O USO DE BOMBAS FUNCIONANDO COMO TURBINAS PARA SISTEMAS DE RECALQUE DE ÁGUA.



Documentos relacionados
O Uso de Bombas Funcionando como Turbinas Acionando Geradores de Indução.

O USO DE BFTS ACIONANDO GERADORES DE INDUÇÃO COMO SOLUÇÃO DE BAIXO CUSTO E EFICIÊNCIA NO QUE SE REFERE A MICRO E MINE CENTRAIS HIDRELÉTRICAS

A metodologia proposta pela WEG para realizar este tipo de ação será apresentada a seguir.

Eficiência Energética Chocolates Garoto

GERAÇÃO DE ELETRICIDADE A PARTIR DE FONTES RENOVÁVEIS PARA ABASTECIMENTO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS

ENSAIO DE BOMBAS EM SÉRIE E PARALELO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DISCIPLINA: ECONOMIA DA ENGENHARIA

MOTORES ELÉTRICOS Princípios e fundamentos

NOME DA INSTITUIÇÃO: Prime Projetos e Consultoria Ltda.

Sistemas de Bombeamento Através de Energia Solar

MOTORES ELÉTRICOS. Princípios e fundamentos. Eng. Agríc. Luciano Vieira

Energia Eólica. História

IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMA AUTOMÁTICO DE CONTROLE DE BOMBEAMENTO NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO SAAE DE GUARULHOS-SP

A utilização dos roletes ESI no Brasil

SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS. Gramado, RS, de 5 a 8 de Outubro de 1998 SISTEMA DE INVENTÁRIO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS- SINV

XIII Encontro de Iniciação Científica IX Mostra de Pós-graduação 06 a 11 de outubro de 2008 BIODIVERSIDADE TECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO

Programa de Eficiência Energética Serviço de Água, Esgoto e Meio Ambiente do Município de Araras SP

Engenharia Gerencial. A cogeração como alternativa aos desafios energéticos

EDITAL DE TOMADA DE PREÇOS Nº

AVALIAÇÃO DA MANUTENÇAO PREVENTIVA EM HIDRÔMETROS INSTALADOS NA CIDADE DE PIRACICABA, SP

A Utilização de Bombas Funcionando como Turbinas (BFTs) em Pequenos Aproveitamentos Hidráulicos

Décima segunda aula de teoria de ME5330. Maio de 2011


VIII-Lubi-Brasil-1 REDUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NAS ESTAÇÕES DE BOMBEAMENTO COM O MODELO HÍBRIDO.

Apresentação CEI. Perspectivas no mercado de energia fotovoltaica

CAP. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE DECISÃO

Considerações sobre redimensionamento de motores elétricos de indução

FUNDOS DO SETOR ELÉTRICO ADMINISTRADOS PELA ELETROBRÁS 2009

Controle de Múltiplos Pivôs Centrais com um único Conjunto Motor-Bomba

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA REVISÃO ORDINÁRIA DA PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA FIRMADA ENTRE O MUNICÍPIO DE RIO CLARO E A FOZ DE RIO CLARO S/A.

Matriz de referência de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

MS 777 Projeto Supervisionado Professor: Laércio Luis Vendite Ieda Maria Antunes dos Santos RA:

Sitec Power Soluções em Energia ENERGIA REATIVA E FATOR DE POTÊNCIA

Mecânica dos Fluidos. Aula 17 Bombas Hidráulicas. Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO CONTROLE DA VAZÃO EM SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA USO DE VÁVULA E CONTROLE DE VELOCIDADE.

EFICIÊNCIA HIDRÁULICA E ENERGÉTICA EM SANEAMENTO

Instalações Máquinas Equipamentos Pessoal de produção

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA/ELETROTÉCNICA

Perguntas e Respostas sobre a aplicação da Resolução Normativa nº 482/2012

ESTUDO DE VIABILIDADE. Santander, Victor - Unioeste Aula de Luiz Eduardo Guarino de Vasconcelos

Viabilidade Ec E onômic onômic Aquecimen to Solar

ECONOMIZAR DINHEIRO USANDO ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA.

