GONYASSAMIINAE, NOVA SUBFAMÍLIA DE GONYLEPTIDA E (OPILIONES, GONYLEPTOIDEA, GONYLEPTOMORPHI) DO BRASI L

Documentos relacionados
GUATUBESIA, NOVO GÊNERO DE GONYLEPTIDAE

Revta bras. Ent. 32(2): OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XXI. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE) ABSTRACT

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. VII (OPILIONES, GONYLEPTIDAE) '

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XVL NOVO GÊNERO DE GONYLEPTIDAE E PRESENÇA DE TRIAENONYCHIDA E NO BRASIL (OPILIONES).

Papéis Avulsos de Zoologia

DEIPARTAMENTO DE ZOOLOGIA. DOIS NOVOS CiÊNEROS E TRÊS NOVAS ESPÉCIES DE OPILIOES BRASILEIROS (*) POR INTRODUÇÁO

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. VIII. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE) 1

UM NOVO GÊNERO E DOIS ALÓTIPOS DE "GONY- LEPTIDAE" (OPILIONES) 1

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XII (OPILIONES, GONY LEPTIDAE, PACHYLINAE)

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XVII. (OPIL!ONES, GONYLEPT!DXE) ABSTRACT

Papéis Avulsos de Zoologia

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA. DUAS NOVAS ESPÉCIES DiE OPILIÕES DO ESiTANDO DO ESPíRITO SANTO (*) POR INTRODUÇÁO

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XXIV. (OPILIONES: GONYLEPTIDAE, PACHYLINAE, GONYLEPTINAE )

PAPEIS AVULSOS DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA SECRETARIA DA AGRICULTURA- S. PAULO - BRASIL POR

PAPÉIS AVULSOS. DEPARTAh'íkNTO DE ZOOLOGIA OPILIÕES DA COLEÇÁO GOFFERJE " (OPILIONES - GONYLEPTIDAE) (*) HENEDICIO A. M So~nks e HÉLIA E. M.

PAPÉIS AVULSO S DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA NOVOS OPILIÕES DO DEPARTAMENTO DE ZOOLOGI A DA SECRETARIA DA. AGRICULTURA DO ESTAD O DE SÃO PAULO.

ALGUNS LANIATORES NOVOS DA REPUBLIC A ARGENTIN A MELLO-LEITÃ O

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XXIII. ABSTRACT

bois GÉNEROS E QUATRO ESPÉCIES DE PACHYLINA E

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA ALGUNS OPILIÓES DO MUSEU NACIONAL DO RIO DE JANEIRO (*) POR

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XXVI. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE ) ABSTRAC T

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. III. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE) I

SETE NOVOS LANIATORES COLHIDOS

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS SALTICIDAE (ARANEAE) DO BRASIL. VII. Maria José Bauab Vianna Benedict» A. M. Soares

OPILIÕES COLIGIDOS POR ANTENOR LEITÁO DE CARVALHO NO TAPIRAPÉS 1 CANDIDO DE MELLO-LEITAO

CAVERNICOLA (OPILIONES: LANIATORES)

Revista Brasileira de Biologia

Vol. VII, N. 15 pp PAPÉIS AVULSO S E UM NOVO OPILIÃO DO ESTADO DO PARÁ (* ) PO R

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. I. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE)

P.APÉIS AVULSOS DO DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA

ALGUNS OPILIÕES NOVOS DA

OITO NOVOS LANIA.TORES DO EQUADOR

SECRETARIA+ DA AGRICULTURA

NOVOS OPILIOES DE BANHADO (ESTADO DO PARANÁ) (*) POR, INTRODUÇÁO

t Benedicto A. M. Soares- Regina de L. S. Jim 1.3

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO S OPILIOES DO PERU

AJóti pos de Paragonyleptes antiquus (Melo-

OPILIÕES COLIGIDOS PELO DR. HENRY LEONARDO S NO xi NOÚ

AVULSOS DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA. CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS OPILIõES DA COLEGÃO "OTTO SCHUBART" (*) POR

Generos novos de Gonyleptídeos

Duas novas espécies de Mauesia (Cerambycidae, Lamiinae, Mauesini) e chave para identificação das espécies do gênero

