Luanna Tomaz de Souza Doutoranda Direito,Justiça e Cidadania no séc. XXI Universida de Coimbra. Professora de Direito Penal e coordenadora do programa de atendimento à vitimas de violência da Universidade Federal do Pará (Brasil)
O fortalecimento dos movimentos feministas e de mulheres Os direitos humanos da mulher e a preocupação com a vítima explosão de políticas públicas, com absorção do discurso feminista Reflexões sobre as políticas existentes, a partir da crítica penal Debate complexo, com as especificidades de cada contexto que exige maior atenção
Para Scott, o conceito de gênero tem duas partes e várias subpartes, ligadas umas às outras. Na primeira parte gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças que distinguem os sexos ; na segunda parte o gênero é uma forma primária de relações significantes de poder. As subpartes estão dispersas, presentes nos símbolos e nas representações culturais; nas normas e doutrinas; nas instituições e organizações sociais; nas identidades subjetivas.
Sob o enfoque de gênero temos um aporte significativo do pensamento teórico feminista na análise do discurso jurídico. O conceito de gênero permitiu verificar as formas com que homens e mulheres são percebidos e as estruturas que permitem as desigualdades existentes e estudos acerca das formas de controle sobre as mulheres. Através do conceito de gênero, principalmente numa perspectiva relacional, opera-se uma desconctrução do sujeito homem e mulher em sua essência unitária e unificadora.
Direito Penal misógino, seletista, legitimador do poder e voltado para o controle social. O Direito, e essencialmente o Direito Penal,tem contribuído, significativamente, para uma definição do masculino e do feminino que alimentam as desigualdades de gênero Contexto de Expropriação do conflito x um Direito Procedimentalista e Discursivista Resistência a mediação Criação de perspectivas dicotômicas entre Direito Penal e Teorias Feministas.
Espanha conta com a Lei Orgânica 1 / 2004 que alcança homens e mulheres. Em 2010, morreram73 mulheres em casos de homicídio conjugal. (Fonte: Ministério de Igualdade). Em Portugal, em 2009 foram 43 mulheres assassinadas.. Art. 152 do Código Penal português - Lei N º 59/2007 No Brasil, entre 2003 y 2007, houveram 19.440 homicídios de mulheres, cerca de 4.000 ao ano ou uma morte a cada duas horas. No ranking da desigualdade entre os sexos, organizado pelo Fórum Econômico Mundial, ocupa o 82 º lugar entre 136 países.
0% Admoestação 0,1% PTFC 0,4% Multa 3,9% Prisão Substituída por multa 58,2% Prisão Suspensa Simples 30,5% Prisão Suspensa com suj. Regras de conduta 6,5% Prisão efectiva 0,2% Medidas de Segurança de Internamento 0% Medidas de tratamento de toxicodependência 0,3% Outras penas/medidas
Quanto aos mecanismos de mediação seguem as instruções da ONU e da UE. Quanto a reabilitação dos agressores, esta prática não está desenvolvida. Em 2007, Polícia e Guarda Civil detiveram 45.296 homens por violência de gênero; uma detenção a cada 12 minutos segundo o Ministério do Interior. Uma de cada 10 detenções são por violência contra a mulher. Mais de 84.000 processos, uma cifra equivalente a de denuncias, sendo que em 53% dos casos houve uma detenção.
Juizados Especiais Criminais. 1994 - Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a violência contra a mulher - 2001 Julgamento do Caso Maria da Penha (OEA) 2004 Institui-se o GT Interministerial e encaminha-se a proposição de Projeto de Lei 2006 Projeto substitutivo 07/08/2006 Sancionada a Lei nº 11.340 Adota pela 1ª vez o conceito de gênero e amplia a perspectiva de entidade familiar
Até 07/2010 foram quase 111 mil sentenças proferidas, mais de 330 mil processos distribuídos, mais de 1,5 mil prisões preventivas e quase 10 mil prisões em flagrante. De acordo DEPEN, 2474 presos foram condenados por violência contra a mulher (numa população de 417.112). Mais de 21 varas e 23 juizados, mais de 400 DEAMs Competência híbrida Âmbito punitivo
LMP não é uma lei punitiva em sentido estrito, mas tem grande âmbito punitivo. Cuidado ao transplantar discursos, com uma análise simplista, evitando a estruturação dos serviços e o julgamento dos delitos. Prevalece a precarização no atendimento à mulher contribuindo para a violência institucional. As políticas públicas criadas não estão equipadas para serem propulsoras de mudanças sociais e não assumem claramente uma perspectiva de gênero e de defesa dos Direitos Humanos das Mulheres.
Para além do olhar festivo, deve-se observar que a LMP tem sofrido inúmeras resistência por parte daqueles que a aplicam numa estratégia de enfraquecimento que é constantemente ignorada sob a escusa do tecnicismo. Romper a perspectiva de expropiação significa dar novo papel a mulher no processo Reconstrução do debate penal a partir das teorias feministas Construção de alternativas à lei penal Uma coisa é certa punir não pode ser a única alternativa, mas devemos nos voltar a mudança efetiva de valores