A EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA NA PERSPECTIVA DA REVISTA NOVA ESCOLA: O ESTADO DA ARTE ANNIE GOMES REDIG 1 : Universidade do Estado do Rio de Janeiro THYENE DA SILVA BÜRKLE 2 : Universidade do Estado do Rio de Janeiro Resumo: A presente pesquisa pretende discutir e refletir sobre a formação de professores, através das reportagens relacionadas à Educação Inclusiva na Revista Nova Escola. Por meio das publicações que abordam essa temática. Pretendemos analisar como esses docentes / leitores se informam sobre a política atual da Educação Brasileira a Educação Inclusiva. Sendo assim, analisamos as edições dos anos de fevereiro de 2006 a agosto de 2009, através de uma metodologia qualitativa dos dados pesquisados. Assim, podemos perceber quais os assuntos mais freqüentes abordados na Revista e quais não são citados. Então, notamos que há uma demanda grande em busca de informações em relação à Educação Inclusiva, porém que se não forem discutidas e refletidas, com a finalidade da construção de práticas pedagógicas que visem a real inclusão do aluno com necessidades educacionais especiais, essas publicações ficam em uma discussão superficial. Por isso, acreditamos na utilização dessa Revista como uma ferramenta de diálogo entre a teoria e prática na formação continuada e / ou em serviço dos profissionais da Educação. Palavras-chave: Educação Inclusiva / Especial, Formação de Recursos Humanos, Revista Nova Escola. Introdução O presente trabalho tem por objetivo discutir a formação de professores, a partir das reportagens sobre Educação Inclusiva na Revista Nova Escola, no período de janeiro de 2006 a agosto de 2009. Esta revista foi escolhida por ter uma circulação grande no ambiente escolar, principalmente na Educação Infantil e Ensino Fundamental 1º segmento, tanto de escolas públicas quanto privadas. A Revista Nova Escola, por ser um material de fácil acesso, vendida nas bancas de jornal e assinatura, com preços e vocabulário acessíveis a todos, é uma revista que veicula bastante nas escolas. Sendo assim, resolvemos analisar estatisticamente, os assuntos abordados nesses materiais, relacionados à temática da Educação Especial e Inclusiva. Essa Revista, objeto desta reflexão, foi criada em 1986, na qual é uma publicação da Fundação Victor Civita, da Editora Abril. Ela pretende informar os profissionais da Educação com matérias e sugestões sobre planos de aula, conteúdos, materiais que possam ser utilizados nas aulas, bibliografias complementares, eventos, bem como reportagens com professores e especialistas de diversas áreas e experiências em escolas. 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Proped / UERJ e professora substituta do Departamento de Educação Inclusiva e Educação Continuada da Faculdade de Educação da UERJ. Rua Ambaitinga 160 / 202, Praia da Bandeira. Rio de Janeiro, R.J. CEP: 21921-520. E-mail: annieredig@yahoo.com.br 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro PROPEd /UERJ. Professora da rede pública do Município do Rio de Janeiro. Rua: Teófilo Guimarães, 474, Sulacap, Rio de Janeiro, R. J. CEP: 21741-040. E-mail: thablebr@yahoo.com.br 89
Esse material é publicado mensalmente, totalizando dez revistas no ano, pois nos meses de janeiro e julho, não há emissão do material, visto que, entendem como sendo férias do professor. Então, analisaremos as informações que são veiculadas aos professores, assim, poderemos ter uma idéia de quais necessidades educacionais especiais 3 estão sendo abordadas, para auxiliar os professores no processo de ensino-aprendizagem dos mesmos. De acordo com a atual política educacional Brasileira, as escolas devem seguir a proposta da Educação Inclusiva, isso significa um novo modelo de escola em que é possível o acesso e permanência de todos os alunos, e onde os mecanismos de seleção e discriminação, até então utilizados, são substituídos por procedimentos de identificação e remoção das barreiras para a aprendizagem (GLAT & BLANCO, 2007, p.16). Dessa forma, as escolas precisam se adaptar para receber os alunos com necessidades educacionais especiais e a eles se adequar para que haja realmente um aprendizado significativo dos conteúdos escolares. Um dos objetivos da escola é a socialização, mas acima disso é o aprendizado acadêmico e para a vida, sendo assim, esse alunado deve participar de todas as atividades desenvolvidas na escola, alcançando um nível satisfatório de aprendizado para sua série e/ou ano. Então, a escola deve proporcionar