MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DO SOLO DE DOIS VIZINHOS-PR NOS ANOS DE 1984 E 2011 ATRAVÉS DE IMAGENS ORBITAIS TM/LANDSAT 5

Documentos relacionados
EXPANSÃO AGROPECUÁRIA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AREIAS, TOCANTINS.

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA MAXVER E DISTÂNCIA MÍNIMA NA ANÁLISE DO USO E COBERTURA DO SOLO NA REGIÃO DO ALTO ARAGUAIA

Utilização de imagens de satélite para criação do mapa de uso e cobertura da terra para o estado de Goiás Ano base 2015

AVALIAÇÃO DE FATORES QUE INFLUENCIAM NA OCORRÊNCIA DE DESLIZAMENTOS E SUA INTERAÇÃO

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO-BAIXO CURSO DO RIO ARAGUARI

Avaliação de métodos de classificação para o mapeamento de remanescentes florestais a partir de imagens HRC/CBERS

USO DE IMAGENS DO SATÉLITE RESOURCESAT 1 (IRS-P6) PARA ESTUDO DO DESMATAMENTO NO ASSENTAMENTO VALE VERDE, GURUPI-TO

CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA UTILIZANDO O SPRING VISANDO A AVALIAÇÃO TEMPORAL DO USO DO SOLO NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

Uso de SIG para confecção de um mapa de uso e ocupação do solo do município de Bambuí-MG

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS NA ANÁLISE TEMPORAL DO USO AGRÍCOLA DAS TERRAS DO NÚCLEO RURAL DO RIO PRETO (DF)

¹ Estudante de Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estagiária na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

Palavras-chave: Web mapa servidor, gerenciamento, georreferenciamento, primitivas cartográficos

ANÁLISE AMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DOS ARROIOS JUÁ E CARACOL BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAÍ / RS.

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

Mapeamento das Formações Florestais no Rio Grande do Sul com Dados e Técnicas de Sensoriamento Remoto Estado da Arte

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - MONITORAMENTO AMBIENTAL

QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE DESMATAMENTO NO ESTADO DO TOCANTINSS DURANTE O PERÍODO DE 1995 A 2000

3 Bolsista de iniciação cientifica Fapemig Ufla-MG. 4 Pesquisadora Doutora Epamig Lavras-MG. 5 Pesqiusadora Mestre Epamig Lavras-MG

MONITORAMENTO DA EXPANSÃO AGROPECUÁRIA NA REGIÃO OESTE DA BAHIA UTILIZANDO SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO. Mateus Batistella 1

Dinâmica da paisagem e seus impactos em uma Floresta Urbana no Nordeste do Brasil

¹ Graduandos em Geoprocessamento IFPI.

Allan Arantes PEREIRA 1 ; Thomaz Alvisi de OLIVEIRA 1 ; Mireile Reis dos SANTOS 1 ; Jane Piton Serra SANCHES 1

Desempenho de classificadores de SIG em imagens do Landsat-8 da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco Verdadeiro Oeste do PR, no ano de 2015

Atlas didático-pedagógico para educação sócio-ambiental nos municípios da Grande Dourados-MS

Uso de geotecnologias no estudo da sustentabilidade agrícola do núcleo rural Taquara, DF.

USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA- MG ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO

CARACTERIZAÇÃO DAS APP S DOS CÓRREGOS INSERIDOS NO PERÍMETRO URBANO DA CIDADE DE GURUPI TO

ANÁLISE TEMPORAL DAS ÁREAS DE EXPANSÃO DE REFLORESTAMENTO NA REGIÃO DO CAMPO DAS VERTENTES-MG

1. Unidade Amostral de Paisagem Localização

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - GEOPROCESSAMENTO

USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO XIDARINI NO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AM.

