A POLÍTICA DE CARREIRA DO MAGISTÉRIO E ALGUMAS IMPLICAÇÕES NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE ANANINDEUA-PA

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Transcrição:

A POLÍTICA DE CARREIRA DO MAGISTÉRIO E ALGUMAS IMPLICAÇÕES NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE ANANINDEUA-PA Marilene da Silva Feijão Pereira UFPA 1 Adriely Cordeiro Lima - UFPA 2 1. INTRODUÇÃO Esse texto socializa parte de pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no âmbito do GEFIN/UFPA. Trata da carreira de professores no município de Ananindeua, por meio do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações dos Servidores do Magistério Público Municipal de Ananindeua-PA (PCCR/2009), Lei Municipal n. 2.355, de 16 de janeiro de 2009, com o intuito de analisar as políticas públicas educacionais voltadas para a valorização e financiamento da educação básica, após a década de 1990. Ananindeua torna-se município de 1944, pelo Decreto-lei Estadual nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943. O município de Ananindeua-PA encontra-se situado na Região Metropolitana de Belém, é considerado o 2º município mais populoso dos 144 que constituem o Estado do Pará e o 3º da Amazônia em relação ao número populacional, com aproximadamente 471.980 mil habitantes; a cidade possui uma extensão territorial de 190.451 km² e densidade demográfica de aproximada de 2477,55 hab/km² (IBGE, 2010). No que se refere à rede municipal de ensino de Ananindeua-PA, esta é constituída por 71.783 matrículas no ensino fundamental no ano de 2015, com a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade, e IDEB de 4,7 e 3,7, para os anos iniciais e anos finais do ensino fundamental para o ano de 2015 (IBGE, 2010). O objetivo desse estudo é entender o processo de implementação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) da educação de Ananindeua que foi aprovado na Câmara de vereadores no dia 23 de dezembro de 2008, após ter tramitado pela Comissão de Constituição e Justiça e Comissão de Finanças e Orçamento, sendo aprovado em duas discussões no mesmo dia, conforme Ata da Sessão ordinária, realizada na Câmara Municipal de Ananindeua, a partir das análises das políticas públicas educacionais voltadas para a valorização e financiamento da educação básica. 1 Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA, na Linha de Políticas Públicas Educacionais. E-mail: marilenefeijao@gmail.com 2 Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA, na Linha de Políticas Públicas Educacionais. Bolsista CAPES. E-mail: adrielykolly@gmail.com 1

O interesse em realizar essa análise documental, na perspectiva de uma abordagem qualitativa, justifica-se pela possibilidade de compreender se o que está estabelecido na Lei foi ou está efetivamente implementado e de que forma está refletindo se na carreira dos profissionais do magistério, busca-se também observar os efeitos ocorridos em relação às alterações que acompanham a referida Lei que aprova o PCCR/2009 do município em questão, além de avaliar suas possíveis implicações para a carreira do magistério da rede municipal de ensino de Ananindeua-PA. Para construção deste estudo foram utilizados autores como: Scheibe (2010) e Carvalho (2012) que discutem a necessidade de valorização e aprimoramento da formação dos professores no Brasil, além de conceitos de políticas públicas. As abordagens da Lei nº 2355/2009 do município de Ananindeua-PA (PCCR) e da Lei nº 9394/96 de - Diretrizes e Bases da Educação (LDB) - com destaque ao princípio do ensino, art. 3º, VII que versa sobre a valorização do profissional da educação escolar que, por consequência, prevê a criação e implementação dos Planos de Carreiras nos entes da Federação, no sentido de possibilitar um melhor entendimento e a ampliação do conteúdo pesquisado neste estudo. 2. RESULTADOS E DISCUSSÕES No que concerne ao conceito da política de valorização dos profissionais da educação, abrange-se a configuração da formação (inicial e continuada), o cumprimento do plano de carreira, a remuneração digna e as condições adequadas de trabalho. Tais elementos contribuem para o reconhecimento das atividades desenvolvidas pelos professores. Diversas e intensas foram às discussões sobre a estrutura da carreira e dispersão salarial, em que se considerou a implementação de planos de carreira como um importante instrumento que assegura de forma efetiva a valorização dos profissionais, cujas insinuações começaram a fazer parte da Constituição Federal de 1988, quando traz as diretrizes para se ministrar o ensino e as bases para a valorização do magistério, ao referir-se aos planos de carreira das redes públicas e ingresso na mesma por meio de concurso público de provas e títulos. Os anos de 1990 marcam o surgimento de algumas normatizações legais que nortearam a carreira do magistério mediante a importante participação dos movimentos sociais, que se refletiu na construção da Constituição Federal - CF de 1988. Paralelo a isso a legislação da educação brasileira começou a intensificar a incorporação de políticas públicas para a melhoria da qualidade educacional e valorização do magistério, com a elaboração de 2

uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Desse modo, o amparo legal para a criação dos Planos de Carreira e Remuneração no Brasil ganha força com a promulgação desta Constituição que prevê no Artigo 206 e incisos V, VIII e Parágrafo Único: V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 1988). A persistência para adequar ou criar os Planos de Cargos, Carreira e Remuneração do magistério público nos Estados, Municípios e no Distrito Federal tem sido alvo de discussões e debates por parte dos trabalhadores em educação. Embora seja uma exigência antiga - prevista no Artigo 206 da Constituição Federal e delineada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9394/96, que é específica da educação nacional em obediência ao mandamento constitucional do art. 22, XXIV- não havia regulamentação que exigisse o cumprimento da mesma. Esta lei ordinária voltada para as diretrizes da LDB acolhe como princípio do ensino, no art. 3º, inciso VII, a valorização do profissional da educação escolar. Além disso, e sob este princípio, a LDB dedicou todo o art. 67 para este fim e diz que: os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação por meio do Piso Salarial Profissional Nacional - PSPN- esse pode ser considerado um avanço. Sendo assim, pelo menos na lei algo começará a mudar, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público. Exemplificam-se outras legislações se destacam quanto à questão da valorização da carreira o magistério no Brasil e que colaboraram com a criação ou revisão dos PCCR s, tais como: Lei nº 96/99 de 31 de maio de 1999, Art. 169 da CF, Lei nº 9424 de 24 de dezembro de 1996, especialmente Art. 9º parágrafos 1º, 2º e 3º, Lei nº 101/2000 (responsabilidade fiscal), Lei nº9131 de 25 de novembro de 1995 e as Resoluções nº 03/97 e nº 02/09, do Conselho Nacional de Educação (CNE), que fixaram diretrizes nacionais para a implementação e ou reformulação de Planos de Cargos, Carreira e Remuneração do magistério público, sendo a primeira normatizada no âmbito do FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) e a segunda inserida no contexto do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização 3

dos Profissionais da Educação) e PSPN. Apesar da legalidade para normatizar a carreira do professor, há uma especificidade desses indicadores de valorização dos profissionais do magistério praticados pelos entes federativos, pois consideram-se as peculiaridades de cada local. Nesse contexto, Scheibe (2010) faz uma reflexão sobre a necessidade de valorização e aprimoramento da formação dos professores no Brasil. Um problema no âmbito da política educacional no Brasil é a inexistência de um Sistema Nacional de Educação, porque a autonomia dos entes federados, constitucionalmente definida, viabilizou o estabelecimento de sistemas em cada uma dessas esferas. Assim, há professores vinculados à esfera federal, estadual e municipal; professores rurais e urbanos; professores concursados e contratados; professores da rede pública e professores da rede particular; professores titulados e não titulados (SCHEIBE, 2010). Esse contexto origina planos de carreiras diferenciados e duplicação de jornada em carreiras diferentes. Por isso, a inexistência de um Sistema Nacional de Educação no Brasil pode ser uma das razões pelas quais a profissão docente se apresenta, hoje, extremamente diferenciada e fragmentada (SCHEIBE, 2010, p.984). A melhoria das condições socioeconômicas da categoria do magistério público ainda se depara com uma série de desafios, segundo Scheibe (2010), tais como baixos salários, precariedade nas condições de trabalho, salas superlotadas, indisciplina dos alunos, violência nas escolas e longas jornadas de trabalho. Carvalho (2012) ao refletir sobre a formação do professor explica que a tradição do conhecimento disciplinar, despedaçado, compartimentalizado, fragmentado e especializado, reduziu a complexidade do real, impossibilitando uma compreensão diversificada e multifacetada das inter-relações que constituem o mundo. Para tanto, a aprovação da Lei nº 9.394/1996de20 de dezembro de 1996, que estabelece as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), prevê em seu art. 67 a valorização dos profissionais da educação assegurados, nos termos dos Estatutos e dos Planos de Carreira do Magistério Público com Piso Salarial Profissional Nacional, progressão funcional, período reservado aos estudos, planejamento e avaliação, incluídos na carga horária de trabalho e condições adequadas do mesmo. Com base na LDB também destacamos o seu art. 40, que responsabiliza os estados, o Distrito Federal e os municípios pela implantação de Planos de Carreira e Remuneração dos profissionais da educação básica, de modo a garantir sua remuneração condigna. 4