meios (através de adaptações / adequações curriculares, metodologias diferenciadas e etc.) que possibilitem que o aluno com necessidades educacionais especiais acompanhe sua turma na aprendizagem, de maneira que não se sinta excluído. Nesse sentido, os profissionais da Educação devem estar preparados para o recebimento desses sujeitos. Para tornar-se inclusiva a escola precisa formar seus professores e equipe de gestão, e rever as formas de interação vigentes entre todos os segmentos que a compõem e que nela interferem. Precisa realimentar, sua estrutura, organização, seu projeto político-pedagógico, seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas avaliativas. Para acolher todos os alunos, a escola precisa, sobretudo, transformar suas intenções e escolhas curriculares, oferecendo um ensino diferenciado que favoreça o desenvolvimento e a inclusão social (GLAT & BLANCO, 2007, p.16). Para tal transformação, é fundamental que os professores entendam a proposta da Educação Inclusiva, com a finalidade de que desenvolvam adaptações curriculares de grande e pequeno portes. As adaptações curriculares ou adequações curriculares podem ser de dois tipos: adaptações curriculares significativas ou de grande porte e não significativas ou de pequeno porte. A primeira refere-se às adaptações de responsabilidade dos gestores da escola, como mudanças no projeto político pedagógico, objetivos, avaliação, temporalidade, currículo, materiais. A segunda são as adaptações de encargo dos professores regentes, como nos objetivos, metodologia, temporalidade, avaliação. Essas adaptações, apesar de serem 3 De acordo com Glat & Blanco (2007) pessoas com necessidades educacionais especiais são aquelas que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem, precisando de diferentes metodologias e/ou suportes educacionais para aprenderem. Esse termo não é sinônimo de deficiência, porém, no âmbito desse trabalho, os alunos com necessidades educacionais especiais também, serão considerados os com deficiência de natureza física, mental e sensorial, transtornos de comportamento e altas habilidades - alunado tradicionalmente atendido pela da Educação Especial. 90
direcionadas para cada profissional, não significam que uma não esteja interligada com a outra, pois o ato de adaptação do processo de ensino-aprendizagem é de responsabilidade de todos os profissionais da educação. Há vários estudos sobre essa temática, como Fernandes & Redig (2005, 2006, 2007), Fernandes; Glat; Orrico; Redig & Feijó (2005), Oliveira & Machado (2007), Fernandes, Antunes & Glat (2007), Bürkle & Redig (2008), Fernandes, Redig & Silva (2008), Oliveira (2008) entre outros. Nesse sentido, a Revista Nova Escola, tem como objetivo auxiliar o professor nessa formação e capacitação para a Educação Inclusiva, sendo uma ferramenta a mais para que ele possa refletir sobre suas práticas pedagógicas. 1. Metodologia Para traçar o quantitativo de reportagens que abordam a Educação Especial e Inclusiva na Revista Nova Escola, optamos pela análise qualitativa dos dados. Nessa direção, esse tipo de investigação engloba uma apreciação das matérias no campo da Educação Especial e Inclusiva. Então, investigamos o total de 38 revistas, sendo 36 publicações mensais, durante o período de janeiro de 2006 a agosto de 2009 e 02 edições especiais sobre inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns, estas edições referem-se aos meses de outubro de 2006 e julho de 2009. Esse período foi escolhido, por serem os anos das edições disponíveis no site da revista 4. De acordo com Lüdke & André (1986) a análise documental pode se tornar uma técnica importante para a coletagem de dados qualitativos seja completando informações ou descobrindo novas características de uma situação. Então, segundo Patton (apud Lüdke & André, 1986, p.42) a análise de dados qualitativos é um processo criativo que exige grande rigor intelectual e muita dedicação. Não existe uma forma melhor ou mais correta. O que se exige é sistematização e coerência do esquema escolhido com o que pretende o estudo. Partindo deste enfoque, em um primeiro momento, foi feita uma pré-análise do material, envolvendo a seleção e organização dos documentos selecionados. A segunda etapa consistiu na análise desse material enfatizando o método qualitativo. Dessa forma, dividimos a apreciação em dois momentos: a primeira em relação às áreas de necessidades educacionais especiais e Educação Inclusiva 5, abordadas nas matérias das revistas em suas edições mensais e a segunda categoria, nas edições especiais. 