EFEITO DE DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO E FERTILIZAÇÃO QUÍMICA SOBRE A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO



Documentos relacionados
CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

RESUMO. Introdução. 1 Acadêmicos PVIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

Mostra de Projetos Programa de Utilização Agrícola do Lodo de Esgoto no Estado do Paraná

UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA ADUBAÇÃO DO AÇAÍ (Euterpe oleracea)

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE CÁLCIO EM SOJA

EFEITO DO LODO DE ESGOTO COMO RECUPERADOR DE ÁREAS DEGRADADAS COM FINALIDADE AGRÍCOLA

UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA ADUBAÇÃO DA GOIABEIRA

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

DISTRIBUIÇÃO DAS FORMAS DE FÓSFORO APÓS 15 ANOS DA ADOÇÃO DE SISTEMAS DE MANEJO

Fertilização em Viveiros para Produção de Mudas

ESTUDO DE INCORPORAÇÃO DO LODO CENTRIFUGADO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PASSAÚNA EM MATRIZES DE CONCRETO, COM DOSAGEM DE 3%

FONTES E DOSES DE RESÍDUOS ORGÂNICOS NA RECUPERAÇÃO DE SOLO DEGRADADO SOB PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

Claudinei Kurtz Eng Agr MSc Epagri EE Ituporanga Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas. Governo do Estado

Há sempre resposta à adubação de manutenção do eucalipto? Um estudo de caso em Porto Velho (RO)

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA SOBRE O RENDIMENTO DE FORRAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE PASPALUM ATRATUM BRA

NUTRIÇÃO FOLIAR (FATOS E REALIDADES) Prof. Dr. Tadeu T. Inoue Solos e Nutrição de Plantas Universidade Estadual de Maringá Departamento de Agronomia

Portugal, A. F.²*; Ribeiro, D. O.³; Carballal, M. R.¹; Vilela, L. A. F.³; Araújo, E. J.³; Gontijo, M.F.D. 4

Embrapa Agropecuária Oeste. Documentos, 32 Embrapa Algodão. Documentos, 82

Simpósio: Apoio ao uso Balanceado de Potássio na Agricultura Brasileira

POTENCIALIDADES DO LODO DE ESGOTO COMO SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

APLICAÇÃO FOLIAR DE ZINCO NO FEIJOEIRO COM EMPREGO DE DIFERENTES FONTES E DOSES

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 486

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 455

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Centro de Aquicultura - Setor de Carcinicultura Responsável: Prof. Dr. Wagner Cotroni Valenti

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

PRODUTIVIDADE DE MILHO SILAGEM SOB ADUBAÇÃO COM DEJETO LIQUIDO DE BOVINOS E MINERAL COM PARCELAMENTO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA¹. a2es@cav.udesc.br.

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

INFLUÊNCIA DE PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE TRIGO

Protocolo. Dinâmica do K. Dinâmica do potássio em solo de textura arenosa

Referências Bibliográficas

Interpretação da análise de solo

Protocolo. Boro. Cultivo de soja sobre doses de boro em solo de textura média

GASPAR H. KORNDÖRFER (Pesq. CNPq) UNIVERSIDADE FEDERAL UBERLANDIA

Protocolo. Parcelamento do K. Doses e parcelamento daadubação potássica para o cultivo da soja em solo arenoso

ABSORÇÃO DE MICRONUTRIENTES APÓS APLICAÇÃO DE BIOSSÓLIDO NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE EUCALIPTO

PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM EM FUNÇÃO DA SATURAÇÃO POR BASES DO SOLO E DA GESSAGEM. Acadêmico PVIC/UEG do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

FERTILIZANTES, ESCOLHA DE FÓRMULAS E TIPOS DE ADUBOS

Influência do Espaçamento de Plantio de Milho na Produtividade de Silagem.

Unidade IX. José Ribamar Silva

A EXPERIÊNCIA DO AGRICULTOR/ PESQUISADOR NA BUSCA DA ALTA PRODUTIVIDADE

10 AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA

PRODUÇÃO DE MAMONEIRA CV BRS 149 NORDESTINA ADUBADA COM NITROGÊNIO, FOSFÓRO E POTÁSSIO

Revista Brasileira de Ciência do Solo ISSN: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo Brasil

AVALIAÇÃO DE PROGÊNIES DE MILHO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ADUBO

Protocolo. Programas de Nutrição. Performance de programas de nutrição para incremento de produtividade em solo de textura leve

Monitoramento Ambiental do Uso de Dejetos Líquidos de Suínos Como Insumo na Agricultura: 3 - Efeito de Doses na Produtividade de Milho.