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

ANÁLISE DA PRESSÃO ANTRÓPICA SOBRE A COBERTURA VEGETAL DA ÁREA VERDE DO CAMPUS DA UFAM UTILIZANDO SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)

Mapeamento do uso do solo para manejo de propriedades rurais

MAPEAMENTO DO USO DA TERRA E DA EXPANSÃO URBANA EM ALFENAS, SUL DE MINAS GERAIS

VARIAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NATURAL EM UMA MICROBACIA DO NOROESTE DO PARANÁ

Alterações no padrão de cobertura da terra na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro/RJ nos anos de 1985 e DOMINIQUE PIRES SILVA

O uso do Sensoriamento Remoto na agricultura

Metodologia adotada pelas iniciativas de monitoramento do Atlas da Mata Atlântica e do MapBiomas

TRATAMENTO DOS DADOS DE SATÉLITES

Uso da terra na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai no Brasil

USO INADEQUADO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Análise Temporal De Uso/Cobertura Do Solo Na Bacia Da Represa Do Rio Salinas, Minas Gerais

Antropização e relação entre agropecuária intensiva e topografia no Cerrado da região sul do estado do Piauí, Brasil

Grupo Multidisciplinar de Estudos Ambientais - GEA CEP Marechal Cândido Rondon PR, Brasil

SÍNTESE. AUTORES: MSc. Clibson Alves dos Santos, Dr. Frederico Garcia Sobreira, Shirlei de Paula Silva.

Técnicas de Sensoriamento Remoto na análise temporal para a gestão territorial do município de Timon-MA

PAISAGEM HISTORICA DO PRATIGI; TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS EM MAPAS E IMAGENS.

TerraClass Mapeamento de Uso e Cobertura da Terra na Amazônia Legal Brasileira

ArcGIS para Adequação Ambiental de Propriedades Agrícolas

Semana de Estudos da Engenharia Ambiental UNESP Rio Claro, SP. ISSN

Sensoriamento Remoto

25 a 28 de novembro de 2014 Campus de Palmas

Poço Grande, Município de Ouro Verde do Oeste, Paraná. Daniela Mondardo, Aline Uhlein, Deise D. Castagnara, Felipe Guilherme

PROCESSAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA CARACTERIZAÇÃO DE USOS DO SOLO

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

ANALISE DE DADOS AMBIENTAIS POR MEIO DO USO DE IMAGENS DE SATÉLITE

DINÂMICA TEMPORAL DA COBERTURA FLORESTAL NA MICRORREGIÃO CAMPANHA CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL

Adriana Gerdenits 1,2 Adriana Affonso 2 José Luiz Stech 2

AVALIAÇÃO TEMPORAL DA COBERTURA E USO DA TERRA NA BACIA DO RIO VERDE, MICRORREGIÃO DE CERES GOIÁS, EM 1998, 2008 E 2018

MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA MICROBACIA DO CÓRREGO DO KARAMACY - ITAPEVA/SP.

SENSORIAMENTO REMOTO NA IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE ÁREAS ÚMIDAS NO DISTRITO FEDERAL

RELATÓRIO ATUALIZAÇÃO DO MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA APP. Curitiba, abril de 2018.

Reunião Banco do Brasil

USO DE IMAGENS TM LANDSAT 5 PARA ANÁLISE DO ALBEDO E SALDO DE RADIAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CAMARAGIBE: DESTAQUE PARA SÃO LUIZ DO QUITUNDE-AL

Avaliação da evapotranspiração em. município de Barretos-SP

PREDIÇÃO DE ÁREAS DE RISCO: integração de dados espectrais e espaciais no mapeamento de uso do solo mediante classificador convencional RESUMO

Caracterização da adequação do uso agrícola das terras no Distrito Federal 1.

CLASSIFICAÇÃO PIXEL A PIXEL DE CULTIVOS CAFEEIROS EM IMAGEM DE SATÉLITE DE ALTA RESOLUÇÃO

SCIENTIA PLENA VOL. 8, NUM

Mapeamento de Risco de Incêndios na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Rio João Leito-GO

Projeto TERRACLASS Cerrado. Mapeamento do Uso e Cobertura Vegetal do Cerrado

I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

Ministério Público do Rio Grande do Sul Divisão de Assessoramento Técnico PARECER DOCUMENTO DAT-MA Nº 3038/2008

Estudo de comportamento espectral de alvos e análise multitemporal da região da foz do rio Itajaí Santa Catarina

Extração de cicatrizes de movimentos de massa na região de Cubatão SP por meio de técnicas de Interpretação de Imagens

SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO A ANÁLISE AMBIENTAL NO SEMIÁRIDO: A CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA

Anderson Ribeiro de Figueiredo Laurindo Antonio Guasselli Guilherme Garcia de Oliveira

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

10º ENTEC Encontro de Tecnologia: 28 de novembro a 3 de dezembro de 2016

O COMPORTAMENTO DE RECEPTORES GPS DE DIFERENTES PRECISÕES, EM LEVANTAMENTOS FEITOS EM MESMA ÁREA, ÉPOCA E TRAJETO

Avaliação de métodos de classificação em ortofotocartas digitais para identificação do uso e ocupação do solo

Análise da dinâmica espacial da área de soja em municípios do Mato Grosso por meio de imagens do sensor MODIS 1. INTRODUÇÃO

Caroline Leão 1 Lilian Anne Krug 1 Milton Kampel 1 Leila Maria Garcia Fonseca 1

V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

O PROJETO MUTIRÃO DE REFLORESTAMENTO E SEUS EFEITOS AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA: ESTUDOS PRELIMINARES DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DO AQUÍFERO SERRA GERAL NO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ

Licenciamento Florestal: Biomas Mata Atlântica e Pampa

ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS DE NDVI DO MUNICÍPIO DE POÇOS DE CALDAS-MG PARA OS ANOS DE 1986 E 2010

USO DE GEOTECNOLOGIAS NA ANÁLISE AMBIENTAL DA MICROBACIA DO RIO FACA, SÃO JORGE D OESTE PARANÁ, BR.

Ecologia de Paisagem Conceitos e métodos de pesquisa 2012

CLASSIFICAÇÃO DE ORTOFOTO DIGITAL OBTIDA COM VANT FOTOGRAMÉTRICO PARA MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO.

CONFLITOS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO KARAMACY, ITAPEVA SP

CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA EM IMAGEM ALOS PARA O MAPEAMENTO DE ARROZ IRRIGADO NO MUNICÍPIO DE MASSARANDUBA SC

Fusão entre diferentes sensores para a classificação sucessional em pequenas propriedades rurais

AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS CLASSIFICAÇÃO NA EXTRAÇÃO DE FEIÇÕES EM IMAGENS DE ALTA RESOLUÇÃO DO SENSOR AEROTRANSPORTADO ADS-80.

José Hamilton Ribeiro Andrade (1); Érika Gomes Brito da Silva (2)

USO DE DADOS AUXILIARES PARA CLASSIFICAÇÃO DO USO DA TERRA NA APA DA ESCARPA DEVONIANA- PR POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

Transcrição:

MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DO SOLO DE DOIS VIZINHOS-PR NOS ANOS DE 1984 E 2011 ATRAVÉS DE IMAGENS ORBITAIS TM/LANDSAT 5 Ricardo Dal Agnol da Silva 1*, Aline Bernarda Debastiani 2,3, Maurício de Souza 2,3, Mosar Faria Botelho² 1 Mestrando no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE, São José dos Câmpos SP. E-mail: silvard@dsr.inpe.br 2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. E-mail: aline.debastiani@gmail.com, dark_mds@hotmail.com, mosar@utfpr.edu.br 3 Aluno(a) do curso de Engenharia Florestal, bolsistas PIBIC (Fundação Araucária) e PIBIN (UTFPR) *Autor para correspondência Resumo: O uso de imagens orbitais e técnicas de processamento de imagens permitem avaliar o uso e cobertura do solo, e através de séries temporais de imagens de uma mesma área pode-se realizar essa avaliação ao longo do tempo, gerando informações importantes para a manutenção desses ambientes. No caso do município de Dois Vizinhos-PR, presente área de estudo, avaliou-se o uso e cobertura do solo nos períodos de 1984 e 2011, quantificando as áreas ocupadas por floresta, agropecuária, água e área urbana, por meio do uso de imagens do sensor TM/Landsat 5 e classificador supervisionado Maxver. Observou-se que 21,21% da área do município (8.896,41 ha) era recoberta por floresta em 2011, contra os 11,06% (4.640,22 ha) mapeados em 1984. Atribui-se esse aumento da preservação a leis ambientais, como a do SISLEG, em 1999. Apesar disso, somente 6,78% dessas florestas são áreas classificadas como floresta em ambas as datas, possíveis florestas primárias (nativas), ou seja, as demais áreas são de plantios florestais ou florestas secundárias. Com relação a agropecuária foi obtido um percentual aproximado do censo do IBGE. Portanto, a metodologia aplicada foi eficiente para o mapeamento do uso e cobertura do solo, classificando e quantificando coerentemente as áreas. Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, máxima verossimilhança, preservação ambiental. Introdução O crescimento acelerado da população promove também o crescimento da necessidade por alimentos. Na década de 70, para suprir as exigências da crescente população, o governo incentivava o desmatamento das florestas nativas e, assim, grande parte das reservas naturais existentes foram extraídas, dando espaço para a expansão da agricultura e pecuária. Nessa época não se tinha consciência de como a supressão desses ambientes poderia afetar a vida humana. No entanto, atualmente sabe-se que as florestas têm grande importância, não só ambiental, pela preservação da biodiversidade de fauna e flora, mas para garantir a qualidade de vida humana por diversos fatores, como: manutenção do microclima, preservação dos cursos hídricos, etc. Essa pressão sobre os ambientes naturais exigiu que fossem criadas políticas que não visassem apenas a produção de alimentos e a sustentabilidade econômica do país, mas que promovessem também a sustentabilidade ambiental dos ecossistemas. Diante desse fato, a utilização de dados de sensoriamento remoto, aliado às técnicas de processamento digital de imagem e geoprocessamento, tornam-se ferramentas imprescindíveis para o levantamento do uso e cobertura do solo. Com o uso desse pacote de geotecnologias, é possível realizar mapeamentos das últimas décadas com dados de sensores orbitais como o Landsat 5, gerando informações acuradas em nível de escala de 1:150.000 sobre o uso do solo (JENSEN, 2007). Portanto, o objetivo deste trabalho é realizar o levantamento do uso e cobertura do solo através de dados de sensores remotos e classificador supervisionado Maxver para os anos de 1984 e 2011 a fim de quantificar as áreas correspondentes a cada classe de uso e verificar sua coerência com a realidade. 15 e 16 de Outubro de 2012 208

