Orçamento de papel da União e as falsas interpretações

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Transcrição:

Orçamento de papel da União e as falsas interpretações Vou tentar esclarecer este assunto, o que considero muito difícil. O Orçamento Fiscal e da Seguridade Social do Governo Federal é, em grande parte, um orçamento de papel, e isso vem servindo para interpretações equivocadas ou mal intencionadas de candidatos, de sindicatos e de várias outras pessoas.. O orçamento total para 2018 atinge R$ 3.506 bilhões, correspondendo a 52% do PIB, quando a carga tributária total foi em 2016 (último dado conhecido) de 32,38% do PIB, cabendo à União 68,3% desse total, ou 22,11%. O primeiro questionamento a ser feito é como a União, tendo uma arrecadação tributária de 22% do PIB, pode ter um orçamento que corresponda a 52% dele? Isso só é possível porque grande parte do orçamento é apenas escritural. O orçamento não está errado. Ele decorre do grande endividamento em títulos, com muita receita e despesa decorrentes de rolagens. As interpretações dele é que estão equivocadas. Na realidade, as receitas correntes, que são as receitas permanentes, com possibilidade de serem arrecadadas, alcançam R$ 1.532 bilhões, ou 43,7% do orçamento total. Esse é o orçamento real e com ele devem ser feitas as comparações. O resto é orçamento de papel ou implica endividamento. Nesse total 23,3% são receitas de capital, receitas eventuais, em que mais de 60% delas são operações de crédito. Além disso, há as receitas de Refinanciamento da Dívida Pública Federal, na ordem de R$ 1.157 mil, ou 33% (Tabela 1 e gráfico 1.1). Essa receita de refinanciamento deve ser deduzida da despesa da Dívida Pública Federal, na ordem de R$ 1.776 bilhões, devendo esta ser considerada pelo líquido, de R$ 619,1 bilhões. Trata-se de uma troca de papéis vencidos por papéis vincendos, porque grande parte da dívida é em títulos. Mas os valores não podem ser lançados pelo líquido, porque a Lei 4.320/64, em seu artigo 6, determina que as receitas e despesas devem ser lançadas pelos seus totais. 1

Art. 6º todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. 33,0% 43,7% Rec.correntes Rec.capital 23,3% Refinanciamento dívidas Grafico 1.1 - Composição da receita federal prevista para 2018 Fonte: SOF - Orçamento Fiscal e da Seg.Social, 2018. Na realidade, nem o montante líquido de R$ 619,1 bilhões será pago, porque o governo federal não gera superávit primário, mas déficit primário, conforme tratado adiante. Esse montante também será refinanciado por receitas de capital. E essa dotação de recursos para a dívida pública tem levado a afirmações inconsistentes, decorrentes da inclusão na mesma base de comparação das despesas que serão pagas e das despesas meramente escriturais, que não serão pagas, mas apenas roladas. Em decorrência disso, é afirmado que os juros correspondem a 51% do orçamento e o Ministério do Desenvolvimento Social, onde está a previdência, por exemplo, 19,95%. Em sendo assim, não precisa fazer reforma nenhuma, basta reduzir juros. E assim, com base numa inverdade, adquirem-se argumentos para impedir a realização das reformas, sem as quais o País vai quebrar. Os juros decorrentes da dívida pública no Brasil são exorbitantes. Isso é uma verdade, mas nada têm a ver com a dotação bruta da dívida de R$ 1.776 bilhões, referida. 2

