VIVER COM O SEU NOVO OMBRO



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Transcrição:

VIVER COM O SEU NOVO OMBRO VIVER COM O SEU NOVO OMBRO

VIVER COM O SEU NOVO OMBRO VIVER COM O SEU NOVO OMBRO

A prótese do ombro é uma cirurgia ortopédica complexa, que faz parte das diversas soluções que o seu Ortopedista tem para resolver problemas do ombro. Este caderno pretende explicar-lhe o que é a prótese, em que situações é utilizada e qual o seu papel no sentido de obter os melhores resultados clínicos. CONHEÇA O SEU OMBRO O ombro é a região do corpo onde o braço se articula com o tronco. Do lado do braço a articulação é constituída por uma superfície óssea redonda, a cabeça do úmero. Do lado do tronco, a omoplata forma uma cavidade arredondada, a glenóide, onde a cabeça umeral se aloja. Esta articulação forma um encaixe que permite grande mobilidade. 0 seu ombro 3

PORQUÊ OPERAR? Dor nocturna Fractura do colo do úmero após queda 4

Algumas situações de dor significativa no ombro, associada a dificuldade de movimentos mais ou menos marcada, como por exemplo, incapacidade de levantar o braço. Algumas fracturas do colo do úmero, se complexas, obrigam também a prótese do ombro. 5

Causas mais frequentes de cirurgia protésica: Fractura complexa do colo do úmero Artrose do ombro, frequentemente secundária a ruptura de tendões da coifa dos rotadores ou poliartrite reumatóide Necrose avascular da cabeça umeral, que pode encontrar-se nomeadamente no alcoolismo crónico. ESTUDO PRÉ-OPERATÓRIO A substituição da articulação do ombro por uma prótese obriga à avaliação pré-operatória da sua função e musculatura envolvente. Para tal, é feito um exaustivo exame clínico e estudo imagiológico que pode passar pela artrografia, TAC ou ressonância magnética, além da radiografia clássica em várias incidências. 6

TAC, RMN, Artrografia implica injecção de contraste e pode associarse ao TAC: Artro TAC Estes exames permitem uma visão detalhada da articulação e possibilidades de colocação dos componentes protésicos. Verificam ainda as condições dos músculos que fazem mover o ombro, de forma a prever o seu bom funcionamento na recuperação da mobilidade pós-operatória. A CIRURGIA A intervenção consiste em substituir uma das superfícies da articulação ou mesmo as duas. Podem ser usados 2 tipos de próteses: Hemipróteses só substituem a extremidade superior do braço, a cabeça do úmero 7

Próteses totais substituem também a zona articular da omoplata, além da cabeça umeral. A escolha entre os 2 tipos de prótese depende de múltiplos factores, como o grau de degradação da articulação e a sua causa. O INTERNAMENTO O membro superior é imobilizado ao peito nos 1ºs. dias após a cirurgia e a medicação consiste em analgésicos e anti-inflamatórios, juntamente com gelo local, a fim de diminuir a dor e inchaço. O internamento é habitualmente curto, entre 3 e 5 dias e as suturas da pele serão retiradas ao 15º Dia. 8

A REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA A reabilitação começa nos primeiros dias. O membro superior fica habitualmente em repouso ao peito fora dos períodos de fisioterapia. Uma das principais dificuldades será a de aprender a vestir-se com apenas uma mão. A enfermeira ou a fisioterapeuta mostrará como fazê-lo. Durante os primeiros dias a reabilitação é puramente passiva, ou seja, é o fisioterapeuta que pega no seu braço e o movimenta, de forma a evitar rigidez da articulação. Seguir sempre os princípios base: CUMPRIR AS ORDENS DO CIRURGIÃO E DO MÉDICO FISIATRA NUNCA FORÇAR NUNCA DOER DE VOLTA A CASA Após a alta, o trabalho de recuperação dos movimentos deve continuar, sendo muito importante a sua colaboração. Recuperar a mobilidade - Os movimentos pendulares passivos evitam rigidez De pé, incline-se para a frente e deixe o braço solto e descontraído. Depois, apenas faça o seu braço oscilar como um pêndulo, em todas as direcções. Não esqueça que ainda não são estes os movimentos que irão permitir mexer o ombro até aos limites máximos. 9