Identificação e análise de gargalos produtivos: impactos potenciais sobre a rentabilidade empresarial

Soluções Energéticas para o seu negócio

CÁLCULO DAS POTÊNCIAS DE BOMBAS E ELEVADORES

DEPRECIAÇÃO E OBSOLÊNCIA

Controle Operacional à Distância Ferramenta Operacional

Avaliação de Investimentos

ELEMENTOS ORGÂNICOS DE MÁQUINAS II AT-102

Inversores de Freqüência na Refrigeração Industrial

Perguntas e Respostas sobre a aplicação da Resolução Normativa nº 482/2012

TAXA INTERNA DE RETORNO - IRR

Potência ativa (W): é a que realmente produz trabalho, isto é, faz os motores e os transformadores funcionarem.

VIABILIDADE DE REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA PARA VASOS SANITÁRIOS.

Analisando graficamente o exemplo das lâmpadas coloridas de 100 W no período de três horas temos: Demanda (W) a

Objetivos. Engenharia de Software. O Estudo de Viabilidade. Fase do Estudo de Viabilidade. Idéias chave. O que Estudar? O que concluir?

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE VAZÃO DAS INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE GUARULHOS

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. Bertold Brecht

PORTFOLIO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INSTALADOS/PROJETADOS PELA BLUE SOL ENERGIA SOLAR

Energia Elétrica - Tarifação

Norma Técnica Interna SABESP NTS 024

1.2. Estado da arte.

Classificação dos Sistemas Fotovoltaicos

MOTORES ELÉTRICOS. Aula 1. Técnico em Eletromecânica - Julho de Prof. Dr. Emerson S. Serafim 1

SECTOR DA FABRICAÇÃO DE ARTIGOS DE BORRACHA E MATÉRIAS PLÁSTICAS

Inversores de Frequência Aplicados em Processos de Mineração Trazem Ganho de Produtividade, Economia de Energia e Manutenção Reduzida.

TÍTULO: GERADOR DE INDUÇÃO COMO ALTERNATIVA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

III Workshop Inovação para o Estabelecimento do Setor de Energia Solar Fotovoltaica no Brasil. Nelson Fonseca Leite Presidente 06/03/2013

PROBLEMAS ATUAIS DA LOGÍSTICA URBANA NA ENTREGA DE MATERIAIS HOSPITALARES UM ESTUDO INVESTIGATIVO

COMPARAÇÃO ECONÔMICA ENTRE O TRANSPORTE DE GÁS E LINHA DE TRANSMISSÃO

No presente estudo foram consideradas as seguintes premissas:

Programa de Eficiência Energética AUDIÊNCIA PÚBLICA

LEILÕES DE ENERGIA NOVA A-5 e A-3/2007 DÚVIDAS FREQÜENTES

VENTILADORES INTRODUÇÃO: Como outras turbomáquinas, os ventiladores são equipamentos essenciais a determinados processos

PCHs: Aspectos Regulatórios e Comerciais. Marcos Cabral

1 Introdução simulação numérica termoacumulação

Soluções Completas para Pequenas Centrais Hidrelétricas

BOMBEAMENTO DE ÁGUA COM ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Geração de energia elétrica

SISTEMA HIDRAULICO PARA ELEVADORES CONFORTO TOTAL ACESSIBILIDADE TOTAL

Resultados do teste com o ônibus elétrico na cidade do Rio de Janeiro.

FAPERJ & PIUES/PUC-Rio FÍSICA E MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO APLICADAS A SISTEMAS DE ENGENHARIA

APLICAÇÃO DAS TARIFAS ENERGÉTICAS EM SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO 1. INTRODUÇÃO

Prof. Dr. Luiz Antonio Rossi UNICAMP - Brasil. GEFES Grupo de Estudos em Fontes Eólica e Solar. São Carlos, 22 de Maio de 2015.

