as notificações ambientais são afetadas pelo atividade normativa anual no Canadá ou talvez elas sejam o carro-chefe. Ou seja, ano que se notifica pouco nos demais setores, as notificações ambientais também são reduzidas, diferente de EUA e Japão, onde observa-se uma certa independência no padrão geral da normatização ambiental,em relação ao padrão das notificações técnicas gerais, ao menos do ponto de vista das notificações emitidas ao TBT. Contudo, na quantidade, se mantem beirando a média de cinco notificações, especialmente após o ano de 1998. Para a União Européia (Fig.11), essa tendência já muito diferente.

34 Fig. 12 - Notificações X Notificações ambientais - União E éi 5 45 4 35 3 25 Notificações Ambientais 2 15 1 5 1995. 1996. 1997. 1998. 1999. 2. 21. 22. Fig. 11 Total de notificações frente as notificações ambientais União Européia Elaborado pelo autor com base em dados da OMC Neste bloco a relação se mostra diferente dos demais países. Apesar de apresentar uma tendência de queda no número total de notificações, a de justificativas ambientais vem aumentando no decorrer do período, principalmente após 1998, quando a União Euopéia não apresentou nenhuma notificação sob justificativa de proteção do meio ambiente. Outro ponto importânte a se destacar foi o da queda de aproximadamente 34 notificações no ano de 1999 para 7 notificações em 21. Essa queda no total geral, fez com que a participação das notificações ambientais nesse último ano chegasse a aproximadamente 7% das notificações do bloco. Sendo a União Européia um dos maiores notificadores, o aumento das notificações ambientais no bloco pode ser considerado significativo no âmbito do acordo e revela a importância desta questão dentro deste bloco.