TÍTULO: PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E PROVÁVEL FONTE DE INFECÇÃO DE MULHERES COM HIV/AIDS NO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA-SP



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Transcrição:

TÍTULO: PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E PROVÁVEL FONTE DE INFECÇÃO DE MULHERES COM HIV/AIDS NO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA-SP CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO AUTOR(ES): LIDIANE PACHECO VIDAL ORIENTADOR(ES): CRISTIANE APARECIDA DE OLIVEIRA, MIRIAN CRISTINA DOS SANTOS ALMEIDA

RESUMO A infecção pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) constitui um fenômeno global, de comportamento pandêmico, dinâmico e instável, que vem sofrendo transformações epidemiológicas significativas ao longo dos anos. Esta pesquisa tem objetivo de identificar o perfil sócio demográfico e provável fonte de infecção de mulheres com HIV/AIDS no município de Caraguatatuba-SP. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, transversal, com abordagem quantitativa, realizado por meio de consulta as fichas de notificação de HIV/AIDS no período de 2007 a 2013, seguindo os preceitos éticos da legislação vigente. Foram identificadas 195 notificações; a maior parte são mulheres não gestantes, com idade média entre 40 e 41 anos, sendo mais da metade com baixa escolaridade. Mais de 50% são donas de casa e na maioria das mulheres não gestantes, a provável fonte de transmissão foi a via sexual. Descritores: Mulheres; HIV/AIDS; Notificação. INTRODUÇÃO A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) constitui um fenômeno global, de comportamento pandêmico, dinâmico e instável, que vem sofrendo transformações epidemiológicas significativas ao longo dos anos. Estimase que existam cerca de 34 milhões de pessoas infectadas pelo vírus HIV em todo o mundo. A Unaids registrou em 2010, 2,7 milhões de novos casos de HIV e 1,8 milhões de morte decorrentes da AIDS (UNAIDS, 2012). O significado das iniciais HIV indica que afeta os seres humanos, destrói o sistema imunológico do organismo e é um vírus que pode ser transmitido de pessoa para pessoa. No momento que o indivíduo foi infectado pode ter sintomas semelhantes aos da gripe comum por uma semana ou duas. Entretanto, ele pode depois se sentir bem por muitos anos, sem nenhum outro sintoma. Já a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) indica que o HIV danificou o sistema imunológico do organismo resultando numa série de infecções ou sintomas que variam de pessoa para pessoa (BLACKMAN, 2005). O HIV é uma infecção, e o vírus pode se propagar entre as pessoas, entretanto, não é contagioso, o que significa que não pode se propagar facilmente,

como um resfriado comum. Não pode ser transmitido através do contato social normal, tal como apertar as mãos ou compartilhar comida. O período mais infeccioso é durante os primeiros meses e durante os últimos estágios da doença. A transmissão ocorre através da relação sexual (homo ou heterossexual) com pessoa infectada sem o uso de preservativos; compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis; reutilização de objetos perfuro cortante com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV e de uma mãe infectada para o filho no parto ou durante a amamentação (BLACKMAN, 2005). Segundo Bezerra et al (2012), as vulnerabilidades das mulheres à epidemia são diversas, envolvendo aspectos como a iniciação sexual precoce, necessidade de aceitação e inserção em grupos sociais, aumento no consumo de álcool e outras drogas e questões de gênero. Destaca-se ainda que o ingresso no ensino superior colabore com o aumento da vulnerabilidade das mulheres, pois muitos delas se consideram suficientemente informadas, a ponto de não perceberem o risco de adquirir o HIV. Além disso, há menor preocupação com a aquisição de doenças sexualmente transmissíveis (DST) do que com a prevenção da gravidez, mesmo quando bem informados, o que evidencia o caráter complexo da infecção pelo HIV a ser considerado durante as práticas de prevenção. OBJETIVOS Identificar o perfil sócio demográfico e provável fonte de infecção de mulheres com HIV/AIDS no município de Caraguatatuba-SP. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, transversal, com abordagem quantitativa, realizado por meio de consulta as fichas de notificações de HIV/AIDS do Banco de Dados da Vigilância Epidemiológica da Secretária Municipal de Caraguatatuba-SP, após autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Caraguatatuba e Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Módulo e da Universidade Cruzeiro do Sul (Parecer CE-UCS 199/2013). Caraguatatuba localiza-se no Litoral Norte de São Paulo, a 182 km da capital, sendo a maior cidade da região, com 100.840 habitantes, sendo 50.881