Escola de Engenharia de São Carlos Hidráulica e Saneamento SHS Máquinas Hidráulicas. Pequenas Centrais Hidrelétricas

ção Profissional na Cogeraçã EDUCOGEN

COMO EVITAR O DESPERDÍCIO

SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE ENERGIA REATIVA EM TEMPO REAL LIVRE DE TRANSIENTES - ELSPEC

PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

Pindyck & Rubinfeld, Capítulo 15, Mercado de Capitais::REVISÃO

Geradores elétricos GERADOR. Energia dissipada. Símbolo de um gerador

EARNINGS RELEASE 2008 e 4T08 Cemig D

CATÁLOGO Aquah Cisternas Verticais PLUVIAIS E POTÁVEIS

4 Avaliação Econômica

DIODO SEMICONDUTOR. Conceitos Básicos. Prof. Marcelo Wendling Ago/2011

Produção de Energia Alternativa

Sistema Corporativo de Tele-Medição de Energia Elétrica. Eng. Eduardo Caldas Cardoso ELO Sistemas e Tecnologia eduardo@elotek.com.

INCORPORAÇÃO DE SISTEMAS DE CO-GERAÇÃO AOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA: UM ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA

MÉTODO ALTERNATIVO PARA A CORREÇÃO DOS EXCEDENTES REATIVOS NO CAMPUS DO PICI DA UFC

Transcrição:

O USO DE BOMBAS FUNCIONANDO COMO TURBINAS PARA SISTEMAS DE RECALQUE DE ÁGUA. Rafael Emilio Lopes 1 ; Carlos Barreira Martinez 2 Resumo Sabe-se que uma parcela significativa do custo da água é composta pelo insumo energia elétrica. Este custo tende a ser maior à medida que se trabalha com sistemas em regiões do interior do País. Assim soluções que permitam que sistemas de saneamento se tornem auto-suficientes em energia elétrica devem ser cotejadas e quando possível devem ser implementadas. Dentre as diversas alternativas existentes visando a auto-suficiência energética tem-se a solução baseada em micro centrais hidrelétricas (MCH). Entretanto o custo dos equipamentos hidro-eletro-mecânicos é elevado e se constitui em um obstáculo para a implantação das MCH. Uma alternativa considerada interessante é a utilização de bombas funcionando como turbinas (BFT) que pode apresentar custos competitivos. Apresenta-se neste trabalho uma análise de viabilidade do uso de BFT para a utilização em sistemas de abastecimento de água. Abstract - One knows that a significant piece of the cost of the water is composed for electric energy. This cost tends to be bigger to the measure that if works with systems in isolated regions or the interior of the Country. Thus solutions that allow that sanitation systems if become selfsufficient in electric energy must be evaluated and when possible they must be implemented. Amongst the diverse existing alternatives aiming at the energy self-sufficiency it is had solution based on Micron Hydroelectric Power Plant (MHPP). However the cost of the equipment hidroelectro-mechanics is raised and if it constitutes in an obstacle for the implantation of the MHPP. A considered alternative interesting is the use of pumps as turbines (PAT) that it can present competitive costs. An analysis of viability of the use of PAT for the use in systems of water supply is presented in this work. Palavras-Chave: tratamento de água, energia alternativa, BFT. 1 Universidade Federal de Minas Gerais Campus Pampulha Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Engenharia Elétrica CPDEE PPGEE UFMG. Av. Antônio Carlos, n 6627, Pampulha CEP 31270-901 Belo Horizonte MG - tel: (031) 3499-4925. E-mail: rafael.emilio.lopes@gmail.com. 2 Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos EHR/CPH UFMG. Av. Antônio Carlos, n 6627, Pampulha CEP 31270-901 Belo Horizonte MG - tel: (031) 3499-4925. E-mail: martinez@cce.ufmg.br.