DESEMPENHO PRODUTIVO DE MIRTILEIRO (Vaccinium corymbosum) EM FUNÇÃO DO USO DE TORTA DE MAMONA

BPUFs para milho em Mato Grosso do Sul informações locais. Eng. Agr. M.Sc. Douglas de Castilho Gitti

PRODUÇÃO DE PORTA-ENXERTO DE MANGUEIRA EM SUBSTRATO COMPOSTO POR RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

Protocolo Gessagem. Doses de gesso agrícola e seu residual para o sistema de produção soja/milho safrinha

Protocolo. Enxofre. Resposta da cultura da sojaa fontes e doses deenxofre

FERTILIZANTES Fertilizante: Classificação Quanto a Natureza do Nutriente Contido Quanto ao Critério Químico Quanto ao Critério Físico

SISTEMA DE MANEJO DO SOLO COM PALHADA. Sistema Plantio Direto (SPD) com qualidade

RESULTADOS E DISCUSSÃO

CURSO P.I. PÊSSEGO - ANTONIO PRADO - RS ADUBAÇÃO FOLIAR EM PESSEGUEIRO CULTIVADO NA SERRA GAÚCHA RESOLVE?

Uso de húmus sólido e diferentes concentrações de húmus líquido em características agronômicas da alface

Nutrição do cafeeiro e uso de Sódio S na agricultura. de Oliveira Silva Guilherme Maluf Breno Geraldo Rabelo Leblon Urbano Guimarães

MÉTODOS DE CORREÇÃO DO SOLO

EFEITO DE FERTILIZANTES FOSFATADOS SOBRE O CONSUMO DE ÁGUA E PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DA MAMONEIRA (Ricinus communis L.)

Disciplinas. Dinâmica de Potássio no solo e sua utilização nas culturas

II-023 RECICLAGEM DE LODO DE ESGOTO EXPERIÊNCIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

PRODUTIVIDADE DA MAMONA HÍBRIDA SAVANA EM DIVERSAS POPULACÕES DE PLANTIO NO SUDOESTE DA BAHIA* 4 Embrapa Algodão

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 888

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO NA CULTURA DA SOJA

PLANTIO DIRETO. Definição JFMELO / AGRUFBA 1

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA RECUPERAÇÃO DE UMA ÁREA DEGRADADA POR EFLUENTE INDUSTRIAL

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO CULTIVADO COM EUCALIPTO.

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental II USO DE EFLUENTES DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO PARA

Resultados de Experimentação e Campos Demonstrativos de Milho Safra 2010/2011

a) Amostragem do solo; b) Seleção de métodos de análise; c) Interpretação dos resultados; d) Recomendação de adubação; e, e) Avaliação econômica.

Subsídios técnicos para a agenda brasileira de bioetanol

CALAGEM PARA O FEIJÃO-CAUPI [Vigna unguiculata (L.) WALP], CV. BR3 TRACUATEUA, EM SOLO ÁCIDO DE SALVATERRA, MARAJÓ, PARÁ

Fósforo e adubação fosfatada. Prof. Dr. Gustavo Brunetto DS-UFSM brunetto.gustavo@gmail.com

PRODUTIVIDADE DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA EM INTEGRAÇÃO COM PECUÁRIA E FLORESTA DE EUCALIPTO

Rio Doce Piscicultura

II LEITOS CULTIVADOS ( CONSTRUCTED WETLAND ): COMPARAÇÃO ENTRE VALORES OBTIDOS PARA UMA MESMA VAZÃO AFLUENTE EM ÉPOCAS DISTINTAS

Manejo de Solos. Curso de Zootecnia Prof. Etiane Skrebsky Quadros

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

SOLO NA FAIXA DE INFLUÊNCIA DO RIO MADEIRA, PORTO VELHO-RO A HUMAITÁ-AM

Adubação da Cultura da Soja em Sistemas de Produção Dr. Eros Francisco Diretor Adjunto do IPNI Brasil

