IMPACTO DO FOGO NA VEGETAÇÃO EM BEIRA DE RODOVIAS

Documentos relacionados
ESTRUTURA E DIVERSIDADE DO CERRADO STRICTO SENSU

CAPÍTULO IX TRAJETÓRIAS DE CRESCIMENTO DE ESPÉCIES DO CERRADO

RIQUEZA E DIVERSIDADE FLORÍSTICA DA VEGETAÇÃO ARBÓREA EM ÁREAS DE CERRADO SENSU STRICTO E CERRADÃO NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL.

Ci. Fl., v. 23, n. 1, jan.-mar., 2013

REGENERAÇÃO NATURAL EM ÁREAS DEGRADADAS COM ENFOQUE NA CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA DAS ESPÉCIES LENHOSAS DO CERRADO

Flora do Cerrado sensu stricto Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

ADULTO EM CERRADO SENSU STRICTO NO BRASIL CENTRAL

Termos para indexação: Cerradão, vegetação xeromórfica, diâmetro, altura, ordenação

Solos, Florística e Fitossociologia em Áreas de Reserva sob Vegetação de Cerrado Sensu Stricto em Propriedades Rurais de Urutaí, GO

FITOSSOCIOLOGIA DO COMPONENTE ARBÓREO DA CACHOEIRA RONCADEIRA, TAQUARUÇU-TO

Acacia farnesiana. Acacia farnesiana. nor é a viabilidade da seme teve por objetivo verificar o menor tempo de embe-

Efeito do fogo sobre uma comunidade vegetal de cerrado sentido restrito

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA, ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA E ESTRUTURAL DE UMA FLORESTA DE CERRADÃO, CURVELO-MG

Fitossociologia de um fragmento de cerrado sensu stricto na APA do Paranoá, DF, Brasil

FITOSSOCIOLOGIA DA COMUNIDADE ARBÓREO-ARBUSTIVA DE CERRADÃO NO TRIÂNGULO MINEIRO, MG

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Módulos demonstrativos de restauração ecológica para ambientes savânicos do bioma Cerrado

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA COMUNIDADE ARBÓREA DE UM TRECHO DA MATA CILIAR DO RIO PANDEIROS, NORTE DE MINAS GERAIS.

Universidade de Brasília

EFEITO DO DESMATAMENTO NO ESTABELECIMENTO DE ESPÉCIES LENHOSAS EM UM CERRADO Sensu stricto

EFEITO DE BORDA PARA POPULAÇÕES DE ESPÉCIES NATIVAS DO CERRADO EM FRAGMENTOS FLORESTAIS.

FITOSSOCIOLOGIA E DIVERSIDADE DE UMA ÁREA DE CERRADO STRICTU SENSU NO PARQUE ESTADUAL DO RIO PRETO, SÃO GONÇALO DO RIO PRETO, MG

EFEITO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NA ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UMA ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO NA FAZENDA ÁGUA LIMPA-DF 1

GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN )

Fitossociologia e estrutura diamétrica de um fragmento de Cerrado sensu stricto, Formoso do Araguaia, Tocantins

ESTRUTURA ESPACIAL E SÍNDROME DE DISPERSÃO DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE UM CERRADÃO EM ARAGUARI, MG

AVALIAÇÃO DE UMA VEGETAÇÃO DE CERRADO SENSU STRICTO SUBMETIDO A DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO SUSTENTÁVEL FLÁVIA NASCIMENTO DE SOUZA

Fitossociologia e estrutura diamétrica de um cerrado sensu stricto, Gurupi TO. Phytosociology and diameter structure of a cerrado Gurupi - TO

MARCELLO MESSIAS BARBOSA

ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA UTILIZANDO DOIS CRITÉRIOS DE INCLUSÃO EM UMA ÁREA DE CERRADO EM SÃO GONÇALO DO RIO PRETO, MG

Análise da vegetação de cerrado no Município de Santa Quitéria - Maranhão. Study of the savanna vegetation in the County of Santa Quiteria - Maranhão