INTRODUÇÃO A geração de energia elétrica através de pequenas e micro centrais hidrelétricas normalmente esbarra nos elevados custos dos equipamentos de geração. Assim alguns autores, WILLIAMS (1995), Viana (1987), apresentam uma alternativa de geração hidrelétrica baseada no uso de Bombas Funcionando como Turbina. O estudo de Bombas Funcionando como Turbina (BFT) segue uma linha de ação baseada na otimização de pequenos potenciais residuais. Sabe-se que alguns destes potenciais são localizados próximo aos centros de consumo e que podem ser uma boa opção para o incremento da energia gerada pelas concessionárias de energia elétrica ou para uso de auto-produtores, pequenas comunidades e empreendimentos. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA Uma máquina hidráulica tem a finalidade de, como máquina motriz, transformar um tipo de energia que a natureza nos oferece em trabalho mecânico, ou, como máquina geratriz, fornecer energia a um fluido para, por exemplo, transportá-lo de um local para outro. Quando uma máquina de fluxo trabalha como motriz, é chamada de turbina e, quando trabalha como geratriz, de bomba. Como toda alternativa tecnológica a BFT possui vantagens e desvantagens quando comparadas com turbinas na mesma faixa de potência. Estas serão descritas a seguir: Vantagens: As bombas são fabricadas em série - isso diminui o custo tanto de fabricação quanto manutenção; Não demandam mão de obra especializada para sua manutenção; Esquema de instalação simples facilidade de implantação no caso de pequenas potências; É um equipamento robusto e suas peças podem ser encontradas com facilidade. Desvantagens: Possui rendimento um pouco inferior se comparado às turbinas convencionais; Não possui um dispositivo de controle hidráulico incorporado (distribuidor); Não permite variações de carga como uma turbina convencional. Estas desvantagens podem ser minimizadas se a bomba for corretamente selecionada em função das características do sistema e ponderada a sua utilização em termos de eficiência (Chapallaz et al, 1992). SELEÇÃO DA BFT A PARTIR DAS CARACTERÍSTICAS DO APROVEITAMENTO HIDRÁULICO Para selecionar uma bomba para funcionar como turbina a partir de um arranjo particular é preciso obter a queda bruta H, a perda de carga Hf e a vazão Q. A queda e vazão do local serão denominados como H e Q, queda e vazão da BFT, respectivamente.

Após a determinação da queda e vazão do local começa o processo de determinação da bomba que irá funcionar como turbina. Para determinar a bomba que irá trabalhar neste local utiliza-se as equações de Sharma [1] : H H = bep ( η ) 1. 2 max (1) Q Q = bep ( η ) 0. 8 max (2) O processo para determinar o ponto da máxima eficiência da bomba é iterativo e necessita de um valor inicial para o rendimento da bomba funcionando como bomba, ou seja, uma valor inicial para η max. Em resumo, uma bomba é selecionada em função de sua altura manométrica H bep e de sua vazão Q bep. Inicialmente determina-se H bep e Q bep utilizando as equações de Sarma (1) e (2), arbitrando-se η max. Após várias seleções, concluiu-se que 70% é um valor para o rendimento que atende a maioria das situações pesquisadas. Em seguida pesquisa-se nos catálogos de fabricantes um equipamento que atenda a essa combinação de Q bep e H bep. O rendimento da máquina, lido no catálogo do fabricante, é utilizado nas equações de de Sharma (1) e (2), para se determinar novo H bep e Q bep. O processo termina quando se encontrar a menor diferença entre os dois últimos H bep e Q bep calculados. É importante priorizar máquinas de alto rendimento. Com a bomba e sua rotação selecionadas, o próximo passo é identificar o gerador a ser utilizado. Inicialmente se determina a potência e o número de pares de pólos do gerador a partir da rotação da BFT. Em seguida, é preciso verificar se a combinação da bomba selecionada como BFT e do gerador formam um conjunto adequado. A velocidade de rotação da bomba é Nb ; porém funcionando como turbina será aquela necessária para funcionamento do gerador a ela acoplado, denominada N. O ponto de operação do equipamento funcionando com essa rotação é definido por H e Q calculado pelas equações de Willians (3) e (4). H = H bep 1.2 max ( η ) N * N b 2 (3) Qbep N Q = * ( ) 0.8 η max Nb (4) Se o ponto de operação do equipamento, em termos de H e Q estiver muito longe do seu ponto de rendimento máximo ou do ponto de máxima transformação de energia, então será necessário selecionar uma nova bomba. Um fator importante para seleção do conjunto BFT/gerador é a velocidade de rotação; deve-se selecionar equipamentos cujas velocidades de rotação nominais sejam próximas, o que evitaria que