2. Análise das publicações: o estado da arte Analisamos 38 edições, porém das 36 mensais, apenas 12 abordam a temática da Educação Especial e Inclusiva, dessas somente 02 são matérias principais da revista, com manchetes na capa, no qual apresentam a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Assim, de acordo com as demais manchetes, 07 anunciam o assunto na capa, mas como reportagens secundárias, sendo 02 sobre a política da Educação Inclusiva; 01 sobre distúrbios de aprendizagem; 02 sobre altas habilidades; 01 sobre deficiência intelectual e 01 sobre deficiência auditiva. Nas 03 edições restantes, o leitor apenas é informado sobre a reportagem ao abrir a Revista. Além das 02 edições especiais que discutem exclusivamente esta política. 4 Para maiores informações acessar o site: http://revistaescola.abril.com.br/ 5 Essa categoria denominada Educação Inclusiva, contempla os conceitos dessa política, bem como legislação, acessibilidade, relatos de pessoas com necessidades educacionais especiais, especialistas entre outros. 91
Apesar de somente 12 revistas mensais abordarem o tema, o equivalente a um terço do quantitativo analisado, isso já nos remete um grande quantitativo de publicações, pois se todas fossem editadas em seqüencia, seria mais de um ano de edições da Revista Nova Escola. Então, podemos observar que essa temática apareceu em muitas revistas, mostrando sua importância para a formação dos profissionais da Educação e a preocupação em informar e auxiliar os docentes para atuarem de acordo com a nova ótica da Educação Brasileira. Com a dificuldade que muitos professores encontram na formação em serviço / continuada, seja pela falta de tempo e/ou pela situação econômica, essa Revista vem de encontro com o desejo dos leitores / educadores em se atualizarem e se capacitarem, a fim de lecionarem para uma turma inclusiva. Essas reportagens também são um mecanismo para a reflexão e discussão dentro da escola. De acordo com o gráfico a seguir, notamos que a maior parte das reportagens aborda os seguintes assuntos: 1) Educação Inclusiva, não enfatizando nenhuma deficiência; 2) Deficiência Auditiva. E em seguida a deficiência visual, intelectual e altas habilidades, que também foram temas bastante abordados. Algumas edições possuem mais de uma reportagem, bem como há publicações que apresentam mais de uma necessidade educacional especial. Observamos, que as demais necessidades educacionais especiais, tais como, deficiências múltiplas e distúrbios de aprendizagem estão equilibradas no quantitativo de publicações, mas isso não significa que nas reportagens sobre Educação Inclusiva, esses assuntos não tenham sido contemplados. Há uma demanda grande sobre informações acerca da deficiência auditiva em decorrência da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), visto que nas 03 edições sobre essa temática, a LIBRAS, foi um dos assuntos centrais das reportagens. Gráfico I: Análise das reportagens da Revista Nova Escola de 2006 a 2009. 3 2 1 0 Quantidade Deficiência Auditiva Deficiência Intelectual Distúrbios de Aprendizagem Educação Inclusiva Deficiência Visual Deficiência Múltipla Altas Habilidades Com o advento da Educação Inclusiva, no qual todos os alunos devem aprender juntos, respeitando as singularidades de cada um e desenvolvendo suas potencialidades e capacidades, notamos que os sujeitos com dificuldades / distúrbios de aprendizagem, também são contemplados por essa política, sendo uma preocupação para a formação dos professores 92
e uma constante na sala de aula, por isso, o assunto também é discutido. Essa é uma maneira inicial de formação dos profissionais da Educação. Nesse sentido, a explicação e conscientização da política da Educação Inclusiva, também são abordadas com freqüência, devido ao fato, de ainda haver desinformação sobre esse conceito, preconceito em relação aos alunos com necessidades educacionais especiais e despreparo dos profissionais da Educação, como apontado em algumas pesquisas Glat & Nogueira (2002), Glat (2004, 2008), Souza (2005), Machado (2005), Lima (2006), Antunes (2007), Oliveira (2007), Fontes (2007), Redig (2007), Redig & Souza (2008) entre outros. A deficiência visual, tema também bastante abordado, tem como destaque o sistema Braille e o estímulo dos sentidos, principalmente o tato, envolvendo toda a turma. A deficiência intelectual, categoria discutida com ênfase, ajuda os professores a entender mais sobre