1 PROJETO DE EXTENSÃO PROPICIA APRENDIZADO E BEM-ESTAR ANIMAL EM TEMPO DE PARALISAÇÃO ACADÊMICA NILVA MARIA FRERES MASCARENHAS ¹, CARMEN LÚCIA SCORTECCI HILST ¹, FERNANDO DE BIASI ¹, ANGELITA ZANATA RÉIA 2, THOMAS RIBEIRO ROSA ³, GIOVANA GIUFRIDA 4 ¹ Docentes do Departamento de Clínica Veterinárias, Universidade estadual de Londrina (UEL), Londrina-PR. ² Anestesista do Hospital Veterinário (UEL), Londrina-PR, 3 Estudante de graduação e bolsista de Extensão em Medicina Veterinária, UEL, Londrina-PR. 4 Mestranda do Programa Ciência Animal, UEL, Londrina-PR. RESUMO Os Mutirões de Esterilização Cirúrgica fazem parte do Projeto de Extensão: Manejo Populacional de Cães e Gatos. Foram atendidos felinos de Organizações Não Governamentais (ONGs) e de cuidadores particulares, totalizando 54 cirurgias. Esta atividade permitiu aos acadêmicos, mesmo em tempo de paralisação, o aprendizado e treinamento prático das cirurgias de esterilização de fêmeas e machos da espécie felina, não interrompendo também o atendimento aos animais recolhidos nas ruas e de cuidadores carentes. Palavras chave: Extensão, Ensino, Bem-estar Animal. EXTENSION PROJECT PROVIDES LEARNING AND ANIMAL WELFARE IN STOPPAGE TIME ACADEMIC 1649
2 ABSTRACT The Groups of helpers of Surgical Sterilization are part of the Extension Project: Population Management of Dogs and Cats. Cats were attended to Non-Governmental Organizations (NGOs) and private guardians, totaling 54 surgeries. This activity allowed the students even in downtime, learning and practical training of sterilization surgeries of females and males of the feline species, also not breaking the care of animals collected in the streets and needy guardians. Key words: Extension. Education. Animal Welfare. INTRODUÇÃO O abandono de animais se tornou um problema de saúde pública, tornando necessário o controle da natalidade e o auxílio nas adoções responsáveis. Desse modo, a esterilização cirúrgica é um procedimento justificável, definitivo e humanitário, que além de contribuir com o bemestar animal, facilita o processo de adoção. Existem três métodos de ovariossalpingohisterectomia (OSH), no entanto, o método tradicional de celiotomia na linha média ventral é um dos mais utilizados. Já para a orquiectomia, a técnica mais recomendada é a técnica com abertura da túnica vaginal. Neste contexto, nem mesmo a paralisação acadêmica impediu a realização de mais um Mutirão de Esterilização Cirúrgica em felinos com o objetivo de reduzir o número de animais abandonados e incentivar a adoção e guarda responsável. MATERIAl E MÉTODOS Os felinos foram transportados até o Hospital Veterinário, sendo identificados e distribuídos na sala pré-anestésica para posterior classificação individual em um prontuário, contendo numeração, cor da pelagem, sexo, peso, idade, fármacos utilizados e suas respectivas 1650
3 doses e quantidades totais, nome do cirurgião e auxiliar, horário de entrada e saída, complicações, e outras observações. Os animais foram submetidos ao seguinte protocolo anestésico: A medicação préanestésica utilizada foi a Acepromazina 0,2%, 0,1 mg/kg, via subcutânea. Na indução anestésica foi utilizado Zolazepam + Tiletamina 50mg/ml (Zoletil), na dose de 2,5 mg/kg, via intramuscular. Já na manutenção anestésica, utilizou-se a Cetamina 50 mg/ml, na dose de 10 mg/kg, via intravenosa (IV). Na maioria dos pacientes foi necessário apenas mais uma aplicação da Cetamina para a manutenção anestésica, entretanto, no caso do paciente ter dificuldade em permanecer em plano anestésico adequado, foi feita a administração de diazepam, na dose de 0,5 mg/kg, IV, com objetivo de reduzir a quantidade de anestésico total necessário, proporcionando assim uma maior segurança ao paciente, e uma recuperação pós-cirúrgica mais curta. O método cirúrgico de esterilização de eleição foi o de hemostasia com três pinças, com secção entre a 2ª e 3ª e transfixação abaixo da 1ª. Os métodos de síntese utilizados foram: na orquiectomia, o padrão em X na túnica vaginal, e pontos interrompidos simples em pele; já na OSH, a celiorrafia foi feita com o padrão em X na musculatura abdominal, no tecido subcutâneo a sutura utilizada foi o Cushing, e na pele pontos interrompidos simples, ou padrão em U horizontal ou Wolf. No caso do paciente apresentar piometra, foi realizado o padrão Parkerker no coto uterino, com posterior omentopexia e lavagem da cavidade abdominal, caso necessário. No pós-operatório imediato os animais foram distribuídos em uma sala aquecida e monitorados até a completa recuperação anestésica e retorno das funções fisiológicas, com maior ênfase à recuperação total da consciência e da temperatura corpórea. Apenas após esta monitoração intensiva os animais foram liberados. Todos os pacientes foram pré-medicados com Pentabiótico, e seus 1651
5 definitivo para se manejar a reprodução desenfreada de animais, principalmente dos abandonados. As técnicas cirúrgicas de OSH e orquiectomia utilizadas estão de acordo com Howe (2006) e MacPhail (2014), respectivamente. Apesar das dificuldades decorrentes da paralisação acadêmica, com a enorme dedicação dos integrantes, foi possível a realização deste evento Quanto aos acadêmicos houve transmissão de aprendizado diferenciado e treinamento interdisciplinar prático aos alunos, além do exercício de cidadania com assistência e orientação à comunidade, reforçando o papel social da universidade. CONCLUSÃO A parceria com ONGs gerou a vantagem de esterilização facilitar o processo de adoção dos animais, contribuindo com o bem-estar animal, incentivando a guarda responsável. Ao mesmo tempo permitiu a continuidade do aprendizado e treinamento em Técnica Cirúrgica, Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia, Teriogenologia de Animais de Companhia e Anestesiologia Veterinária. REFERÊNCIAS HOWE, L.M. Surgical methods of contraception and sterilization. Theriogenology, v.66, 2006. MACPHAIL, C.M. Cirurgia dos Sistemas Reprodutivos e Genital. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 4ª ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2014. World Society for the Protection of Animal - WSPA, Um roteiro para auxiliar no ensino de bem-estar animal em faculdades de Medicina Veterinária, London, England Seção 2, Módulo 26, 2002. 1653