CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL: MANEJO COM O MACHO SUÍNO PARA UM OTIMO DESEMPENHO



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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE Daniel Cavalcanti Brettas Sullivan Hirochi Fujita CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL: MANEJO COM O MACHO SUÍNO PARA UM OTIMO DESEMPENHO Castro 2008

Daniel Cavalcanti Brettas Sullivan Hirochi Fujita CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL: MANEJO COM O MACHO SUÍNO PARA UM OTIMO DESEMPENHO Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista, no Curso de Produção de Suínos e Aves da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador Prof. M. Sc. Paulo Roberto Nocera Castro 2008 ii

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 01 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 02 2.1 Central de inseminação... 02 2.2 Macho suíno reprodutor... 04 2.3 Treinamento do macho suíno... 05 2.4 Influências ambientais... 08 3. CONCLUSÃO... 10 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 11 iii

1 1. INTRODUÇÃO Hoje a suinocultura encontra-se altamente tecnificada, com isso não obstante encontramos granjas produzindo mais de 30 leitões desmamados/porca/ano, para conseguir este número de leitões algo que não podemos negligenciar é o manejo com o macho suíno reprodutor, principalmente quando se trata de animais com grande potencial de melhoramento genético como os empregados em Centrais de Inseminação Artificial (CIAs) segundo Bortolozzo et. al. 2005.. O uso de machos em CIAs possui muitas vantagens em relação à monta natural (MN) no que se refere à produtividade. A proporção de machos por matriz alojada em granjas que utilizam Inseminação Artificial (IA) está entre 1/150 a 1/200 enquanto que em granjas que utilizam monta natural a proporção é de 1/20 à 1/25. Esta redução no número de machos viabiliza a aquisição de animais melhoradores, geneticamente superiores que nos leva à outro aspecto importantíssimo, a melhoria dos índices zootécnicos (conversão alimentar e ganho de peso diário), qualidade de carcaça (rendimento de carcaça, espessura de toucinho, etc) e qualidade de carne (Ph, coloração, capacidade de retenção de água, entre outros) cada dia mais relevantes para sobrevivência no mercado(flowers & Alhusen). Segurança sanitária também é um forte argumento a favor da adoção da IA na produção de suínos. Plantéis sanitariamente fechados mas geneticamente abertos é uma expressão freqüentemente empregada para caracterizar o baixo risco de introdução de doenças através da IA, quando comparado com o risco imposto pela introdução de animais no plantel (Thacker et al 1984). Para uma boa performance deste machos geneticamente superiores dentro das central de inseminação artificial temos de ficar atentos à vários itens como o 1

2 dimensionamento e a orientações geográficas dos barracões e laboratório, cuidados com biosseguridade e conforto térmico. As centrais devem ser bem projetadas, com um layout que facilite a eficiência na operacionalidade de seus processos. Uma parcela importante da atividade suinícola é atribuída ao desempenho reprodutivo dos machos. Devidos aos avanços obtidos nos últimos anos em programas de melhoramento genéticos, machos destinados à reprodução apresentam taxas de ganho de peso superiores a 750 g/dia durante a vida, chegando a ganhar até 1.000 g/dia durante a fase de terminação e sendo capaz de atingir 100 Kg antes dos 5 meses de vida. O desenvolvimento corporal destes animais pode sugerir em muitos casos, a possibilidade da antecipação da vida reprodutiva. (Ferreira et al 2005). O presente artigo tem como objetivo geral discutir resumidamente a importâncias das centrais de inseminações na suinocultura tecnificada, bem como objetivo especifico tem a finalidade de fazer uma revisão bibliográfica sobre a biosseguridade nas centrais de inseminação e do manejo do macho suíno para um ótimo desempenho. 2. REVISÃO DA LITERATURA Central de inseminação A produção de suínos em escala industrial implica em elevados custos de produção em funções das tecnologias empregadas e de constantes influencias dos mercados. Os custos de Itens como instalações, alimentações, e aquisições de matrizes e reprodutores podem ser controladas até certos limites. A vigilância da 2