Tabela 1 - Orçamento Federal para 2018 -Fiscal e da Seguridade Social Em R$ milhões correntes ESPECIFICAÇÃO VALOR % % 1. RECEITAS CORRENTES 1.532.404 100,0% 43,7% Impostos, Taxas e Cont.Melhoria 481.967 31,5% 13,7% Contribuições 852.533 55,6% 24,3% Receita Patrimonial 89.280 5,8% 2,5% Receita Agropecuária 23 0,0% 0,0% Receita Industrial 1.112 0,1% 0,0% Receita de Serviços 40.660 2,7% 1,2% Transferências Correntes 1.093 0,1% 0,0% Outras Receitas Correntes 65.736 4,3% 1,9% 2. RECEITAS DE CAPITAL 816.801 100,0% 23,3% Operações de crédito (*) 498.901 61,1% 14,2% Alienação de Bens 3.078 0,4% 0,1% Amortização de Empréstimos 156.712 19,2% 4,5% Transferências de Capital 181 0,0% 0,0% Outras Receitas de Capital 157.929 19,3% 4,5% SUBTOTAL (1+2) 2.349.205 67,0% 3. REFINANC. DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL 1.157.215 33,0% TOTAL 3.506.420 100,0% Fonte: SOF - Orçamento Fiscal e da seguridade Social, da União (link na tabela 2) Segundo o Bacen, no demonstrativo Nfspp, em doze meses corridos, em fevereiro de 2018, os juros da dívida corresponderam a R$ 333,6 bilhões, do que nada foi pago, por inexistência de superávit primário (houve déficit primário na ordem de R$ 99,1 bilhões). O total dos juros mais o déficit primário, num montante de R$ 432,7 bilhões foi incorporado à dívida, o que fará aumentar a despesa com juros num momento posterior. O resultado primário, que pode ser superávit ou déficit, é a diferença entre a receita primária e a despesa primária. A receita primária exclui a receita financeira e a proveniente da venda de bens patrimoniais, em princípio. Já a despesa primária exclui os juros da dívida. Segundo o Anexo de Metas Fiscais, em 2018, a receita primária do governo federal deverá ser de 1.488 bilhões e a despesa primária, R$ 1.617 bilhões, restando um déficit primário de R$ 129 bilhões, portanto antes do pagamento dos juros. 3

Na tabela 2, no final, estão todas as despesas da União que, com a exclusão da Dívida Pública Federal, correspondem a R$ 1.730 bilhões, valor que deve servir de base de comparação das despesas e não o total de R$ 3.506 bilhões, no qual estão R$ 1.776 bilhões da dívida pública, meramente escriturais. A tabela 2.2, no final e o gráfico 2.2, a seguir, mostram a composição das despesas da União, em que apenas 40,2% são produzidas por ministérios e órgãos e 50,7% são decorrentes da dívida pública, que não é paga, apenas rolada. Por isso, a estrutura da despesa deve ser calculada excluindo-se essa parte em que não ocorre pagamentos, mas apenas rolagens de títulos. Despesas ministérios e órgãos 50,7% 1,8% 7,3% 40,2% Transf.Estados e municípios Op.oficiais de crédito Dívida Pública (rolagem.bruta) Gráfico 2.2. Despesas federais para 2018 (rolagens de dividas e pagamentos) Fonte: SOF - Orçamento Fiscal e da Seg.Social, 2018. Conclusão O fato de os juros da dívida pública serem tão altos não justifica o procedimento adotado por muitos leigos ou mal-intencionados de agregarem a dotação bruta da dívida pública na formação da base de comparação das demais despesas, porque distorcem as informações. É exemplo disso o fato de dizer que 51% do orçamento federal são 4

canalizados para o pagamento de juros, porque há uma dotação para a rolagem dívida pública de R$ 1.776 bilhões que tem que ser excluída da base de comparação das demais despesa, porque não será paga. Da mesma forma é dizer que ao Ministério do Desenvolvimento Social são destinados 19,95% do orçamento, quando na realidade são destinados 49,6%, quando se compara com as demais despesas que serão pagas, exceto as transferências a Estados e municípios. Além disso, a dotação para rolagem precisa ser descontada da receita de refinanciamento, na ordem de R$ 1.157 bilhões, restando R$ 619,1 bilhões, que também será rolada. Os juros são consequência e só serão pagos se existir superávit primário, caso contrário serão incorporadas à dívida. E para obter superávit primário precisamos aumentar a receita primária e/ou reduzir a despesa primária, onde não estão os juros. Essa é a solução para pagarmos menos juros que, como consequência, não podem ser simplesmente reduzidos. Por isso, necessitamos fazer reformas. Essas interpretações levam a concluir que, se despendemos mais da metade do orçamento com juros, as reformas tornam-se desnecessárias. E assim, com base numa inverdade, adquirem-se argumentos para impedir a realização das reformas. E disso se aproveitam aqueles que, por interesses políticos ou corporativos, não desejam que seja feita a reforma da previdência, por exemplo, condição indispensável para o saneamento das finanças publicas. Sem a reforma da previdência, muitos Estados e municípios quebrarão e a União não conseguirá segurar a inflação. 5

