ESTABILIDADE DA P~ODUÇÃO DE GRÃOS DE SEIS VARIEDADES DE MILHO E SEUS RESPECTIVOS HfsRIDOS INTERVARIETAIS 1



Documentos relacionados
ESTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE GRÃOS DE SEIS VARIEDADES DE MILHO E SEUS RESPECTIVOS HÍBRIDOS INTERVARIETAIS 1

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1527

O PROBLEMA DO BAIXO NÚMERO DE REPETIÇÕES EM EXPERIMENTOS DE COMPETIÇÃO DE CULTIVARES

ENSAIO COMPARATIVO AVANÇADO DE ARROZ DE VÁRZEAS EM MINAS GERAIS: ANO AGRÍCOLA 2004/2005

AVALIAÇÃO DE PROGÊNIES DE MILHO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ADUBO

Recomendações para o Controle Químico da Mancha Branca do Milho

DENSIDADE DE SEMEADURA DE CULTIVARES DE MAMONA EM PELOTAS, RS 1

COMPORTAMENTO DE HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE MILHO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSES DE SECA

POPULAçÃO DE PLANTAS DE SOJA NO SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA PARA O CENTRO-SUL DO ESTADO DO PARANÁ

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Aplicação de Nitrogênio em Cobertura no Feijoeiro Irrigado*

150 ISSN Sete Lagoas, MG Dezembro, 2007

PRODUTIVIDADE DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA EM INTEGRAÇÃO COM PECUÁRIA E FLORESTA DE EUCALIPTO

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE CÁLCIO EM SOJA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

10 AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA

PALAVRAS-CHAVE Indicadores sócio-econômicos. Campos Gerais. Paraná.

APLICAÇÃO FOLIAR DE ZINCO NO FEIJOEIRO COM EMPREGO DE DIFERENTES FONTES E DOSES

PRODUÇÃO DO ALGODÃO COLORIDO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO FOLIAR DE N E B

Avaliação agronômica de variedades de cana-de-açúcar, cultivadas na região de Bambuí em Minas Gerais

INFLUÊNCIA DE PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE TRIGO

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO HERBÁCEO EM ESPAÇAMENTO ESTREITO COM CLORETO DE MEPIQUAT RESUMO

A1-206 Avaliação da qualidade fisiológica de sementes de milho variedade (Zea mays) armazenadas em garrafas PET.

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO AO ATAQUE DE Bemisia tabaci (Genn.) BIÓTIPO B (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE)

Desempenho de cultivares e populações de cenoura em cultivo orgânico no Distrito Federal.

Dionísio Brunetta Manoel Carlos Bassoi Pedro Luiz Scheeren Luís César V. Tavares Claudinei Andreoli Sérgio Roberto Dotto

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO NA CULTURA DA SOJA

Avaliação da influência de coberturas mortas sobre o desenvolvimento da cultura da alface na região de Fernandópolis- SP.

Comparação de métodos de correção de estande para estimar a produtividade de sorgo granífero 1

INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO ENTRE FILEIRAS NA CULTURA DO FEIJÃO CAUPI SOB CONDIÇÕES IRRIGADAS NO CARIRI CEARENSE

MINISTE RIO DA EDUCAÇA O UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS DEPARTAMENTO DE CIE NCIAS EXATAS

Estudo da dose de resposta de cobertura (N.K) na cultura do milho safrinha-mt Consultoria Pesquisa Agricultura de Precisão

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA SOBRE O RENDIMENTO DE FORRAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE PASPALUM ATRATUM BRA

Efeito da colhedora, velocidade e ponto de coleta na qualidade física de sementes de milho

Conceitos e Princípios Básicos da Experimentação

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE APOIO RURAL E COOPERATIVISMO SERVIÇO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE CULTIVARES ANEXO VIII

Eficiência dos Dessecantes Paraquat e Diquat na Antecipação da Colheita do Milho.

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 455

CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

Biologia Floral do Meloeiro no Ceará: Emissão, Duração e Relação Flores Masculinas / Hermafroditas.

UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA ADUBAÇÃO DA GOIABEIRA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

CEASAMINAS UNIDADE GRANDE BELO HORIZONTE OFERTA DE ALHO EM AGOSTO NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

PRODUÇÃO DE MAMONEIRA CV BRS 149 NORDESTINA ADUBADA COM NITROGÊNIO, FOSFÓRO E POTÁSSIO

Número de plantas para estimação do plastocrono em feijão guandu

Rendimento de Grãos de Híbridos Comerciais de Milho nas Regiões Sul, Centro-Sul e Leste Maranhense

Referências Bibliográficas

PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM EM FUNÇÃO DA SATURAÇÃO POR BASES DO SOLO E DA GESSAGEM. Acadêmico PVIC/UEG do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ATRAVÉS DE HERBICIDAS EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA

Clique para abrir 0 Artigo Completo/Click to open the paper

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ALGODÃO NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2008/09. 1 INTRODUÇÃO

Comunicado Técnico 94

MUNDO. -CIAT existe mais de 38 mil genótipos de. Phaseolus vulgaris L.; -Outras coleções: EUA, México e Inglaterra. - Elevado número de cultivares;

TITULO DO PROJETO: (Orientador DPPA/CCA). Para que se tenha sucesso em um sistema de plantio direto é imprescindível uma boa cobertura do solo.

PRODUTIVIDADE DA MAMONA HÍBRIDA SAVANA EM DIVERSAS POPULACÕES DE PLANTIO NO SUDOESTE DA BAHIA* 4 Embrapa Algodão


INFORMATIVO BIOTECNOLOGIA

STATGEN Plataforma web para análise de dados genéticos.

MODELAGEM MATEMÁTICA DA ABSORÇÃO DE ÁGUA EM SEMENTES DE FEIJÃO DURANTE O PROCESSAMENTO DE ENLATADOS.

VARIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO ARROZ DE TERRAS ALTAS INFLUENCIADOS PELA SECA METEOROLOGICA EM GOIÁS

PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS-PG-CFT INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA-INPA. 09/abril de 2014

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

RENDIMENTO DE GRÃOS VERDES E SECOS DE CULTIVARES DE MILHO

AVALIAÇÃO DE ACESSOS DE MANDIOCA DE MESA EM PARACATU-MG

IMPACTOS DAS DISTORÇÕES DO ICMS NOS ESTADOS E DISTRITO FEDERAL

INTRODUÇÃO. 17 Workshop de Plantas Medicinais do Mato Grosso do Sul/7º Empório da Agricultura Familiar

FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO

Produção de feijão-fava em resposta ao emprego de doses de esterco bovino e presença e ausência de NPK

USO DE REGULADOR DE CRESCIMENTO NO TRATAMENTO DE SEMENTE DO ALGODOEIRO COM DIFERENTES MATERIAIS EM PRIMAVERA DO LESTE- MT

Herança Quantitativa

VIII Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG- campus Bambuí VIII Jornada Científica

O IBGE divulgou a pouco o primeiro prognóstico para a safra de 2011: Em 2011, IBGE prevê safra de grãos 2,8% menor que a de 2010

Adaptabilidade de Cultivares de Milho (Zea mays L.), de Ciclo Super Precoce, nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás, na Safra 1997/1998

CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGO EFETIVO PROFESSOR DE ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO Edital 23/2015 Campus Rio Pomba FOLHA DE PROVA

STATUS HÍDRICO DE PROGÊNIES DE CAFÉ COMO INDICADOR DE TOLERÂNCIA À SECA

RELATÓRIO TÉCNICO. Avaliação do comportamento de HÍBRIDOS DE MILHO semeados em 3 épocas na região Parecis de Mato Grosso.

ANÁLISE DO VOLUME DE VENDAS DO COMÉRCIO VAREJISTA FEV/2015

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE FEIJÃO-CAUPI EM CONDIÇÕES IRRIGADAS PARA O MERCADO DO FEIJÃO-VERDE EM TERESINA-PI

Uso de húmus sólido e diferentes concentrações de húmus líquido em características agronômicas da alface

CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE CAFÉ ROBUSTA (Coffea canephora) CULTIVAR APOATÃ IAC 2258 EM FUNÇÃO DO GRAU DE UMIDADE E DO AMBIENTE

Influência do Espaçamento de Plantio de Milho na Produtividade de Silagem.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS S1 DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) À MANCHA-PARDA, QUEIMA DAS FOLHAS E MANCHA-BRANCA

