EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: RANÇOS E AVANÇOS



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Transcrição:

1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: RANÇOS E AVANÇOS Brasília-DF, 04/2012 Alzira Sampaio Porto - Universidade Católica de Brasília - izaporto1204again@hotmail.com Maialú Ferreira Neves - Universidade Católica de Brasília - maialu@ucb.br Michele Jordão Machado- Universidade Católica de Brasília - michellem@ucb.br Categoria: F Setor Educacional: 5 Classificação das Áreas de Pesquisa em EaD Macro: A / Meso: B / Micro: C Natureza: A Classe: 1 RESUMO A educação a distância (EAD) possui um papel de fundamental importância na educação, atingindo de uma forma especial, a formação dos professores. Esta modalidade de ensino resulta da evolução tecnológica e da busca de conhecimento constante, o que torna este trabalho relevante, capaz de mostrar a importância da EAD nos curso de formação de professores. Neste artigo, a pesquisa de campo explora a percepção de trinta profissionais da área de educação. A metodologia de pesquisa utilizada foi a quati-qualitativa, o que permitiu se ter uma visão mais ampla e compreensiva acerca da EAD no processo formativo docente. Palavras chave: Formação de professores; Educação a distância;, Conhecimento.

2 INTRODUÇÃO Esse trabalho tem como objetivo principal apresentar a utilização e a importância da Educação a Distância na formação de professores. Especificamente, apontar a aplicabilidade da EaD na formação e capacitação destes profissionais. Inicialmente, mostrar-se-á neste estudo um breve histórico da educação a distância: surgimento, evolução e conceitos. Posteriormente, será apresentado a abrangência da EaD na formação de professores: metodologia desta modalidade de ensino e expansão das experiências de cursos de formação de professores e, por fim, será analisado e discutido resultados da pesquisa exploratória. 1. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A educação a distância deriva da evolução do ensino presencial institucionalizado na sociedade moderna, de forma que, ao longo do desenvolvimento da História da Educação foram superados muitos obstáculos (LÉVY, 2000). Apesar dos primeiros registros documentais de ensino a distância datarem do final do século XIX, é somente em 1960 que se consolida um modelo de EAD, pela fundação da Universidade Aberta da Grã-Bretanha, em 1969, considerada uma das maiores universidades de EAD, pela complexidade de recursos e diversidade de cursos nos mais diferentes níveis (GIOLO, 2008). O processo de solidificação da EAD no Brasil teve início com a LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, mas só foi estruturado a partir de 2000. Inicialmente, era ofertado por instituições públicas e, depois, em 2002, houve adesão do setor privado da educação, de forma que passou de uma atividade complementar e subsidiária à educação presencial para torna-se um objeto importante na disputa do mercado educacional ( GIOLO, 2008). Em uma ordem cronológica, observa-se o crescimento da EAD, apesar disso, em 2011, por meio do decreto 7.480/11 foi extinta a Secretaria de Educação a Distância, e de seus programas e ações foram alocados na SECADI Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Seguindo esta evolução em 02 de março de 2012 surge a publicação do novo decreto 7.690/12, o qual aprova a nova estrutura

3 regimental e o quadro demonstrativo de cargos em comissão e das funções gratificadoras do Ministério da Educação revogando o anteriormente citado. Percebe-se que, no Brasil, a EAD tem se apresentado como uma política de governo, com potencialidades para diminuir os problemas de acesso à educação e, também, como uma possibilidade de desenvolvimento de cursos de formação de professores, seja ela inicial ou continuada. São momentos posteriores a sua formação acadêmica que possibilitam ao docente um contínuo repensar sobre sua prática num movimento de aprender a aprender (ALONSO, 2005). 1.1 CONCEITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Educação a Distância é um tema que está em discussão devido aos grandes avanços ocorridos. Aretio (1994) caracteriza a EAD como um sistema tecnológico de comunicação de massa bidirecional em que a interação pessoal professor/aluno em sala de aula é substituída por uma ação sistemática e conjunta de recursos didáticos e pelo apoio tutorial, incentivando a aprendizagem autônoma do aluno. Já para Armengol (1987), a EAD é caracterizada por ter uma população estudantil adulta, relativamente dispersa e massiva, na qual a metodologia utiliza recursos auto-instrucionais, possibilitando ao aluno ser responsável pela aprendizagem. Utilizando-se das tecnologias de multimídia, a EAD trouxe a integração multisensorial e uma mudança de paradigma educativo, ou seja, da transmissão de informações pelo ensinante para a construção do saber pelo usuário (GUADAMUZ, 1997). Nesse caso, as TICs - tecnologia da informação e comunicação possibilitam interação midiatizada e de interatividade no processo de ensino e de aprendizagem, permitindo a flexibilidade da interação humana com a independência no tempo e no espaço (BELLONI, 2001). Apesar de existirem várias conceituações para a EAD, sabe-se que é um sistema de ensino em ascensão e que a tecnologia utilizada para o mesmo está cada vez mais avançada, proporcionando ensino de qualidade aqueles que não podem frequentar o ensino tradicional.

