2º Seminário de Relações Internacionais: Graduação e Pós-Graduação Os BRICS e as Transformações da Ordem Global. 28 e 29 de Agosto de 2014 João Pessoa



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Transcrição:

2º Seminário de Relações Internacionais: Graduação e Pós-Graduação Os BRICS e as Transformações da Ordem Global 28 e 29 de Agosto de 2014 João Pessoa Segurança Internacional ÁFRICA NO HORIZONTE DO BRASIL: O ESTREITAMENTO DE LAÇOS BRASIL- ÁFRICA PARA A DEFESA DO ATLÂNTICO SUL Alana Camoça Gonçalves de Oliveira (UFRJ) Gabriela Figueiredo Netto (USP) Este trabalho contou com o apoio da CAPES/PROEX.

Resumo O Atlântico Sul vem ganhando grande importância no cenário mundial com as recentes descobertas de reservas petrolíferas e minerais tanto do lado latino americano como na encosta africana. Para o Brasil, a região tem grande função comercial, pois cerca de 95% do comércio exterior brasileiro passam por essas águas, além do fato do Atlântico Sul corresponder a cerca de 20% da produção mundial de petróleo. O Brasil vem atuando e impondo medidas para o aumento do território marítimo e um estreitamento de laços com a África para o fortalecimento da região com uma cooperação voltada para a defesa territorial. Pois, o Atlântico Sul é uma região muito instável devido a ação de piratas e de constante instabilidade na costa africana por conflitos de grupos regionais. Outrossim, o Brasil está galgando uma posição maior no cenário internacional, e a importância que o Atlântico Sul vem conquistando é de interesse estratégico brasileiro. O aumento da defesa na região, partilhado pelos países do Sul promoveria uma maior independência perante algumas potências que tem forte atuação devido a heranças coloniais, como o caso da Inglaterra com bases militares e cinturões estratégicos. Logo, o objetivo desse trabalho é analisar as relações entre Brasil e a África subsaariana a respeito da cooperação no campo da defesa, perpassando pela forte atuação de grandes potências que atuam na região. A hipótese desse artigo é que o Brasil está cada vez mais galgando um espaço de notoriedade e decisão no cenário internacional, e com isso, tem projetado seu poder para a África. Assim, uma forma de defender essa autonomia e estender a projeção de poder é estabelecendo laços de defesa com o continente africano para afastar a atuação de potências estrangeiras Palavras Chave Atlântico Sul; Brasil; África; geopolítica; defesa.

Introdução Recentemente, o Brasil tem expandido laços com o continente africano, sobretudo, com países que beiram o Atlântico Sul visando estratégias econômicas. A cooperação Sul- Sul estabelecida pelo Brasil demonstra também como o país galga mais importância no cenário internacional, através de uma estratégia política, ao cancelar ou renegociar cerca de US$ 900 milhões em dívidas de 12 países africanos. (BBC, 2013). Como aponta Celso Amorim, a política externa brasileira está olhando para o futuro e para a projeção de poder, e essa projeção vai de encontro com o continente africano (PORTAL BRASIL, 2014). O Brasil está se projetando no continente africano e é essencial sua cooperação com países banhados pelo Atlântico Sul para o desenvolvimento da região. Porém, um ponto importante a ser destacado são os problemas da Marinha brasileira, pois ainda há no Atlântico Sul uma forte presença da Inglaterra com ilhas advindas da herança colonial como Santa Helena, Ascensão e Malvinas. E, sobretudo, existe também a atuação dos Estados Unidos com o patrulhamento da região. Isso tem causado debates e pode trazer problemas futuros para os objetivos do Brasil, pois o gigante latino americano não tem uma Marinha e nem tecnologia de ponta para a proteção do território que sofre, principalmente na parte africana, com saques de piratas, conflitos regionais, migrações ilegais, degradação ambiental, pesca predatória e narcotráfico (FIORI et all, 2012; PENHA, 2013). Assim, o intuito desse artigo é observar a importância do Atlântico Sul para o Brasil e analisar as ações de cooperação que têm sido realizadas com alguns países da África banhados pelo Oceano Atlântico. Uma vez que, no século XXI, a África está ganhando um papel mais relevante no mundo por conter inúmeros recursos naturais e ser um polo de investimento de grandes potências, o Brasil tem traçado estratégicas diplomáticas da reaproximação dos dois continentes e se tornou mais forte desde 2002. A estratégia brasileira que vem galgando uma projeção mais global e maior destaque no cenário internacional descobriu a África como um espaço de grandes oportunidades sendo o Atlântico Sul uma ponte de ligação entre o continente americano e o africano (FRANCO, 2013). Um elo capaz de conectar e permitir que o Brasil usufrua de uma posição estratégica no cenário internacional auxiliando na defesa de países africanos recebendo em troca facilidades comerciais. Portanto, se torna evidente a necessidade de estudar o Atlântico Sul, diante da perspectiva de crescimento que o Brasil vem galgando nos últimos anos e sua ativa política externa multilateral. Ainda existem muitos empecilhos que atrapalham a ação do Brasil na área, além de ser uma região de potenciais conflitos, não existe uma defesa marítima forte o suficiente para manter tropas inimigas longe da região.