Inovação Tecnológica e Controle de Mercado de Sementes de Milho

Injúria causada por percevejos fitófagos na fase inicial de desenvolvimento de plantas de milho e trigo

Desempenho Recente e Perspectivas para a Agricultura

Modificações nas características estomáticas de plantas de genótipos de milho (Zea mays L. spp mays) em função da morfologia foliar

CARGA TRIBUTÁRIA SOBRE AS Micro e pequenas empresas RANKING DOS ESTADOS 2012

Comentários sobre os Indicadores de Mortalidade

Epidemiologia. Profa. Heloisa Nascimento

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

TAXA DE LOTAÇÃO EM PASTAGEM DE TIFTON 85 SOB MANEJO DE IRRIGAÇÃO E SEQUEIRO NO PERÍODO DA SECA*

Pesquisas em Andamento pelas Fundações e Embrapa sobre os Temas Indicados pelo Fórum do Ano Passado

Parâmetros Genéticos

Conte com a Pampa para uma colheita de sucesso na próxima safra!

RESUMO. Introdução. 1 Acadêmicos PVIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

Transcrição:

ESTABILIDADE DA P~ODUÇÃO DE GRÃOS DE SEIS VARIEDADES DE MILHO E SEUS RESPECTIVOS HfsRIDOS INTERVARIETAIS 1 MAURrCIO ANTONIO LOPES 2, ELTO EUGENIO GOMES E GAMA e,bicarpo MAGNAVACA 3 RESUMO - A estabilidade da produção de grãos de seis variedades e dos respectivos 15 híbridos intervarietais de milho (Zea mays L.) foram estudadas em diferentes ambientes, em oito estados da Federação: São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Acre. As cultivares CMS 05, CMS 04 de "per si" e os híbridos intervarietais CMS 05 x CMS 28, CMS 05 x CMS 04, CMS 12 x CMS 04, CMS 05 x CMS 11, CMS 11 x CMS 28 e CMS 05 x CMS12 foram as mais produtivas. Todas apresentaram ampla estabilidade, de acordo com o parâmetro de estabilidade (b). Porém, para S2d- as cultivares CMS 05 x CMS 12, CMS 05 x C/lIS 04, CMS 12 x CMS 04'lÇMS 22 x CMS 28, CMS 04 x CMS 28 e CMS 22 apresentaram significativos desvios da regressão. O'híbrido intervarietal CMS 05 x CMS 28 destacou-se como o de comportamento mais estável. Termos para indexação: Zea mays, cultivar. YIELDSTABILlTY OF SIX MAIZE VARIETIES ANO THEIR RESPECTIVE INTERVARIETAL CROSSES ABSTRACT - Yields stability of six maize (Zea mays L.I varieties and their respective 15 intervarietal crosseswere studied at different environments in eight states: São Paulo, Minas Gerais, Espú ito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul and Acre. The varieties CMS.05 and CMS 04 showed the best performance "per se" and the best intervarietal crosses were CMS 05 x CMS 2B, CMS 05 x CMS 04, CMS 12 x CMS 04, CMS 05 x CMS 11, CMS 11 x CMS 28 and CMS 05 x CMS 12. Ali these above cultivars showed ample stability, measured by stability filarameter (\), but, according to regression deviation (S2dI, the cultivars CMS 05 x CMS 12, CMS 05 x CMS 04, CMS 12 x CMS 04, CMS 22 x CMS 28, CMS 04 x CMS 28 and CMS 22 showed significant deviations. The varietal cross CMS 05 x CMS 28 was the best in terms of stabilitv.. Index terms: Zea mays, cultivar. INTRODUÇÃO A habilidad~ das vari~dades de se comportarem bem em grande amplitude de condições de ambiente tem sido parte essencial dos modernos programas de melhoramento (Finlay & Wilkinson 1963, Gill & Singh 1982). O termo "estabilidade de produção" tem sido definido sob variadas formas, mas usualmente considera-se variedade estável aquela que apresenta pequenas variações no seu 'comportamento geral, quando desenvolvida sob condições diversas de ambiente (Oliveira 1976). Gama (1978) ressalta que amplos esforços devem ser realizados no sentido de identificar genótipos que possuam alta estabilidade de produção em variados ambientes, e Oliveira (1976) lembra Aceito para publicação em 4 de dezembro de 1984. 2 Eng. _Agr., Estagiário, EMBR1\.PA!Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS), Caixa Postal 151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG.. 3 Eng. - Agr., Ph.D., EMBRAPA/CNPMS. a utilidade desses mz ceriais para pequenos agricultores, que devem utilizar variedades pouco sensíveis a trocas de ;:mbiente, por carecerem de recursos para aplicação de níveis adequados de tecnologia. Vários estudos for arn propostos por diversos autores para ilustrar o uso de técnicas para estimação de parâmetros de estabilidade genótipica (Gama 1978). Finlay l': Wilkinson (1963) elaboraram um método baseado no coeficiente de regressão linear (b) e na média de produção de cada genótipo. Eberhart & Russel (1966) expandiram o método, incluindo o quadrado médio dos desvios de regressão (S2d) como outro parâmetro para avaliar o comportamento e definiram variedade estável como aquela a que correspondam valor de (b) unitário e (S2d) nulo, além de médias. altas de produção. C.rvalho, citado por Carvalho et a!. (1982), usando diferentes métodos para estimar a estabilidade da produção de genótipos de trigo submetidos a diversos ambientes, concluiu que os métodos mais eficientes são aqueles Pesq, agropec. bras., Brasflia, 20(4):427-431, abro 1985.