Material e Métodos A área de estudo é o município de Dois Vizinhos, localizado na região sudoeste do estado do Paraná. Sua vegetação original é classificada pelo IBGE (1992) como Floresta Estacional Semidecidual em transição com Floresta Ombrófila Mista. O relevo da área é suave-ondulado, cortado por pequenos córregos, altitude de 450 a 600 m acima do nível médio do mar. A economia rural é composta basicamente por soja, milho, e a pecuária. Foram utilizados para o mapeamento duas imagens do sensor Thematic-Mapper (TM), a bordo do satélite LANDSAT 5, com órbita/ponto 223/078, datadas de 28/08/1984 e 07/08/2011, as quais são a primeira e a última imagem disponível desse sensor para a área, respectivamente. Essas imagens foram obtidas gratuitamente do catálogo de imagens do INPE. Além disso, foi utilizada a imagem S-22-25_2000 do GEOCOVER obtida da NASA, a qual é um mosaico de imagens ortorretificadas do sensor ETM+ (LANDSAT 7). O processamento dos dados foi realizado a partir do software de processamento de imagens ENVI 4.5. Inicialmente, as bandas (1, 2, 3, 4, 5 e 7) das duas imagens TM (1984 e 2011) foram empilhadas e recortadas utilizando como base um vetor que circunda o município de Dois Vizinhos-PR. Após, as duas imagens foram registradas com base na imagem GEOCOVER, a partir da delimitação de 15 pontos homólogos nas imagens. Em seguida, foram coletadas amostras das classes temáticas de interesse em ambas as imagens: floresta, agropecuária (áreas de culturas agrícolas e pastagens para criação animal) e água. A partir dessas amostras, o classificador supervisionado por Máxima Verossimilhança pode ser aplicado para mapear toda a área de estudo. Esse classificador é baseado no cálculo da probabilidade de cada pixel da imagem estar contido dentro de uma classe amostrada previamente. A classe temática de áreas urbanas não foi obtida por classificação devido a grande confusão dessa classe com solo exposto (embutido na classe agropecuária) nas imagens orbitais. Por isso, a mancha urbana foi vetorizada sobre uma composição colorida R4G5B3 e sobreposta sobre a classificação. Foram coletadas 200 amostras de validação por classe temática a ser mapeada a partir de fotointerpretação da imagem orbital composição R4G5B3. A partir do cruzamento dessas amostras com as classificações, gerou-se a matriz de confusão, e cálculo de alguns parâmetros estatísticos como: exatidão global, índice de concordância kappa e variância kappa. Em seguida, realizado o teste estatístico do kappa (estatística Z) o qual revela, caso significativo, que a classificação possui concordância com a referência. Através do módulo Spectral Math foi realizada a álgebra de mapas para cruzamento das classificações de 1984 e 2011, gerando uma classificação da mudança de uso. Finalmente, foram quantificadas as áreas de cada classe temática nas imagens de 1984, 2011 e Mudança de uso, e gerados os mapas de cada um. No mapa de Mudança de uso, as áreas que se tornaram classes floresta e agropecuária em 2011 foram renomeadas para Novas Florestas e Expansão Agropecuária, as demais classes de mudança foram agrupadas junto das classes originais (Água e Áreas Urbanas). Por fim, os dados gerados pela classificação foram comparados com os dados do censo agropecuário do IBGE de 2006, último censo com dados disponíveis da área de estudo, para averiguar se o total da área classificada como agropecuária está coerente com a realidade de campo. Resultados e Discussão A classificação de 1984 obteve exatidão global de 95,8%, índice kappa de 0,9375 (p < 0,001) e variância kappa de 0,000298897, já a classificação de 2011 obteve uma exatidão global de 94,0%, índice kappa de 0,91 (p < 0,001) e variância kappa de 0,000421346. Portanto, há concordância das classificações com a referência. 15 e 16 de Outubro de 2012 209

Observa-se na Tabela 1 que em 1984 a agropecuária detinha cerca de 86% da área do município, enquanto que as florestas ocupavam somente 11%. No decorrer de 27 anos, em 2011, a área do município passa a ser ocupada em 75% por agropecuária e 21% por florestas, ou seja, um aumento de 10% nas áreas de floresta. Esse aumento nas áreas de floresta pode estar relacionado à implantação das políticas ambientais, como o Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente (SISLEG), regulamentado no Decreto nº 387 de 1999. A área florestada, em hectares, no município passou de aproximadamente 4.640 para 8.900 ha, um aumento absoluto de aproximadamente 4.200 ha de floresta. Na Figura 1 nota-se a diferença entre os anos de 1984 e 2011 há muito mais áreas verdes atualmente. Com relação à área ocupada pela agropecuária, observou-se um decréscimo de 36.300 ha para 31.500 ha, aproximadamente 11,5%. Segundo o censo agropecuário do IBGE (2006), no ano de 2006 havia 19.302 ha de culturas agrícolas e 12.319 ha de pastagens destinados a pecuária e criação de outros animais. O somatório dos dois usos equivale a 31.621 ha ocupados pela agropecuária, estimados pelo IBGE, valor este que está próximo do valor obtido pelo presente estudo para a data de 2011, de 31.500 ha. É evidente que existe uma decorrelação temporal de 5 anos envolvida, porém, como a estimativa do IBGE também não é totalmente precisa, considerase que a estimativa por meio do Sensoriamento Remoto de 2011 está coerente com a realidade. Com relação à área urbana do município, essa praticamente dobrou de 1984 para 2011, passando de 574 para 1067 ha ocupados. Algumas explicações pra esse crescimento da mancha urbana podem ser o crescimento da indústria de alimentos SADIA, hoje chamada de Brasil Foods S/A, instalada no município desde meados da década de 60, e a implantação de várias facções de indústria têxtil no município mais recentemente, os quais foram grandes atrativos para pessoas da região a virem se instalar no município. Concomitantemente, a população de Dois Vizinhos passou de 26.921 para 36.059 habitantes nesses 27 anos (IBGE, 2010). Na Tabela 2 pode-se observar em cada linha a área resultante do cruzamento das classes temáticas de 1984 com 2011. Apesar do percentual de florestas ter aumentado nesse período, apenas 2.883,78 ha ou 6,87% das florestas que existem no município em 2011 são anteriores a 1984, ou seja, possuem mais de 27 anos de idade. Isto é, apenas 6,87% dessas florestas têm chance de serem, de fato, florestas primárias (que não foram suprimidas pelo homem). Entretanto, há a possibilidade de parte dessas áreas terem sido suprimidas após 1984 e restituídas alguns anos antes de 2011, aparecendo na imagem como florestas novamente. O restante das florestas existentes foi apresentada na Figura 2 como Novas Florestas, que são áreas de plantios florestais e florestas secundárias. Na mesma figura pode-se observar as áreas de expansão agropecuária, as quais eram predominantemente áreas de floresta que foram suprimidas e que em 2011 tem seu uso como agropecuário, somando um total de 1.737,36 ha ou 4,14% de florestas que tornaram-se áreas de agropecuária. Conclusão Conclui-se que o mapeamento realizado por meio de imagens orbitais mostrou-se coerente com a realidade e vem trazer novas informações para a gestão do município, mesmo que seja somente um estudo prévio. Para estudos futuros, pretende-se estudar essa dinâmica do uso em períodos intermediários a 1984 e 2011, de 3 em 3 anos, e identificar se as áreas de novas florestas aqui observadas estão relacionadas com as áreas de APP previstas no código florestal, principalmente as relacionadas com a declividade áreas impróprias para culturas agrícolas pelo sistema mecanizado. 15 e 16 de Outubro de 2012 210