3 sanidade é uma forma de eficiente de reduzir este custo, pois as enfermidades, além de provocarem gastos com profilaxia e terapia, prejudicam o desempenho dos animais, reduzindo a rentabilidade. Para manter os animais saudáveis, o manejo sanitário deve seguir uma serie de medidas, preventivas, definidas como biossegurança.(correa et al 2001). A localização da instalação tem importância fundamental na biosseguridade. As instalações devem ser construída a uma distancia mínima de outras granjas, esta distância depende de inúmeros fatores como a direção dos ventos predominantes, da existência de rodovias e do fluxo de animais nestas rodovias. A distância ideal mínima de outras granjas depende do tipo de agente ser evitado e suas vias de transmissão, DeCuadro-Hansen (2000) recomenda 3 a 5 km de raio livre de outras granjas embora ressalte que esta distância não é suficiente para agentes aerógenos, sendo necessário a introdução concomitante de cinturões verdes circundando as instalações. A quarentena deve ser isolada do prédio principal, deve ter barreiras naturais entre elas, deve também ter funcionário próprio destinado a ela, fazer uso do sistema todos dentro, todos fora, fazer vigilância permanente de sintomas clínicos, ter um protocolo específico com exames laboratoriais na entrada e na saída dos animais e respeitar o período mínimo de permanência. Segundo Scheid I. R., o período mínimo de permanência na quarentena deve ser de 7 semanas. Segundo Gall (2.000), machos alojados em baias individuais apresentam menores índices de problemas no aparelho locomotor e maior produção de células espermáticas do que machos em gaiolas. Porém estudos econômicos demonstram maior viabilidade econômica para alojamentos em sistemas mistos em CIAs de 3

4 médio e grande porte com proporções de 20% baias e 80% gaiolas ou 30% baias e 70% gaiolas. Macho Suíno Reprodutor O macho utilizado em granjas de suíno tem como função primordial produzir e ejacular um adequado número de espermatozóides viáveis, a fim de fertilizar os óvulos produzidos pelas fêmeas. A puberdade do macho suíno acontece ao final da primeira onda da espermatogênese, com idades entre 4 e 5 meses de vida quando aparecem espermatozóides livres nos túbulos seminíferos. A puberdade do macho está mais relacionada com a idade do que com o peso. A fertilidade do macho jovem é baixa logo após a puberdade e vai alcançar o máximo entre 12 e 18 meses de idade. O ejaculado começa a ter parâmetros aceitáveis para a inseminação artificial quando o animal atinge aproximadamente 8 meses de idade. Já em relação ao ejaculado, o volume máximo será atingido próximo de 3 anos de idade. A partir de 3 anos de idade à um decrécimo na produção e qualidade espermática (Kubus S.A. 1992). A produção espermática em suínos está diretamente relacionada à idade, podendo ser observado um incremento de forma linear no grau de maturidade da espermatogênese e sobre a maturação espermática de acordo com a idade. Por esta razão, a partir dos 9 meses de idade até a fase adulta, há um aumento gradual no volume e na concentração do ejaculado. 4

5 Entende-se por fertilidade do macho a sua capacidade de fertilizar ovócitos. Esta é estimada indiretamente na granja através da taxa de parição, número de retornos de cio e número de leitões nascidos vivos e diretamente através da motilidade espermática e mensuração da porcentagem de células defeituosas realizadas no exame morfológico. Características genéticas relacionadas com a fertilidade têm normalmente baixa herdabilidade. Problemas de fertilidade estão na maior parte das vezes ligados a fatores ambientais. A heterose influencia positivamente a fertilidade. Animais híbridos apresentam redução na porcentagem de células espermáticas anormais, maiores taxas de concepção, aumento no volume do ejaculado e menor idade para atingir a puberdade em comparação com machos puros (Correia et. al. 2001). Treinamento do macho suíno O treinamento de macho reprodutor inicia-se usualmente próximo dos cinco a seis meses de idade, ele consiste em fazer os machos saltarem voluntariamente no manequim. É um processo ou conjunto de processos que se destina a desenvolver no macho uma resposta condicionada positiva aos estímulos vinculados a atividade sexual. Os animais que chegam à granja devem ser encaminhados à quarentena até que atinjam a idade de coleta, portanto, uma equipe treinada e um manequim adequado na quarentena são recomendados. O manequim destinado ao treinamento de machos jovens é ligeiramente mais baixo, sua superfície deve estar aproximadamente à altura dos olhos do cachaço e seu dimensionamento deve ser baseado em uma leitoa primípara, devendo ser suficientemente cômodo e seguro 5