MUDANÇA NA COMUNIDADE LENHOSA DE UM CERRADÃO E UM CERRADO STRICTO SENSU NO PARQUE DO BACABA, NOVA XAVANTINA - MT

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

FITOSSOCIOLOGIA DE UMA ÁREA DE CERRADO NA ESTAÇÃO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL GALHEIRO, PERDIZES (MG): UMA COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS

FITOSSOCIOLOGIA EM UMA ÁREA DE CERRADO EM REGENERAÇÃO DO PARQUE FLORESTAL DE PATROCÍNIO, MG CAXUANA S/A

EFEITO DE QUEIMADAS SOBRE A ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE VEGETAL LENHOSA DO CERRADO SENTIDO RESTRITO EM CALDAS NOVAS, GO 1

FITOSSOCIOLOGIA EM COMUNIDADES ARBÓREAS REMANESCENTES DE CERRADO SENSU STRICTO NO BRASIL CENTRAL

DE CERRADO SENTIDO RESTRITO NO NORTE DE MINAS GERAIS

ANÁLISE DE DIVERSIDADE FLORÍSTICA DENTRO E ENTRE TRÊS ÁREAS DE CERRADO S.S. NA REGIÃO CETRAL E NORTE DE MINAS GERAIS

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DA REGENERAÇÃO NATURAL DE UMA ÁREA DE CERRADO NO MUNICÍPIO DE CURVELO, MG

FLORÍSTICA DO ESTRATO ARBÓREO DE UMA ÁREA DE CERRADO, CAXIAS, MARANHÃO.

Grandes linhas de atuação da Embrapa I. Ordenamento, monitoramento e gestão em territórios

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

Ciência Florestal, Santa Maria, v. 28, n. 2, p , abr.- jun., 2018 ISSN

VAS, GOIÁS. vras-chave florística, fitossociologia, cerrado, Parque Estadual da Serra de Caldas Novas

UNIVERSIDADE DE RIO VERDE - UniRV FACULDADE DE BIOLOGIA E QUÍMICA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA E BACHARELADO

FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA EM UM FRAGMENTO DE CERRADO NO SUDOESTE DE GOIÁS 1

Estudo da estrutura da regeneração natural e da vegetação adulta de um cerrado senso stricto para fins de manejo florestal

Estrutura da vegetação de cerrado sensu stricto em terra indígena no noroeste do estado de Mato Grosso

FLORA ARBÓREA EM UMA ÁREA DE CERRADO, NO ESTADO DO MARANHÃO, NORDESTE DO BRASIL

DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DE CERRADO SENSU STRICTO EM GURUPI-TO

Phytosociology of the cerrado in inselberg Morro São João, Porto Nacional, Tocantins

Ben Hur Marimon Junior 2,4 e Mundayatan Haridasan 3

COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DE COMUNIDADES ARBÓREAS DE CERRADO stricto sensu NO NORTE DO TOCANTINS E SUL DO MARANHÃO 1

Variação temporal na estrutura da vegetação lenhosa de cerrado sentido restrito sobre Neossolos Quartzarênicos

Boletim de Pesquisa 86 e Desenvolvimento ISSN Setembro, 2005

COMPONENTE ARBÓREO E ARBUSTIVO DE UM REMANESCENTE DE CERRADÃO EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES FRUTÍFERAS COM POTENCIAL DE EXPLORAÇÃO EM UMA ÁREA DE CERRADÃO DO DF

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

O ganho de florestas no estado do Rio de Janeiro e a perda de diversidade. Richieri A. Sartori. PUC-Rio

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

Alunos: Claudinei, Jéssica Fenker Antunes, Lorrainy Bartasson, Luiz Henrique Argolo Camilo, Mariana Caixeta Milhome Viana.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL/UFMS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

1 Instituto de Biologia UNICAMP Campinas - SP. 2 Instituto de Geociências UNICAMP Campinas - SP

DISSIMILARIDADE FLORÍSTICA E ESTRUTURAL ENTRE FRAGMENTOS DE DOIS TIPOS DE FITOFISIONOMIAS FLORESTAIS DO BIOMA CERRADO

ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DE UMA ÁREA RESTAURADA SETE ANOS APÓS SUA IMPLANTAÇÃO, GOIÂNIA GO

Trilhas Interpretativas Ecológicas: conhecimento e lazer

Termos para indexação: fitossociologia; Melastomataceae; Rubiaceae; solos do Cerrado; Vochysiaceae