4 2.A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Nas últimas décadas, a educação a distância tem se apresentado como uma das novas possibilidades para a formação continuada de professores. Fagundes (2006) analisando diferentes projetos do Programa do Governo Federal intitulado PROLICENCIATURA fez um paralelo entre os cursos para formação de professores presenciais e a distância e observou que os alunos formados por meio da modalidade EAD tem melhores condições de atuar na sala de aula no que se refere ao uso das tecnologias na educação, uma vez que estas fazem parte do seu cotidiano de formação. Isso se deve, principalmente, ao fato de que os alunos dos cursos EAD têm acesso às tecnologias de comunicação e informação mais facilmente, o que os torna capazes de adquirir autonomia no que diz respeito à utilização desses meios. O desenvolvimento acelerado de altas tecnologias é motivo para a expansão de cursos EAD. Observa-se, porém que as tecnologias utilizadas devem possibilitar aos envolvidos uma comunicação forte, de forma que, o acompanhamento sistemático e a orientação que se estabelece entre ambos permitam que os alunos adquiram confiança em si mesmos, desenvolvam a competência de aprender de forma autônoma e construam o seu conhecimento tendo em vista os seus objetivos pessoais e profissionais (FAGUNDES, 2006). A formação de professores a distância alcança possibilidades de atuação profissional, sem perder de vista o saber docente, o prazer e o significado contido na aprendizagem desde que que não consista apenas em aulas de conteúdos pedagógicos para professores. É necessário, paralelamente buscar o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem ao professor desenvolver uma identidade profissional sólida, por meio de simulações e práticas do saber fazer docente. 3. CONTEXTO DA PESQUISA Quanto aos fins, a pesquisa foi do tipo exploratória, que por sua natureza pode comportar hipótese ou não. Os estudos exploratórios permitem ao investigador definir o problema e questão de pesquisa de forma mais precisa, proporcionando familiaridade com o mesmo, adaptando-se ao estudo (VERGARA; 2005).

5 Quanto aos meios, a metodologia de pesquisa utilizada foi a quatiqualitativa, o que permitiu se ter uma visão mais ampla e compreensiva acerca da EAD no processo formativo docente. Este estudo foi realizado a partir da aplicação de um questionário, enviado eletronicamente, com questões fechadas, mas com possibilidade discursiva da argumentação objetiva, aplicado a 30 professores de ensino médio de uma instituição privada do Distrito Federal. As questões versavam sobre: participação de cursos virtuais, percepção quanto a facilitação da EAD na capacitação de professores, conceituação da EAD, diferenças entre as modalidades virtual e presencial. A população foi no total de 60 professores, sendo que somente 30 devolveram o questionário a tempo. A população escolhida abrangeu professores, a maioria com idade superior a 25 anos, todos graduados. 6. RESULTADO E DISCUSSÃO Gráfico 1: Você participa ou participou de algum curso de aperfeiçoamento a distância? Não 17% Sim 83% A maioria dos entrevistados, ou seja, 83% participam ou participaram de algum tipo de curso de aperfeiçoamento na modalidade virtual. Há interesse dos professores no aperfeiçoamento, respaldando-se o aumento do número de alunos matriculados em cursos a distância que chegou a 2,2 milhões em 2006 e crescimento de 54% do número de alunos matriculados no ensino superior em cursos credenciados pelo MEC, em relação ao ano anterior (ABRAEAD/2007). Os professores sabem da importância do aprimoramento contínuo, a EaD pode ser interessante visto que as cargas horárias dos professores não obedecem a horários fixos, permitindo uma maior flexibilidade de horários de estudos. Gráfico 2: Para você, um curso na modalidade a distância é importante para a formação continuada de professores?