Agradecimentos À CAPES pela concessão da bolsa de mestrado e à Fundação Araucária e UTFPR pela concessão das bolsas de Iniciação Científica. Referências IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. Séries Manuais técnicos em geociências. Rio de Janeiro, RJ, 1992. Censo agropecuário 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. Censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. JENSEN, J.R. Remote Sensing of the Environment: an Earth Resource Perspective. v.2, p.357-403, 2007. Tabela 1. Áreas ocupadas pelo uso e cobertura do solo nos anos de 1984, 2011 e diferença entre os dois anos. 1984 2011 Diferença (2011-1984) Classe temática Área (ha) Área (%) Área (ha) Área (%) Área (ha) Área (%) Floresta 4.640,22 11,06 8.896,41 21,21 4.256,19 10,15 Agropecuária 36.351,99 86,65 31.508,82 75,11-4.843,17-11,54 Água 386,01 0,92 479,70 1,14 93,69 0,22 Área urbana 574,38 1,37 1.067,67 2,54 493,29 1,18 Total 41.952,60 100,00 41.952,60 100,00 0,00 0,00 Tabela 2. Áreas ocupadas por cada mudança no uso e cobertura do solo de 1984 para 2011. Classe 1984 Classe 2011 Área (ha) Área (%) Área por Classe (%) Agropecuária Agropecuária 29.763,81 70,95 Água Agropecuária 4,95 0,01 Floresta Agropecuária 1.737,36 4,14 75,11 Área urbana Agropecuária 2,70 0,01 Água Água 380,79 0,91 Agropecuária Água 97,65 0,23 Floresta Água 1,26 0,00 1,14 Área urbana Água 0,00 0,00 Floresta Floresta 2.883,78 6,87 Agropecuária Floresta 6.009,30 14,32 Água Floresta 0,27 0,00 21,21 Área urbana Floresta 3,06 0,01 Área urbana Área urbana 568,62 1,36 Agropecuária Área urbana 481,23 1,15 Água Área urbana 0,00 0,00 2,54 Floresta Área urbana 17,82 0,04 Total 41.952,60 100,00 100,00 15 e 16 de Outubro de 2012 211

Figura 1. Mapa do uso e cobertura no solo de 1984 (esquerda) e 2011 (direita). Figura 2. Mapa do uso e cobertura do solo de 2011 e suas mudanças desde 1984. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus DV 15 e 16 de Outubro de 2012 Recursos Florestais e Engenharia Florestal 212