GUATUBESIA, NOVO GÊNERO DE GONYLEPTIDAE

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1 Rev. bras. Ent. 22í2): X.1978 OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XV. GUATUBESIA, NOVO GÊNERO DE GONYLEPTIDAE Helia E.M. Soares Guatubesia clarae, n. gen., n. sp. (Opiliones, Gonyleptidae, Gonyleptinae), is described from the State of São Paulo, Brazil. Guatubesia, g. n. Cômoro ocular com alto espinho mediano. Área I dividida. Áreas I, I1 e IV do escudo dorsal inermes, 111 com um par de espinhos muito mais robustos no macho que na fêmea. Tergitos livres I e 11 e opérculo anal inermes. Tergito livre I11 com pequeno tubérculo mediano no macho, com espinho mediano na fêmea. Fêmur dos palpos com espinho apical interno. Tarsos I de 5 artículos, 11 de mais de 6, Ill e IV de 6. Distitarsos I e 11 de 3 artículos. EspCcie-tipo: Guatubcsia clarae, sp. n. Diagnose. E mais afim de Ubatubesiopsis Soares & Soares (1954: 495). de que se distingue por ter a área 111 com um par de espinhos muitíssimo mais robustos no macho que na fêmea (em Ubatubesiopsis, área I11 com uma apófise mediana). Sua segmentação tarsal é quase a mesma de Ubatubesiopsis, diferindo apenas por ter um artículo a menos nos tarsos IV: 6 e não 7. Etimologia: Guatubesia, nome genérico feminino formado de simples combinação arbitrária de letras; clarae, nome específico dedicado A Clara Pantoja Ferreira. $;Te Guatubesia clarae, sp. n. (Figs. 1-13) Holótipo d. Comprimento do corpo: da borda anterior do cefalotórax à borda rior da área IV, 3.30 mm; da borda anterior do cefalotórax à borda posterior do opérculo anal, 4.00; largura do cefalotórax, 2.00; comprimento do cefalotórax, 1.25 mm; largura do abdômen, 3,50 mm. Face dorsal. Borda anterior do cefalotórax com fila de grânulos obsoletos e dentículo entre as quelíceras. Cômoro ocular oval transverso, baixo, com espinho mediano (o exemplar tem o espinho quebrado um tanto acima da base, razão por que no desenho 1 ele não aparece figurado) e poucos grânulos irregularmente dispostos. Cefa-tórax com poucos grânulos esparsos, os dois que ficam atrás do cômoro ocular maiores. Area 1 dividida, inerme, com dois grânulos medianos pilíferos e com outros obsoletos, escassos, irregularmente dispostos; 11 inerme, com curta fila mediana transversal de grânulos pilíferos, e com grânulos obsoletos irregularmente dispostos; 111 com um par de robustíssimos espinhos medianos dirigidos-para trás, circundados adiante e dos lados por, grânulos pilíferos. o restante da área lisa. Area IV inerme, com fila de grânulos pilíferos. Areas laterais com duas filas de grânulos, a marginal de grânulos espaçados entre si. a interna, curta, só ao nível das áreas 11 e 111. Tergitos livres I a 111 com fila de grânulos pilíferos, 111. além disso, com pequeno tubérculo mediano. Opérculo anal inerme, com poucos grânulos pilíferos. Face ventral. Opérculo anal e esternitos livres, com fila de minúsculos grânulos pilíferos, os dos esternitos espaçados entre si. Area estigmática com poucos e minúsculos grânulos. O limite entre a área estigmática e o 1." esternito livre é feito no meio, por fundo e largo sulco transverso. Ancas I e I1 pilíferas, granulosas, os grânulos da fila mediana maiores. Ancas 111 com três filas transversas, irregulares de grânulos pilíferos menores e muito Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola (IBBMA), Departamento de Zoologia, (Jniversidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), Campus de Botucatu, SP.

2 r/' Rev. bras. Ent. Guotubesia clarae: 1, holótipo d ; 2, idem, espinho da área 111, vista lateral; 3, idem, tarso I esquerdo; 4. idem, quelícera esquerda, vista dorsal; 5, idem, tubérculo do tergito livre 111, vista lateral; 6, idem. apófise apical externa da anca 1V esquerda, vista lateral externa; 7, perna IV esquerda: fêmur e patela, vista dorsal, tíbia, vista lateral.