Tabela 2. Despesas do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social Rm R$ milhões ESPECIFICAÇÃO VALOR ( C ) C/D C/E C/F C/G CÂMARA DOS DEPUTADOS 6.124,3 0,43% 0,37% 0,35% 0,17% SENADO FEDERAL 4.371,4 0,31% 0,26% 0,25% 0,12% TCU 2.173,0 0,15% 0,13% 0,13% 0,06% STF 714,0 0,05% 0,04% 0,04% 0,02% SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 1.536,9 0,11% 0,09% 0,09% 0,04% JUSTIÇA FEDERAL 11.966,9 0,85% 0,72% 0,69% 0,34% JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO 550,1 0,04% 0,03% 0,03% 0,02% JUSTIÇA ELEITORAL 8.928,4 0,63% 0,54% 0,52% 0,25% JUSTIÇA DO TRABALHO 20.903,0 1,48% 1,25% 1,21% 0,60% JUSTIÇA DO DF E DOS TERRITÓRIOS 2.812,9 0,20% 0,17% 0,16% 0,08% CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA 220,8 0,02% 0,01% 0,01% 0,01% PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 6.700,2 0,47% 0,40% 0,39% 0,19% MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PEC. E ABAST. 11.608,0 0,82% 0,70% 0,67% 0,33% MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOL. E COM. 12.723,7 0,90% 0,76% 0,74% 0,36% MINISTÉRIO DA FAZENDA 30.644,5 2,17% 1,84% 1,77% 0,87% MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 109.045,1 7,73% 6,54% 6,30% 3,11% MINISTÉRIO DA IND. COM. E SERVIÇOS 2.838,8 0,20% 0,17% 0,16% 0,08% DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 601,3 0,04% 0,04% 0,03% 0,02% MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E DA SEG.PÚBICA 15.891,2 1,13% 0,95% 0,92% 0,45% MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA 7.051,7 0,50% 0,42% 0,41% 0,20% MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO 6.725,5 0,48% 0,40% 0,39% 0,19% MINISTÉRIO DA RELAÇÕES EXTERIORES 3.107,3 0,22% 0,19% 0,18% 0,09% MINISTÉRIO DA SAÚDE 130.838,5 9,27% 7,84% 7,56% 3,73% MINISTÉRIO TRANSP. E CONTROL. DA UNIÃO 1.030,1 0,07% 0,06% 0,06% 0,03% MINISTÉRIO DOS TRANSP., PORTOS E AV.CIVI 22.391,5 1,59% 1,34% 1,29% 0,64% MINISTÉRIO DO TRABALHO 90.528,7 6,42% 5,43% 5,23% 2,58% MINISTÉRIO DA CULTURA 2.523,9 0,18% 0,15% 0,15% 0,07% MINSTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 3.495,0 0,25% 0,21% 0,20% 0,10% MINISTÉRIO DO PLANEJ. DESEV. E GESTÃO 7.166,2 0,51% 0,43% 0,41% 0,20% MINISTÉRI DO ESPORTE 1.350,2 0,10% 0,08% 0,08% 0,04% MINISTÉRIO DA DEFESA 100.665,0 7,14% 6,04% 5,82% 2,87% MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL 6.672,5 0,47% 0,40% 0,39% 0,19% MINISTÉRIO DO TURISMO 1.101,6 0,08% 0,07% 0,06% 0,03% MINISTÉRIO DO DESENV.SOCIAL 699.544,6 49,59% 41,94% 40,43% 19,95% MINISTÉRIO DAS CIDADES 11.143,0 0,79% 0,67% 0,64% 0,32% CONSELHO NACIONAL DO MIN.PÚBLICO 93,2 0,01% 0,01% 0,01% 0,00% GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA 4,9 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO 3.622,6 0,26% 0,22% 0,21% 0,10% ENCARGOS FINANCEIROS DA UNIÃO 58.389,7 4,14% 3,50% 3,37% 1,67% MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS 392,4 0,03% 0,02% 0,02% 0,01% RESERVA DE CONTINGÊNCIA 2.479,2 0,18% 0,15% 0,14% 0,07% SUBTOTAL (D) 1.410.671,8 100,00% 84,57% 81,54% 40,23% TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E MUNICÍPOS 257.331,5 15,43% 14,87% 7,34% SUBTOTAL (E) 1.668.003,3 100,00% 96,41% 47,57% OPERAÇÕES OFICIAIS DE CRÉDITO 62.111,6 3,59% 1,77% SUTOTAL (F) 1.730.114,9 100,00% 49,34% DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL 1.776.306,2 50,66% TOTAL (G) 3.506.421,1 100,00% http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/orcamentos-anuais/2018/orcamento-anual-de-2018#loa Nota: desprezadas as colunas parciais A e B. 6

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