Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da 2ª Secção de Comércio Instância Central de Vila Nova de Famalicão J2 Processo nº 4390/15.2T8VNF Insolvência de Luís Acácio Gonçalves de Carvalho V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº 206 013 876, Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E.. Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 21 de Julho de 2015 Página 1
I Identificação do Devedor Luís Acácio Gonçalves de Carvalho, N.I.F. 125 558 546, casado com Ana Fernandes de Azevedo, residente na Rua de Caires, nº 114, 10 D, freguesia de São Vítor, concelho de Braga. II Situação profissional e familiar do devedor O devedor reside, com a sua esposa, em casa arrendada, pagando renda mensal no valor de Euros 85,00. Desde Dezembro de 2013, o devedor encontra-se reformado, auferindo uma pensão por velhice no valor mensal de Euros 303,23. III Actividade do devedor nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) Desde Janeiro de 1986 que o devedor, enquanto empresário em nome individual, se dedica ao comércio por grosso de ferragens, ferramentas manuais e artigos para canalizações e aquecimento (CAE 46740). Em Dezembro de 2013 (na altura com 65 anos), o devedor cessou a actividade para efeitos fiscais 1 e requereu a atribuição da sua pensão de reforma, o que lhe foi atribuído a partir do dia 10 de Dezembro de 2013 no valor supra referido. Refere o devedor na petição inicial que a situação de carência económica que passou a viver resultou do acumular de diversos factores, nomeadamente a crise sentida no sector da construção civil, o aumento da concorrência e o consequente esmagamento de preços, a perda de clientes que culminaram na quebra no volume de negócios. Estes factores geraram o atraso no pagamento de alguns fornecedores e também da Segurança Social, facto que levou o devedor a encerrar actividade e negociar um plano de pagamento em prestações junto das entidades credoras. 1 Tendo à data, s sua situação totalmente regularizada junto da Autoridade Tributária. Página 1 de 5
Pelas reclamações apresentadas, verificamos que o insolvente apresenta um passivo superior a Euros 17.000,00. Pelos contratos celebrados junto do BANIF Banco Internacional do Funchal, S.A. 2 em 2008 e que passou a incumprir a partir de meados de 2014, verificaram-se vários Procedimentos Extrajudiciais de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI), que visavam o pagamento das obrigações vencidas até então; Apesar dos dois planos de pagamentos celebrados com o Instituto da Segurança Social, I.P. em Junho e Julho de 2014 (decorrentes de processos de carácter executivo) e que o devedor cumpriu até Abril de 2015, verificamos que o devedor é responsável pelo valor de Euros 4.544,22, resultante do não pagamento de contribuições 3 a que estava obrigado enquanto empresário em nome individual. Para além das reclamações recepcionadas, o devedor enumera ainda o incumprimento das seguintes obrigações: a. Pelo não pagamento de faturas vencidas em 2012, a empresa Silcar Comércio de Ferragens, Lda. é detentora de um crédito no valor de Euros 504,71 4 ; b. Já a empresa Fanipor - Fabrica de Porcas e Anilhas, Lda., pelo incumprimento de faturas vencidas em 2013, é credora do valor de Euros 602,16. De acordo com as Declarações de Rendimentos (Modelo 3) do devedor, é visível que em 2013 se registou um decréscimo dos rendimentos decorrentes da 2 Em 01.08.2008 o devedor celebrou junto do BANIF Banco Internacional do Funchal, S.A. um contrato de abertura de crédito e outro de conta de depósito á ordem. Apesar dos diversos Procedimentos Extrajudiciais de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI), pelo não cumprimento destes contratos, vem esta entidade requerer que lhe seja reconhecido o crédito no valor de Euros 11.729,35. 3 Este valor refere-se ao incumprimento das contribuições e juros de mora referentes aos meses de Abril de 2011 a Dezembro de 2013. Resultante deste incumprimento, verificou-se também o processo de carácter executivo nº 417/13.0BEBRG, que correu termos no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga. 4 Do qual resultou também o Processo nº 48836/14.7YIPRT, que corre termos na Instancia Central de Santa Maria da Feira, Secção Cível, J2. Página 2 de 5
redução no volume de negócios da actividade que desempenhara, em cerca de Euros 5.000,00 face os anos anteriores 5. Sem capacidade de cumprimento das obrigações vencidas, o devedor viu-se no dever de se apresentar a tribunal e requerer que fosse declarada a sua insolvência, tendo iniciado os procedimentos para tal necessários em Maio de 2015. IV Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. V Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) O devedor apresentou o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que a devedora venha a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título à devedora com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno da devedora e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional 5 No ano de 2011 os rendimentos constantes da Declaração de Rendimentos ascenderam a Euros 27.781,30. Já em 2012 este valor ascendeu aos Euros 28.818,18. Em 2013 o valor foi de Euros 23.246,23. Página 3 de 5
(subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 505,00. Conforme atrás foi referido, o devedor aufere uma pensão mensal por velhice no valor de Euros 303,23, pelo que o seu rendimento disponível é, nesta altura, nulo. Apesar de já em Maio de 2013 se encontrar em incumprimento com alguns fornecedores, nomeadamente com a Silcar Comércio de Ferragens, Lda. e a Fanipor - Fabrica de Porcas e Anilhas, Lda., não seria possível prever, nesta data que o devedor estaria em situação de carência económica, nem poderia considerar-se que o valor de Euros 1.106,77 propiciaria a essa situação, embora seja evidente que com a situação de reforma e a pensão que o devedor passou a auferir, o rendimento para fazer face às obrigações por si contraídas se revelaria mais escasso. Nota-se também que o devedor sempre demonstrou empenho a regularizar a sua situação e sentido de responsabilidade, procurando celebrar acordos de pagamento com os seus credores, nomeadamente com a Segurança Social e o BANIF Banco Internacional do Funchal, S.A.. É precisamente o insucesso na negociação com este último credor que determina que o devedor tomasse a decisão de se apresentar à insolvência. Assim, entende o signatário que não existem elemento que permitam concluir que o pedido de exoneração deve ser indeferido, nomeadamente por eventual violação do dever de apresentação à insolvência, conforme previsto na alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Nesta conformidade, sou de parecer que nada obsta a que seja deferido o pedido de exoneração do passivo apresentado pela devedora, devendo fixar-se o rendimento disponível nos termos previsto na subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Página 4 de 5
Considerando que a massa insolvente se encontra numa situação de insuficiência patrimonial, nos termos do disposto no artigo 232º do CIRE, face ao valor diminuto dos activos constantes do inventário elaborado nos termos do artigo 153º do CIRE, deverão os credores deliberar no sentido do encerramento do processo nos termos da alínea e) do nº 1 do artigo 230º do CIRE, caso venha a ser proferido despacho inicial de exoneração do passivo restante, ou nos termos da alínea d) do mesmo artigo, caso venha a ser indeferido o pedido de exoneração formulado pelo devedor. Castelões, 21 de Julho de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Página 5 de 5