1. O Atlântico Sul e sua importância Geopolítica para o Brasil O crescimento da economia do Brasil, sua progressiva influência na mediação de conflitos e a proeminência do país perante as relações de cooperação Sul-Sul, torna a região do Atlântico Sul um ponto essencial para a exploração dos recursos naturais e para a expansão do poder e da influência brasileira no continente africano. Afinal, essa região traz facilidades de comunicações interoceânicas pela presença de inúmeras ilhas que servem de base de apoio aéreas e navais que permitem a projeção para países da América Latina, África e também para a Antártida. (COSTA, 2012). O Atlântico Sul compreende quatro grandes arquipélagos e ilhas de tamanhos e importância diferentes, assim como nacionalidades diferentes. A costa africana se estende de Guiné-Bissau ao Cabo, compreendendo dezesseis países. Já a costa americana inicia no Cabo de São Roque e se prolonga até o Cabo da Terra do Fogo. Sua extensão é de 9.000 km e aborda Brasil, Uruguai e Argentina (FIORI et all, 2012; BROZOSKI, 2013). Devido às suas características geográficas, a bacia do Atlântico Sul permite o transporte marítimo rápido de grandes volumes comerciais. Pela rota do Cabo onde passam grandes volumes de petróleo. (PENHA, 2013). Além disso, o território do Atlântico Sul corresponde a cerca de 20% da produção mundial de petróleo, e segue em constante crescimento devido a novas descobertas na região e potenciais minerais nela presentes. (COSTA, 2012). O Brasil tem consolidado a sua posição na região por programas não tradicionais de projeção de poder com o desenvolvimento de políticas públicas que incentivam a pesca, a navegação de cabotagem, pesquisas científicas e atividades turísticas que consolidam a participação brasileira e o domínio do território marítimo. (BARBOSA; PEREIRA, 2012; FIORI et all, 2012). O Atlântico Sul tem tamanha importância e relevância para o Brasil, pois cerca de 95% do comércio internacional brasileiro transita por essas águas. (IPEA, 2011; BROZOSKI, 2013; PENHA, 2009; FIORI et all, 2012). Ademais, 90% da produção de gás e petróleo do país são realizadas na plataforma continental e 75% da produção de gás do Brasil acontece nessa região. (IPEA, 2011; FIORI et all, 2012). Além da existência de outras reservas de petróleo offshore na plataforma continental Argentina e expressivas reservas na região do Golfo da Guiné, sobretudo Nigéria, Angola, Congo, Gabão e São Tomé e Príncipe. O continente africano ainda conta também com reservas de gás na Namíbia e carvão na África do Sul. Além disso, o oceano possui muitas crostas cobaltíferas, nódulos polimetálicos, sulfetos polimetálicos, além de depósitos de diamante, ouro e fósforo, sendo uma região rica em minerais relevantes. (FIORI et all, 2013; CARTA MAIOR, 2011). Outrossim, as descobertas na região têm apontando o crescente interesse de países como Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, França, Rússia, China e Japão. Esse fato