428. M.A. LOPES et ai. que utilizam três parâmetros, ou seja, produção média, (b) e (S2d)' Este trabalho tem a finalidade de estudar a estabilidade da produção de grãos de 21 materiais genéticos de milho, testados em ambientes de oito estados brasileiros. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos em oito locais: Guaíra (SP), Ituiutaba (MG), Guarapuava (PR), Viana (ES), Cruz Alta (RS), Ponta Porã (MS), Goiânia (GO) e Rio Branco (AC). Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com três repetições e 23 tratamentos. Os tratamentos compreenderam seis variedades do Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo, os respectivos 15 híbridos intervarietais e duas testemunhas (Tabela 1). As parcelas foram formadas por quatro linhas de 4,0 metros de comprimento cada, sendo considerada a área útil as duas fileiras centrais. O espaçamento entre linhas foi de 1,0 metro e entre plantas foi de 0,20.metro. Semearam-se duas sementes e, 15 dias após a emergência, efetuou-se o desbaste para uma planta por cova, obtendo-se uma população correspondente a 50 mil plantas/ha. A adubação. empregada foi aquela indicada pela análise de solo de cada local utilizado para a instalação dos oito ensaios. Neste trabalho, utilizou-se o método proposto por Eberhart & Russel (1966). Neste método, calculou-se, para cada cultivar, o coeficiente de regressão linear (b) de seu rendimento em função de um índice de ambiente e a magnitude do quadrado médio dos desvios de regressão linear (S2 d ). De acordo com estes pesquisadores, uma cultivar é considerada estável e com boa adaptabili- TABELA,1. Produção média de grãos a(kgfha} de milho, QM do erro e coeficiente de variação dos ensaios instalados em 8 estados do Brasil, em 1982/83. Tratamentos Guarra 1"Jiutaba Guarapuava Viana Cruz Alta Ponta Porã Goiânia Rio Branco SP MG PR ES RS MS GO AC 01.CMS05x 12 5.300 2.367 8.033 3.733 3.984 4.806 4.607 4.916 02. CMS05 x 28 5.233 3.233 7.800 5.133 4.046 5.351 5.481 5.242 03. CMS05 x 11 4.667 ~2.467 7.267 4.533 3.928 4.611 4.623. 6.233 04. CMS05 x 22 4.633 2.600 7.333 4.700 3.362 4.060 4.567 5.182 05. CMS05 x 04 4.733 3.233 8.700 3.800 3.910 4.522 4.847 6.12r 06. CMS 12 x 22 4.333 3.167 6.967. 4.133 2.562 4.521 4.518 5.169 07. CMS 12 x 11 4.134 2.400 6.500 3.733 3.011 4.290 4.454 5.648 08. CMS 12 x 28 4.267 3.133 7.000 4.466 3.149 4.947 4.582 5.170 09. CMS 12 x 04 3.400 2.900 7.833 4.300 4.114 4.740 4.757 5.639 10. CMS 11 x 22 4.367 2.400 6.367 3.800 2.615 4.997 4.530 5.138 11. CMS 11 x 28 5.267 3.167 7.867 3.433 3.569 4.660 4.573 6.240 1:i:'CMS 11 x 04 4.800 2.233 6.867 4.233 3.135 4.459 5.051 5.165 13. CMS22 x 28 5.033 2.667 5.767 3.633 2.063 4.583 4.665 4.532 14. CMS22 x 04 5.367 2.300 6.200 3.933 3.260 4.414 4.062 5.578 15. CMS04 x 28 5.800 2.100 7.667 4.033 4.116 4.632 4.463 5.245 16. CMS05 5.167 2.233 6.800 3.934 3.671 4.951 4.460 5.546 17. CMS04 5.034 2.700 6.733 4.300 3.400 4.988 4.478 5.782 18. CMS28 3.567 2.267 5.567 4.067 2.950 4.113 4.340 4.996 19. CMS22 3.467 2.900 4.367 3.133 1.837 4.992 3.647 4.720 20. CMS 11 4.966 2.100 5.933 4.067 2.997 4.353 4.691 5.131 21. CMS 12 5.000 2.800 6.500 3.967 2.926 4.280 4.673 4.998 Média 4.692 2.636 6.860 4.050 3.267 4.632 4.579 5.352 QM. erro 425.349 351.768 700.435 378.963 448.545 391.025 218.143 378.816 CV% 13,9 22,5 12,2 15,2 20,5 13,5 10,2 11,5 Save 342 3.933 3.200 5.666 4.066 3.230 5.413 4.424 5.933 Testemunhas Maya XV 4.400 2.633 6.500 3.700 3.350 3.620 4.793 4.985 a Corrigido para 14%de umidade. Pesq. agropec. bras., Brasflia, 20(4}:427-431, abro1985.

ESTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE GRÃos 429 dade quando apresentar alto rendimento médio b não significativamente diferente da unidade e valor 'de S2 não-significativo. d RESULTADOS E DISCUSSÃO As produções médias (kg/ha) de grãos em cada um dos oito ambientes encontram-se na Tabela 1. A produção média variou de 3.633 kg/ha (CMS 22) a 5.190 kg/ha (CMS 05 x CMS 28). Com exceção de Ituiutaba, MG e Cruz Alta, RS, houve, de maneira geral, boa" produção nos ensaios, uma vez que os coeficientes de variação para os demais ambientes mantiveram-se em níveis mais baixos (10,2 a 15,2). Os resultados da análise conjunta são apresentados na Tabela 2. Os efeitos de ambiente e tratamento apresentaram significância e o mesmo ocorreu para a interação genótipos x ambientes, indicando que as cultivares comportaram-se diferentemente nos vários locais. O quadrado médio para genótipo x ambiente (linear) não foi significativo, ao mesmo tempo que os desvios combina- <dos mostraram significância. Tal fato indica que ~s coeficientes de regressão linear estimados (b) não diferem entre si para a produção de grãos. Nenhuma das cultivares apresentou, portanto, b significativamente diferente da unidade. Isto indi~ ca que este parâmetro não é, por si só, útil para identificar o modo de adaptação dos genótipos estudados frente às variações dos ambientes. Através do modelo de análise de estabilidade elaborado por Eberhart & Russel (1966), a cultivar TABELA 2. Análise conjunta de variância para peso de grãos (kg/ha) de 21 cultivares de milho, testadas em 8 ambientes, 1982{83. F.V. GL a.m. Ambientes (A) Repetições/ A Tratamentos (T) AxT Ambientes (linear) Ambientes (linear) x T Desvios combinados Erro médio 7 16 20 140 1 20 126 320 103.893.000 997.838** 2.984.550 701.468 242.418.000 273.630 216.368 136.095 * Significativo ao nrvel de 1% de probabilidade no teste F. está~el apresenta (b) unitário e (S2 d ) jgual a zero. Se (b) é significativamente inferior à unidade, a cultivar apresenta pouca sensibilidade a oscilações de ambientes, não sofrendo muitos prejuízos em situações desfavoráveis ao cultivo. Um coeficiente de regressão igual a 1.0 indica comportamento diretament,: proporcional à melhoria de ambiente. Valor de (b) significativamente maior que 1,0 indica reação positiva, quando se utilizam técnicas que promovam melhoria no ambiente. A variância dos desvios da linearidade indica se uma cultivar mostra ou não respostas previsíveis à variação do ambiente. Elevados desvios indicam que a cultivar sofre grandes oscilações em torno do comportamento previsto pelo coeficiente de regressão. Baixos desvios indicam cultivares que apresentam rendimentos mais previsíveis. No entanto, apenas o desvio da regressão não identifica uma cultivar ideal. Esta deve mostrar um (S2 d ) menor possível, um (b) próximo da unidade. e ambos associados a alta produção de grãos (Santos & Vello 1979, Santos et a!. 1982). "Corri base nestas considerações, podem ser" caracterizadas as cultivares de forma individual, utilizando-se os dados dos rendimentos médios, as estimativas dos coefici mtes de regressão (1) e os valores dos quadrados médios dos desvios das regressões (S2 d ) apresent.idos na Tabela 3. Não se obteve coincidência na magnitude dos v;lores estimados entre os coeficientes de regressão (b ) e os desvios das refiessões (S2 d ) para produção média de grãos. O maior valor de (1) obtido foi aquele para o cruzamento CMS 12 x 22 (1,28) e o menor (0,57) para a Cl\!S 22. Os cruzamentos CMS 05 x CMS 28, CMS 05 x CMS 04, CMS 12 x CMS 04, CMS 11 x CMS 28, CMS 05 x CMS 11 e CMS 05 x CMS 12 podem, todos, ser considerados como de ampla adaptabilidade, pois se classificaram com os maiores ren- ~mentos médios, além de possuírem valores de (b ) semelhantes aos da unidade. As demais cultivares apresentaram, da mesma forma, coeficientes de regressão significativamente não diferentes de 1,0; no entanto, apresf'utaram produção média emníveis inferiores. Os cruzamentos que mostraram capacidade de responder progressivamente à melhoria dos ambientes foram CMS 05 x CMS 28, CMS 05 x Pesq. agropec. bras., Brasflia, 20(4):427-431, abro 1985.