Fam. PHALAGIBIDAS Simoãa

PAPÉIS AVULSOS OPILIÕES DA "COLEÇÃO GOFFERJÉ" (OPILIONES: GONYLEPTIDAE, PHALANGODIDAE) 1

NOTAS SOBRE OPILIõES DO INSTITUTO BUTANTAN

NOVAS GONYLEPTIDA E NAS COLLECÇÕES DO INSTITUTO BUTANTAN PO R PACHYLINA E

p o r B. M. SOARE S Liogonyleptoides inermis (M. L., 1922).

RIO DE JANEIRO, 30 DE SETEMBRO DE 1933 ANNAE S QUATRO NOVOS PALPATORES NEOTROPICO S MELLO - LEITÃ O SUEPAMILIA NEOPILIONINAE LAW R

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA POR

SISTEMÁTICA DE Rhabdepyris KIEFFER (HYMENOPTERA, BETHYLIDAE) AMAZÔNICOS COM ANTENAS PECTINADAS

Ricardo Pinto-da-Rocha I Helia Eller Monteiro Soares 2

DESCRIÇÃO DO GÊNERO PENSACOLOPS, G. N. E DE NOVA ESPÉCIE DE CHIRA PECKHAM, 1896 (ARANEAE, SALTICIDAE)

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XXII. (OPILIONES: GONYLEPTIDAE)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

MACROCHELES NOVAODESSENSIS, SP.N. E MACROCHELES ROQUENSIS, SP.N. COLETADAS EM ESTERCO BOVINO NA REGIÃO NEOTROPICAL (ACARINA, MACROCHELlDAE)

PAPÉIS AVULSO S DO ALTO DA SERR A OPILIOES B. M. SOARE S INTRODUÇA O SECRETARIA DA AGRICULTURA S. PAULO - BRASI L

* BOLETIM DO MUSEU ',NÀc!oNAL,:,-. ' NOVA SERIE.i ' / J.. L. RIO DE JANEIRO - B'R'ASIL... PALPATORES PHALANGIIDAE

Deltocephalinae): primeiro registro no Brasil e descrição de duas espécies novas 1

DESCRIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES NOVAS DE OPOPAEA DO SUL DO BRASIL (OONOPIDAE, ARANEAE) INTRODUÇÃO

ANATOMIA RADIOLÓGICA DOS MMII. Prof.: Gustavo Martins Pires

Parte II Aracnídeos / Arachnids 1922 contribuição para o conhecimento dos escorpiões brasileiros

ROTEIRO DE ESTUDO Membro inferior

DEPARTAMENTO DE ZOOEOGHA. Divisão de Insecta. OpiPióes de Ubatuba B. M. SOARES -

SEIS ESPÉCIES NOVAS DO GÊNERO MYCOTRETUS CHEVROLAT, 1837, DA REGIÃO AMAZÔNICA. (COLEÓPTERA, EROTYLIDAE). Moacir Alvarenga ( *)

Derophthalma vittinotata, sp.n. Figs 1-4

Os membros inferiores são formados por cinco segmentos ósseos, que apresentamos a seguir. Todos os ossos desses segmentos são pares.

Notas sôbre opiliões

UN SOLlFUGO DA ARGENTINA E AL- GUNS OPILlOES DA COLOMBIA

Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos Licenciatura em Ciências Exatas Biologia

GONYLEPTIDAS NOVOS OU POUCO CONHECIDOS D A REPUBLICA ARGENTINA, DA SUBFAMILIA PACHYLINA E

Kyra gen. nov. (Cicadellidae, Deltocephalinae) e descrições de duas novas espécies 1

Galatheoidea Chirostylidae Uroptycbus uncifer (A. Milne Edwards, 1880)

Espécies novas de Ischnoptera (Blattellidae, Blattellinae) do Estado do Mato Grosso, Brasil e considerações sobre I. similis

Revisão Sistemática e Análise Filogenética de Stygnommatidae (Arachnida: Opiliones: Laniatores)

15/03/2016 ESQUELETO APENDICULAR OSTEOLOGIA DO ESQUELETO APENDICULAR MEMBRO TORÁCICO. Constituído por ossos dos membros torácico e pélvico

Novos táxons de Desmiphorini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae) da Costa Rica e do Brasil

Três espécies novas do gênero Chorisoneura (Blattellidae, Chorisoneuriinae) coletadas em ninhos de Sphecidae (Hymenoptera) do Estado do Acre, Brasil

A) LANIATORES DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA COSMETIDAE ALGUNS OPILIÕES DA COLECÃO "OTTO SCHUBART" (") SECRETARIA DA AGRICULTURA - S.