tem feito com que o Brasil olhe mais para a defesa do continente, pois grande parte do comércio exterior brasileiro é feito via marítima. Também há a forte atividade pesqueira e da exploração de petróleo na plataforma continental da América do Sul. Em razão disso, a marinha brasileira foi induzida a desenvolver suas capacidades de navegação em águas profundas. 1.1 O Brasil e a expansão do território frente a ONU O Brasil conta com um litoral de 7,500km e em praticamente todos os Estados costeiros tem sítios portuários naturais. É importante observar que o Brasil ainda conta com algumas ilhas que permitiram a expansão territorial e a maior exploração brasileira no Atlântico Sul, são elas: O Arquipélago São Pedro e São Paulo, Ilha de Trindade e Vaz de Lima, Arquipélago de Fernando de Noronha, Arquipélago de Abrolhos e Atol das Rocas. E em 2010, a Ilha de Trindade passou a contar com uma guarnição da Marinha e estações científicas para pesquisas nas áreas de oceanografia, botânica e geociências (PENHA, 2013). Em 2004, o Brasil revindicou à Comissão de Limites da ONU o aumento das plataformas continentais, a soberania plena sobre 960 mil km 2, além das 200 milhas marítimas. Em 2007, a ONU discordou da posição brasileira e concedeu apenas 712,5 mil km² (ESTADÃO, 2010; BBCBRASIL, 2008). Mesmo assim o Brasil é o primeiro país do mundo a conseguir aumentar seu território marítimo desde que a ONU criou a Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) (NOTÍCIAS TERRA, 2010). O Brasil continua pleiteando os 960 mil km² e já realiza pesquisas do Pré-Sal e explora recurso no território. De mesmo modo que o petróleo, os recursos naturais na região são de extrema importância para o estabelecimento de relações de cooperação entre alguns países da África. Afinal, existem reservas de petróleo em outras plataformas continentais na região como no caso da Argentina, na área do Golfo da Guiné e, sobretudo, em países da África, onde existem também grandes reservas de gás e de carvão. Ainda existiriam também nódulos polimetálicos, sulfetos, depósitos de pedras preciosas e minerais muito relevantes (CARTA MAIOR, 2013; FIORI et all, 2012; BROZOSKI, 2013). A Marinha brasileira juntamente com o governo começaram a criar alguns programas institucionais e realizar trabalhos em parcerias para estudar os recursos marinhos da plataforma continental para reiterar a expansão da plataforma, alguns dos projetos são: LEPLAC (Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira); REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva); REMPLAC (Recursos Minerais da Plataforma Continental); PROMAR (Programa de Mentalidade Marítima); PROAREA (Programa de Prospecção e Exploração de Recursos

Minerais da Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial), PROARQUIÉLAGO (Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo); PROTRINDADE (Programa da Ilha da Trindade), BIOMAR (Programa da Biodiversidade Marinha); MOC (Monitoramento Oceanográfico e Climatológico); e PROANTAR (Programa Antártico Brasileiro). 2. Geopolítica no Atlântico Sul: Conflitos e Disputas Existem muitas rotas comerciais estratégicas que são dominadas por algumas potências, como no caso da Inglaterra que detém controle de pontos estratégicos como: Gibraltar, Malta, Alexandria, Golfo Pérsico, cabo da Boa Esperança e outras. A Inglaterra tem também o controle de ilhas no Atlântico e seu poder marítimo é tamanho que tem projeção para todos os grandes Oceanos. Por isso, se torna imprescindível olharmos para o Brasil e seu território marítimo (DEFESANET, 2013). A Estratégia Nacional de Defesa do Brasil, aprovada em 2008, explicita tanto as prioridades terrestres como litorâneas e coloca como objetivos estratégicos e táticos a defesa das plataformas petrolíferas, das instalações navais e portuárias dos arquipélagos e ilhas oceânicas, a prontidão para responder qualquer ameaça e a capacidade de participar de operações internacionais de paz fora do território e águas brasileiras sob égide da ONU. (MDB, 2008 apud COSTA, 2012). Apesar de não ser o foco desse trabalho, é de extrema importância relevar pontos de conflito e disputas existentes na região, que podem desestabilizar o equilíbrio de poder no Atlântico Sul entre os países do Sul e, principalmente, o poder brasileiro. A dominância de países como EUA e Inglaterra que se projetam na região com forças navais e pontos de poder estratégico são pontos de tensão no território. (FRANCO, 2013; FIORI et all; PENHA, 2013) 2.1 EUA: projeção para o hemisfério sul Os EUA se projetam com bases militares nos países latino americanos e como aponta Fiori (2012) a visão geopolítica de domínio inquestionável norte americana na América Latina é representada pelas treze bases militares localizadas em: Cuba, Porto Rico, Aruba, Curaçao, El Salvador, Honduras, Costa Rica, Panamá e Colômbia. (FIORI, 2012 apud BROZOSKI, 2013). Além de acordos e construção de bases militares com esses países, os EUA tiveram participação ativa na crise política de Honduras e no Haiti que foi atingido pela catástrofe natural. Isso demonstra a vontade dos EUA de reafirmarem a sua hegemonia perante os países da América Latina. (FIORI, 2009). A Marinha norte americana está presente no Atlântico Sul e como aponta Brozoski (2013):