430 M.A. LOPES et al. TABELA 3. Produção -média de grãos I (kg/ha), coeficiente de regressão linear 2 (6) e quadrado médio d~s desvios da regressão ' (S2 d) das 21 cultivares de milho, testados em 8 ambientes, 1982/83.. Cultivares Produção média 01. CMS 05 x CMS 12 02. CMS 05 x CMS 28 03. CMS 05 x CMS 11 04. CMS 05 x CMS 22 05. CMS 05 x CMS 04 06. CMS 12 x CMS 22 07. CMS 12 x CMS 11 08. CMS 12 x CMS 28 09. CMS 12 x CMS 04 10. CMS 11 x CMS 22 11. CMS 11 x CMS 28 12. CMS 11 x CMS 04 13. CMS 22 x CMS 28 14. CMS 22 x CMS 04 15. CMS 04 x CMS 28 16. CMS 05 17. CMS 04 18. CMS 28 19. CMS 22 20. CMS 11 21. CMS 12 4.718 abcdef 5.190 a 4.791 abcd 4.555 bcdefg 4.983 ab 4.421 cdefgh 4.271 defgh 4.589 bcdefg 4.723 abc 4.277 fgh 4.847 abcde 4.494 cdefgh 4.118 hi 4.389 efgh 4.757 bcdefg 4.596 bcdefg 4.677 bcdefg.3.971 hi 3.633 i. 4.280 gh 4.393 defgh 1.20 ± 0,16 0,98 ± 0,11 1,08 :±" 0,11 1,05 ± 0,12 1,28 ± 0,17 0,99 ± 0,11 1,01 ± 0,08 0,93 ± 0,10 1,06 ± 0,21 1.00 ± 0,10 1,18 ± 0,15 1,06 ± 0,08 0.86 ± 0,18 0.95 ± 0,13 1,17 ± 0,17 1,04 ± 0,10 0,98 ± O,07 0,77 ± '),11 0.57 ± O,23 0.91 ± o.n 0.92 ±,).08 306.850" 154.904 154.893 161.791 369.172" 151.796 72.581 108.673 538.461" " 107.392 263.305 77.758 363.179' 207.056 346.904" 108.080 51.700 133.229 637.585" 154.687 73.740 Teste de Duncan. ao nivel de 5~:.de probabilidade leste t, ao nivel de 5%, significa.ivamente diferente de 1. 3 Teste de F, aos niveis de 5 e 1% significativamente maior que o erro médio. CMS 11 e CMS 11 x CMS 28, pois, além de terem exibido alta capacidade de produção, mostraram /\ valores de (b) não diferentes da unidade e desvios da regressão não-significativos. Dentre as cinco variedades estudadas, a CMS 04 e CMS 05 também responderam progressivamente à melhoria do ambiente. Por outro lado, a CMS 22 apresentou a menor produtividade média, um desvio da rcgr7-ssão (S2d) significativo, além de um valor de (b ) inferior à unidade, porém não-significativo. Os quadrados médios dos desvios das regressõ.es (S2d) das cultivares CMS 05 x CMS 12, CMS 05 x CMS 04, CMS 12 x CMS 04, CMS 22 x CMS 28; CMS 04 x CMS 28 e CMS 22 apresentaram valores significativos, mostrando oscilações no comportamento previsto pela regressão. As cultivares CMS 22 e CMS 12 x CMS 04 apresentaram os mais altos valores de (S2 d ), enquanto CMS 04, CMS 12 x CMS 11, CMS 12 e CMS 11 x CMS 04 mostraram os menores valores para este parâmetro. As demais cultivares não apresentaram resultados vantajosos para todos os parâmetros de estabilidade e mesmo que tenham apresentado capacidade mediana para produção e estabilidade de grãos, são desvantajosas, visto que suas produções de grãos não podem ser previstas com segurança. CONCLUSÕES 1. Todas as cultivares de milho estudadas apresentaram boa estabilidade para a produção de grãos de acordo com o parârnetro (b). 2. O híbrido intervarietal CMS 05 x CMS 28 foi o que se comportou como mais estável, com alta produtividade média, baixo valor de S2 d e b~emelhante à unidade. 3. As cultivares CMS 05 e CMS 04, dentre as variedades estudadas, foram as mais estáveis, com Pesq. agropec. bras., Brasflia, 20(4):427-431, abr. 1985.

ESTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE GRÃOS 431 boa produtividade, baixo valor de S2 d e b semelhante à unidade. 4. A cultivar CMS 22, além de pouco produtiva, mostrou instabilidade na resposta aos ambientes. REFER~NCIAS CARVALHO, F.J.F.; FEDERIZZI, L.C.; NODARI, R.O.; FLOSS, E. & GANDIM, C.L. Analysis of stability parameters and of genotype x environrnent ínteraction in oats grain yield in Rio Grande do Sul (Brasil). R. bras. Genét., 5(3): 517-32,1982. EBERHART, S.A. & RUSSEL, \V.A. Stability parameters for comparing varieties. Crop Sei., 6:36-50,1966. FINLAY, K.\V. & WILKINSON, G.N. The analysis of adaptation in a plant breeding programme. Aust. J. Agric, Res., 14:742-54, 1963.. GAMA, EE.G. e. Stability analysis of singje cross hybrids of maize (Zea mays L.) produced from selected and unselected inbred lines. Ames, Iowa State Univ., 1978. l l.bp. Tese Doutorado. GILL, S.S. & SINGH, T.H. Stability parameters for yield and yield components in upland cotton (Gossypium hirsutum L.). Egypt.J.Genet. Cytol., 11:9-13, 1982. OLIVEIRA, A.C. de. Comparação de alguns métodos de determinação da estabilidade em plantas cultivadas. Brasília, UnB, 1976. 64p. Tese Mestrado. SANTOS, l.b. & VELLO, NA Estabilidade fenotípica da produção de grãos de doze cultivares de feijão (Phaseolus vulgaris L.) nas condições do sul de Minas Gerais. Relat. ci. lnst. Genét. Esc. Sup. Agric: Luiz de Queiroz, 13:246-55, 1979. SANTOS, r.s.. VELLO, NA & RAMALHO, M.A.P. Stability of grain yield and of its basic components in beans (Phaseolus vulgaris L.). R. bras. Genét., 5(4):761-72,1982. Pesq. agropec. bras., 3rasília, 20(4):427-431, abr. 1985.