Ainda no contexto das lutas desta categoria foi aprovada a Lei nº 11.738/2008 que estabelece o Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica, bem como, jornada máxima de 40 horas semanais, percentual máximo de 2/3 do tempo da mesma, destinada para a interação com alunos, e 1/3 restante, a ser utilizado para desenvolver ações inerentes as demais necessidades do magistério, como: formação continuada, planejamento, pesquisa, elaboração de avaliações, dentre outros; denominado como hora atividade. Para tanto, há que se reconhecer a educação como um dos instrumentos de desenvolvimento de qualquer sociedade e deve ser implementada como política de Estado de forma articulada entre níveis, etapas e modalidades, em sintonia com os marcos legais e ordenamentos jurídicos, que expressa a efetivação do direito social, de cidadania e de liberdade pessoal com qualidade para todos. Tal perspectiva implica, ainda, na garantia de interfaces das políticas educacionais com outras políticas sociais saúde, infraestrutura, saneamento. Portanto, há de se considerar historicamente o contexto social em que se inscreve, pois, do período colonial até hoje, a história da educação brasileira tem sido marcada pelo descaso, tanto na sua oferta quanto nos mecanismos de financiamento por parte do Estado. 4. APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS A carreira do magistério dos profissionais da rede municipal de Ananindeua, embora contemple elementos indicadores de valorização docente, não estabelece regras relacionadas a melhores condições de trabalho e apesar da existência da lei que dispõe sobre a carreira desses trabalhadores a mesma não é efetivamente cumprida e, portanto, ainda não são percebidas pelos trabalhadores a efetivação dos direitos previstos no item da carreira da referida lei. Um exemplo é que quando se define o reajuste do PSPN, o gestor municipal entende que os professores recebem para além do piso, com isso há dificuldade de reajuste salarial. A incorporação de importantes demandas da categoria docente garantidas no âmbito da legislatura nacional aprovadas no contexto recente da política de fundos, além de inseridas no corpo da legislação municipal de Ananindeua que trata da carreira, precisa resgatar a valorização social do profissional do magistério, jornada de trabalho em uma única escola, com a garantia de progressão e percentual de aumentos estimuladores para atrair bons profissionais à carreira conferindo-os remuneração condigna, e isso ainda não está evidenciado no Município pesquisado no presente trabalho. 5

REFERÊNCIAS ANANINDEUA. Lei Nº 2355/2009. Institui os Planos de Cargos, Carreira e Remuneração PCCR da educação. Prefeitura Municipal de Ananindeua. Período de 11 a 14 de julho de 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. BRASIL. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN). Disponível em: http://www2.planalto.gov.br/presidencia/legislacao>. Acesso em: 21/06/17. BRASIL. Lei nº 11.494/2007. Institui e Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Disponível em: http://portal.mec.gov.br.acesso em: 21/06/17. BRASIL. Lei nº 11.738/2008. Regulamenta a alínea e do inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional para os profissionais do magistério público da educação básica, 2008. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 02, de 2009. Fixa as Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Pública. Disponível em: <http://ice.mec.gov.br. Acesso em: 21/06/17. CARVALHO, Isabel C. de Moura. Educação Ambiental e formação do sujeito ecológico.6 ed. São Paulo: Contexto, 2012. DUTRA JUNIOR, Adhemar F (et. al). Plano de Carreira e Remuneração do Magistério Público: LDB, FUNDEF, diretrizes nacionais com nova concepção de carreira. Brasília: MEC, FUNDESCOLA, 2000. SCHEIBE, L. Valorização e formação dos professores para a educação básica: questões desafiadoraspara um novo plano nacional de educação.educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 981-1000, jul.-set. 2010 981. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br. Acesso: 21/06/17. 6