mulheres, segundo o censo demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (BRASIL, 2011). Fizeram parte deste estudo todas as mulheres portadoras do vírus do HIV, diagnosticadas e notificadas nos serviços de saúde da cidade de Caraguatatuba-SP. Para a coleta de dados foi utilizado um formulário com os seguintes dados: Idade, Raça, Grau de Escolaridade, Ocupação, Município de Residência, Se é gestante, Provável modo de contaminação. Os resultados foram inseridos na planilha do programa de computador Excel, apresentados na forma de tabelas e figuras e analisados quantitativamente. RESULTADOS Através das fichas de notificações de HIV/AIDS do Banco de Dados da Vigilância Epidemiológica da Secretária Municipal de Caraguatatuba-SP, verificou-se que no município 195 mulheres foram notificadas com HIV/AIDS entre 2007 e 2013. A idade média foi de 40,6 anos (dp12,3), sendo a idade mínima 19 anos e a máxima 87 anos. Tabela 1- Distribuição de mulheres portadoras de HIV/AIDS, segundo raça e escolaridade. Caraguatatuba, 2014. Variáveis N % Raça Branca 122 62,6 Parda 64 32,8 Preta 9 4,6 Total 195 100,0 Escolaridade Analfabeto 5 2,6 1ª/4ª série incompleta 13 6,7 4ª série completa 11 5,6 5ª/8ª série incompleta 55 28,2 Ens. Fundamental completo 52 26,7 Ens. Médio incompleto 15 7,7 Ens. Médio completo 33 16,9 Ens. Superior incompleto 2 1,0 Ens. Superior completo 9 4,6 Total 195 100,00

4,1% 3,6% 3,1% 2,6% 2,1% 1,5% 1,5% 1,5% 1,5% 1,5% 7,2% 19,0% 50,8% Verifica-se na Tabela 1 que a raça branca apresentou a maior ocorrência de HIV/AIDS (62,6%) e que menos de 25% possui escolaridade superior ao ensino médio incompleto. 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Figura 1: Distribuição de ocupação das mulheres e gestantes. Caraguatatuba, 2014. Identificou-se que a ocupação mais prevalente foi a de Dona de Casa 50,8%, sendo este percentual discrepante em comparação aos demais (Figura 1). Conforme a Tabela 2 percebe-se que menos de ¼ são gestantes. Tabela 2- Distribuição de Mulheres portadoras de HIV/AIDS segundo o estado gestacional. Caraguatatuba, 2014. Gestantes N % Sim 34 17,4 Não 161 82,6 Total 195 100,00 Os dados a seguir são relacionados apenas as mulheres portadoras de

HIV/AIDS não gestantes, visto que na ficha de notificação de Gestante HIV não constam tais dados. Tabela 3- Distribuição de Mulheres não gestantes, portadoras de HIV/AIDS segundo a provável modo de transmissão. Caraguatatuba, 2014. Provável Fonte de Transmissão N % Relação Sexual 155 96,3 Uso de Droga 5 3,1 Transfusão Sanguínea 1 0,6 Acidente biológico 0 0,0 Hemofilia 0 0,0 Total 161 100,0 Observa-se na Tabela 4 que a principal provável fonte de transmissão de HIV/AIDS para as mulheres não gestantes foi à relação sexual. Das 161 mulheres não gestantes, a maioria (94,4%) afirmou ter relação sexual apenas com homens (Figura 2). Com mulheres 2,5% Com homens/ mulheres 3,1% Com homens 94,4% Figura 2- Distribuição das mulheres não gestantes portadoras de HIV/AIDS, segundo o tipo de relação sexual. Caraguatatuba, 2013. Quanto a Evolução, verifica-se que das 161 mulheres não gestantes portadoras de HIV/AIDS, a maioria permanece vivas (146; 90,7%). Houve 01 (0,6%) morte por acidente de carro e 14 mortes por AIDS (8,7%).