6 para que o cachaço não sofra danos e mantenha sua estabilidade durante o procedimento (Correia et al. 2001). Recomenda-se o treinamento diário de machos jovens em sessões de 10 a 15 minutos, estimulando o cachaço a saltar sobre o manequim e efetuando a coleta após a monta durante as 2 ou 3 primeiras semanas após alojamento. Após este período inicial intervalar as coletas, coletar uma vez por semana para manter condicionamento ao salto (Correia et. al. 2001). Um item fundamental para o ótimo desempenho de uma CIA é a escolha das pessoas envolvidas no treinamento, o perfil ideal do funcionário que faz as coletas é de pessoas extremamente pacientes, pois machos jovens requerem muito tempo e dedicação para que entrem numa rotina de coleta adequada. Machos recém incorporados ao plantel devem ser alojados próximo a sala de coleta como forma de estimular a atividade sexual (Kubus S.A. 1992). O macho a ser treinado deve ser dirigido calmamente para a sala de coleta por um funcionário, evitando-se gritos e agressões, o que pode associar a atividade de coleta de sêmen com sensação de medo ou dor, dificultando o treinamento (Correia et al 2001). O manejo de treinamento deve representar estímulos e situações que associem a atividade sexual com bem estar e gratificação (Embrapa, 2005). No interior da sala de coleta o macho deve ser induzido a visualizar o manequim. Este manequim deve apresentar cheiro de outro suíno, para estimular a atividade sexual. Os machos jovens ficam mais estimulados com o odor de outros machos, por isso recomenda-se colocar urina de machos adultos ou secreção vulvar de fêmeas em cio no manequim. O macho tem que ser constantemente estimulado a montar no manequim, isto deve ser feito direcionando a cabeça dele para o 6

7 manequim, bater no manequim para chamar sua atenção e também massagear o prepúcio para estimular (Correia. et al. 2001) A monta no manequim deve ocorrer dentro de um período de 5 a 7 minutos, caso não ocorra neste período é pouco provável que a monta venha ocorrer nesta sessão, sendo recomendado realizar o treinamento em outro momento. Durante os primeiros saltos um funcionário treinado deve auxiliar o cachaço evitando quedas do manequim. No inicio pode-se utilizar um manequim móvel, que deve ser levado até a baia do macho a fim de estimular o salto em ambiente aclimatado. Caso o macho se recuse a saltar no manequim recomenda-se colocar o macho na sala de coleta, durante ou depois de uma sessão de coleta, promovendo contato com estímulos sonoros, visuais e auditivos, tal manejo deve ocorrer tomando-se os devidos cuidados para evitar eventuais brigas entre machos, podemos também mudar o posicionamento do manequim caso o salto não ocorra. Em CIA s situadas dentro de granjas, caso os procedimentos anteriormente citados não tenham resultado em monta, é possível a exposição do macho em frente a uma fêmea em estro. Ao realizar a monta na fêmea em estro deve-se realizar a fixação do pênis e transferência do animal para o manequim. Machos jovens devem ter o sêmen, das três primeiras coletas, apenas avaliados, mas não utilizados (Correia et al 2001). Segundo Kennedy & Wilkins, (1984), existem variações significativas na produção espermática de acordo com a época do ano, meio ambiente, idade do macho, raça e características individuais. Swierstra (1973) relatou um aumento no volume espermático dos 8 aos 32 meses de idade e um declínio na concentração espermática com o envelhecimento 7