Deve também aumentar a amplitude dos movimentos passivamente (ou seja, sem fazer força com o ombro operado) e de forma lenta. Primeiro, deitado: Elevação para a frente pegar no braço operado com o braço são, levantá-lo até à vertical e deixá-lo cair lentamente para trás da cabeça, controlando sempre o movimento com o braço são para evitar a dor. Rotação externa colocar um pano dobrado sob o cotovelo do lado operado (para permitir braço paralelo à cama), agarrar uma barra com as duas mãos (por exemplo vassoura), mantendo entre elas a distância entre os 2 ombros (antebraços na vertical). Sem largar a barra, a mão do lado são inclina-se em direcção ao tórax, empurrando para fora a mão do lado operado, levando à rotação externa do ombro operado. 10

De pé: Elevação passiva assistida colocar-se próximo da parede, braço operado em elevação máxima, cotovelo esticado. Aproximar lentamente o tórax da parede, sem mexer os pés. Manter esta posição durante 1min. e repetir 5 vezes. Rotação externa assistida agarrar uma esquina de porta, de frente para esta, com a mão do lado operado. A mão do lado são mantém o braço operado encostado ao corpo, com o cotovelo a 90º. Sem largar, voltar a bacia (A) e depois o ombro são (B) para trás. 11

Mobilidade para trás com um pano sobre o ombro são, agarrá-lo atrás com a mão do lado operado e à frente com a outra mão. Com os movimentos desta, permite-se que o braço operado se mova mais alto e mais longe pelas costas. Manter esta posição 1min., repetindo até 10 vezes. Recuperar a Força Após a 3ª semana (pode variar caso a caso) são normalmente iniciados os movimentos activos, ou seja, a fazer força sozinho. Note que não são estes os exercícios de fortalecimento, feitos mais tarde e em situações especiais. Elevação lateral e anterior trabalhar a elevação do braço contra a parede, subindo com os dedos para diminuir o esforço. Repetir 5 vezes de lado e outras 5 de frente para a parede. 12

Rotação externa deitado sobre o lado saudável, encostar o cotovelo ao corpo e pousar a mão na cama. Elevar a mão o mais possível sem afastar o cotovelo do corpo, baixando lentamente a seguir. Repetir 5 a 10 vezes, em 2 ou 3 séries. Pode usar um pequeno haltere ou outro objecto pesado caso o movimento já lhe seja fácil de efectuar. AINDA ALGUNS CONSELHOS A sua prótese deve ser vigiada regularmente, com visitas ao cirurgião que o operou. Estas consultas são indispensáveis, mesmo que tudo lhe pareça ir bem, uma vez que permitem exame com Rx, se necessário. Não hesite em contactar o seu Médico se constatar o aparecimento de sinais anormais (inchaço, dor severa, febre) Esteja atento ao mais pequeno sinal de infecção dor de dentes, unha encravada ou febre sem causa aparente. À menor infecção dentária, respiratória, urinária ou outra, previna o seu Médico que tem uma prótese no ombro. Do mesmo modo, se 13

for submeter-se a tratamento dentário, previna o seu Dentista. Não receba injecções intramusculares no lado da prótese Mantenha um programa de reabilitação fisiátrica por alguns meses para melhores resultados A prótese do ombro é uma cirurgia ortopédica, devendo as indicações ser bem consideradas. Os resultados são indiscutivelmente de valor, graças à melhoria que proporciona no que respeita à função e à dor. 14

Apoio: Dr. Nuno Sampaio Gomes (H. G. Stº António / H. Militar Porto) Dr. José Manuel Lourenço (H. G. Stº António) Secção do Ombro da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia

Colaboração www.msd.pt www.univadis.pt Rua Quinta da Fonte, Edifício Vasco da Gama, Quinta da Fonte, 2770-192 PAÇO DE ARCOS