Os Estados Unidos possuem instalações militares de grande porte na Ilha de Ascensão e dois comandos militares para atuar na região: o USSOUTHCOM, criado em 1963; e o AFRICOM, constituído em 2007. (BROZOSKI, 2013, p 74). Hoje existe uma presença militar por parte da Grã Bretanha e dos EUA no Atlântico Sul, assim como é indesejável a expansão das atividades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ou de qualquer outro Estado não pertencente para a região. Entretanto, os EUA tem se projetado devido alguns interesses que se vinculam a certos espaços do Atlântico Sul, como o aumento de suas importações de petróleo para o Golfo da Guiné e a insegurança marítima presente na costa africana devido a incapacidade militar de lidar com alguns conflitos potenciais, sobretudo, o governo de alguns países africanos não dispõem de condições objetivas para lidar com esses problemas. (PENHA, 2013) O discurso norte americano para a realização de exercícios militares no Atlântico Sul se volta para o narcotráfico e para manutenção dos exercícios navais na região, além disso, cerca de 15% do petróleo dos EUA provém da África e, assim, os EUA garantiriam a segurança da produção, comercialização e combateriam o terrorismo. (FIORI et all, 2012). 2.2 Inglaterra e seus triângulos estratégicos Um dos grandes pontos de tensão no Atlântico Sul é a presença da Inglaterra com triângulos estratégicos na região. A mais problemática delas é as Ilhas Malvinas que se coloca como um constante conflito de soberania e uma disputa entre o Reino Unido e a Argentina. A luta Argentina pela soberania do território inglês é de longa data e ainda causa transtornos no debate internacional. Nessas ilhas que estão sob o domínio inglês, Inglaterra já realizou uma petição para ampliar a plataforma continental destes territórios para a exploração dos recursos minerais e a Argentina reivindica a soberania do território que aponta ter grandes reservas de minérios e petróleo offshore. (IPEA, 2011). Mahan (1890), geopolítico norte americano, apontava a necessidade de estabelecer pontos de controle que permitam o poder de defesa e assegurar linhas de comunicação marítima, que acontece no caso inglês, onde a Inglaterra possui triângulos estratégicos de ação. Um triângulo formado pelas ilhas meso-oceânica de Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha que é base de apoio na Roda do Cabo; e outro composto por ilhas Periantárticas como Gough, Shetlands, Geórgias e Sandwich do Sul que interpenetra outras zonas. Outrossim, a Inglaterra tem duas bases militares de grande porte com equipamentos para operações aéreas e navais que são nas Ilhas Ascensão, onde ainda tem uma cooperação com os EUA e as Malvinas, que está em constante disputa pela Argentina que pleiteia a soberania da ilha. (MAHAN, 1890 apud BROZOSKI, 2013; FIORI et all, 2012).

Figura 1: Ilhas inglesas no Atlântico Sul Fonte: MDB, 2010 / NAVAL, 2010 Isso não é interessante para o Brasil que luta por uma maior projeção global e força no estabelecimento das relações Sul-Sul estratégicas para o desenvolvimento do país. A presença naval britânica pode acirrar tensões no Atlântico Sul e ser uma ameaça à soberania e funcionamento das economias do MERCOSUL, devido à posição geográfica das Ilhas Malvinas, próximas do bloco e das áreas mais ricas e desenvolvidas da região, onde se encontram infraestruturas e produções estratégicas e sensíveis. (FIORI et all, pg 145) 2.3 China e França: uma atuação no Atlântico Além da presença militar dos EUA, a França tem uma forte presença no Atlântico Sul, pois a França detém grande capacidade marítima para intervir em até três dias na maior parte das áreas de conflito potencial, visto que possuem navios permanentes nessas regiões. Afinal, o país conta com o departamento ultramarino da Guiana Francesa que apesar de estar fora dos limites do Atlântico Sul permite uma expressiva mobilidade. (BROZOSKI, 2013; ACIOLY, MORAES, 2011). Outro ponto importante é que como podemos ver no mapa há a presença de antigas potências coloniais atuantes na região, assim como mostra a presença estadunidense disputando e cooperando em espaços de influência francesa. (FIORI et all, 2012).