Fitossociologia e similaridade florística entre trechos de Cerrado sentido restrito em interflúvio e em vale no Jardim Botânico de Brasília, DF 1

BIOMA CERRADO Resolução SMA 64/2009. Ilustração: José Felipe Ribeiro

ESTUDO FITOSSOCIOLÓGICO EM ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO NA ESTAÇÃO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL GALHEIRO - PERDIZES, MG

Anexo C C-1. Capítulo III Diagnóstico do meio biótico

Capítulo 16. Geovane Alves de Andrade

Revista Árvore ISSN: Universidade Federal de Viçosa Brasil

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E FITOSSOCIOLÓGICO EM CERRADO RUPESTRE E CERRADO TÍPICO CONTÍGUOS DO PARQUE DO BACABA.

ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO E CARACTERÍSTICAS EDÁFICAS DE UM CERRADÃO EM SOLO DISTRÓFICO E EM SOLO MESOTRÓFICO NO TRIÂNGULO MINEIRO

Estimativa de custos para restauração ecológica com espécies de Cerrado

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS DO CERRADO SENSU STRICTO NO PANTANAL, MATO GROSSO, BRASIL

Termos para indexação: Cerrado, conservação, extrativismo, Norte de Minas Gerais

LEVANTAMENTO QUANTITATIVO EM TRÊS HECTARESDE VEGETAÇÃO DE CERRADO 1

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ARBUSTIVO- ARBÓREA EM CERRADO SENTIDO RESTRITO NA SERRA DE JARAGUÁ, GOIÁS, BRASIL.

ESTRUTURA ARBUSTIVO-ARBÓREA DE CERRADO RUPESTRE DA REGIÃO SUDOESTE DO ESTADO DE GOIÁS, BRASIL

Mudanças florísticas e estruturais no cerrado sensu stricto ao longo de 27 anos ( ) na Fazenda Água Limpa, Brasília, DF

Nota Científica Estudo da metodologia proposta para classificação dos diferentes estágios de regeneração no Cerrado

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA

Semeadura direta para restauração do Cerrado. Alexandre Sampaio

ALEXANDER PAULO DO CARMO BALDUINO

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA, RIQUEZA E DIVERSIDADE DE UM CERRADO SENSU STRICTO NO SUDESTE DO ESTADO DE GOIÁS

Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: Universidade Estadual da Paraíba Brasil

FLORISTIC AND PHYTOSOCIOLOGICAL STUDY OF GALLERY FOREST IN CERRADO

FITOSSOCIOLOGIA DE SUB-BOSQUE DE CERRADO EM TALHÃO DE Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden NO MUNICÍPIO DE BOM DESPACHO-MG 1

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL SITUADO AO LONGO DA MICROBACIA DO CÓRREGO FUNDO, AQUIDAUANA, MS

FITOSSOCIOLOGIA E ESTRUTURA PARAMÉTRICA DE UMA ÁREA DE CERRADO stricto sensu NA RESERVA LEGAL DA ARCELOR MITTAL (Itamarandiba - MG)

Espécies vegetais com potencial antimicrobiano em área de cerrado em Prudente de Morais (MG)

Composição Florística e Estrutura de uma Área de Cerrado no Município de Senador Modestino Gonçalves e Análise Comparativa de Cerrado em Minas Gerais.

Acta Scientiarum. Biological Sciences ISSN: Universidade Estadual de Maringá Brasil

ESTRUTURA FITOSSOCIOLOGICA DE UMA ÁREA DE MINERAÇÃO DE OURO SOB DIFERENTES MODELOS DE RECUPERAÇÃO

SALVAMENTO DO GERMOPLASMA NO VALE DO RIO ARAGUARI, MINAS GERAIS

Transcrição:

RESUMO IMPACTO DO FOGO NA VEGETAÇÃO EM BEIRA DE RODOVIAS Jovan Martins Rios¹*, Lilian C. da Silva Santos¹, Ismael P. Martins², Vagner S. do Vale³ e-mail: Jovan_jmr@hotmail.com ¹(PG) do Curso de Pós-Graduação em Produção Vegetal - UEG ²(PQ) do Curso Engenharia Florestal - UEG ³(PQ) do Curso de Pós-Graduação em Produção Vegetal - UEG As rodovias acarretam um dos maiores impactos diretos e negativos ao ambiente causando a fragmentação da biota natural, deve existir uma faixa entre a estrada e as propriedades próximas, denominadas faixas de proteção, com pelo menos 15m de comprimento sendo essas definidas como Áreas de Preservação Permanentes. Os objetivos deste trabalho são comparar a diversidade alfa dos cerrados antropizados em beira de estrada, com aquela existente em cerrados protegidos em unidades de conservação e/ou cerrados pouco antropizados e demonstrar o potencial conservacionista dessas áreas e as possíveis diferenças florísticas e estruturais. Demarcou-se 11 parcelas de 10 x 50m no norte e sudeste do estado de Goiás e amostradas árvores com circunferência a 0,30 m 15 cm. Foram calculados os parâmetros fitossociológicos densidade, dominância, frequência relativas e o valor de importância (VI). Para a avaliação da diversidade alfa, foi utilizado o índice de diversidade de Shannon (H ). Foram amostrados 283 indivíduos (0,033 indivíduos.ha -1 ), 960.444,39 m² de área basal, distribuídos em 97 espécies, 48 famílias. A riqueza amostral está dentro dos padrões para cerrados, no entanto o número de indivíduos por hectare está abaixo da média para áreas nativas. Palavras-chave:Biodiversidade. Fragmentação. Impacto Ambiental. INTRODUÇÃO Tendo em vista que as rodovias acarretam um dos maiores impactos diretos e negativos ao ambiente (SPOONER; SMALLBONE, 2009), deve existir uma faixa entre a estrada e as propriedades próximas, denominadas faixas de proteção, com pelo menos 15m de comprimento (DNIT, 2008), sendo essas entendidas como Áreas de Preservação Permanentes pelo Código Florestal Brasileiro, LEI Nº 12.651 (BRASIL, 2012), chamadas de faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias. No Brasil, a construção de estradas representa uma das principais ameaças à biodiversidade e interfere diretamente no ambiente, alterando as diferentes fitofisionomias, inclusive àquelas presentes no do bioma Cerrado (VASCONCELOS et al., 2014). O Brasil abriga uma imensa diversidade biológica, sendo o principal país depositário da mega diversidade do Planeta, comportando entre 15% a 20% das 1,5 milhão de espécies identificadas na Terra (LEWINSOHN; PRADO, 2000). Cerca de 12% das espécies de plantas, por exemplo, estão presentes no bioma Cerrado (KLINK; MACHADO, 2005). Atualmente o Bioma é considerado um hotspot de biodiversidade. Este trabalho avaliará a atual condição de comunidades arbóreas de cerrado e o real valor conservacionista presentes nas "faixas de proteção para a