6 Não 3% n.d.a 10% Sim 87% Dos participantes, 87% afirmam que a EaD é essencial para formação continuada de professores. No Brasil, a EaD vem se apresentado como uma política de governo, para diminuir os problemas de acesso à educação e, também, como uma possibilidade de desenvolvimento de cursos de formação de professores, seja ela inicial ou continuada, são momentos posteriores a sua formação acadêmica (ALONSO, 2005). Assim, a EAD possui grande potencial democratizador do saber. Segundo Alonso ( 2005), a EaD está longe de ser um modismo, pois tornou-se parte de um processo de mudança democrática do acesso a níveis altos de escolaridade e atualização (adoção de novos paradigmas educacionais). Os cursos a distância chegam a todo o Brasil. Neves afirma que 80% dos 27 mil alunos do Proformação, eram da zona rural, demonstrando assim potencial de democratização e educação. Isso pode ser visto como uma excelente estratégia na construção do conhecimento os quais beneficiarão a melhoria do processo educativo. Gráfico 3: A EaD ajuda de que forma na capacitação de Professores? A EaD não facilita em nada na capacitação de professores. 3% Facilita de forma Flexível e na interatividade 97% A maioria dos entrevistados, 97% responderam que a EaD facilita o acesso ao conhecimento de forma flexível e na interatividade, o restante 3% discordam, apontam que a EaD não facilita em nada na capacitação de professores, porém não justificaram o motivo de pensarem desta forma. Tendo em vista o resultado apresentado, percebe-se que a EaD ajuda no acesso ao conhecimento de forma flexível e interativa, proporcionando conhecimento,

7 cultura, domínio pedagógico, dentre outros. Ressalta-se a capacitação de professores por meio da EAD, para cumprir o seu papel de permitir uma formação com base na reflexão crítica, tão necessária na formação docente. Desta forma, há permissão de uma troca que possibilita a relação entre a teoria aprendida, as práticas e experiências vivenciadas pelo grupo. A EAD possibilita aos alunos a exposição a diferentes tipos de contextos e realidades sociais e culturais enriquecedoras dos debates e de soluções para os problemas vivenciados pelos professores no dia a dia. Gráfico 4: De que forma você conceitua a EAD? Deriva da evolução do ensino presencial 17% é a relação do diálogo, da estrutura e autonomia que exige meios técnicos para mediar esta comunicação 13% Todas as anteriores 67% é um complemento ou apoio de ensino em ascensão 3% Ao serem questionados sobre o que vem a ser a educação a distância, pode-se verificar que 17% dos entrevistados mostraram que deriva da evolução do ensino presencial, 13% afirmam ser a relação do diálogo, da estrutura e autonomia que exige meios técnicos para mediar esta comunicação, 3% afirmam que é um complemento ou apoio de ensino em ascensão e 67% afirmam ser todas as respostas mencionadas. Corroborando com a maioria dos respondentes, Oliveira e Nogueira (2008), afirmam que a EaD é uma das formas de aprendizagem que advém do uso de avançados recursos tecnológicos, sendo também uma alternativa para potencializar o conhecimento, eliminando as distâncias geográficas, econômicas, sociais e culturais. Segundo Moore (1996), a EaD é a relação do diálogo, da estrutura e autonomia que exige meios técnicos para mediar esta comunicação. Pode-se verificar que os participantes da pesquisa, tal como os autores utilizados neste estudo, possuem maneiras diferentes de retratar o conceito de EaD, levando a percepção que os conceitos são complementares.