OBJETIVO SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DA ADUBAÇÃO NPKS MINERAL (QUÍMICA) POR ORGÂNICA COM E. GALINHA MAIS PALHA DE CAFÉ

Aplicação de dejetos líquidos de suínos no sulco: maior rendimento de grãos e menor impacto ambiental. Comunicado Técnico

LODO DE ESGOTO: UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL

Resposta de híbridos de milho ao nitrogênio. Eng. Agr. Dr. Douglas Gitti Pesquisador Manejo e Fertilidade do solo

TITULO DO PROJETO: (Orientador DPPA/CCA). Para que se tenha sucesso em um sistema de plantio direto é imprescindível uma boa cobertura do solo.

Aplicação de Nitrogênio em Cobertura no Feijoeiro Irrigado*

USO DO SOLO EM SISTEMAS CONSERVACIONISTAS PARA O CULTIVO DE PERENES

Utilização de Lodo de Esgoto para Fins Agrícolas

BPUPs para MILHO. Aildson Pereira Duarte Instituto Agronômico, Campinas (IAC)

Recomendação de Adubação N, P e K....para os estados do RS e SC

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NEREU BAÚ - SINPESC EPITAGORAS RODSON OLIVEIRA COSTA ACR

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

COMPOSTAGEM DE LODO DE ESGOTOS COM RESÍDUOS AGRÍCOLAS ATRAVÉS DA AERAÇÃO FORÇADA POSITIVA

ROCHAGEM: UMA QUESTÃO DE SOBERANIA NACIONAL

ALTERAÇÕES QUÍMICAS DO SOLO E RENDIMENTO DE MILHO VERDE APÓS APLICAÇÃO DE COMPOSTAGEM DE CARCAÇA DE AVES

INSTITUTO MATO-GROSSENSE DO ALGODÃO - IMA. Boletim - Nº Outubro de 2008 QUANTO VALE A SOQUEIRA DO ALGODÃO?

FERTILIDADE DO SOLO INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO E RECOMENDAÇÃO DA ADUBAÇÃO

DESSECAÇÃO DE BRAQUIÁRIA COM GLYPHOSATE SOB DIFERENTES VOLUMES DE CALDA RESUMO

Transcrição:

EFEITO DE DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO E FERTILIZAÇÃO QUÍMICA SOBRE A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO FERREIRA, C.F.; ANDREOLI, C.V.; PEGORINI, E.S., CARNEIRO, C.; SOUZA, M.L.P. Efeito de diferentes dosagens de lodo de esgoto e fertilização química sobre a disponibilidade de fósforo no solo. Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências do Solo, Londrina, 2001. Andréia C. Ferreira 1 Cleverson V. Andreoli 2 Eduardo S. Pegorini 3 Charles Carneiro 4 Marcos L. de Paula Souza 5 1 Engª. Agrônoma, MSc. em Ciência do Solo (UFPR), Bolsista DTI/RHAE, Pesquisadora do Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP, Companhia de Saneamento do Paraná/SANEPAR. E-mail: andreiacf@sanepar.pr.gov.br 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR). Coordenador do Programa Interdisciplinar de Pesquisas em Reciclagem Agrícola do Lodo de Esgoto da Companhia de Saneamento do Paraná SANEPAR/Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP. Professor do Departamento de Solos da Universidade Federal do Paraná. E-mail: c.andreoli@sanepar.pr.gov.br 3 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Ciência do Solo (UFPR), Pesquisador na SANEPAR/Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP. E-mail: epegorini@sanepar.pr.gov.br 4 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo (UFPR), Pesquisador junto a Companhia de Saneamento do Paraná SANEPAR/Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa GECIP. E-mail: ccc00@bol.com.br 5 Professor Sênior do Departamento de Solos da Universidade Federal do Paraná; Dr. (UFPR). Endereço: Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP/Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR Rua Engenheiro Rebouças, 1376 Rebouças - Curitiba-PR CEP 80.215-900 Fone: (41) 330-3238 Fax: (41) 333-9952