8 dos animais. O total máximo de espermatozóides produzidos foi observado em machos com 32 meses de idade. Existem variações entre autores na recomendação da freqüência de coletas, segundo Bortolozzo et. al. (2005) o protocolo de uma coleta por semana até os 12 meses de idade, três coletas a cada duas semanas dos 12 aos 15 meses e duas coletas por semana em animais acima de 15 meses têm apresentado bons resultados quanto a produção e qualidade dos ejaculado em CIAs comerciais. Freqüências muito altas de coletas, principalmente em machos reprodutores jovens podem prejudicar a qualidade do sêmen por uma elevação de espermatozóides imaturos no ejaculado. Isto ocorre pelo encurtamento do período de maturação espermática dentro do epidídimo. Alterações frequentemente encontradas nesta situação são as gotas citoplasmáticas proximais. Em contrapartida freqüências baixas de coleta podem levar ao aumento do número de espermatozóides mortos e aglutinações. Influências ambientais Uma das condições importantes para produção de ejaculados de qualidade, é o controle da temperatura ambiente. Embora não tenham sido encontradas diferentes significativas entre número total de doses produzidas em animais alojados dentro da zona de conforto e à baixas temperaturas (animais alojados a 17ºC e à -10ºC) o controle da temperatura ambiental se faz indispensável devido às altas temperaturas e a flutuações térmicas. Segundo Wents (2005), machos submetidos a 30ºC por três dias apresentam aumento da produção de células anormais. Altas temperaturas ambientais diminuem 8

9 a motilidade e a produção espermática, além de aumentarem o percentual de defeitos nas células. Wettermann et al. (1976), submeteu machos reprodutores a 31 C por 16 horas diárias e comparou com machos mantidos em temperatura constante de 23 C. Segundo ele houve redução da motilidade e a liberação espermática e aumento no número de defeitos no acrossoma à partir da segunda semana de exposição. Segundo Corrêa, et al. (2001), graves lesões espermatogênicas ocorrem quando a temperatura testicular atingem 40,5ºC (temperatura normal dos testículos é de 35 a 36,5 ºC). Estas lesões levam a alterações morfológicas dos espermatozóides. A retomada da fertilidade, fisiologicamente, pode ocorrer aproximadamente 45 dias após o término do estresse calórico, devido ao ciclo espermatogênico que é de 35 dias e da fase de maturação espermática no epidídimo que é de 10 a 14 dias. Porêm autores indicam que o estresse térmico afeta principalmente a espermiogênese (fase de diferenciação das espermátides em espermatozóides) e não as fases iniciais da espermatogênese devido às alterações morfológicas serem mais evidentes der 2 a 3 semans após o estresse térmico (Wetterman et. al 1976). Machos mantidos em temperaturas entre 26 graus a 29 graus por cinco a seis semanas apresentam aumento no número de ejaculados rejeitados por baixa qualidade, resultando em uma redução de doses produzidas por machos alojados em centrais dos EUA. Segundo Stone (1982) 29ºC é a temperatura crítica para produção espermática, a partir desta temperatura há sérias reduções na motilidade espermática e volume do ejaculado além de significativos aumentos no número de células defeituosas, principalmente relacionados a gotas citoplasmáticas proximais. Segundo Wollmann (2002), o sêmen de machos submetidos a altas temperaturas devido a alterações na sua composição do plasma seminal são mais susceptíveis a resfriamento. 9