Figura 2: Presença militar na África EUA e França Fonte: Le Monde Diplomatique apud FIORI et all, 2012 Além dos EUA, a China se apresenta como uma grande potência em busca de recursos minerais e energéticos presentes em partes da África, se interessando em criar possibilidade de comércio e investimentos no continente. (PENHA, 2013; FIORI et all, 2012). Outrossim, pouco se comenta sobre a presença da China que vem ampliando a atuação e sua projeção de poder por todo mundo, inclusive no Atlântico Sul, em razão da demanda por recursos primários. Além disso, a atuação chinesa na África com crescentes investimentos também tem colaborado para participar de ações conjuntas contra a pirataria em algumas regiões oceânicas da África. (REIS, 2011). A Nigéria vem ganhando espaço também no cenário internacional com novas descobertas de petróleo, mas ainda figura de maneira preocupante por ainda ter muitos ataques aos oleodutos, além de altas taxas de frete e de seguro de embarcações devido a falta de segurança. Os constantes conflitos e o roubo de petróleo são comuns no Delta do Níger, o que pode representar uma grande influência de potências externas como EUA e China (FIORI et all, 2012). 3. Relevância da Cooperação Sul-Sul entre Brasil e África Perpassamos pela importância do Atlântico Sul e dos possíveis conflitos de poder na região, agora se torna necessário observar o potencial de cooperação entre Brasil-África. Golbery do Couto e Silva já dizia que o mar deve ser observado como um centro de produção capaz de ligar os centros do mundo de onde surgem os impulsos de renovação e progresso. Sendo o Brasil, devido ao tamanho continental, o maior receptor em potencial de

fluxos advindos do continente africano pelo Atlântico Sul. (BROZOSKI, 2013; FIORI et all, 2012). Segundo a EIA de 2011, na África estão localizados 8% das reservas mundiais de petróleo e 7% de gás, sendo que países banhados pelo oceano Atlântico possuem cerca de 60 bilhões de reservas provadas onde Angola e Nigéria têm posições destacadas (EIA, 2011 apud BROZOSKI, 2013). Na edição de 2013 do relatório estatístico Anual da BP a Nigéria se apresentou em 12º lugar, mantendo a posição de 2011, com uma produção de 2,41 milhões de barris por dia, enquanto a Angola passou para o 15º maior produtor de petróleo com uma produção de 1,78 milhões de barris por dia. (BP, 2013 apud ABRIL, 2013). Desde 2003 o Ministério de Relações Exteriores do Brasil vem criando e fortalecendo mecanismos para a integração regional com países do Sul. Em 2003, foi criado o IBAS (Cooperação trilateral Índia, Brasil e África do Sul); já em 2006 foi formado o Fórum de Cooperação América do Sul África (ASACOF). Na América do Sul foi criado em 2008 o Conselho de Defesa Sul-Americano, cujo estatuto foi aprovado pela Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) em 2008. Logo, as redes internacionais que o Brasil organizou através das alianças com os irmãos do Sul, hoje são uma das maiores razões para que o país se mantenha como um nome de destaque em diversos organismos internacionais. A presença de recursos estratégicos na África funciona como catalisador de conflitos internos pela posse dos recursos, assim como financia esses recursos, por isso existem muitos entraves no continente e a necessidade de atuação de parcerias para a defesa do continente. O Brasil comercializa armas e atua com parcerias na área e colabora no ordenamento e na exploração dos recursos do Atlântico Sul (FIORI et all, 2012). 3.1 Estreitamento de relações diplomáticas: uma breve história A reaproximação do Brasil com a África remonta na década de 1960 onde já se apresentava a ideia de uma ponte entre os dois continentes com a busca por uma maior autonomia brasileira e uma estratégia para garantir a projeção do Brasil em alguns territórios. Nos anos 1970 o papel do continente africano foi fundamental devido as duas crises do petróleo, que aceleraram a empreitada brasileira em busca de novas parcerias internacionais, nesse contexto vão surgir parceiros como Nigéria e Angola, sem contarmos com a África do Sul (GALA; SARAIVA, 2010). Entretanto, o Atlântico Sul passa a ser de grande importância para o Brasil no contexto da Guerra Fria como um facilitador da proximidade geográfica e da tradição histórica com a África, favorecendo a interação regional independente das grandes potências. (COSTA, 2012).