3 espaçados. Opérculo genital pequeno, oval-arredondado. granuloso. Quelíceras. Pequenas e normais; segmento 1 com um grânulo basilar e outro apical externo, nos bordos; segmento 11 com grânulos providos de longas cerdas dorsais na metade distal. Palpos. Curtos e fracos. Trocanteres com elevação dorsal. com um grânulo e um tubérculo pilíferos ventrais; fêmures com espinho apical interno, com pequeno tubérculo basilar ventral; tíbias com 3-4 e tarsos com 3-3 espinhos inferiores. Pernas I e 11: fêmures I sub-retos, I1 retos, e com espinho apical posterior, os fêmures e patelas com filas longitudinais de minúsculos grânulos pilíferos; tíbias e metatarsos com filas de pêlos. Pernas 111: fêmures curvos, com forte espinho apical posterior, com filas longitudinais de grânulos pilíferos, os da fila ventral pouco maiores e pontiagudos; patelas e tíbias com filas longitudinais de grânulos pilíferos, as tíbias com dupla fila ventral de espinhos na metade distal, sendo os espinhos da fila externa maiores; metatarsos com filas longitudinais de pêlos. Pernas IV: ancas ventralmente com pequenos grânulos irregularmente dispostos, com duas apófises apicais pontiagudas, uma externa, muito longa, oblíqua. com ramo inferior, outra interna, muito mais curta. levemente curva para fora; trocanteres tão longos quão largos, com pequena apófise mediana externa. com grosso e alto tubérculo dorsal, mediano, subapical, com forte espinho ínfero-interno apical. com dois tubérculos dorsais internos; fêmures levemente curvos, com robusta apófise dorsal, erecta. sub-basilar, com espinhos internos, os da porção basilar mais robustos, curvos, com fila externa de pequenos espinhos, com fila dorsal de grossos tubérculos, com dois espinhos apicais dorsais, e com filas longitudinais de grânulos pilíferos; patelas granulosas; tíbias com filas longitudinais de grânulos pilíferos e com dupla fila inferior (uma externa e outra interna) de espinhos que vão aumentando de tamanho para o ápice; metatarsos com filas longitudinais de pêlos. Artículos tarsais: ; distitarsos 1 e I1 de 3 artículos. Medidas em mm Pernas Trocanter Fêmur Patela Tíbia Metatarso Tarso Total I 0, ,OO I , , IV , , Palpo 0,25 1,O Quelícera: segmento 1,0,50; segmento 11,0.75 (dedos não incluídos). Genitália. Pênis como nas figs. 8,9, com comprimento de 1.70 mm. Colorido geral fulvo-avermelhado. Quelíceras e palpos amarelo-claros, levemente reticulados de escuro. Pernas fulvo-avermelhadas. com o ápice dos fêmures. patelas, tíbias e metatarsos enegrecidos. Artículos tarsais negros, exceto o 1.O artículo basilar dos tarsos 111, que é amarelo-claro. Cômoro ocular e cefalotórax muito manchados de negro. Espinhos da área 111 negros e de ápice castanho-avermelhado. Opérculo anal dorsal fulvo-avermelhado, com grande mancha mediana negra. Face ventral fulvo-avermelhada. Ancas I negras; 11 fulvo-avermelhadas enegrecidas; 111 e IV fulvo-avermelhadas com estreita mancha transversal negra nos ápices. Parátipo Q. (Figs ). Comprimento do corpo: da borda anterior do cefalotórax à borda posterior da área IV, 3.00 mm; da borda anterior do cefalotórax à borda posterior do opérculo anal, 3.75 mm; largura do cefalotórax, 1,50 mm; comprimento do cefalotórax, 1.00 mm; largura do abdômen, 2.75 mm.

4 Guatubesia clarae, holótipo d : 8. pênis, vista dorsal; 9, idem. vista lateral. Rev. bras. Ent.

5 Vol. 22(2), Medidas em mm Pernas Trocanter Fêmur Patela Tíbia Metatarso Tarso Total I , I , , ,OO ,50 IV ,O ,30 Palpo ,OO Quelícera: segmento 1,0,50; segmento (dedos não incluídos). Semelhante ao 6, com as seguintes diferenças: área-l pouco mais granulosa que no macho; área I1 com fila de grânulos em toda a extensão. Area I11 com um par de espinhos menores que os do macho, oblíquos, dirigidos para trás. Fila interna de grânulos das áreas laterais mais longa. Tergito livre 111 com alto espinho mediano, dirigido para trás. Pernas IV: ancas com forte espinho apical externo, oblíquo. sem espinho apical interno; trocanteres pouco mais longos que largos. com dois espinhos internos e alguns grânulos; fêmures retos, com fila interna de pequenos espinhos, e outra, externa, de grânulos pontiagudos, com dois espinhos apicais dorsais; patelas, tíbias e metatarsos semelhantes aos do macho. Artículos tarsais: 5-7/8-6-6; distitarsos I e II de 3 artículos. Colorido semelhante ao do macho. Material. Brasil. São Paulo: Caraguatatuba (Serra do Mar), holótipo d. parátipo 9 e cj jovem, n? X.1977, Clara Pantoja Ferreira, parátipo Q, n.o , Clara Pantoja Ferreira (coleção H. Soares), parátipo Q, 30.XI.1977, Clara Pantoja Ferreira (Departamento de Zoologia, Universidade de Campinas, SP (Unicamp). Todos os exemplares foram coligidos em Bromelia sp. O parátipo 9, n.o 681, apresenta um pequeno espinho de cada lado do espinho mediano no tergito livre 111, e um tubérculo e espinho medianos no opérculo anal dorsal. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares Monografia dos gêneros de Opiliões neotrópicos 11. Arq. Zool. Est. São Paulo 7(2): Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares Algumas notas sobre Opiliões, com a descrição de novas formas (Opiliones - Gonyleptidae, Phalangodidae). Papéis Avulsos Dep. Zool., São Paulo ll(25): figs.

6 104 Rev. bras. Ent. Guatubesia clarae: 10. parátipo 9, 11, cômoro ocular, vista lateral; 12, espinho da área Ill e do tergito livre 111, vista lateral: 13, fêmur 1V esquerdo, vista dorsal.