10 Para minimizar os efeitos da temperatura é importante durante o processo de implantação de uma CIA atentar-se para itens que favoreçam a ventilação e reduzam a incidência direta do sol. Os principais itens a serem observados são: localização da CIA, posicionamento do galpão, a altura do pé-direito, o material utilizado na cobertura, a inclinação do telhado, forração, plantio de árvores sazonais ao redor do galpão e outros fatores que influenciam diretamente no conforto térmico dos animais. Também pode-se utilizar nebulizadores acoplados a ventiladores nas horas mais quentes do dia (Wollmann et al. 2002). Sistemas automatizados de controle de temperatura ambiente como painéis evaporativos associados a exaustores e movimentação de cortinas, túneis de vento com pressão negativa ou positiva são alguns equipamentos utilizados com sucesso em CIAs (Embrapa, 2005). 3. CONCLUSÃO Segundo os autores já citados concluímos que para um ótimo desempenho nas centrais devemos ter um rígido controle dos fatores ambientais um constante treinamento e motivação da mão de obra e monitoramento da biosseguridade da central 10

11 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, F, M.; WENTS, I.; SCHEID, I, R.; AFONSO, S, B.; GUIDONI, A, L.; BORTOLOZZO, F, P. Comportamento de monta e características seminais de suínos jovens Landrace e Large White.Revista Ciência rural,santa Maria, v 35, p 131 a 137, jan - fev. 2005. CORREIA, M, N.; VIVIAN, J, C.; XAVIER, E G.; ROLL, V, F, B.; CORREIA, E K.; DESCHAMPS, J, C. Manejo Reprodutivo do Macho Suíno. Disponível em: www.ufpel.tche.br/pigpel/publicaco acessado em 25 de março de 2008. CORREIA, M,N,; MEINCKE,W.; JUNIOR,T,L.; DESCHAMPS, J, C. Inseminação artificial em suínos.v. 1,p. 10-30-192. 2001 DECUADRO-HANSEN, G. Control sanitário de los verracos en un centro de producción de semen. Simpósio Internacional de Suinocultura, 2000. São Paulo, Brasil. Anais. p. 152-162 11

12 SCHEID, I, R. Aspectos de Biossegurança e de Higiene Associados à Inseminação Artificial Em Suínos; www.cnpsa.embrapa.br/abravessc/pdf/memorias2000/5_isabel.pdf p. 49. Acessado em 10 de novembro de 2008 GALL,.T.Board studd design as it relates to functionality, International Conference On Boar Semen Preservetion, 1999, Beltsville, Maryland,USA Proceedings. Laurence,KSUSA: Allenpress,Inc,2000.p.199-205 KUBUS S.A. Manual de inseminación artificial porcina. Las Rozas de Madri 1992, p.10-12-15 EMBRAPA, VI Curso de Inseminação Artificial em Suínos, Concórdia, 2005, p.6 KENNEDY, B.W., WILKINS, J.N. Boar, breed and environmental factors influencing semens characteristics of boars used in artificial insemination. V.64, p. 833-843, 1984. SWIERSTRA, E.E. Influence of breed, age and ejaculation frequency on boar semen composition. p. 43-45. 1973 12

13 WETTERMANN, R. P. et al. Influence of elevated ambient temperature on reproductive performance of boars. En: Journal of Animal Science. Vol. 42, No. 3 (1976); p. 664-669. WENTZ,I.; BORTOLOZZO,F, P.;BENNEMANN,P,E.; BERNARDI,M,L.; WOLLMANN,E,B.; FERREIRA,F,M.; NETO,G,B. Inseminação artificial na suinocultura tecnificada.porto Alegre 2005.v.1, p.43-54-59. WOLLMANN,E.B.; BORTOLOZZO,F.P.; WENTZ,I; BENEMANN,PME.; BOCHARDT NETO,G.; FERREIA,F.M., PERUZZO,I. Differences in sperm output in boars according to season. In: INTERNATIONAL PIG VETERINARY SOCIETY CONGRESS,17.,2002.Ames,Iowa.Proceeding.v2,p.489. THACKER BJ, LARSEN RE, JOO HS, LEMAN AD, SWIGUEGUEN B. The diseases transmissible with artificial insemination. J Am Vet Med Assoc, v.185, p.511-516, 1984. FLOWERS, W.L.; ALHUSEN, H.D. Reproductive perfomance and estimates of labor requeriments associated wihth combinations of artificial insemination and natural service. Jornal of Animal Science. 70, 615-621.1992. 13