Tabela 1 Países africanos visitados por presidentes brasileiros 2000 2013 Fonte: IPEA; NOTÍCIAS, 2014 Entretanto, foi durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula, que as relações Brasil-África começaram a se expandir e se fortalecer. O ex-presidente Lula realizou 12 missões à África durante a nesse período (SILVA, 2013 apud IPEA, 2011). Não somente houve o incremento do número de embaixadas na África, como também foram criadas 400 vagas para novos diplomatas durante o governo Lula, devido a expansão e a projeção global do Brasil no cenário internacional. (IPEA, 2011). Outrossim, o Relatório do Banco Mundial/Ipea em 2012 aponta que no ano de 2009, 50% dos projetos brasileiros financiados pela ABC (Agência Brasileira de Cooperação) eram destinados ao continente africano. Já em 2011 a quantia aumentou para quase 60% (IPEA, 2012 apud BARBOSA; PEREIRA, 2012). Algumas empresas brasileiras investem no continente, empresas como: Vale do Rio Doce, Petrobrás, Odebrecht entre outras. Por não ter grandes rivais históricos, o Brasil tem conseguido desde o governo Lula construir uma imagem de país conciliador, criando laços importantes com países igualmente emergentes e se solidificando como um dos mais influentes potências em ascensão do Sul. O Brasil está promovendo a defesa no Atlântico Sul através de acordos estratégicos com países da África, vendendo tecnologia e apoiando a formação de militares no continente africano. 3.2 Acordos estratégicos militares e de defesa Brasil África O estreitamento das relações e o estabelecimento de acordos de cooperação entre o Brasil e os países banhados pelo Atlântico Sul na África fez com que bons frutos fossem colhidos e cada vez mais é notável a cooperação no campo militar. Não é de interesse

brasileiro a ação de potências de fora na região, por isso a necessidade de proteção por parte dos países do Sul do Atlântico. Celso Amorim, ministro da defesa do Brasil em uma entrevista para revista argentina DEF apontou a necessidade de proteção do Atlântico Sul, não só pelo Brasil, mas também por outros países, para que não haja no futuro intervenção de potências na região com o discurso da proteção e defesa. A revista colocou a questão de como o Brasil poderia lidar com esses problemas, Celso Amorim respondeu: Cooperando. Não são coisas separadas, porque essas ameaças existem e temos que enfrentá-las. Falando do Brasil e da Argentina, temos o Atlântico Sul, uma região que está sujeita, como outras, a esse tipo de coisas. O Brasil tem uma relação muito próxima com a África, cultural e étnica, além de que quase 70% do nosso petróleo importado vêm da África. Então, por exemplo, o que acontece no Golfo de Guiné tem consequências para nós. (...) E se queremos que o Atlântico Sul continue sendo uma área de paz, temos que estar presentes. Então, a ameaça da droga ou do terrorismo pode não ser um mal em si mesmo, senão também o remédio para esse mal, porque pode trazer uma presença que não desejamos ou porque pode trazer alianças militares que são estranhas à nossa região. Não estamos muito longe disso, porque se a OTAN já esteve na Líbia, pode descer a Mali e um dia chegar ao Atlântico Sul, por isso temos que estar atentos. (BRASIL 247, 2014). Os acordos mais amplos e abrangentes que evocam uma cooperação multilateral ou trilateral são os fóruns como ZOPACAS e o IBSAMAR. (IPEA, 2011). O Brasil propôs a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) e em 1986, foi definido na 50ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o Atlântico Sul como zona de paz e cooperação (BARBOSA; PEREIRA, 2012). Esse tratado inclui os países atlânticos da América do Sul e da África Ocidental tendo como principal objetivo o compromisso com a manutenção dessa região como zona desnuclearizada. (COSTA, 2012). Apesar de existirem muitos pontos convergentes entre os países da ZOPACAS nas questões de segurança, defesa e agenda política ainda existem assimetrias muito grandes entre os países do bloco, isso por um lado permite um maior poder de barganha do Brasil, mas prejudica a capacidade de criar mecanismos de segurança (PENHA, 2013). Por isso se torna imprescindível uma aproximação dos países banhados pelo Atlântico Sul, para diminuir a influência de potências estrangeiras. Isso é algo que o IBAS vem permitindo através da cooperação trilateral entre Brasil, Índia e África do Sul com o IBSAMAR. Segundo Kornegay (2011) essa aliança