essa grande demanda existente nas escolas brasileiras, de forma com que esses profissionais tenham mais informações sobre como adaptar suas aulas e do processo de ensino-aprendizagem desses alunos. Outra categoria que se destaca é a altas habilidades, que também se encaixa na clientela tradicional da Educação Especial, tem sido retratada como um desafio para os educadores, tanto no seu diagnóstico quanto no trabalho em sala de aula. Na reportagem sobre deficiências múltiplas, enfatizou-se a importância da parceria entre os professores da Educação Especial com os do Ensino Comum, bem como relatou experiência de uma escola, sugerindo estratégias de ensino envolvendo materiais de comunicação alternativa e ampliada. Essa proposta de parceria entre Educação Especial e Ensino Regular também é defendida por outros autores como Fernandes (2006), Mendes (2006, 2008), Glat & Blanco (2007), Fontes (2007), Pletsch, Redig & Bürkle (2008), Glat (2008), Redig (2009) entre outros. No próximo quadro, iremos abordar a segunda categorização: áreas de necessidades educacionais especiais e Educação Inclusiva nas edições especiais, outubro de 2006 e julho de 2009. Gráfico II: Análise das edições especiais da Revista Nova Escola, nos anos de 2006 e 2009. 8 6 4 2 0 Quantidade Educação Inclusiva Escola e Família Acessibilidade Tecnologias Assistivas Histórias de Vida Deficiência Visual Deficiência Auditiva Deficiência Intelectual Deficiência Física Deficiências Múltiplas 93
De acordo com esse gráfico, percebemos que a temática mais abordada foi a proposta da Educação Inclusiva, que contempla a legislação, conceitos das diversas necessidades educacionais especiais, avaliação, diagnóstico entre outros. Os temas: Escola e Família, Acessibilidade, Tecnologias Assistivas e Histórias de vida de pessoas com necessidades educacionais especiais foram assuntos que apareceram nas duas edições. Já as reportagens sobre cada deficiência, somente foram apresentadas na primeira edição especial, isso nos indica que a demanda maior dos leitores se direciona para as experiências e as discussões em torno da política da Educação Inclusiva e não mais em cada categoria de deficiência. Porém, pelo fato de não haver reportagens específicas sobre cada deficiência, não significa que nas outras matérias esses assuntos não tenham sido abordados. Notamos também, que nas edições mensais, há uma reportagem que contempla a categoria dos distúrbios de aprendizagem, o que nas edições especiais, esse assunto não é abordado. Isso nos remete, ao questionamento de que a Educação Inclusiva se limita apenas à clientela tradicional da Educação Especial? Será que os sujeitos com dificuldades de aprendizagem não podem se beneficiar dos recursos utilizados com os alunos com necessidades educacionais especiais na proposta da Educação Inclusiva? Quando nos referimos à Educação Inclusiva, estamos reivindicando o acesso e permanência de todos os alunos, seja com necessidades educacionais especiais ou não, por meio de uma escola de qualidade. De acordo com o conceito de necessidades educacionais especiais de Glat & Blanco (2007), já discutido, concluímos que os sujeitos com distúrbios de aprendizagem fazem parte desse alunado e na política da Educação Inclusiva, todos são contemplados. Sendo assim, é importante que todos os profissionais da Educação se conscientizem desse fato e entendam que todos os alunos aprendem seguindo seu ritmo próprio de aprendizagem. Outra categoria que aparecesse nas edições mensais e que não é referenciado nas publicações especiais é a altas habilidades, como já explicitado, esse alunado faz parte da clientela da Educação Especial, se utilizando dos serviços proporcionados por esse modelo de atendimento educacional. Essa é uma observação importante para traçar o perfil das pessoas com necessidades educacionais especiais que são contemplados por essas edições especiais. Essa Revista que pretende ser um mecanismo de formação de recursos humanos, disponibilizando sugestões e informações acerca da proposta da Educação Inclusiva, deixa uma lacuna em relação a esse assunto. Na segunda edição especial sobre a Educação Inclusiva há duas reportagens sobre conteúdos e planos de aula para turmas inclusivas, esse caminho deve ser bastante discutido e refletido com os docentes, já que a Revista se propõe a informar seus leitores, pois pode ficar apenas na informação, de um jeito superficial. Nessa direção, o leitor pode pensar que há uma receita de bolo para lecionar aos alunos com