Morfologia Externa Tórax e Abdome

Boethus catarinae sp. nov.

Espécies novas de Eucerinae Neotropicais e notas sobre Dasyhalonia phaeoptera Moure & Michener (Hymenoptera, Anthophoridae) 1

Sobre o gênero Vesicapalpus (Araneae, Linyphiidae) no sul do Brasil

NOVA ESPÉCIE DE GHINALLELIA WYGODZINSKY, 1966 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL (HEMIPTERA, HETEROPTERA, REDUVIIDAE, EMESINAE) 1

SEIS ESPÉCIES NOVAS DE CARIBLATTA HEBARD (BLATTARIA, BLATTELLIDAE) DO BRASIL 1

Ordem Hemiptera Subordem Heteroptera. Nome comum: Percevejos

Chrysodasia pronotata, sp.n. Figs 1-5

Parte IV - Répteis e Anfíbios / Reptiles and Amphibians 1922/1923 Elaps ezequieli e Rhinostoma bimaculatum, cobras novas do estado de Minas Gerais

NOVOS GÊNEROS E ESPÉCIES DE HOPLOPHORIONINI (HEMIPTERA, MEMBRACIDAE, MEMBRACINAE)

Espécies novas de Blaptica do Rio Grande do Sul, Brasil (Blattaria, Blaberidae, Blaberinae)

BOLETIM DO MUSEU NACIONAL NOVA SÉRIE RIO DE JANEIRO - BRASIL

ANATOMIA HUMANA. Faculdade Anísio Teixeira Curso de Férias Prof. João Ronaldo Tavares de Vasconcellos Neto

DESCRIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES NOVAS DE Elmohardyia RAFAEL (DIPTERA, PEPUNCULIDAE) DA REGIÃO AMAZÔNICA

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XVIII. NOTAS SINONI~~ICAS (OPILIONES, COSMETIDAE E GONYLEPTIDAE) ABSTRACT

Acta Biol. Par., Curitiba, 41 (3-4): KETI MARIA ROCHA ZANOL 2 Estrianna gen. nov. (Espécie tipo Estrianna sinopia sp. n.

Acta Biol. Par., Curitiba, 35 (1-2):

a~bu~vos CONTHcaBUH~AO AO ESTUDO DOS OIPHL1,IóEB DO ESTADO DO PARANA. \ DO MUSEU PAWANAENSE SEPARATA\ Vol. IV - Art..IX - Bgs. 207 à 230 Por / SOARES

Descrições de duas espécies novas de Amb/ycerus Thunberg (Coleoptera, Bruchidae) 1

REVISÃO DO GÊNERO SATIPOELLA (COLEOPTERA, CERAMBYCIDAE, LAMIINAE) INTRODUÇÃO

VINALTO GRAF ALICE FUMI KUMAGAI 3

ARACNÍDIO S ANEXO N. 1. Relatório da excursão científica do Instituto Oswaldo Cruz realizad a na zona da E. F. N. O. B., em outubro de 1938

Transcrição:

Naturalia, São Paulo, 13 : 23-27, 1988. GONYASSAMIINAE, NOVA SUBFAMÍLIA DE GONYLEPTIDA E (OPILIONES, GONYLEPTOIDEA, GONYLEPTOMORPHI) DO BRASI L Hélia E. M. SOARES * Benedicto A. M. SOARES * * RESUMO: Face ao exame dos tipos de Progyndes roeweri SOARES & SOARES6, concluiu-se que a espécie não deve permanecer em Pachylinae (Gonyleptidae) ; foram propostos, para ela, gênero e subfamflia novos, Gonyassamia, gen.n., e Gonyassamiinaem subfam. n. UNITERMOS: Gonyleptoidea (Gonyleptidae) ; gênero e subfamllia novos descritos no Brasil. INTRODUÇÃ O Ao rever tipos das espécies de Opiliões do Brasil, encontramos Progyndes roeweri SOA- RES & SOARES6 para a qual, em virtude dos caracteres exibidos, criamos nesta nota gêner o e subfamfia novos em Gonyleptidae. Gonyleptomorphi : Gonyleptoidea Gonyassamiinae, subfam. n Borda anterior do cefalotórax com 5 espinhos na margem inferior, 1 mediano e 2 de cada la - do. Cômoro ocular marginal, com robustíssima apófise mediana, pontiaguda, curva para diant e e ultrapassando a borda anterior do cefalotórax. Escudo dorsal com 5 área os sulcos 1 e II unidos por sulco longitudinal mediano. Ancas IV excedendo o escudo dorsal apenas em sua porção apical externa. Quelíceras robustas, os 2 primeiros segmentos com giba dorsal. Palpos robustos, os trocânteres e fêmures comprimidos e com fortes espinhos ventrais, patelas, tíbias e tarsos um tanto aplanados ventralmente, as patelas inermes, e as tíbias e tarsos com longo s espinhos ventrais de um e de outro lado. Lobos maxilares de ancas II com pequena saliênci a ventral. Estigmas vísiveis. Pernas relativamente curtas e espessas, os metatarsos sem astrágalo e calcâneo, os tarsos III e IV com 2 garras limpas, com pseudoníquio e sem escópula. Tarsos 1 de 4 segmentos, os outros de 6, distitarsos 1 e II de 3 segmentos. Morfologia da genitália do macho. Pênis sem musculatura, de corpo quitinoso, tubular, u m pouco dilatado na base. Glande: superfície ventral retangular, mais dilatada na base, lisa, co m série de espinhos nas bordas, um tanto côncava adiante ; a superfície dorsal contém o segmento terminal do canal seminal, mais ou menos espesso, flácido e flexível, e, no ápice, alé m do orifício de passagem do esperma, há um grupo de pequeninos espinhos. * Departamento de Zoologia Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola UNESP 18600 Botucatu SP. ** Obra póstuma.