trilateral na lógica geopolítica permite a criação de uma ligação marítima entre o Atlântico Sul e o Oceano Índico. (KORNEGAY, 2011 apud PEREIRA, 2013). Diversos acordos de cooperação Brasil-África contemplaram os países africanos. Resumidamente, esses acordos tinham como objetivo promover a cooperação das áreas de pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico e aquisição de produtos e serviços de defesa; partilhar conhecimentos e experiências adquiridas no campo militar; partilhar conhecimentos nas áreas da ciência e tecnologia; e colaborar em assuntos relacionados a equipamento e sistemas militares (AGUILAR, 2013). 3.2.1 Brasil e Namíbia O Brasil estabeleceu inicialmente um Acordo de Cooperação da Marinha do Brasil com o Ministério da Defesa da Namíbia e em 1994 assinaram um Acordo Naval com o objetivo de criar e fortificar a Ala Naval da Namíbia. O objetivo da parceria era assistir no treinamento de soldados e no desenvolvimento de infraestrutura, formando o Corpo de Fuzileiros Navais da Namíbia. Foram disponibilizadas vagas para a formação de oficiais e praças nas escolas navais brasileiras. A Namíbia é a maior receptora da cooperação brasileira no campo da segurança e defesa. Além da Namíbia, o Brasil, por meio da Marinha estabeleceu projetos de cooperação com Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique, África do Sul, Nigéria e Senegal. No caso namibiano foi doado em 2004 o Corveta Purus, lá apelidado de NS Lt-Gen Dimo Hammambo. E isso possibilitou a formação de um mercado que demanda a produção industrial bélica brasileira. (AGUILAR, 2013; FIORI et all, 2012). 3.2.2 Brasil e Guiné Bissau Já em 2009 foi assinado um Ajuste Complementar ao Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científica que existia entre o Brasil e a Guiné-Bissau de 1978. O ajuste previa a implementação de um Centro de Formação das Forças de Segurança no país africano para modernizar e reestruturar o setor de segurança do país. (AGUILAR, 2013; FIORI et all, 2012). O Brasil tem se interessado também para mediar possíveis conflitos na Guiné Bissau nas eleições de 2014. A Comissão de Consolidação da Paz (CCP) da ONU, presidida pelo Brasil, expressou entendimento de que a posição brasileira e chamará atenção para os enormes potenciais presentes na Guiné Bissau e as oportunidades de apoiar a estabilidade do país. É preciso realizar uma reforma no setor de segurança do país historicamente ligado aos golpes de Estado. O governo está buscando ampliar a

cooperação bilateral apoiando a reforma e a modernização do setor de defesa e segurança auxiliando na formação de profissionais, gestores e militares. (EBC, 2014). 3.2.3 Brasil e Angola Em 2010, foram firmados acordos com a Angola em diversos pontos, mas também não deixou de lado a parceria estratégica de segurança pública e defesa. Também foi contemplado na parceria ações para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas nas áreas de indústria naval, segurança pública e defesa, estabelecendo a Comissão Bilateral de Alto Nível, com o objetivo de assegurar a implementação efetiva da parceria. (AGUILAR, 2013). O Brasil auxilia a Angola a estruturar sua indústria de defesa, para reduzir a dependência de Forças Armadas externas. (DEFESANET, 2013). Em 2013, Angola e Brasil rubricaram um memorando sobre a cooperação no domínio da Saúde entre as Forças Armadas, outrossim, foi decidida a criação de um Comitê Interino Conjunto de Defesa (CIDCD), que supervisionará as ações de cooperação bilaterais, através de reuniões anuais, a realizar-se de forma alternada nos dois países. (AFRICA 21, 2013). 3.2.4 Brasil e África do Sul Em 2006, fruto do acordo de cooperação de 2003, as forças aéreas do Brasil e da África do Sul iniciaram o desenvolvimento de um projeto de míssil Ar-Ar capaz de realizar manobras para atingir alvos durante o voo, denominado A-Darter.(FIORI et all, 2012; AGUILAR, 2013; BROZOSKI, 2013; LUIS, 2013). Quando foi assinado o contrato para o desenvolvimento do equipamento, foram enviados 64 profissionais civis e militares brasileiros à África do Sul, o míssil de curto alcance deverá ser finalizado no segundo semestre de 2015. (PORTAL BRASIL, 2014). A Marinha do Brasil e da África do Sul tem uma forte cooperação estratégica e tem em média um curso por ano no Brasil para oficiais sul africanos, e também quatro intercâmbios operativos anuais, além de dez encontros e reuniões por ano e reuniões bianuais de Estado-Maior. (FIORI et all, 2012) Em março de 2014, os ministros da Defesa do Brasil e da África do Sul, Celso Amorim e Mapisa-Nqakula respectivamente, anunciaram que os dois países vão intensificar as ações de cooperação na área de Defesa (BRASIL, 2014). 3.2.5 Outros pontos importantes e acordos estratégicos Outro ponto interessante é que os países africanos de língua oficial portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe chamados de