DESENVOLVIMENTO As mulheres têm sido consideradas como mais vulneráveis a doenças sexualmente transmissíveis (DST) em geral e, especialmente, à infecção pelo HIV. Essa vulnerabilidade é resultante de condições tanto biológicas, referentes a características específicas dos órgãos sexuais femininos, como de condições sociais. As mulheres são mais difíceis para negociar o uso do preservativo, porque até pouco tempo atrás negociar sexo era tarefa exclusiva das Profissionais do Sexo (Carvalho, Piccinini, 2008). Segundo o Boletim Epidemiológico de Brasília (2013), observa-se uma tendência de queda na taxa de idade entre 30 a 39 anos e uma leve estabilização entre 40 a 49 anos. Além disso, vem aumentando essas taxas de detecção entre os jovens de 15 a 24 anos e entre os adultos com 50 anos ou mais. Entretanto, o presente estudo encontrou dados semelhantes aos de Reis et al (2011), onde a média de idade das mulheres portadoras de HIV/AIDS foi de 39 anos, com mínima de 21 e máxima de 71 anos. No estudo de Santos et al (2009) foi encontrado dados semelhantes de mulheres que vivem com HIV/AIDS onde a raça Branca foi 45,7%, Parda 34,5% e Preta de 14,7%. Quanto à escolaridade os dados mostram que parte significativa (55; 28,2%) das mulheres notificadas tem ensino fundamental incompleto, seguido do ensino fundamental completo (52; 26,7%), totalizando 54,9% de mulheres com baixa escolaridade. Dados similares foram encontrados por Santos et al (2009), onde 62,7% tinham escolaridade igual ou inferior ao ensino fundamental completo. Verificou-se que mais da metade das mulheres não trabalha fora, é dona de casa e que na maior parte dos casos a provável fonte de transmissão em mulheres não gestantes ocorreu por via sexual em mulheres que fazem sexo apenas com homens (heterossexuais). Segundo Brito et al (2014) o número de mulheres contaminadas com HIV/AIDS está relacionado ao envolvimento com parceiros de maior experiência sexual anterior e o reduzido poder de negociação das mulheres para o uso de preservativo, principalmente em relação estável, e que a maioria das mulheres brasileiras casadas e portadoras do vírus revelam que consideravam a convivência