EFEITO DE DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO E FERTILIZAÇÃO QUÍMICA SOBRE A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO Objetivos Comparar o efeito do lodo de esgoto versus a adubação química no fornecimento de fósforo à cultura do milho e sua relação com a produtividade do milho; Avaliar a taxa de mineralização do fósforo oriundo do lodo de esgoto e sua disponibilização para absorção pelas plantas. Material e Métodos A partir de um experimento de produtividade de milho em função de diferentes dosagens de lodo de esgoto, paralelamente avaliou-se a influência destas diferentes dosagens e adubações químicas, sobre a concentração de fósforo solúvel (P) no solo. O experimento foi desenvolvido no município de Londrina PR, sob terra roxa estruturada distrófica e textura argilosa (QUADRO 01), com material de origem rochas eruptivas básicas; entre os anos de 1997 e 1999, com cultivos sucessivos de aveia preta (Avena strigosa) e milho (Zea mays). QUADRO 01 - CARACTERIZAÇÃO QUÍMICO-FÍSICA DO SOLO LONDRINA / PR - 1997. Prof. ph Al 3+ H+Al Ca 2+ +Mg 2+ Ca 2+ K + T P C m % V % Areia Silte Argila cm CaCl 2 cmol c /dm 3 mg/dm 3 g/dm 3 % 0-20 4,8 0,2 5,7 5,1 3,6 0,41 11,2 10,0 19,0 3,5 49,2 4,0 20,0 76,0 20-40 4,9 0,2 5,3 4,9 3,2 0,12 10,3 2,0 14,3 3,8 48,6 4,0 14,0 82,0 O lodo utilizado provinha de reator anaeróbio de leito fluidizado (RALF), e parcialmente desidratado em leito de secagem (umidade média de 62,5%); (QUADRO 02). Como processo de higienização, o lodo foi caleado com CaO a 50% em base de peso seco. QUADRO 02 - CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO LODO LONDRINA / PR - 1997. ph N Ca 2+ +Mg 2+ Ca 2+ K + Mg P 2 O 5 C CaCl 2 g/kg cmol c /dm 3 mg/dm 3 g/dm 3 6,1 22,2 1,13 0,83 0,34 0,30 10,0 20,1

A proposta para rotacionamento das culturas aconteceu da seguinte forma: Aveia (97) Milho (97/98) Aveia (98) Milho (98/99); O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, com 5 tratamentos e 3 repetições: T 0 tratamento testemunha; T 6 tratamento com 6 t MS/ha de lodo + 40 kg de superfosfato simples; T 12 - tratamento com 12 t MS/ha de lodo; T 18 - tratamento com 18 t MS/ha de lodo; T q - tratamento com adubação química * * 200 kg/ha superfosfato simples; 178 kg/ha uréia; 67/ha kg de cloreto de potásssio). obs: todos os tratamentos com lodo foram ainda suplementados com 40 kg/ha de cloreto de potássio. O solo da área experimental foi devidamente calado (CaCO 3 ) com base na análise de solo antes da implantação do experimento. Os tratamentos com lodo de esgoto que não atenderam a necessidade recomendada à cultura foram complementados com adubação química. A complementação química teve como base a análise de solo e a quantidade disponibilizada pelo lodo (50% de P). As amostras de solo/lodo foram coletadas na profundidade de 0 a 20 cm, a partir de vários pontos para a constituição de amostras compostas. Foram realizadas análises químicas para obtenção do teor de P disponível (extrator Mehlich 1), após o término do ciclo de cada cultura. Resultados e Discussão A mineralização de P em lodo de esgoto, condição em que é disponível às plantas, acontece de forma lenta e gradativa. De acordo com SANEPAR (1997), acredita-se que aproximadamente 50% de P total está disponível para as plantas ao longo do primeiro ano de cultivo. A disponibilidade de P e as formas iônicas em que se encontra variam em função dos níveis de ph do meio e da solubilidade dos compostos formados. Segundo VALE et al. (1997), quando ácido, a precipitação de P ocorre com íons de Fe e Al, por outro lado, quando