conservação do Bioma Cerrado, comparando os cerrados antropizados em beira de estrada do norte e sudeste de Goiás, com aqueles cerrados protegidos em unidades de conservação e/ou cerrados pouco antropizados da região. MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo - O estudo será realizado as margens de rodovias, nas faixas adjacentes as áreas denominadas como "faixas de proteção", ao longo de rodovias no estado de Goiás, GO-164 (trecho entre Goiás - Faina); GO-070 (trecho entre Goiás Mossâmedes), GO-330 e BR-352 (trecho entre Ipameri - Catalão) e GO-213 e BR-490 (trecho entre Ipameri - Campo Alegre de Goiás); totalizando aproximadamente 207km de rodovias no decorrer dos pontos mencionados. O trabalho tem foco nas savanas arborizadas, fitofisionomia dominante, a área onde será realizado o estudo abrangerá 2,5 hectares de cerrado, distribuída em 50 parcelas de 50x10m, dispostas aleatoriamente na beira das rodovias (Já foram amostradas 11 parcelas, referentes a este estudo). Serão mensurados apenas os indivíduos arbóreos que atingirem 15cm de circunferência a 30cm do solo (C 30 15cm, metodologia proposta pela Rede de Parcelas Permanentes dos Biomas Cerrado e Pantanal - FELFILI et al., 2005). A identificação das espécies quando possível ocorrerá em campo, em caso de dificuldades na identificação serão coletadas amostras botânicas para consulta em Herbário. A classificação das famílias será feita de acordo com o sistema Angiosperm Phylogeny Group III (APG, III) e os nomes específicos serão atualizados de acordo com o W3tropicos (disponível em http://www.tropicos.org/). Serão calculados os parâmetros fitossociológicos de densidade, dominância e frequência relativas e o valor de importância (VI). Para a avaliação da diversidade alfa, será utilizado o índice de diversidade de Shannon (H ). Todos os resultados obtidos foram comparados com outros inventários de cerrados nativos localizados em áreas com poucos impactos antrópicos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram amostrados 283 indivíduos (0,033 indivíduos.ha -1 ), 960.444,39 m² de área basal (174,63 m 2.ha -1 ). Estes valores, ao serem comparados com cerrados nativos de Lopes et al., 2011, está abaixo daqueles encontrados na região. O mesmo para área basal. A incidência de fogo esta presente em grande parte das

parcelas, ocorrendo com mais frequência nos períodos de seca, embora a vegetação lenhosa do Cerrado apresente características adaptativas ao fogo, o mesmo é um fator determinante para a estrutura da vegetação e sua composição. A riqueza amostrada, porém, é elevada e dentro dos padrões para cerrados protegidos. As espécies de cerrado tem adaptações ao fogo como presença de casca e rebrote pós fogo, fatores capazes de promover a persistência de indivíduos nas áreas, porém é notório que a baixa densidade é também devido á frequência de incêndios. As espécies mais importantes foram Curatella americana L., Plathymenia reticulata Benth., Machaerium opacum Vogel (Tabela 1.) comumente encontradas em cerrados protegidos e possuem adaptações ao fogo. Provavelmente essas adaptações promovem a manutenção não somente dessas espécies, mas também de suas populações em ambientes com alta frequência de incêndios. Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas ao longo de "faixas de proteção" no estado de Goiás, 2016. Legenda: NI - número de indivíduos, DR - densidade relativa (%), DoR - dominância relativa (%), FR - frequência relativa (%) e VI - Valor de importância. Espécies NI DR FR DoR VI Curatella americana L. 43 15,19 4,58 22,02 13,93 Plathymenia reticulata Benth. 14 4,94 2,61 9,47 5,67 Machaerium opacum Vogel 18 6,36 4,58 5,33 5,42 Qualea grandiflora Mart. 15 5,30 3,92 5,98 5,07 Bowdichia virgilioides Kunth 6 2,12 3,27 2,21 2,53 Inga nobilis Willd. 1 0,35 0,65 6,18 2,40 Myracrodruon urundeuva Allemão 8 2,83 0,65 3,68 2,39 Guazuma ulmifolia Lam. 5 1,77 0,65 3,90 2,11 Brosimum gaudichaudii Trécul 7 2,47 2,61 1,15 2,08 Eugenia dysenterica DC. 7 2,47 2,61 0,95 2,01 Anacardium humile A.St.-Hil. 5 1,77 2,61 1,26 1,88 Astronium fraxinifolium Schott 8 2,83 1,31 1,01 1,71 Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A.Robyns 4 1,41 1,31 2,42 1,71 Luehea grandiflora Mart. 5 1,77 1,31 2,01 1,69 Dimorphandra mollis Benth. 4 1,41 2,61 0,73 1,59 Aspidosperma tomentosum Mart. 4 1,41 1,96 1,25 1,54 Davilla elliptica A.St.-Hil. 5 1,77 1,96 0,80 1,51 Andira vermifuga Benth. 4 1,41 1,31 1,61 1,44 Caryocar brasiliense A.St.-Hil. 3 1,06 1,96 1,26 1,43 Terminalia argentea Mart. 2 0,71 1,31 2,25 1,42 Cedrela fissilis Vell. 1 0,35 0,65 3,21 1,40 Aspidosperma subincanum Mart. ex A.DC. 4 1,41 1,96 0,56 1,31 Tabebuia ochracea A.H. Gentry 3 1,06 1,31 1,16 1,18 Senna sp. 3 1,06 0,65 1,71 1,14 Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker 4 1,41 1,31 0,45 1,06 Byrsonima crassifolia (L.) Kunth 3 1,06 1,31 0,69 1,02 Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. 2 0,71 1,31 0,75 0,92 sp.13 4 1,41 0,65 0,52 0,86 Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore 2 0,71 1,31 0,48 0,83 Leptolobium dasycarpum Vogel 2 0,71 1,31 0,27 0,76 Familia: malpighiaceae 3 1,06 0,65 0,56 0,76 Annona coriacea Mart. 2 0,71 1,31 0,26 0,76

Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin 2 0,71 1,31 0,16 0,72 Anadenanthera peregrina (L.) Speg. 2 0,71 0,65 0,75 0,70 Physocalymma scaberrimum Pohl 1 0,35 0,65 0,92 0,64 sp.14 2 0,71 0,65 0,53 0,63 Sclerolobium aureum (Tul.) Baill. 3 1,06 0,65 0,13 0,61 Qualea dichotoma (Mart.) Warm. ex Wille 3 1,06 0,65 0,10 0,60 Rourea induta Planch. 2 0,71 0,65 0,45 0,60 Xylopia aromatica (Lam.) Mart. 2 0,71 0,65 0,35 0,57 Vochysia thyrsoidea Pohl 2 0,71 0,65 0,28 0,55 Cupania sp. 1 0,35 0,65 0,60 0,54 Andira anthelmia (Vell.) J.F.Macbr. 2 0,71 0,65 0,20 0,52 sp.8 1 0,35 0,65 0,52 0,51 sp.15 2 0,71 0,65 0,17 0,51 Myrtaceae sp. 2 0,71 0,65 0,16 0,51 sp.16 2 0,71 0,65 0,11 0,49 Magonia pubescens A. St.-Hil. 1 0,35 0,65 0,46 0,49 Aegiphila sellowiana Cham. 2 0,71 0,65 0,10 0,49 Myrcia variabilis Mart. ex DC. 2 0,71 0,65 0,10 0,49 sp.5 1 0,35 0,65 0,44 0,48 Matayba guianensis Aubl. 2 0,71 0,65 0,08 0,48 Andira sp. 2 0,71 0,65 0,08 0,48 Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. 1 0,35 0,65 0,40 0,47 Caesalpinia pulcherrima (L.) Sw. 1 0,35 0,65 0,38 0,46 sp.4 1 0,35 0,65 0,38 0,46 sp.3 1 0,35 0,65 0,36 0,45 Banisteriopsis sp. 1 0,35 0,65 0,35 0,45 Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Schott & Endl. 1 0,35 0,65 0,33 0,45 sp.1 1 0,35 0,65 0,33 0,45 Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos 1 0,35 0,65 0,28 0,43 Guapira sp. 1 0,35 0,65 0,24 0,42 Emmotum nitens (Benth.) Miers 1 0,35 0,65 0,22 0,41 Schefflera macrocarpa (Cham. & Schltdl.) Frodin 1 0,35 0,65 0,22 0,41 Cardiopetalum calophyllum Schltdl. 1 0,35 0,65 0,21 0,41 Vochysia rufa Mart. 1 0,35 0,65 0,21 0,41 Eugenia sp. 1 0,35 0,65 0,20 0,40 Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke 1 0,35 0,65 0,20 0,40 Calophyllum brasiliense Cambess. 1 0,35 0,65 0,19 0,40 Roupala montana Aubl. 1 0,35 0,65 0,19 0,40 Cassia sp. 1 0,35 0,65 0,17 0,39 sp.6 1 0,35 0,65 0,17 0,39 Psidium salutare var. pohlianum (O.Berg) Landrum 1 0,35 0,65 0,17 0,39 Diospyros burchellii Hiern 1 0,35 0,65 0,15 0,39 Myrsine umbellata Mart. 1 0,35 0,65 0,15 0,39 sp.11 1 0,35 0,65 0,15 0,39 Andira fraxinifolia Benth. 1 0,35 0,65 0,14 0,38 Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. 1 0,35 0,65 0,12 0,38 Salacia crassifolia (Mart. ex Schult.) G. Don 1 0,35 0,65 0,12 0,38 Styrax ferrugineus Nees & Mart. 1 0,35 0,65 0,12 0,38 sp.12 1 0,35 0,65 0,12 0,38 Kielmeyera coriacea Mart. 1 0,35 0,65 0,11 0,37 Campomanesia eugenioides (Cambess.) D.Legrand ex Landrum 1 0,35 0,65 0,09 0,37 Salvertia convallariodora A. St.-Hil. 1 0,35 0,65 0,09 0,37 sp.9 1 0,35 0,65 0,09 0,37 Connarus suberosus Planch. 1 0,35 0,65 0,08 0,36 sp.2 1 0,35 0,65 0,08 0,36 Aspidosperma macrocarpon Mart. 1 0,35 0,65 0,06 0,36 Andira cuiabensis Benth. 1 0,35 0,65 0,06 0,35 Dipteryx alata Vogel 1 0,35 0,65 0,06 0,35 Himatanthus obovatus (Müll.Arg.) Woodson 1 0,35 0,65 0,06 0,35 Pouteria torta (Mart.) Radlk. 1 0,35 0,65 0,04 0,35

