Editor: Instituto Politécnico de Santarém Coordenação: Gabinete coordenador do projecto Ano 5; N.º 211; Periodicidade média semanal; ISSN:2182-5297; [N.37] FOLHA INFORMATIVA Nº44-2012 Portefólio fotográfico dos "Fotógrafos Amadores do Ribatejo A imagem enquanto guardiã de memórias As memórias dizem quem somos, de onde vimos e, muitas vezes, para onde vamos. São constituídas por significações, decorrentes do encontro de distintos conceitos, construídos, inclusive, pela prática de reunir objectos, incluindo fotografias. As imagens sempre fizeram parte do quotidiano da humanidade. Através delas, os grupos humanos difundiram e continuam a difundir ideias, valores, crenças, práticas culturais, isto é, transmitem saberes sobre si, um grupo e uma época. Compreende-se, portanto, que as imagens sempre tenham atingido formas de expressão marcantes, variando as suas funções em cada circunstância histórica da humanidade.
A partir do século XIX, com o advento da fotografia, as imagens ganham duas funções: copiar fielmente a realidade e, no domínio das Artes, ganham um novo significado, pois vêm libertar os artistas da missão de representar a realidade tal como é, passando a ser encarada como uma interpretação dessa mesma realidade. No século XX, com o desenvolvimento tecnológico de produção de imagens, as imagens passam a ser vistas com maior elasticidade, dado o reconhecimento da realidade como uma construção sociocultural e histórica. A partir daqui as imagens passam a ter leituras múltiplas, onde imagem e discurso formam um par indissociável para a compreensão da mesma. Entrados no século XXI damos conta de que as imagens são uma linguagem muito significativa. Basta ponderar o desenvolvimento crescente da indústria cinematográfica e fotográfica, assim como das empresas dos sectores de divulgação de informação. A influência da visão foi sendo traçada por duas especificidades do mundo actual: rapidez da informação e utilização da divulgação através da imagem. Pequeno apontamento sobre as imagens fotográficas A fotografia não é obra de um só inventor mas sim o produto dos progressos científicos e tecnológicos de várias áreas do conhecimento: Física, Química, Filosofia, Artes, Matemática, Astronomia, entre outras. A fotografia nasceu na época dourada do conceito positivista do mundo. Com o seu desenvolvimento os próprios fotógrafos afirmaram que a fotografia era uma Arte em si mesma e começaram a denominar-se fotógrafos da arte, passando a trabalhar as suas fotografias, imprimindo-lhes subjectividades próprias. Fotografia e Ciências Sociais O uso da fotografia nos trabalhos em Ciências Sociais é recente. Anteriormente os antropólogos usavam a imagem com uma intenção mais ilustrativa do que enunciativa contrariamente ao que se faz hoje em dia em que a fotografia é utilizada como instrumento mediador entre a mensagem visual e a textual. Assim, as imagens passaram a ser fontes descritivas e de debate sobre o objecto de análise, um meio de produção de conhecimento. Actualmente os estudos etnográficos utilizam a fotografia como uma técnica para registar dados e como elemento de interacção e de relação com o grupo estudado, facilitando o caminho para o diálogo, expressão de memórias e reflexões dos informantes sobre as imagens que se lhes apresenta. Fotografias dos Avieiros Uma imagem contém um contexto e sentidos próprios que poderão ser atingidos, ou melhor, construídos pela sua análise. Por isso, a imagem e a narrativa formam um par harmonioso. Quando olhamos para uma fotografia relacionamo-nos sempre com ela. Assim, podemos dizer com propriedade que a fotografia tem dois domínios: MATERIAL signos que representam o
nosso meio ambiente visual; IMATERIAL imagens que produzimos (representações, imaginações, sentidos). Enquanto trabalhadores e analistas da imagem é necessário contemplar os dois níveis. A cultura avieira permite criar correspondências, directas e/ou indirectas, com todos os domínios (re)conhecidos e específicos da região tagana, focando-se nos eixos identitários estabelecidos pelo rio, ecossistemas, aldeias avieiras, gastronomia, barco e artes de pesca, relações sociais e ainda pelos costumes que patenteiam a dimensão do folclore e da etnografia regional. É isto que nos oferecem os Fotógrafos Amadores do Ribatejo fotografias das vivências dos pescadores avieiros capazes de gerar significados, que são obtidas no contexto da cultura e pela cultura, na conversação e compreensão do Outro, encaixando-se perfeitamente no ideário do Projecto de Candidatura da Cultura Avieira a Património Nacional, que tem evoluído através de uma prática voluntária de dar e ajudar à concretização da ideia de desenvolvimento económico e humano tendo como ponto de partida a cultura Avieira. Apresentação do grupo nas suas próprias palavras O fascínio de conhecer e descobrir novos lugares, de poder partilhar e experimentar novas emoções, sensações e culturas está enraizado em nós portugueses, desde a nossa gloriosa época dos descobrimentos. Como que uma herança, este fascínio passou de geração em geração até aos nossos dias e nós, como muitos outros, não fugimos à regra de sentir esta necessidade, esta tentação, este desejo e, sempre que nos é possível, juntamo-nos de mochilas às costas e aí vamos nós explorar e captar imagens de tudo o que nos rodeia. Dos encontros de fotografia surgiu em Fevereiro de 2011 um perfil alojado no Facebook "Fotógrafos Amadores do Ribatejo", que pode ser visitado no link: https://www.facebook.com/groups/fotografosribatejanos/?fref=ts, onde são trocadas as experiências vividas e onde surgiu a ideia de dar a conhecer a forma como se vê o "mundo" que nos rodeia, ou melhor... o nosso "olhar" sobre o mundo, a nossa interpretação dele. Não há melhor forma de o olhar do que ver e sentir as imagens que são de seguida apresentadas na exposição que de seguida vos é proposta. Lurdes Véstia
Portefólio Fotográfico (Fotógrafos Amadores do Ribatejo )
Fotos: Fotógrafos Amadores do Ribatejo
Portefólio Fotográfico (Carlos Vicente - Entroncamento)