Palops), membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) recebem diversos projetos de cooperação (PENHA, 2013). Além disso, as escolas militares de formação de altos estudos do exército brasileiro passaram a receber alunos africanos. Como foi o caso da Academia Militar das Agulhas Negras que em 2011 recebeu estrangeiros africanos de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe. Também foi estabelecido com Gabão a cooperação na área do ensino superior, abrangendo a formação de militares na escola de ensino superior da Marinha do Brasil para combater e treinar militares para operações na luta contra bio-pirataria. (FIORI et all, 2012). Outrossim, a Academia da Força Aérea (AFA) formou pilotos de Angola, Moçambique e Guiné Bissau e também ficou acertada a venda de aviões para a Mauritânia e Burkina Faso (AGUILAR, 2013). E o Brasil estabeleceu aditâncias militares junto às embaixadas brasileiras na África do Sul, Nigéria, Angola e em São Tomé e Príncipe, e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) apoiou com bolsas de estudos a formação de quadros na área de segurança e defesa por meio da chamada cooperação em conhecimento (AGUILAR, 2013). Mesmo que não exista um projeto claro de cooperação entre o Brasil e o Congo, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, foi nomeado em 2013 pela Organização das Nações Unidas como novo comandante militar da missão de paz no Congo (Monusco). O objetivo dessa missão é levar paz e garantir uma melhor situação de vida para o povo do Congo que vivem em situações de calamidade com abusos aos direitos humanos, exploração sexual e violação ao direito internacional por parte dos rebeldes. (G1, 2013; BRASIL, 2014). Isso mostra o poder que o Brasil também vem conquistando frente à ONU e no estabelecimento de laços com os países africanos. Conclusão O Atlântico Sul é uma região que cada vez ganha mais destaque no cenário internacional, entretanto a fragilidade militar por parte dos países por ela banhados é preocupante. A região tem apresentado grande relevância para o Brasil que a partir da década de 1970 passou a dar maior importância para o potencial marítimo graças às descobertas de petróleo offshore e o crescimento do comércio exterior. (BROZOSKI, 2013). Além disso, o Brasil desfruta de uma posição privilegiada com inúmeros portos naturais e tem conquistado vitórias na expansão do território para a exploração de recursos com a expansão da Plataforma Continental pleiteada na ONU. Como foi apresentado no presente artigo, o Brasil possui diversos acordos no campo militar com Angola, Namíbia, África do Sul, Guiné Bissau, Nigéria, Angola, Cabo Verde e

São Tomé e Príncipe, bem como busca uma projeção e influência maior nesses territórios se colocando como um país relevante nas relações Sul-Sul. É preciso que o governo busque o desenvolvimento da Marinha do Brasil e o investimento em força militar para a proteção do território, para conter piratas e o tráfico de drogas. Também é necessário articular de maneira mais coesa e influente o ZOPACAS para o incremento da defesa e da cooperação com os países do Sul banhados pelo Atlântico, para também conter a ação da Inglaterra, França, EUA e China na região. Cabe ao Brasil o papel de liderança na estratégia de defesa da região e na construção de um poder naval adequadamente aparelhado, com porta-aviões, naviosescolta e submarinos para afastar a ação de potências extrarregionais na área. Afinal, o Brasil tem se projetado de forma mais ativa no cenário internacional e é visto como um ator fundamental no estabelecimento das relações de cooperação Sul-Sul e na mediação de conflitos. Do mesmo modo, os recursos presentes especialmente no pré-sal brasileiro e no Golfo da Guiné deveriam impulsionar uma articulação na defesa e na segurança entre os países sul-americanos e africanos sul atlânticos. Podemos notar que muitos acordos estão sendo firmados e estabelecidos entre Brasil e a África Sul Atlântica, mas ainda assim existem problemas a ser enfrentados pelas forças armadas de ambos os lados do oceano. É de extrema importância ações conjuntas com países africanos para a criação de estruturas capazes de fiscalizar e explorar as riquezas do Atlântico Sul. Afinal, o estreitamento de laços com a África permite a criação de pólos de desenvolvimento regional, fortalecimento da indústria pesqueira, da construção naval e incremento de tecnologias para a exploração de nódulos polimetálicos e recursos offshore, promovendo, portanto, o desenvolvimento da região Sul Atlântica. No longo prazo, esta maior cooperação entre o Brasil e os países da África na defesa da região também permitirá o afastamento do discurso de potências atuarem na proteção do território. O Atlântico Sul emerge como um elemento fundamental para o fortalecimento econômico, para a projeção de poder do Brasil, e, sobretudo, possibilita o estreitamento das relações entre o Brasil e a África. Referências Bibliográficas ACIOLY, Luciana; MORAES, Rodrigo F. (2011), Prospectiva, estratégias e cenários globais: visões do Atlântico do Sul, África Lusófona, América do Sul e Amazônia. Brasília, IPEA. AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz. (2013), Atlântico Sul: as Relações do Brasil com os Países Africanos no Campo da Segurança e Defesa. Austral: Revista Brasileira de Estratégia e Relações Internacionais, vol. 2, nº 4, pp. 49-71, Jul-Dez, São Paulo.

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