2 4 Gênero tipo Gonyassamia, gen. n. Gonyassamia, gen. n. Com os caracteres da subfamflia. Todas as áreas do escudo dorsal, tergidos livres e opérculo anal inermes. Fêmures dos palpos sem espinho apical interno. Artículos tarsais 4(3), 6(3), 6(6). Porção basilar dos tarsos 1 muito intumescida. Espécie-tipo Progyndes roeweri Soares & Soares, 1954. Etimologia. Gonyassamia, feminino, é nome derivado das quatro primeiras letras do gêner o Gonyleptes Kirby, 1819, juntadas a Assamia, gênero de Opiliones criado por Soerensen e m 1884. Gonyassamiinae é subfamflia formada de Gonyassami radical de Gonyassamia, mais o sufixo inae. Gonyassamia roeweri (Soares & Soares, 1954). comb. n. Progyndes roeweri Soares & Soares, 1954 :501, Fig. 9. Material. BRASIL. Rio de Janeiro : Teresópolis, Parque Nacional da Serra dos Órgãos (1.50 0 1.700m). Petr Wygodzinsky 14/22 IV-1947, macho, holótipo, n E. 741 C. 1046, 2 machos, parátipos n 9 E.741 C.1047 (Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo MZUSP). Ao rever o material chegamos à conclusão de que se trata de espécie que não pode perma - necer na famflia em que foi descrita (Gonyleptidae, Pachylinae), porque exibe caracteres qu e estão a exigir a criação de gênero e subfami1ia novos para recebê-la, como passaremos a dis - cutir. A julgar pela existência de espinhos na margem inferior da borda frontal do cefalotórax, pertenceria ao grupo das famílias Trionyxellidae ROEWER 3, Assamiidae SOERENSEN 7 e Agoristenidae SILHAVY 5. Separa-se facilmente de Assamiidae e de Agoristenidae porque os tarsos III e IV possuem nítidos pseudoníquios, difere de Trionyxellidae pelos palpos espessos, não cruzados na articulação entre fêmur e patela, pelos distitarsos 1 terem 3 segmentos (2 e m Trionyxellidae) e pelo cômoro ocular situado na borda frontal do cefalotórax. ROEWER 3 se refere ao trabalho de SOERENSEN 8, em que este último autor dá enfoque especial à segmentação tarsal, caráter relevante que com muita propriedade considerou de valor sistemático, com o confirma HENRIKSEN 1. Entre os Laniatores encontrou Soerensen distitarsos 1 com 2 segmentos nas espécies do Velho Mundo (Assamiidae) e com 3 nas do Novo Mundo (Gonyleptidae e Cosmetidae). ROEWER3 diz ter visto distitarsos 1 com 3 segmentos em Dampetrian e (Assamiidae), grupo do Velho Mundo, cujos tipos de espécies de Soerensen teve oportunidad e de examinar, mas nesta famflia não há pseudoníquio. Sob esse aspecto, a espécie em tela e Agoristenidae correspondem à observação de SOERENSEN 8, isto é, têm distitarsos 1 de 3 segmentos e ambos são do Novo Mundo. Os Gonyleptoidea que possuem olhos sobre um tubérculo comum, palpos robustos e armados, e cefalotórax com dentes dirigidos para diante n a margem da borda frontal do cefalotórax, separam-se facilmente como se segue : a) tarsos II I e IV sem pseudoníquio. Assamiidae (pernas 1 normais, do Velho Mundo) e Agoristenidae (per - nas 1 fortes, muito finas e geralmente curtas, das Grandes Antilhas e de Trinidae) ; b) tarsos III e IV com pseudoníquio, Trionyxellidae (palpos finos, cruzados na articulação entre fêmures e patelas, distitarsos 1 de 2 segmentos, cômoro ocular nunca na borda frontal, largo, baixo, co m espaço entre os olhos e armado de_ 1 ou 2 pequeninas elevações, do Velho Mundo) e Gonyassamia roeweri (palpos espessos, não cruzados, distitarsos 1 de 3 segmentos, cômoro ocular, cuja base atinge a borda anterior do cefalotórax, armado de robusta apófise pontiaguda dirigid a para diante e ultrapassando a borda frontal, do centro-sul do Brasil). Naturalia, São Paulo, 13: 23-27, 1988.

2 5 Gonyassamia roeweri (Soares & Soares, 1954), comb. n., holótipo o, 1, corpo e perna IV (anca fêmur), vist a dorsal; 2, bordas anterior e inferior do cefalotórax, vista de cima ; 3, cômoro ocular, vista lateral ; 4, quelicera direita, vista lateral; 5, dedos da quelícera, vista lateral; 6, palpo esquerdo, vista retrolateral ; 7, tarso 1 direito; 8, pênis, vista dorsal; 9, pênis, vista lateral. 9