os pontos de operação de bomba e BFT fossem muito distantes, implicando em funcionamento de BFT em zonas de baixo rendimento, ou seja o número de pólos do gerador deve ser o correspondente à velocidade de rotação da bomba como bomba. ESTUDO DE VIABILIDADE Em todo empreendimento de engenharia, deve-se primeiro, verificar a sua factibilidade técnica e em seguida verificar a sua viabilidade econômica. Desta forma após verificar a existência de uma bomba convencional que se adapte a situação de vazão e queda do sítio deve se proceder a sua analise de viabilidade econômica.para isso considera-se que os custos das obras civis sejam compatíveis e proporcionais com a dimensão do sistema. Assim os custos civis serão estimados segundo os custos dos equipamentos eletro-hidro-mecânicos. O sistema eletro-hidro-mecânico é subdividido em duas partes: subsistema gerador, composto pela BFT e pelo gerador; subsistema excitação, constituído pelos bancos de capacitor. Considerou-se que o custo do gerador como 1/3 do custo das bombas para cada situação analisada. Os serviços subsequentes de instalação dos componentes, afeitamento de obras, materiais, foram estimados como sendo o próprio valor total das bombas e geradores. O custo total de implantação, portanto, foi calculado como sendo duas vezes o custo da bomba e do gerador. A avaliação da viabilidade da central operando com grupos gerador tipo BFT é feita em função do Fator de Recuperação de Capital(FRC), que é obtido por 5, e do Valor Presente Líquido (NPV-Net Present Value), dado por 6. FRC = (1+ i) (1+ i) np np *i 1 (5) Sendo: FRC = Fator de recuperação de capital; i = taxa de interesse (%); np = período considerado de pagamento das parcelas; FRC é um fator que multiplicado pelo valor atual do investimento, resulta em parcelas fixas, sem juros, a serem pagas durante o período considerado np. Para as simulações efetuadas, calculou-se os custos de implantação considerando um intervalo máximo de 4 anos. NPV = Custo_ total+ n= 1 Receita _ total (1 + i) n (6) Sendo: i = taxa de interesse (%) Receita_total = Receita por período considerado Custo de Operação e Manutenção neste mesmo período.

Custo_total = Valor total do investimento. Considera-se como limite superior de np, a vida útil da instalação. Assim o tempo de retorno de capital é o período np onde o NPV reverte o fluxo de capital, passando de negativo para positivo, implicando que toda a instalação foi quitada. Por se tratar de um sistema de recalque a ser acionado por uma unidade autônoma e considerandose que esse sistema sofrerá possivelmente efeitos de desgaste e cavitação, opta-se por um período de retorno de apenas 4 anos. Na tabela (1) apresenta-se uma análise para várias bombas de potências diferentes, considerando um período de análise de 4 anos. Considera-se também que o excedente de energia gerada e não consumida pelo sistema de bombeamento será injetada na rede. Está análise é realizada utilizando o NPV, e é levado em conta o custo da energia gerada em R$/kW e as taxas de interesse anuais. Os resultados são mostrados nos gráficos das figuras (1 e 2). Custo O&M anual = 5% do Custo do grupo gerador; Custo da instalação BFT = 2*(Custo da bomba + Custo do gerador); Custo total da instalação = Custo da instalação BFT + Custo O&M Valor das Parcelas = (Custo total da instalação)* FRC Custo da Energia Gerada = Custo total da instalação * FRC / Energia Gerada no ano Custo de referência adotado ( 0,073 R$/kWh), como sendo o utilizado em sistemas de abastecimento de água. Taxa de interesse 18% ao ano. O calculo do NPV da instalação foi efetuado utlilizando-se um intervalo mensal, assim tem-se : simulando mensalmente : Receita bruta da BFT = Potência BFT*720hs*tarifa; (receita mensal) Custo de O&M mensal = (Custo de O&M anual / 12)*(1 + taxa de interesse_anual) Tabela (1). Relação de bombas analisadas nos gráficos das figuras (2 e 3). Bombas Numeração Potência da bomba (CV) Potencia da BFT (kw) EHF25-12S 1cv 1 1 0.28 EHF32-12S 1cv 2 1 0.48 EHF32-16S 1,5cv 3 1,5 0.77 EHF40-16S 3cv 4 3 1.27 EHF50-20S 6cv 5 6 3.03 EHF65-20S 7,5cv 6 7,5 5.07 EHF65-25S 15cv 7 15 6.55 EHF80-20S 12,5cv 8 12,5 6.57 EHF80-32S 30cv 9 30 21.43 EHF100-40S 100cv 10 100 55.80 EHF100-45S 150cv 11 150 104.79 EHF125-25S 40cv 12 40 25.20 EHF150-25S 40cv 13 40 23.94 EHF200-32S 150cv 14 150 85.01 Desta forma calcula-se, para cada instalação equipada com grupo gerador BFT, qual o tempo de retorno e o custo da energia gerada. A figura 2 mostra a evolução dos custos de energia gerada para