Cordiera macrophylla (K.Schum.) Kuntze 1 0,35 0,65 0,04 0,35 Solanum lycocarpum A. St.-Hil. 1 0,35 0,65 0,04 0,35 sp.7 1 0,35 0,65 0,04 0,35 Byrsonima coccolobifolia Kunth 1 0,35 0,65 0,03 0,35 Total geral 283 100 100 100 300 O índice de diversidade de Shannon-Wiener obtido neste estudo foi de (H'=3,95) e a equabilidade (0,86), superior a maioria dos estudos fitossociológicos em Cerrado. Felfili et al., 2007 obteve índice de diversidade de (H =3,71) em ambiente tipico de Cerrado localizado em Alto Paraíso-GO. Assim, nota-se que as "faixas de proteção" possui grande biodiversidade (Lopes et al., 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS O fogo é um fator impactante na vegetação presente nas "faixas de proteção", porém apesar de diminuir a biodiversidade florística e selecionar espécies adaptadas a riqueza está dentro dos padrões para Cerrado. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm> DNIT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA E TRANSPORTES. Manual de procedimentos para a permissão especial de uso das faixas de domínio de rodovias federais e outros bens públicos sob jurisdição do departamento nacional de infra-estrutura de transportes. Brasília, DF, 2008, 36p. FELFILI, M. F.; CARVALHO, F. A.; HAIDAR, R. F. Manual para monitoramento de parcelas permanentes nos biomas Cerrado e Pantanal, Brasília: Universidade de Brasília, 55p, 2005. FELFILI, M.J.; REZENDE, A.V.; SILVA JÚNIOR, M.C. Biogeografia do Bioma Cerrado. Vegetação e Solos da Chapada dos Veadeiros. Universidade de Brasília - Finatec. Brasília, Brasil. p.256, 2007. KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 148-155, 2005. KREBS, C. J. Ecological Methodology, New York: Wesley Longman, 2000. LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Biodiversidade brasileira: síntese do estado atual do conhecimento. Relatório final. Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais e Instituto de Biologia. Unicamp, Campinas, SP, 2000. LOPES, S. F., VALE, V. S., OLIVEIRA A. P. Análise Comparativa da Estrutura e Composição Florística de Cerrado no Brasil Central. InterCiencia. V.36, n.1, p.1-15, 2011. SPOONER, P. G.; SMALLBONE, L. Effects of road age on the structure of roadside vegetation in south-eastern Australia.Agriculture Ecosystems & Environment, Zurich, v. 129, p.:57-64, 2009. VASCONCELOS, P.B.; ARAÚJO, G. M., BRUNA, E. M.The role of roadsides in conserving Cerrado plant diversity.biodiversityandconservation, London, v. 23, p.3035-3050, 2014.