necessidades educacionais especiais, o que é equivocado, visto que, cada aluno é diferente e que cada um aprende de uma maneira, por isso, o professor precisa adaptar a sua metodologia para atender a diversidade existente em sua sala de aula. Os planos de aula foram elaborados para turmas inclusivas, focando em cada deficiência. Para os com deficiência auditiva, nos três planos de aula, indicam o auxilio dos intérpretes de LIBRAS, porém na maioria das escolas, principalmente das redes públicas de ensino, não há esse profissional para todos os alunos. Para os estudantes com deficiências múltiplas, um dos planos de aula refere-se ao aluno com surdocegueira, mas esse tem uma baixa visão, que seria sanada com a ampliação das letras dos textos. Para os sujeitos com deficiência física, o 94
planejamento sugere o uso da placa de comunicação alternativa e ampliada, mas não indica que o professor pode confeccionar essa prancha ao invés de comprar o material já pronto. Apesar de termos percebidos algumas falhas nos planos elaborados pela revista são de grande utilidade, pois além de servirem como exemplo para os professores, mostram que trabalhar com a Educação Inclusiva é algo possível e a Revista apresenta exemplos concretos disso. Os planejamentos sugeridos pela Revista são aulas com idéias interessantes e dependendo da escola, viáveis de se realizar, porém, há uma necessidade de conscientização dos professores para uma formação continuada e de que para a Educação Inclusiva dê certo, é preciso reformular a escola. Nesse sentido, os docentes devem avaliar e refletir sobre suas práticas pedagógicas, a fim de desenvolverem metodologias eficazes para um aprendizado significativo. Considerações Finais A partir da análise das reportagens, percebemos que a demanda por informações acerca da Educação Inclusiva é grande e que os profissionais da Educação necessitam dessas ferramentas para auxiliar em seu processo de formação. Porém, essa Revista, que visa informar, capacitar e formar os profissionais da Educação, não explicita para seus leitores, a verdadeira essência da Educação Inclusiva, essa que não se limita apenas aos profissionais e alunos da Educação Especial, mas que preconiza uma educação de qualidade para todas as pessoas. Nessa direção, é importante que os educadores compreendam que a Educação Inclusiva não é de encargo apenas dos professores especializados da Educação Especial, mas que é de responsabilidade de todos os docentes do Ensino Regular. Observamos que muitas reportagens abordaram a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, e sendo assim, entendemos que os professores estão buscando mais informações para acrescentar em sua formação, construindo novos conhecimentos, a fim de proporcionar o acesso e permanência de todos os alunos. Notamos também, que apesar da política Brasileira, incluir as pessoas com altas habilidades nos serviços de atendimento da Educação Especial e dessa ser contemplada em duas edições mensais da Revista Nova Escola; nas edições especiais, essa clientela não é contemplada. Na matéria que apresenta planos de aula, há sugestões para as deficiências intelectual, visual, auditiva, física, múltiplas, mas não há para altas habilidades. Será que eles não precisam de adaptações curriculares de pequeno porte? Isso acontece também com as pessoas com distúrbios de aprendizagem, que são uma clientela bastante encontrada nas salas de aula. É sabido que os sujeitos com altas habilidades necessitam de atendimento especializado da Educação Especial e que há uma dificuldade de lecionar para esses alunos, mas por que na Revista eles não são contemplados? Uma das hipóteses indica que esses estudantes podem estar inseridos na clientela dos distúrbios de aprendizagem, apresentando a hiperatividade, por isso, é fundamental ter noção das necessidades educacionais especiais, da avaliação e do diagnóstico, como aponta uma das reportagens da edição especial. Acreditamos que essa Revista deve ser vista como um mecanismo para a reflexão e informação dos docentes, e que esses profissionais necessitam desse espaço para a discussão de suas dúvidas, ansiedades e idéias que o cotidiano da sala de aula remete. Se essa Revista, que em algumas matérias se torna superficial pela quantidade de informações que essa temática demanda, não for utilizada para a discussão, mediação e elaboração de práticas pedagógicas inovadoras e inclusivas, ela não cumpre com seu papel. 95
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