cada instalação equipada com BFT. Nesta pode-se ver que as barras verticais representam o custo da energia gerada em cada sistema, todos os sistemas que possuem custo de energia gerada maior que o custo de referencia ( 0,073 R$/kWh) são sistemas inviáveis, pois jamais serão pagos. Assim vê-se que instalações acima de 6 cv são viáveis Figura (1). Neste gráfico estão relacionadas as BFTs de acordo com a numeração da tabela (1), em relação ao aumento gradual dos juros e do custo da energia gerada em R$/kWh. Para o caso em que a taxa de interesse é de 18% ao ano, o gráfico na figura (2) representa o custo da energia gerada para cada BFT. Figura (2). Análise de viabilidade econômica pra troca de sistemas de geração

COMENTÁRIOS FINAIS O retorno do investimento foi calculado usando o método demonstrado acima. Para cada bomba, calculou-se iterativamente o ponto onde o NPV deixa de ser negativo, este ponto representa o tempo, em meses, onde todo o investimento foi pago. Para as bombas 1 a 4, o investimento não é viável, pois o custo da energia gerada com a implantação da BFT, é maior que o custo de referencia 0,073 R$/kWh, assim, o investimento nunca será pago. Bomba 1 a Bomba 4: maior de 1201 meses; Bomba 5 : 22 meses Bomba 6: 18 Meses Bomba 7: 16 meses Bomba 8: 14 meses; Bomba 9 e 10: 8 meses Bomba 11 : 10 meses Bomba 12 e 13: 4 meses; Bomba 14 : 5 meses.. Os resultados indicam que instalações equipadas com BFTs podem ser uma opção de geração, principalmente no caso de pequenas instalações, acima de um limite inferior de 6cv (próximo de 4 kw). Os problemas técnicos relativos a interligação do sistema com a rede ou do funcionamento como unidade isolada devem ser melhor estudados, principalmente no que se refere ao custo de capacitores e sistema de excitação. Sugere-se que estes estudos sejam ampliados de forma a contemplar esta situação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KITTREDGE, C P, Centrifugal pumps used as hydraulic turbines, Trans. ASME, J. Eng. Power, Ser. A, pp 74-77, Jan 1961. SHARMA, K. R, Small hydroelectric projects Use of centrifugal pumps as turbines, Kirloskar Electric Co., Bangalore, India, 1985. WILLIAMS, A A, The turbine performance of centrifugal pumps: a comparison of prediction methods, Proc. ImechE, Vol. 208, Pt A, pp 59-66, 1994. WILLIAMS, A A, Pumps as turbines: a user s guide, IT Publications, London, ISBN 1-85339- 285-5, 1995. WILLIAMS, A A, The Selection and Application of centrifugal pumps as water turbines, 10 th Conference on fluid Machinery Hungarian Academy of Sciences, Budapest, September, 1995. VIANA, AUGUSTO N. C. Comportamento de Bombas Centrífugas Funcionando como Turbinas Hidráulicas. Dissertação de Mestrado, Itajubá MG,1987.