26 Medidas em m m - comprimento do corpo : 3,00 e 3,50 ; Cefalotórax largura 2,00 ; comprimento 1,65 ; Largura d o abdome 2,50. As medidas das quelíceras e palpo foram feitas no macho parátipo E. 741 C.1047 e as medidas do corpo e das pernas no holótipo macho E. 741 C.1046. Pernas Trocanter Fêmur Patela Tíbia Metatarso Tarso Tota l 1 0,25 1,00 0,50 0,75 0,85 0,60 3,95 II 0,50 1,50 0,75 1,00 1,25 1,15 6,1 5 111 0,50 1,00 0,50 0,75 1,15 0,50 4,40 IV 0,50 1,50 0,70 1,00 1,70 0,75 6,1 5 Palpo 0,40 1,00 0,50 0,90 0,80 3,60 Quelícera : segmento 1 1,00 ; segmento II 2,5 0 Genitália. Pênis (Figs. 8,9). Os desenhos da genitália são do parátipo E.741 C.104 7 (MZUSP). Figs. de 2-9 feitas do parátipo E.741 C.1047. A genitália do macho (pênis e glande), sem músculo, é das mais evoluídas e correspond e inteiramente ao tipo encontrado em Gonyleptidae, familia riquíssima em formas que se acha m em alto grau de especiação 2. Situamos a espécie em Gonyleptida, näo obstante a existência de 2-1-2 espinhos na margem inferior da borda anterior do cefalotórax, caráter selecionado por SOER ENSEN 7, para caracterizar os Assamiidae, adotado por ROEWER 4. Este último (p.7) declara que este caráte r falta em todos os Laniatores, bem como nos Cyphophthalmi e nos Palpatores ; que quando a borda anterior do cefalotórax é armada, como em alguns Gonyleptidae e Triaenonychidae, ess a armadura faz parte da margem superior, nunca da inferior. Mais adiante, ao descrever os Gonyleptidae (p. 394-395) : "Margem inferior do cefalotórax sempre inerme, quando muito emarginada para inserção das quelfceras, em todo o caso, jamais com 5(2-1-2) espinhos horizontais. A Zoogeografia também fala em favor de tratar-se de Gonyleptidae. Goniassamiinae parece mais afim de Pachylinae SOERENSEN7, de que difere por apresentar 5(2-1-2) espinhos na margem inferior da borda anterior do cefalotórax, ancas IV excedendo o escudo dorsal apenas em sua porção apical externa, palpos robustos, de trocântere s e fêmures comprimidos e com fortes espinhos ventrais e pelo cômoro ocular marginal. SOARES, H. E. M. & SOARES, B. A. M. - Goniassamiinae, new subfamily of Gonyleptidae (Opiliones, Gonyleptoidea, Gonyleptomorphi) from Brazil. ABSTRACT: Gonyassamiinae, new subfamily of Gonyleptidae (Opiliones, Gonyleptoides. Gonvleptomorphi) and Gonyassamia, new genus, are described to receive Progyndes roeweri SOARES & SOARES 6, originally considered as belonging to Gonyleptidae, Pachylinae. KEY-WORDS : Gonylaptoidea (Arachnida, Opiliones, Gonyleptomorphi) ; new genus and new subfamily described from Brazil.

2 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA S 1. HENRIKSEN, K. L. Descriptiones Laniatorum (Arachnidarum Opilionum Subordinis). D. Kgl. Danske-Vidensk. Selsk. Skrifter, 4: 197-422 (paginação de separata 1-226), 1932, figs 1-29. 2. MARTENS, J. Genitalmorphologie, system und phylogenie der Webernechte (Arachnidae : Opiliones). Ent. Genn., 3(1-2) : 51-68, 1976. 3. ROEWER, C. F. Die familien der Assamiden und Phalangodinen der Opiliones-Laniatores. Arch. Naturgesch., 78A(3) :1-242, 1912. figs. 1-54. 4. ROEWER, C. F. Die Weberknechte der Erde. 1-1116pp., figs. 1-1212. Jena, Verlag von Gustav Fischer, 1923. I-V + 5. SILHAVY, V. Two New Systematic Groups of Gonyleptomorphid Phalangids from the Antillean-Caribea n Region, Agoristenidae Fem. N. and Caribbiantinae Subfam. N. (Arachn. : Opiliones) Vest nik Ceskoeslovenské Spolecnosti Zoolochiché, 37(2) : 110-143, 1973. figs. 1-74. 6. SOARES, B. A. M. & SOARES, H. E. M. Algumas notas sobre Opiliões com a descrição de novas formas (Opiliones Gonyleptidae, Phalangodidae). Pap. Av. Zool. S. Paulo, 11(24) : 491-507, 1954. figs. 1-17, 12.IV. 7. SOERENSEN, W. Opiliones Laniatores (Gonyleptides W. S. olim) Museé Hauniensis. Naturh. Tidsskr, (3)14 :555-646, 1884. 8. SOERENSEN, W. Gonyleptiden (Opiliones Laniatores). Ergeb. Hamb. Magalh. Sammelr., 2:1-36, 1902. Recebido em 08.09.8 6 Aceito em 05.12.8 6