8 Gráfico 5: Para você há diferença na formação de professores continuada a distância e presencial? Sim 10% Em parte 7% Não 83% No que diz respeito à diferença na formação de professores do ensino a distância e presencial, verifica-se que para a maioria dos entrevistados 83% não há diferença na forma de ensinar. Ou seja, a qualidade dos cursos de formação de professores, segundo os próprios entrevistados, não está ligada tanto a diferença entre o ensino presencial e a distância. É importante colocar que não há uma modalidade que seja melhor do que a outra na formação docente. Porém, os respondentes argumentaram discursivamente que a utilização das tecnologias, quer seja no presencial ou a distância, deve ser utilizada de forma dialógica, portanto interativa, mas que a EAD apresenta como vantagem uma maior democratização do ensino, tanto pela flexibilidade espacial que proporciona como pela flexibilidade de horários de estudo, uma vez que a carga horária do professor não é uniformemente distribuída. Outro aspecto importante mencionado nas respostas é que independente da modalidade, a formação de professores deve proporcionar sujeitos mais autônomos em seus estudos para fomentarem em seus alunos a pesquisa e a busca pelo conhecimento, ou seja, o professor passa a não ser visto apenas como um transmissor de conhecimento, mas alguém que fomenta em seus alunos a motivação em buscar novos conhecimentos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino a distância, atualmente, tem recebido uma atenção especial por parte da sociedade, facilitando a todos que de outra forma não poderiam cursar uma graduação ou pós-graduação. Respondendo a problemática levantada, a Pedagogia e a tecnologia são entendidas como processos sociais e sempre andaram juntas no processo de socialização, de forma que o desenvolvimento de altas tecnologias tem alcançado a esfera educacional,

9 permitindo novas alternativas educacionais, facilitando a criação de novas formas de aprendizagem. A educação a distância pode ser considerada como uma grande promessa da educação, pois alia alta tecnologia, a um ensino que potencialmente é de qualidade, a depender da metodologia e da atenção dada ao aluno, disponibilidade de horários e locais mais flexíveis, o que permite maior acesso das pessoas à educação, especialmente ao nível superior. No entanto, ressalta-se que ambos os tipos de modalidade de educação são importantes, pois, tanto os cursos a distância quanto os presenciais atendem a públicos diferentes que procuram se adequar de forma a melhor atender aos seus desejos e expectativas. Por ser um sistema aberto e flexível, a educação a distância torna-se cada vez mais aliada para viabilizar a formação de professores. Enfim, o movimento inicial da educação a distância foi o de proporcionar formação regular e continuada aos professores em exercício e alcançou êxito e, atualmente, tem ocupado parte importante do nicho da EaD. Assim, verificouse que a Educação a Distância pode ser uma excelente alternativa para a formação continuada de professores que atuam em todos os níveis de escolaridade. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALONSO, K. M. Algumas considerações sobre a educação a distância, aprendizagens e a gestão de sistemas não presenciais de ensino. In: PRETI, O. Educação a distância: resignificando práticas. Brasília (DF): Liber Livro, 2005, pp. 17-38. ARETIO, Lorenzo Garcia. Educación a distancia. Bases conceptuales. In: Educación a distancia hoy. Madrid: Universidad de Educación a Distância. 1994. ARMENGOL, M.C. Univer sidad sin classes. Educación a distância en América Latina. Caracas: OEAUNAKepelusz, 1987. BELLONI, M. L. O que é mídia-educação. Campinas: Autores Associados, 2001. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, 78). BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.. decreto 7.480/11, de 17 de dezembro de 2011. Extingui a SEAD e de seus programas e ações foram alocados na SECADI Secretaria de

10 Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 2011... Decreto 7.690/12, de 18 de fevereiro de 2012. Aprova a nova estrutura regimental e o quadro demonstrativo de cargos em comissão e das funções gratificadoras do Ministério da Educação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 fev. 2012. In: Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (ABRAEAD/2008). Disponível em: http://www.abraead.com.br/anuario/anuario_2008.pdf> Acesso em dez. 2011. FAGUNDES, L. A formação de professores na licenciatura presencial e na licenciatura a distância: semelhanças e diferenças. In: BRASIL, Desafios da Educação a Distância na Formação de Professores. Brasília, DF: SEED, 2006, pp. 67-78. GIOLO J. A educação a distância e a formação de professores. Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 105, p. 1211-1234, set./dez. 2008. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br> Acesso em: nov. 2011. GUADAMUZ, L. 1997. Tecnologias Interativas no Ensino a Distância. Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, ABT, 25(139):27-31, nov./dez. 1997. LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. 2ª ed. São Paulo: Ed. 34, 2000. MOORE, Michel G. Distance Education: a systems view. Belmont (USA): Wadsworth Publishing Company, 1996. OLIVEIRA E.S.G & NOGUEIRA M.L.N. Educação a Distância e a formação continuada de professores: novas perspectivas. Colabor@ - Revista Digital. Vol.3 n. 10, novembro de 2005. Disponível em: <http://www.ricesu.com.br/colabora/n10/artigos/n_10/pdf/id_04.pdf> Acesso em: nov. 2011. VERGARA, S. C. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005.