prolongada com o parceiro como uma forma de segurança contra o HIV. Galvão, Cerqueira, Machado (2004) verificaram em seu estudo que as mulheres em sua maioria eram dependentes exclusivamente dos parceiros para manutenção do lar, viviam com escassos recursos financeiros, sem apoio, sem trabalho, o que as fazia aceitar a situação de conviver em ambiente pouco favorável para suas aspirações. Esta situação pode ter comprometido a qualidade de vida das mulheres nas questões relacionadas à satisfação com a vida. Segundo Carvalho e Pinccinini (2008) a negação dos riscos vem se mostrando como um fator que dificulta muito a prevenção da infecção pelo HIV/AIDS e vem levando muitas mulheres a se infectarem, pela confiança nos seus companheiros. Quanto à presença de gestação no momento da notificação de HIV/AIDS a ocorrência foi em pouco mais de 17%. No Brasil é disponibilizado gratuitamente todo o tratamento, incluindo assistência psicológica e medicamentosa com Antirretrovirais (ARV) às pessoas infectadas pelo HIV/AIDS, além da profilaxia da transmissão do vírus da mãe para seu filho. Desta forma, uma gestante portadora do vírus poderá ter a sua disposição apoio psicológico e medicamentos que previnem a transmissão vertical do HIV durante a gestação, o trabalho de parto e o parto e também para o bebê depois do nascimento. Além disso, procedimentos específicos durante o parto podem ser realizados, de acordo com a avaliação de riscos, recomendando-se às mulheres que não amamentem seus filhos e com todo está adesão aos procedimentos profiláticos, à chance de transmissão do HIV ao bebê pode chegar a 3% e até a 1% (CARVALHO, PICCININI, 2008). Apesar da gratuidade do tratamento, verifica-se ainda que quase 9% evoluíram para óbito. Ainda é necessário a implementação de medidas que auxiliem na adesão ao tratamento, sendo este um fator importantíssimo para evitar a mortalidade. Segundo O Boletim Epidemiológico (2013) no ano 2012, foram declarados 11.896 óbitos por AIDS no Brasil, que corresponde a um coeficiente de mortalidade por AIDS de 5,5 por 100.000 habitantes. Destaca-se a presença de crenças sociais construídas a respeito dos comportamentos femininos como fatores que dificultam a efetiva prevenção de HIV/AIDS em mulheres, o que indica a necessidade de reflexão quanto às estratégias de prevenção e assistência (Lopes, Buchalla e Ayres, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados alcançados foram relevantes, pois se identificou que ações de educação em saúde sobre prevenção de DST/AIDS devam ser realizadas prioritariamente com mulheres donas de casa e com baixa escolaridade. O Enfermeiro deve levar informações, contribuindo para a minimização da vulnerabilidade, oferecendo subsídios para que estas mulheres sejam capazes de realizar a prevenção e promoção da sua saúde. FONTES CONSULTADAS BEZERRA E. O.; CHAVES A.C.P.; PEREIRA M.L.D.; MELO F.R.G. Análise da vulnerabilidade sexual de estudantes universitários ao HIV/AIDS. Rev. Rene. v.13, n.5, p. 1121-31, 2012. BLACKMAN, R. HIV (VIH) e AIDS (SIDA): começando a agir. Ed. Tearfund, 2005. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico HIV-AIDS, 2013. Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2013/55559/_p_bol etim_2013_internet_pdf_p 51315.pdf. Acesso em 02 dez. 2013. BRITO, F.G.; REZENDE, M.I.R.C. DE; MADI, R.R.; MELO, C.M. Perfil epidemiológico de portadores do vírus da imunodeficiência humana e síndrome da imunodeficiência adquirida no estado de Sergipe, 2007-2012.Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente. V.2, n. 2, p.59 71, 2014. CARVALHO, F.T. DE; PICCININI, C.A. Aspectos históricos do feminino e do maternal e a infecção pelo HIV em mulheres. Ciência & Saúde Coletiva.v.13,n.6, p.1889-1898, 2008. Disponível: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v13n6/a24v13n6.pdf>>. Acesso em 15 de fev. 2014. GALVÃO M.T.G; CERQUEIRA A.T. A.R; MACHADO J.M. Avaliação da qualidade de vida de mulheres com HIV/AIDS através do HAT- Q o L. Cad. Saúde Pública, v. 20, n.2, p.430-437, 2004; Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v20n2/10.pdf. Acesso em 15 fev. 2014. LOPES F.; BUCHALLA C.M.; AYRES J. R. C. M. Mulheres negras e não negras e vulnerabilidade ao HIV/Aids no estado de São Paulo, Brasil. Rev Saúde Pública, V.

41(Supl. 2), p-39-46, 2007. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rsp/article/viewfile/32362/34555. Acesso em 20 de abr. de 2014. REIS R. K.; SANTOS C. B.; DANTAS R. A. S.; GIR E. Qualidade de vida, aspectos sociodemográficos e de sexualidade de pessoas vivendo com hiv/aids. Texto Contexto Enferm, v.20, n.3,p. 565-75, 2011.Disponível em:< www.scielo.br/pdf/tce/v20n3/19.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2013. SANTOS, N.J.S.; BARBOSA, R.M.; PINHO, A.A.; VILLELA, W.V.; AIDAR, T.; FILIPE, E.M.V. Contextos de vulnerabilidade para o HIV entre mulheres brasileiras. Cad. Saúde Pública, v.25 Sup. 2, p. S321-S333, 2009; Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v25s2/14.pdf. Acesso em 18 de abr. 2014. SILVA S. F. R.; PEREIRA M. R. P.; NETO R. M.; PONTE M. F.; RIBEIRO I. F.; COSTA. P. F. T. F.; SILVA S. L. AIDS NO BRASIL: uma epidemia em transformação. RBAC, v. 42, n3,p. 209-212, 2010. Disponível em: www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac_42_03/rbac_42_v3_012.pdf. Acesso em 30 de mar. 2013. UNAIDS. Together We Will End AIDS, 2012. Disponível em: http://www.unaids.org/en/media/unaids/contentassets/documents/epidemiology/ 2012/jc2296_unaids_togetherreport_2012_en.pdf. Acesso em 01 dez 2013. Conclui-se que é necessário a realização de ações de educação em saúde na prevenção de HIV/AIDS, prioritariamente com mulheres do lar e com baixa escolaridade.