básico a fixação acontece com íons Ca. Sendo assim, a maior disponibilidade de P se dá com níveis de ph próximos à neutralidade ( 6,0), com predominância das formas H 2 PO - -- 4 e HPO 4. Portanto, a calagem como processo de higienização do lodo pode diminuir a disponibilidade deste elemento. Tendo em vista que o objetivo principal do trabalho era avaliar produtividades em milho, justificava-se assim as suplementações químicas no tratamento T 6 com superfosfato triplo, que é uma fonte de P prontamente disponível em sua totalidade, diferenciando-se do lodo que promove uma liberação mais lenta e gradativa. Atribui-se a isso, a equivalência nos teores de P nos tratamentos T 6 e T 12 no primeiro ano do rotacionamento. À medida que a taxa de mineralização de P do lodo foi aumentando, proporcionalmente aumentaram as diferenças nas concentrações entre os tratamentos. Os tratamentos somente apresentaram significância (F 0,01 ) para os intervalos de rotação: aveia (97) e milho (98/99); (QUADRO 03). Da mesma forma, ocorreu para a fonte de variação blocos (QUADRO 04). Observando a tabela 03 é possível verificar a influência das diferentes dosagens de lodo na disponibilidade de P em função do tempo hábil de mineralização, caracterizada por um aumento substancial nas concentrações no transcorrer do experimento. QUADRO 03 - VALORES DE F PARA AS MÉDIAS DAS CONCENTRAÇÕES DE P DISPONÍVEL EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO. Fonte F requ. (0,05) F requ. (0,01) Aveia 97 Milho 97/98 Aveia 98 Milho 98/99 Tratamentos 3,84 7,01 2,23 2,90 25,22 ** 4,76 9,78 4,83* QUADRO 04 - VALORES DE F PARA AS MÉDIAS DAS CONCENTRAÇÕES DE P DISPONÍVEL EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO. Fonte F requ. (0,05) F requ. (0,01) Aveia 97 Milho 97/98 Aveia 98 Milho 98/99 Blocos 3,84 7,01 2,23 2,90 8,09** 4,76 9,78 0,37 Apesar do teste Tukey (5%) não ter caracterizado diferenças estatísticas na comparação de médias nos intervalos de rotação: milho (97/98) e aveia (98) é possível

observar um gradiente positivo na concentração de P lábil, proporcional ao aumento nas dosagens de lodo aplicadas ao solo (TABELA 01). TABELA 01 COMPARAÇÃO DE MÉDIAS SEGUNDO TESTE TUKEY (5%). Tukey Aveia 97 Milho 97/98 Aveia 98 Milho98/99 T18 9,00 a T18 16,00 a T18 25,00 a T12 43,33 a T6 8,00 ab T6 12,33 a T12 16,00 a T18 38,30 a T12 7,00 ab T12 11,00 a T6 12,00 a T6 29,67 a T0 5,30 b Tq 10,67 a Tq 8,33 a T0 11,00 b T0 9,00 a T0 7,33 a Tq 8,00 b As diferenças significativas nos teores de P, proporcionais ao aumento das quantidades de lodo dispostas ao solo, alcançaram altos níveis de correlações (r = 0,99). Enquanto o tratamento Tq (adubação química) manteve-se praticamente constante quanto a disponibilidade de P, atestada pelos coeficientes de correlação gradativamente negativos a medida que foram aumentadas as quantidades aplicadas de lodo (TABELA 02). TABELA 02 MATRIZES DE CORRELAÇÕES ENTRE AVEIA (97) / MILHO (97/98) / AVEIA (98) / MILHO (98/99) EM FUNÇÃO DAS DOSAGENS DE LODO APLICADAS. T0 T6 T12 T18 Tq T0 1 T6 0,88 1 T12 0,83 0,99 1 T18 0,83 0,92 0,95 1 Tq -0,16-0,58-0,70-0,87 1 Conclusões A partir dos resultados obtidos constatou-se a eficiência do lodo de esgoto em disponibilizar P, atuando como um fertilizante fosfatado de liberação lenta e gradativa. A fertilização química sendo fonte de pronta liberação promove menores efeitos cumulativos nas concentrações de P solúvel. A mineralização e disponibilidade de P tem relação direta

com o tempo de incubação do lodo, evidenciando a potencialidade deste biossólido em suprir adubações com P, especialmente em culturas perenes. Referências Bibliográficas SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paraná. Manual técnico para utilização agrícola do lodo de esgoto no Paraná. ANDREOLI, C.V.; FERNANDES, F. (Coords.), Curitiba, 96 p., 1997. VALE, F.R.; GUILHERME, L.R.G.; GUEDES, G.A. de A.; FURTINI NETO, A.E. Fertilidade do Solo: dinâmica e disponibilidade dos nutrientes de plantas. UFLA/FAEPE, 171 p., 1997.